“Mia Bennett” Ethan segue meu olhar confuso até onde Vitória está, apoiada no carro de James, conversando animadamente com Ivan. — Achei que você tinha marcado para amanhã — Ethan comenta. — Eu também. — Franzo a testa, tentando lembrar exatamente o que disse a ela pelo telefone mais cedo. Quando nos aproximamos, Vitória se vira e abre um sorriso radiante. — Finalmente! — Ela exclama, correndo para me abraçar. — Estou aqui há quase vinte minutos! — Tori, o que você está fazendo aqui? — pergunto, retribuindo o abraço. — Pensei que combinamos de procurar o vestido amanhã. Ela se afasta para me encarar, confusa. — Amanhã? Você disse “depois do trabalho” no telefone. Não especificou qual dia e eu… — Achou que era hoje — completo, lembrando que realmente não fui clara. — Desculpe, Tori. Tive uma segunda-feira caótica. — Bom te ver novamente, Vitória — Ethan diz, estendendo a mão para ela. — Sr. Hayes. — Ela sorri, apertando a mão dele. — Ethan, por favor — ele insiste pela dé
Após a compra do vestido, os dias que se seguiram foram como um respiro após uma longa tempestade. Sem a interferência do meu pai, parecia que, finalmente, todas as peças estavam voltando aos seus devidos lugares. Almocei algumas vezes com Ethan. Pudemos ir embora juntos, já que Pearson milagrosamente parou de jogar trabalhos urgentes na minha mesa minutos antes do fim do expediente… E o mais surpreendente: todas as vezes em que cruzei com meu pai pelos corredores, ele me cumprimentou com um sorriso livre da tensão anterior. É estranho como a vida pode mudar tão rapidamente. Semanas atrás, eu estava escondendo meu relacionamento, preocupada com nossos olhares e interações. Agora, estou me preparando para aparecer oficialmente como namorada de Ethan Hayes em um dos eventos beneficentes mais prestigiados de Chicago. — Por que trouxe tantas coisas? — pergunto, observando Vitória espalhar pincéis, paletas e produtos pela minha penteadeira. — É só um evento beneficente. — Mia, quer
“Ethan Hayes” As palavras saem com uma naturalidade que me surpreende. Não há hesitação ou preocupação com consequências. Apenas a simples verdade que há meses quero declarar. Os olhos do repórter se arregalam levemente ao ouvir o sobrenome, e vejo o momento exato em que a conexão se forma em sua mente. — Bennett? Mia Bennett é… filha de James Bennett, seu sócio? — ele pergunta, embora seu tom indique que já sabe a resposta. — Exatamente — confirmo, sentindo Mia tensa ao meu lado. — Agora, se nos derem licença, temos um evento nos esperando. Seguro minha mulher gentilmente pela cintura, guiando-a para longe da pequena aglomeração de repórteres, enquanto sinto os olhares nos seguindo. O burburinho aumenta, e sei que logo a notícia se espalhará como fogo nos círculos empresariais. — Isso foi… direto ao ponto — Mia comenta quando estamos a uma distância segura. — Não vejo motivo para rodeios. — Dou de ombros, sorrindo para ela. — Você está bem? Ela assente, esboçando um sorriso
Minha irmã sorri, parecendo satisfeita com a resposta dele. Quando a orquestra começa a tocar, ela gesticula para mim e puxa James em direção à pista de dança. Sozinho novamente, vou atrás de Mia. Quando finalmente a encontro, minha mulher se vira com um sorriso que, mesmo após esses meses, ainda faz meu coração acelerar como o de um adolescente. — Sobrevivendo, perdição? — pergunto, tocando levemente sua mão. — Surpreendentemente, sim — ela responde, e noto o brilho em seus olhos. — Acabei de ter uma conversa interessante sobre propriedade intelectual com o juiz Harrington. Acho que o impressionei. Não consigo evitar sorrir com seu entusiasmo. — Dança comigo? — convido, estendendo a mão. Sorrindo, ela aceita, e à medida que a levo para a pista de dança, percebo os olhares que nos seguem. Curiosos, invejosos, intrigados. Mas não me importo com nenhum deles. Quando a puxo para perto, uma mão na base de suas costas e a outra segurando sua mão, sinto uma estranha sensação de plen
“Mia Bennett” Observo atentamente enquanto o presidente da fundação finaliza seu discurso. Há uma fileira de cadeiras no palco e, pelo lugar vazio, imagino que será onde Ethan logo estará sentado. Sorrio discretamente ao pensar em como ele odeia esse tipo de formalidade, mas sempre cumpre seu papel com perfeição. — Mia Bennett? — uma voz feminina me chama, interrompendo meus pensamentos. Ao me virar, encontro uma mulher de cerca de trinta anos, cabelos castanhos presos em um coque impecável e um sorriso profissional nos lábios. Ela estende a mão. — Caroline Lewis, da Chicago Life. Podemos conversar um momento? Reconheço o nome da revista, uma das publicações de sociedade mais influentes da cidade. Respiro fundo, tentando lembrar das dicas que li na internet. Aparentemente, sorrir e acenar não é o suficiente para pessoas como Caroline Lewis. — Claro — respondo, apertando sua mão com firmeza, assim como vi Ethan fazendo durante toda a noite. — Você e Ethan Hayes estão causando
“Ethan Hayes” Desço do palco sentindo uma estranha leveza. A parte formal da noite está concluída, e agora posso voltar para o que realmente importa: Mia. Enquanto ando entre as pessoas, procuro por ela, mas não a vejo onde a deixei. Me aproximo do bar, acreditando que ela possa ter ido buscar uma bebida, mas nada. Olho a área onde alguns funcionários da Nexus estão agrupados, e nada também. Uma inquietação estranha começa a surgir, me obrigando a pegar o celular rapidamente. Nenhuma mensagem. “Onde você está, perdição?” Envio a mensagem, guardando o celular no bolso novamente. Logo, vejo James cercado por algumas pessoas enquanto Lauren olha ao redor, provavelmente nos procurando. Para meu incômodo, Mia não está com eles. — Discurso excelente — James diz assim que me vê. — Obrigado — respondo, ainda procurando ao redor. — Vocês viram a Mia? — Ia te perguntar o mesmo. — Ele olha para trás de mim. Lauren imediatamente franze as sobrancelhas, notando minha inquietação. — Qua
“Mia Bennett” Acordo, e a primeira coisa que sinto é dor. Latejante, incômoda, como se uma orquestra inteira estivesse ensaiando dentro da minha cabeça. A segunda coisa é o frio. Muito frio. Tento abrir os olhos, mas minhas pálpebras parecem pesar toneladas. Quando finalmente consigo, pisco algumas vezes, tentando adaptar minha visão ao ambiente. — Onde estou? — murmuro, sentindo minha garganta arranhar. Memórias fragmentadas começam a surgir. O evento beneficente. Ethan subindo ao palco. Gabriel me oferecendo champanhe. A tontura repentina… Gabriel. A compreensão me faz engolir em seco. Não foi o calor. Ele me drogou. Me sequestrou. Mas… por quê? Tento me mexer e descubro que estou sentada em uma cadeira, meus pulsos amarrados para trás, tornozelos presos às pernas do assento. Olho ao redor, encontrando uma sala pequena e mal iluminada. Paredes de concreto, piso de cimento, uma única lâmpada fraca pendurada sobre mim, projetando sombras distorcidas pelo ambiente. Um porão? U
“Ethan Hayes” Enquanto estamos no escritório central de segurança da Nexus, onde Frank conseguiu reunir uma equipe tática em tempo recorde, meu celular vibra. Olho rapidamente. Número desconhecido. Uma única mensagem e uma foto em anexo. A imagem carrega devagar, como se o universo estivesse conspirando para prolongar minha agonia. Então, finalmente, a foto aparece e o ar parece ser sugado dos meus pulmões. Mia está amarrada em uma cadeira, com o rosto pálido e uma marca vermelha em sua bochecha. Seus olhos, mesmo na foto de baixa qualidade, transmitem medo. A raiva me consome imediatamente. — É ela? — James pergunta, se aproximando. Engulo em seco e viro o celular para ele. James prende a respiração e passa a mão pelo rosto. Sua expressão se contorce em fúria. — Filho da puta… — ele murmura. Abaixo da imagem, uma mensagem curta e direta: “5 milhões. Instruções a seguir. Sem polícia, ou ela morre.” Leio a mensagem mais uma vez, sentindo a raiva percorrer meu corpo. A mar