HannaJá estava tarde quando ouvi passos do lado de fora do apartamento do Jason. Meu coração acelerou imediatamente. Corri para a porta, como se meu corpo já soubesse que era ele. Kevin, com minha filha Kat, e minha irmã Hazel.Quando a porta se abriu, meu olhar encontrou primeiro o sorriso radiante de Kat, que correu em minha direção. Ela atirou-se em meus braços com uma energia que parecia iluminar todo o ambiente.— Mamãe! — sua voz fina encheu meus ouvidos enquanto eu a envolvia num abraço apertado. — Eu senti tanto a sua falta!— Ah, meu amor! Eu também senti sua falta — murmurei contra seu cabelo macio, afagando-a com ternura. Fechei os olhos por um instante, absorvendo a pureza daquele momento. Kat era minha razão de viver, meu maior tesouro, e tê-la em meus braços novamente fazia meu mundo parecer menos caótico.Quando finalmente me afastei, meu olhar encontrou Kevin. Ele estava parado ao lado da porta, observando-nos com um sorriso suave e seus olhos brilhavam com uma mistur
AshleyO cheiro de couro novo do carro se mistura ao perfume caro que escolhi com tanto cuidado. O dia está frio, mas o ar-condicionado cria uma bolha de conforto ao meu redor. Minhas mãos estão firmes no volante e eu me olho no retrovisor a cada momento, conferindo se o batom vermelho continua intacto. Essa viagem para o aeroporto marca o início de algo novo. Uma fuga, talvez um recomeço longe dos olhares julgadores, longe de Kevin, longe de tudo que me prende a uma vida controlada e superficial.O rádio toca uma música qualquer, mas minha mente está distante. As palavras cortantes de Kevin na nossa última discussão ainda ecoam na minha cabeça. Meu orgulho ferido dói mais do que qualquer outra coisa. “Ele nunca me amou", penso, sentindo um aperto no peito. As lágrimas ameaçam surgir, mas eu as engulo. — Não agora, Ashley. Você é mais forte que isso, — digo a mim mesma, tentando acreditar.Mas será que sou mesmo? Tudo o que fiz nos últimos anos foi para agradar meus pais, para seguir
HannaNesses últimos dois dias, vivi os piores momentos da minha vida, mas também os melhores. Minha família está bem, e isso é tudo o que importa.Estou apreensiva devido à audiência que terei que participar, para reafirmar o que declarei na delegacia, mas sei que com o apoio da minha família vou conseguir. Eu e Kevin decidimos nos hospedar em um hotel, já que o apartamento de Jason é muito pequeno e minha casa continua com alguns repórteres de plantão na frente. Tentamos convencer Kat a vir conosco, mas ela preferiu ficar com a tia Hazel. Tenho quase certeza de que Hazel teve influência nessa decisão, mas não insisti. No fundo, sei que eu e Kevin precisamos desse tempo a sós.Durante o falso noivado, cheguei a acreditar que ele não me queria mais. Descobri que tudo foi uma armação, trouxe uma mistura de sentimentos: fiquei feliz e triste ao mesmo tempo.Feliz, porque percebi que não estava errada em tentar de novo, mesmo depois de tantos anos. Triste, porque sei que nunca serei ace
HannaA partir dali, tudo era calor e entrega, um turbilhão de sensações que parecia incendiar cada centímetro do meu corpo. Nossos movimentos se encaixavam com uma perfeição, como se tivéssemos sido feitos um para o outro.Seus lábios deslizaram pela minha nuca, enviando ondas de prazer que arrepiavam minha pele e despertavam desejos primitivos. Suas mãos firmes exploravam meu corpo com a intensidade de quem conhece cada detalhe, cada curva. Ele beija minha nuca enquanto segura meus seios com desejo, os dedos provocando arrepios que me faziam gemer baixinho.Seu toque foi descendo pelo meu abdômen, quente e carregado de intenção, até alcançar minhas coxas. Ele me virou suavemente, posicionando-se à minha frente, e com um olhar que parecia me consumir, abriu minhas pernas, como se quisesse me devorar inteira.Cada toque seu era uma confissão. Cada suspiro, uma promessa. E cada gemido que escapava de nós era como uma melodia secreta, composta apenas para aquele instante. O tempo deixou
KevinAmanheceu, e por mais que eu quisesse prolongar aquela bolha de paz que criamos, era hora de voltar à realidade. Meu celular vibrou sobre a mesinha de cabeceira, e Davis enviou uma mensagem informando haver deixado um carro à nossa disposição. Ele também garantiu que não havia mais repórteres na casa de Hanna.— Vamos, meu amor? — perguntei, levantando-me preguiçosamente e estendendo a mão para ela.— Não quero. — A resposta veio com um biquinho que derreteu meu coração.Ri baixo e me inclinei para beijar sua testa.— Eu também não quero ir. Mas precisamos contar a novidade para Kat.O sorriso que iluminou no rosto dela era tudo para mim. Hanna tinha aquele tipo de beleza angelical que te fazia esquecer o mundo. Quando ela estava feliz, parecia que o universo sorria junto.— Ela vai dar pulos de alegria — respondeu, com a certeza de uma mãe que conhece cada detalhe da filha.Tomamos um café da manhã tranquilo, depois descemos de mãos dadas e, enquanto eu fechava a conta na recep
KevinAo chegar no meu apartamento, senti um leve nervosismo se instalar. Não era a primeira vez que eu fazia algo importante por ela, mas este momento tinha um peso diferente. Caminhei direto para o guarda-roupa, abri a porta e procurei no fundo da gaveta onde, por um tempo, aquele anel havia sido esquecido.Quando meus dedos tocaram a pequena caixinha de veludo, uma onda de memórias me atingiu. Lembrei-me do dia em que o comprei, de como imaginei esse instante, mesmo sem saber se um dia ela voltaria para mim. Mas agora, aqui estávamos.Com o anel em mãos, voltei para a sala, onde Hanna me observava com curiosidade. Seus olhos seguiram cada passo meu, e quando me ajoelhei diante dela, sua expressão mudou. Ela sorriu envergonhada.Abri a caixinha, revelando o anel que escolhi para ela com tanto cuidado. O brilho da joia parecia pequeno perto do brilho em seus olhos.— Meu amor, ele é lindo! — ela exclamou, com a voz embargada, lágrimas escorrendo suavemente por suas bochechas.Respire
KevinEu assenti, inclinando-me para beijá-la de leve antes de pegar o aparelho. Quando abri a mensagem, meu corpo congelou."Kevin, para de ser irresponsável e venha apoiar a família Caspian. Ashley sofreu um acidente de carro e faleceu."Meu coração disparou e o mundo pareceu girar ao meu redor. Por um momento, não consegui respirar direito. Aquelas palavras piscavam na tela como se fossem irreais, mas eu sabia que eram verdades.Hanna percebeu a mudança instantânea em minha expressão.— O que foi? — ela perguntou, sua voz agora tensa, cheia de preocupação.Olhei para ela, mas as palavras não saíam. Como eu poderia explicar o que acabara de acontecer? Como contar que a mulher com quem eu estava preso em um relacionamento de fachada, mas que ainda assim fazia parte da minha vida, havia acabado de morrer?Ela segurou minha mão, apertando-a com força.— Kevin, você está me assustando. O que aconteceu?Respirei fundo, tentando processar tudo antes de falar.— É Ashley… — comecei, mas pr
KevinO som abafado do murmúrio de vozes preenchia o ar, enquanto eu observava o salão decorado com flores brancas. O perfume delas era enjoativo, como se tentassem mascarar a sensação de perda que pairava por todos os cantos. Ashley estava deitada ali, dentro do caixão, com um semblante sereno que nunca vi antes. Era irônico pensar que, na morte, ela parecia mais em paz do que em todos os anos que passamos juntos.Meus dedos formigavam ao lado do corpo. Mantive as mãos nos bolsos do terno, tentando me ancorar. Olhares curiosos pousavam sobre mim, como se esperassem alguma reação, um colapso, talvez. Mas tudo que eu sentia era um misto de vazio e um peso esmagador de responsabilidade. Ashley não era uma mulher fácil. Nossa relação nunca foi simples, mas ela não merecia esse fim.Minha mente vagava enquanto as palavras das pessoas ao meu redor se tornavam indistintas. As condolências, os sussurros sobre como ela era uma mulher incrível… Tudo parecia uma peça ensaiada. Queria acreditar