Seus risos logo foram cortados pelas luzes do corredor principal, cujas iluminações se apagaram uma por uma, chegando cada vez mais perto de ambos. A escuridão deixada por cada luminária em seu rastro, remetiam a uma forte tempestade de trevas, da qual engoliria o ambiente por meio de uma mandíbula de vazio. Nenhuma luz acessa, somente o eterno breu.
N desesperado tenta avisar V do perigo eminente, indo aos gritos, de forma alucinada, com toda a vontade que sua voz alcançava:
— V! INDEPENDENTE DO QUE ACONTECER, TOME CUIDADO E NÃO SE DEIXE LEVAR. PERMANECA FORTE ATÉ O ÚLTIMO MINUTO!
V não consegue expressar nada.
O assombro fez a sua boca paralisar mediante a um tormento desgostoso preso entre a ponta da língua e o céu da boca, responsável por arranhar a garganta do senhor, engolindo seco logo em seguida.
A reação de seu amigo foi genuína. O mesmo ficou assustado com aquelas luzes se apagando, e com o desespero de seu companheiro. Ele queria responder, mas o corpo estava travado e sua voz não saía. Uma pressão sombria puxava os ligamentos sanguíneos de seu ser, impedindo-o de seguir as devidas reações enviadas pelo cérebro....
A única mensagem dita pelo protagonista, foi gaguejar algumas palavras:
— O que... Que vai acontecer... Acontecer?!
A última luz do corredor desiste da claridade, e se entrega a profunda escuridão, e se apaga.
O homem desmaia no chão de sua cela, sem razão aparente. Ele não sabia o que iria se suceder durante o período noturno. As “dicas” de N não foram muito claras a respeito disso. A sensação de fechar os olhos e se tornar um só com a obscuridade de seu corpo, faz-se presente mais uma vez dentro do pobre coitado. Sozinho e perdido, ele teria o objetivo de passar por isso sozinho, e descobrir o motivo de seu parceiro estar tão angustiado. Essa prisão é como as outras? Se a chegada da noite deixa um prisioneiro experiente, tanto mentalmente quanto fisicamente assustado e tomado por choque, maus presságios viriam atormentar V. Os eventos não serão os mesmos depois desse ponto. O circo fechava ao decorrer do giro dos ponteiros de um relógio parado. A chama ardia em meio ao mar gelado.... Paradoxos e mais paradoxos.... O quão histérico você ficaria ao saber os dados específicos de seu futuro?
Depois de alguns minutos, V acorda de forma repentina rodeado por um lugar escuro, onde só pode-se ouvir o badalar de sinos ao longe. A escuridão logo se esvai, e o encarcerado se vê em uma igreja, trajado com um terno clássico, e de frente com uma noiva vestida de um branco equivalente a neve, e o véu da roupa cobre o seu rosto, não deixando qualquer chance de enxergar alguma silhueta através do pano, só um vazio imbuído pelas trevas. Olhando os detalhes ao seu redor, o senhor percebe que os convidados, sentados s seus bancos com as respectivas vestimentas, elegantes e chiques, têm preso aos rostos, estranhas máscaras, com formatos de gotas, brancas, iguais ao vestido da noiva, apenas com os olhos de tom mais negro, que olham fixo para V e a mulher.
Entendendo nada daquele cenário, e tendo poucos segundos de raciocínio, o prisioneiro pergunta, indeciso devido à situação:
— Onde... Onde eu estou?
A noiva replica.... Porém, ao sair sua voz, outra sai em seguida da primeira, causando um efeito de coral e distorção na mesma.
— O que foi querido? Esse é o momento mais especial das nossas vidas. Eu esperei tanto por isso! Não estrague ele agora!
V reprime os ruídos entrelaçados e difíceis de decifrarem da mulher, e enuncia suas palavras de fúria à mulher, num alto tom de fala:
— NÃO! Eu não vou fazer isso! Você não é, e nunca será a minha esposa! Mais que merda é você? Uma aberração?
A prometida, usando de um movimento rápido, aplica um forte tapa no lado direito do rosto de seu “esposo” e, por causa dos terríveis termos que saíram da boca dele, a noiva fica sem chão, caindo de joelhos em lágrimas no altar.
Uma das maiores tristezas de um relacionamento vêm à tona. A noiva sendo esquecida perante a todos os representantes e mártires, inclusive do próprio padre e deus da religião católica, crucificado, tendo a expressão de tristeza e desprezo pela humanidade retratada sobre o rosto sangrento e espinhoso do considerado O Messias.... A mulher encontrou-se num ciclo de arrepios, negada de forma trágica em “praça pública”. O arrependimento domina o ser. A dor é evidente. Como rosas sendo arrancadas e mortas de seus campos. Morte... Faz parte desta realidade.
A água escorrida de seus olhos, acaba borrando toda a maquiagem da indivídua, e o líquido dessa mistura escorre pelo seu rosto, tornando-se a única coisa que podia ser vista sobre sua face. O mesmo, pingava no vestido, e o manchava de pequenas gotas negras. Os convidados, vendo o desenrolar das ações da noiva, iniciam uma bizarra conversa entre eles, dissertando uma língua que não poderia ser entendida nem pelos melhores tradutores do nosso mundo, uma mistura de maia com holandês junto de português. Era mais como se eles estivessem á recitar um ritual macabro. Os diálogos vão ficando com o volume cada vez mais elevado, aumentando mais e mais, ao ponto de V ter que tampar os ouvidos se não quisesse que os mesmos sangrassem.
O som, também, tornava-se mais agudo com o passar do relógio e, em questão de seguindo fica ensurdecedor, onde os vidrais da igreja se estilhaçam e geram diversos cacos, que se espalham pelo chão da mesma. O protagonista até tenta tampar seus ouvidos, levando as mãos à cabeça e forçando os membros a fim de cobrir os canais auditivos e os buracos de onde o áudio poderia adentrar e interromper o raciocínio. As veias azuis e roxas, cujo sangue corria entre as dobras da parte de cima das mãos, se expuseram. Os dentes cruzaram uns com os outros e gerou um ranger dos próprios, lapidando as pontas serradas dos ossos de sua mandíbula e desgastando-as.
Apesar de elevar os esforços, não adianta, e o sangue inicia seu caminho, a fim de sair das orelhas do prisioneiro, e escorrer em direção ao chão composto por uma madeira alaranjada da igreja. Como se o barulho desgraçado de alto já não fosse o suficiente, (com a mulher não desistindo de chorar) os bancos do lugar são levitados a uma altura considerável do piso, entretanto, os convidados mostram não se incomodar com isso, onde continuam a recitar aquelas palavras inigualáveis incansavelmente e permanecem apáticos perante ao ritual, sem pausas ou interrupções. Um espaço religioso de devotos a Deus e uma região de renovação da alma, esperança, amor e solidariedade, começa a ser tomado por uma estranha seita, da qual resolveu enfeitiçar o local, onde intenções malignas e desprezíveis seriam o equivalente a armas de fogo. A qualquer momento, um demônio sanguinário poderia surgir dessa magia negra e destruir tudo e todos, estraçalhando o maior número de vítimas. V, tendo poucas escolhas a seu favor e com medo de morrer ali, começa a correr com destino as grandes portas de madeira da entrada, querendo, de alguma forma, sair daquele inferno de capela o quanto antes.
Ao se aproximar das ditas cujas, elas se fecham, antes que o prisioneiro pudesse pensar em sair dali. Ele até tenta utilizar de força física, com o objetivo de empurra-las e abri-las, intencionado a desbloquear a saída principal do espaço, chegando até a arranhar as portas revestidas de carvalho com suas unhas longas, cortadas a um século atrás, para alcançar tal fim..., mas de nada adianta. Seria mantido ali, trancado pela eternidade, tendo o barulho infernal penetrando o mais profundo do tímpano canal, sentindo essa agonia amargurando dentro dos próprios canais auditivos, rasgando a pele deles e estuprando-os. Parecia que seu corpo iria explodir-se de dentro para fora, ao menos, o sentimento passava essa sensação. Deixou os pensamentos esvaírem de seu cérebro. As pernas mostravam querer ceder de fadiga e os braços doíam de tantas reações. O vapor era expelido da boca do encarcerado. Um ar gélido atravessou a igreja e ficou estagnado, pairando pelos assentos e vidrais do local sagrado.
V senta no chão, cobrindo suas orelhas como antes, só que agora, grita de forma louca e desordenada. Gritos, originados da alma profana de um corrompido por desejos obscuros, sentenciado a passar por tremores de uma terra desolada. Um pecador perdido.... O berro ecoava por toda a igreja, podendo ser ouvido pelo lado de fora, colocando todas seus esforços restantes nesse clamor.
Os gritos, barulhos e o choro de todas as partes da capela, tanto do protagonista, quanto dos convidados, e da noiva, se transformam num som alto e impossível de ser ouvido por meras orelhas humanas, do qual acaba por gerar um estrondo sônico no local, parecido com uma grande explosão, destruindo-o por completo, sendo destroçado, e sobrando só as ruínas, fazendo com que os convidados sejam jogados para longe do mesmo.
Assim, os bancos param de levitar e caiem com tudo no chão da pequena igreja, rachando-o no processo, criando um barulho considerável de estrondo entre quatro paredes. O homem se levanta do piso destruído, onde agora seu terno foi rasgado e sujo por conta das devidas ocorrências, e percebe que não consegue captar ruído algum dos arredores. Ficou surdo após o ocorrido, coberto envolto de um pano de dizeres escondidos e segredos ainda não contados... Confinado a voz de sua própria cabeça.
Queria poder meramente caminhar pelas pedras, vigas e pilastras ornamentadas derrubadas ao chão. Porém, unicamente, com uma de suas pernas, V sentiu-se obrigado a arrastar a outra, cuja ajuda é recebida de seus outros membros ainda funcionais o bastante para vagar a procura de uma escapatória. Ele começa a procurar pela mulher vestida de noiva, contudo, largando o jeito esplendoroso de antes.
Ela não se encontrava no altar, e muito menos próxima de um lugar imaginado, onde o ritual sucedeu-se, que era no hall principal, apenas seu vestido estava ainda presente ali, jogado entre as escadarias do altar, no mesmo lugar que a mulher estava ajoelhada, derramando seu choro. V alcança o altar, com certa dificuldade, e ao olhar para o vestido, percebe que ele se permanece, intacto depois do estouro. Arranhões minúsculos e nenhum sinal de estar encardido ou qualquer coisa assim. Quase perfeito. A única coisa que o deixava imperfeito, era uma grande mancha negra que se localizava na saia do vestido, criada a partir das lágrimas, juntamente com a maquiagem escura, que a mulher derramou depois das palavras ditas por seu amado.
A partir disso, várias dúvidas atravessam a cabeça do encarcerado, uma flechada certeira, responsável por cortar os miolos do cérebro e destroça-los, curvando-se diante do ser pensante, fazendo o próprio perguntar-se:
— Como esse vestido continua branco depois disso tudo? Quem, ou o que, era essa mulher? Por que eu estou aqui? E como vim parar aqui?
Ao conseguir algumas conclusões acerca de onde diabos ele estava em sua conversa com N na prisão, outras coisas, debaixo dos panos, ficaram mais obscuras do que claras dentro da mente do prisioneiro.
As dúvidas não cansavam de surgir e elas, de forma alguma, aparentavam ser explicadas tão cedo. Antes que pudesse ter o direito de pensar nas possibilidades ou “razões” que decifrassem os acontecimentos, o abalado personagem sente seu ombro direito ser tocado por uma grande força, cujas mãos apertavam a pele de V, quase que como uma águia segurando sua presa através de suas patas e garras afiadas. Força essa que vinha logo de suas costas, acompanhada de uma respiração leve e serena, tranquila até certo ponto, da qual balançava de um jeito “gentil” os fios de cabelo mais soltos do homem. Virando seu pescoço com pouca velocidade, devagar, crendo que poderia ser apenas o vento lhe pregando uma peça, rezando as mais diversas orações que vinham e faziam-se presentes, nosso protagonista enxerga aquela mão, tonalizada numa cor acinzentada, raquítica e com unhas vermelhas longas e finas, parecendo mais garras do que unhas em si, das quais tocaram e sentiram a textura de sua pele e o restante dos trapos do terno.
Vendo que alguma aberração estava bem atrás de seu corpo, aproveitando da guarda baixa da vítima, a sua respiração começa a se alterar, onde toma um tom ofegante e incontrolável. Um suor gelado escorre da testa dele e, mesmo não podendo escuta-los, V sente seus batimentos ficarem mais acelerados, prestes a explodir ou sair pela boca.
O embaralhamento dos nós apertados do cérebro do encarcerado atormentavam-no junto de uma dor de cabeça desgraçada, centralizada ao redor do rosto dele... Porém, deixou escapar uma concepção própria:
— A quanto tempo essa merda está atrás de mim?
Já que ele não podia escutar seus passos, deduziu essa teoria.
Mesmo que estivesse com bastante medo circulando por baixo das veias e vasos sanguíneos, a curiosidade de V a respeito do que se tratava aquela coisa, acabava por passar encima desse sentimento. Engolindo seco, e com um pouco de coragem, o prisioneiro se vira lentamente a fim de descobrir o que o aguardava ao decidir olhar para trás.
A mão agarrada ao ombro o aperta com mais intensidade aplicada, cuja força dá origem a furos de onde finas linhas de sangue desciam até o vale das perdições do piso de madeira. O vestido é tomado por aquela mancha, das lágrimas negras derramadas pela noiva, cujo tecido é dominado pelas cores escuras e “mortas” de uma melancolia sofrida por um “anjo” rejeitado pelos céus.
A coisa atrás do homem decidi abrir um enorme sorriso em sua boca deformada e macabra, rasgando a mandíbula daquilo num corte de orelha a orelha, onde também, uma espécie de sangue obscuro e gosmento começa a ser expurgado de dentro da entidade, um refluxo de arrotos aguados prontamente preparados pelas entranhas do monstro foram ouvidos pelo protagonista, cujo líquido escorria até o chão rachado da igreja, responsável por corroer a madeira clareada do mesmo. V se vira, e seus olhos ficam embasbacados ao perceberem a veracidade das hipóteses diante deles. As pupilas dilataram-se de uma forma anormal ao olhar “aquilo”, por completo. Elas procuravam algum esconderijo ao redor dos órgãos do protagonista, apavoradas, ingênuas na análise dos detalhes ameaçadores da criatura. A primeira reação do homem foi começar a berrar e se contorcer por sua vida. A dificuldade era alguém escutar os prantos dele e resolver ajudá-lo. Para o pobre coitado, parecia não
O homem, perplexo, faz uma pergunta à sombra da mulher:— Quem, ou o que, é você?A mulher responde com uma voz feminina normal, levemente mais fina do que o convencional:—Nomes são fúteis quando se vive numa realidade onde as coisas deixarão de existir se medidas drásticas não forem tomadas com certa urgência.Entendendo nada do que ela quis dizer, outra pergunta é posta contra a sombra, por parte do prisioneiro, cuja disposição é motivada pela curiosidade, por consequência, ele indagou:— O que você quer dizer com esse enigma? Realidade? Existir? Medidas drásticas? Vocês falam outra língua, ou minha interpretação dos fatos é péssima?A sombra ignora mais uma vez os dizeres de sua “visita” ... Apenas complementa o que dizia antes:&m
V então diz:— Nunca falei que seria uma história feliz sobre fadas e princesas em um castelo distante.N meio zonzo por causa da náusea e do vomito, responde com a voz rouca e seca.— Caralho V! É pior do que eu pensava!N tosse um pouco por ter se engasgado com o a gosma vomitada e continua:— Tenho que te ajudar o mais rápido possível!V então diz ao amigo:— Entendeu agora o porquê de meu desespero? Enfim, não me pergunte o significado disso tudo ter acontecido, pois eu não faço ideia do objetivo disso.— Deixa eu só te perguntar mais uma coisa.— Diga.— O que o espelho significa?— Já disse, não entendi porra nenhuma do que aconteceu naquele lugar. Quando eu acordei, vi que o espelho tinha se divido ao meio sem
V pergunta a um dos guardas onde ficava o banheiro e, com um simples gesto sem dizer uma palavra sequer, o soldado aponta o dedo indicador a direção correta. Dentro do lugar, o prisioneiro lava o rosto na pia, tirando as gotas de sangue que respingaram, já seca desde o ocorrido, o que dificultava um pouco para retira-las. Aproveita também, para dar uma boa mijada e aliviar a bexiga cheia.Outros prisioneiros também estavam no banheiro. Entretanto, a presença dos nobres cavalheiros era tão inexistente, que V se sentiu isolado um silêncio absoluto, tanto que conversava sozinho sem ser julgado.Ao terminar de fazer suas necessidades básicas, o homem dirigiu-se ao refeitório a fim de “comer” e recuperar algumas energias. V pega uma das bandejas de metal e começa a esperar a sua vez de receber certa quantidade de comida.Chegada a su
Um homem acorda, inesperadamente, em um lugar do qual ele nunca havia visto ou estado antes. Um espaço nada convencional, do qual uma pessoa jamais pensaria, ou queria estar em sã consciência, onde sonhos são destruídos e esmagados. Ninguém sabe o que acontece nessa zona... Entretanto, não se importam tanto com esta informação (já que ela pode custar até a sua própria vida). Ainda abrindo seus olhos, piscando forte a fim de terminar essa ação o quanto antes, além de balançar a cabeça com a finalidade de dar uma mexida no cérebro, ele percebe onde ele se encontrava, conseguindo enxergar o seu arredor, cujo ambiente, ainda guardaria coisas que o senhor não receberia de braços abertos. Aquele cenário não lhe agrada nem um pouco... Ele grita, e clama por explicações: — Ei! Onde diabos eu estou?! Por que eu estou aqui?! Alguém me responda! Ninguém atende as suas dúvidas. Os guardas que carrega
— O amor é uma dor... Disso eu sei mesmo sem ter vivido essa sensação com este corpo... O prisioneiro comenta sobre a fala de N. — Fiquei morando dentro de um apartamento velho, bancado pelo salário que recebia quando trabalhava como caixa de mercado. E a história do contador volta ao fluxo normal, com ele ainda ambicioso em narrar seus dizeres. — Mas as contas se acumularam, e o dinheiro não estava mais rendendo tanto como eu gostaria. O emprego já não pagava o mesmo de antes, pois, o mercado estava indo à falência. Sorte pertence aos bem aventurados... Ela nunca me acompanhou muito. O síndico do lugar já se encontrava puto com a minha presença, e disse, que se eu não conseguisse pagar os boletos até o final do mês, eu seria despejado. O desespero me tomou... Poucos dias depois, o lugar onde trabalhava acabou falindo de verdade, fechando as portas de uma vez por todas... Uma súbita pausa é feita pelo “narrador” do conto... F