KevinQuatro dias se passaram desde aquela noite terrível, e Hanna ainda não acordou. Eu e Hazel revezamos como acompanhantes, mas sempre prefiro as noites, exceto se minha princesinha esteja muito tristinha, então a levo para o meu apartamento e tento dar-lhe um pouco de diversão.O tempo parece se arrastar em câmera lenta. Tento ser forte, mas a espera é insuportável. O médico diz que fisicamente ela está se recuperando bem, mas que algo no inconsciente dela a impede de despertar. Com certeza deve ser devido aos malditos traumas do passado, traumas esses que ninguém quer me contar, então torna-se impossível ajudar.Cada segundo sem ver abrir os olhos lindos e azuis dela é como uma nova ferida, uma nova dor que não sei explicar. Me sinto impotente, preso entre a esperança, medo e o desespero. Tento falar com ela, acariciar sua mão, seus cabelos… mas o silêncio no quarto é ensurdecedor. Pensamentos de todos os tipos se formam em minha mente. “Será que ela está presa em algum lugar den
Kevin— Não é para ser. Um minuto, vou verificar. — Davis responde do outro lado da linha, enquanto tento despistar o carro preto que está me seguindo.— Davis, onde estão os meus seguranças? — O silêncio na linha me deixa em alerta. — Merda, Davis, responde!Alguns segundos depois, a voz grave e preocupada do meu amigo ecoa pelo telefone.— Kevin, vire à direita agora. A cem metros há uma delegacia. Estou te enviando a placa do veículo que está te seguindo. Denuncie.— Davis... — Tento responder, mas ele me interrompe.— Seus seguranças foram abatidos. Já estou enviando reforços. Cara, tem certeza de que não irritou ninguém poderoso?— Se irritei, não sei.. E a Hanna? A Kat? Estão seguras? — Pergunto, aflito.— Estão bem. A Kat está em casa e a Hanna no hospital. Ambas em segurança. — Solto um suspiro aliviado e estaciono em frente à delegacia que ele falou. O veículo atrás de mim acelera e some à frente.— Kevin, você está aí? — Davis insiste.— Estou. O carro que estava me seguindo
KevinApós sair da delegacia, cheguei à casa de Kat no fim da tarde, o sol já começava a se pôr, tingindo o céu de laranja. Assim que estacionei o carro em frente à entrada, tive tempo de desligar o motor antes de vê-la surgir pela porta. Kat veio correndo em minha direção, com os braços esticados, o rosto iluminado por um sorriso, e, sem pensar duas vezes, ela se jogou nos meus braços.— Keviiin! — Ela gritava com alegria, quase me derrubando quando saltou para me abraçar. Eu a segurai firme e a levantei do chão, girando-a no ar, fazendo-a gargalhar alto.— Oi, pequena! — Eu disse, rindo enquanto a colocava de volta no chão. — Como você está? Pronta para mais uma noite do pijama? O que acha de pizza para o jantar?Kat fez um gesto exagerado de quem pensa seriamente no assunto, mas seu sorriso malicioso já deu uma resposta.— Pizza? Nasci pronto! — Ela respondeu, os olhos brilhando de empolgação. Porém, mesmo com toda a alegria, eu sabia que havia algo mais profundo ali, algo que ela
Kevin— E com azeitona! — Kat interrompeu, dizendo enquanto se acomoda na banqueta ao meu lado. Sorrio com carinho e falo ao telefone.— Isso, claro! Extra azeitona, por favor. — Oba! — Ela grita animada com os bracinhos para cima em sinal de vitória.Depois que a pizza foi encomendada, peguei, colocando-a nas costas, ela solta uma gargalha, sentamos no sofá. Kat pegou o controle e começou a procurar algo para assistir, enquanto dou uma olhada nos meus e-mails pelo celular; percebo que ela já está há um tempo passando os canis sem parar em nenhum deles, parecia estar procurando algo além de um simples filme. Notei que sua expressão se tornava mais distante, e ela suspirava de vez em quando, até que ela falou:— Kevin… — Ela começou, sem olhar diretamente para mim, a voz repentinamente mais baixa e trêmula. — Sinto falta da mamãe… — A frase saiu triste, sofrida, como se cada palavra fosse um peso.Minha garganta aperta e sinto a dor dela ecoar em mim. Passei o braço por seus ombros e
DylanEu estava andando pela rua, sem prestar muita atenção ao que acontecia ao meu redor, até que algo familiar chamou minha atenção. Meus olhos pararam em uma imagem que me fez congelar no lugar por alguns segundos. “Era ela… a garotinha do parque. A mesma menina que estava com Hanna naquele dia.”Mas o que me fez parar de verdade foi quem estava ao lado dela. Kevin Stewarth. Meu concorrente para a vaga da presidência é o mesmo que entrou sorrateiro na cozinha durante o evento de caridade. Eu tentei ignorar aquilo na época, mas agora tudo fazia sentido. Aquele maldito estava envolvido com Hanna, e agora, com a filha dela? Meu sangue começou a ferver só de pensar nisso.Eles estavam sentados em uma mesa na cafeteria, rindo como se fossem… íntimos. A garotinha ria de algo que Kevin dizia, o sorriso dela era brilhante, inocente. E ele? Ele parecia confortável demais. O tipo de conforto que só se tem quando se está envolvido por muito tempo.“Desde quando Kevin e Hanna se conhecem?” A p
DylanAssim que desliguei o telefone, fui diretamente para a clínica. As ruas passavam como um borrão à minha volta, e meu único pensamento era: Kat é minha filha. A confirmação estava prestes a chegar, e uma parte de mim já sabia a verdade antes mesmo de ouvir o resultado. Aquela menina… o jeito que ela ria...Entrei na clínica como um furacão, ignorando qualquer olhar curioso que me seguisse. A recepcionista mal teve tempo de me direcionar antes que eu estivesse de frente para o médico. Não precisei de rodeios. O homem à minha frente, calmo demais para o turbilhão de emoções que eu sentia, abriu o envelope com o resultado do teste de DNA.E então, a confirmação veio.— O teste é positivo. — Ele disse, com a tranquilidade de quem entrega uma informação qualquer. — Você é o pai biológico da criança.Eu senti um nó apertar na minha garganta. Algo dentro de mim queria explodir, gritar, quebrar tudo ao redor. Ela é minha. Minha filha!. Mas ao invés de reagir como esperado, só consegui ap
KevinEntrei no hospital com Kat ao meu lado, seus pequenos passos ecoando ao ritmo dos meus, tão apreensiva quanto o eu, enquanto o silêncio denso dos corredores nos envolvia. Cada vez que atravessava as portas, sentia o peso da realidade. Hanna continuava lá, presa em um mundo do qual eu não conseguia tirá-la, e cada dia parecia mais insuportável.Olhei para Kat, que segurava minha mão com força, e me perguntei como uma menina tão pequena podia ser tão forte. Ela não fazia ideia do que estava acontecendo, mas eu podia ver que ela sentia, de alguma forma. Seus olhos, cheios de inocência, brilhavam com uma esperança que às vezes me escapava.— Está tudo bem, tio? — Kat perguntou, sua voz era suave, quebrando o silêncio.Eu me abaixei para ficar na altura dela e sorri, tentando esconder o aperto em meu peito.— Está, sim, princesa. Apenas ansioso para ver a mamãe, você não está? Ela assentiu, os olhos grandes e curiosos piscando para mim, como se estivesse tentando entender o que isso
AshleyAndando de um lado para o outro, com os nervos à flor da pele, revivendo a cena que vi no apartamento de Kevin, na noite passada. Meu celular apita com um e-mail do detetive que contratei, abro o e-mail ansiosa por informações, e realmente há muitos documentos, cada página me fazendo arder ainda mais de ódio e inveja. Lá estavam, estampadas nas fotos, a santinha da Hanna e a garotinha que encontrei mais cedo.Será que Kevin é o pai desta menina? Não, isso não pode ser possível. Kevin é meu. Ele sempre foi.Imprimi o e-mail e comecei a folhear cada página do dossiê, ansiava descobrir algum podre da perfeitinha Hanna Roux, mas quanto mais leio sobre ela, mais sou forçado a admitir, mesmo que seja só para mim, que ela representa exatamente aquilo que muitas mulheres desejam ser. Ela é decidida, não se abala, é inteligente e linda de um jeito irritante e, como empreendedora, conseguiu construir algo mesmo sendo mãe solteira e não tendo auxílio nenhum, a não ser de sua irmã, tão po