“Mia Bennett” O mundo parece desacelerar quando Ethan atende o telefone. Observo sua expressão mudar da irritação inicial por sermos interrompidos para confusão. Depois, preocupação. — Calma, Lauren. Respire — Ethan pede, voltando ao quarto. — Qual hospital? Hospital. A palavra é suficiente para me fazer sentar na cama, puxando o lençol para cobrir meu corpo enquanto tento entender o que está acontecendo. — Ok, estamos a caminho — ele diz antes de desligar. Ethan me encara brevemente, e há uma mistura estranha de preocupação e incredulidade em seu olhar. Antes que eu possa perguntar, ele se afasta e vai até o closet. — O que aconteceu, Ethan? — pergunto, já preocupada. — Quem está no hospital? — É seu pai. Não sei direito o que aconteceu — responde, vestindo a camisa. — Lauren estava… histérica. Terminamos de nos vestir em tempo recorde enquanto minha mente cria os piores cenários. Pouco depois, estamos no carro, a caminho do hospital. Após tudo o que aconteceu hoje, ter
Meu pai solta um suspiro pesado, passando a mão pelo rosto inchado antes de me encarar novamente. — Não posso ser hipócrita, Mia — diz, num tom mais baixo, quase resignado. — Porque estou vivendo algo que pode ser considerado igualmente complicado. — Então quer dizer que agora você entende que não controlamos? Ele solta um riso curto, mas com os lábios inchados, o som se transforma em algo mais parecido com uma careta estranha. — Continuo processando. — Ele balança a cabeça lentamente. — Mas acho que… estou começando a ver as coisas de um jeito diferente. Meu peito se aquece com suas palavras. Pela primeira vez desde que tudo começou, meu pai parece realmente disposto a aceitar minha escolha, sem brigas, sem imposições. — Isso é quase uma bênção, sabia? — brinco, tentando aliviar o clima. — Não exagere. — Ele revira os olhos, mas o canto da boca se curva levemente. Pouco depois, enquanto meu pai relata o caos com a torta de morango, uma enfermeira entra para verificar seus s
“Mia Bennett” A segunda-feira chega com aquela familiar sensação de rotina após um fim de semana surreal. Entre confrontos planejados, casais inesperados e emergências hospitalares causadas por morangos, parece que vivi uma temporada inteira de uma série dramática em apenas dois dias. — Você está muito quieta — Ethan comenta assim que entramos no elevador. — Tudo bem? — Sim — respondo, ajustando a alça da bolsa no ombro. — Só estou pensando em como serão as coisas daqui para frente. E você? — Sinceramente? A única coisa que realmente me importa é ter você ao meu lado — diz, me puxando para perto. — O resto a gente dá um jeito. Sorrio e fico na ponta dos pés para beijá-lo antes de sairmos na garagem. No carro, mantemos a conversa leve, aproveitando nossos toques despretensiosos. Pouco depois, quando chegamos à Nexus, nos beijamos uma última vez antes de seguirmos para o elevador. — Almoçamos juntos hoje? — pergunto, encarando-o através da parede espelhada. — Sem dúvidas, perd
“Ethan Hayes” Depois do almoço com Mia, sigo direto para a próxima reunião com a sensação de que, pela primeira vez em muito tempo, as coisas estão realmente se encaixando. Minha mulher decidiu permanecer no departamento jurídico e James, apesar da relutância, não tem mais argumentos para nos manter afastados. Especialmente agora que ele mesmo cruzou a linha que tanto criticava. E eu ainda não superei a ironia disso. A reunião com o conselho se arrasta com a mesma energia cansativa de sempre. A sala se resume a projeções, relatórios, números… Mas minha mente continua presa a uma única questão: dois. Duas pessoas que, sinceramente, eu nunca imaginaria na mesma equação romântica. James e minha irmã. O pensamento me distrai pelo menos três vezes ao longo da reunião. Principalmente porque James está sentado ao meu lado, agindo como se nada tivesse mudado. Quando finalmente encerro a discussão improdutiva e os diretores começam a sair, ele permanece no lugar, folheando distraidam
“Mia Bennett” Ethan segue meu olhar confuso até onde Vitória está, apoiada no carro de James, conversando animadamente com Ivan. — Achei que você tinha marcado para amanhã — Ethan comenta. — Eu também. — Franzo a testa, tentando lembrar exatamente o que disse a ela pelo telefone mais cedo. Quando nos aproximamos, Vitória se vira e abre um sorriso radiante. — Finalmente! — Ela exclama, correndo para me abraçar. — Estou aqui há quase vinte minutos! — Tori, o que você está fazendo aqui? — pergunto, retribuindo o abraço. — Pensei que combinamos de procurar o vestido amanhã. Ela se afasta para me encarar, confusa. — Amanhã? Você disse “depois do trabalho” no telefone. Não especificou qual dia e eu… — Achou que era hoje — completo, lembrando que realmente não fui clara. — Desculpe, Tori. Tive uma segunda-feira caótica. — Bom te ver novamente, Vitória — Ethan diz, estendendo a mão para ela. — Sr. Hayes. — Ela sorri, apertando a mão dele. — Ethan, por favor — ele insiste pela dé
Após a compra do vestido, os dias que se seguiram foram como um respiro após uma longa tempestade. Sem a interferência do meu pai, parecia que, finalmente, todas as peças estavam voltando aos seus devidos lugares. Almocei algumas vezes com Ethan. Pudemos ir embora juntos, já que Pearson milagrosamente parou de jogar trabalhos urgentes na minha mesa minutos antes do fim do expediente… E o mais surpreendente: todas as vezes em que cruzei com meu pai pelos corredores, ele me cumprimentou com um sorriso livre da tensão anterior. É estranho como a vida pode mudar tão rapidamente. Semanas atrás, eu estava escondendo meu relacionamento, preocupada com nossos olhares e interações. Agora, estou me preparando para aparecer oficialmente como namorada de Ethan Hayes em um dos eventos beneficentes mais prestigiados de Chicago. — Por que trouxe tantas coisas? — pergunto, observando Vitória espalhar pincéis, paletas e produtos pela minha penteadeira. — É só um evento beneficente. — Mia, quer
“Ethan Hayes” As palavras saem com uma naturalidade que me surpreende. Não há hesitação ou preocupação com consequências. Apenas a simples verdade que há meses quero declarar. Os olhos do repórter se arregalam levemente ao ouvir o sobrenome, e vejo o momento exato em que a conexão se forma em sua mente. — Bennett? Mia Bennett é… filha de James Bennett, seu sócio? — ele pergunta, embora seu tom indique que já sabe a resposta. — Exatamente — confirmo, sentindo Mia tensa ao meu lado. — Agora, se nos derem licença, temos um evento nos esperando. Seguro minha mulher gentilmente pela cintura, guiando-a para longe da pequena aglomeração de repórteres, enquanto sinto os olhares nos seguindo. O burburinho aumenta, e sei que logo a notícia se espalhará como fogo nos círculos empresariais. — Isso foi… direto ao ponto — Mia comenta quando estamos a uma distância segura. — Não vejo motivo para rodeios. — Dou de ombros, sorrindo para ela. — Você está bem? Ela assente, esboçando um sorriso
Minha irmã sorri, parecendo satisfeita com a resposta dele. Quando a orquestra começa a tocar, ela gesticula para mim e puxa James em direção à pista de dança. Sozinho novamente, vou atrás de Mia. Quando finalmente a encontro, minha mulher se vira com um sorriso que, mesmo após esses meses, ainda faz meu coração acelerar como o de um adolescente. — Sobrevivendo, perdição? — pergunto, tocando levemente sua mão. — Surpreendentemente, sim — ela responde, e noto o brilho em seus olhos. — Acabei de ter uma conversa interessante sobre propriedade intelectual com o juiz Harrington. Acho que o impressionei. Não consigo evitar sorrir com seu entusiasmo. — Dança comigo? — convido, estendendo a mão. Sorrindo, ela aceita, e à medida que a levo para a pista de dança, percebo os olhares que nos seguem. Curiosos, invejosos, intrigados. Mas não me importo com nenhum deles. Quando a puxo para perto, uma mão na base de suas costas e a outra segurando sua mão, sinto uma estranha sensação de plen