KevinEu assenti, inclinando-me para beijá-la de leve antes de pegar o aparelho. Quando abri a mensagem, meu corpo congelou."Kevin, para de ser irresponsável e venha apoiar a família Caspian. Ashley sofreu um acidente de carro e faleceu."Meu coração disparou e o mundo pareceu girar ao meu redor. Por um momento, não consegui respirar direito. Aquelas palavras piscavam na tela como se fossem irreais, mas eu sabia que eram verdades.Hanna percebeu a mudança instantânea em minha expressão.— O que foi? — ela perguntou, sua voz agora tensa, cheia de preocupação.Olhei para ela, mas as palavras não saíam. Como eu poderia explicar o que acabara de acontecer? Como contar que a mulher com quem eu estava preso em um relacionamento de fachada, mas que ainda assim fazia parte da minha vida, havia acabado de morrer?Ela segurou minha mão, apertando-a com força.— Kevin, você está me assustando. O que aconteceu?Respirei fundo, tentando processar tudo antes de falar.— É Ashley… — comecei, mas pr
KevinO som abafado do murmúrio de vozes preenchia o ar, enquanto eu observava o salão decorado com flores brancas. O perfume delas era enjoativo, como se tentassem mascarar a sensação de perda que pairava por todos os cantos. Ashley estava deitada ali, dentro do caixão, com um semblante sereno que nunca vi antes. Era irônico pensar que, na morte, ela parecia mais em paz do que em todos os anos que passamos juntos.Meus dedos formigavam ao lado do corpo. Mantive as mãos nos bolsos do terno, tentando me ancorar. Olhares curiosos pousavam sobre mim, como se esperassem alguma reação, um colapso, talvez. Mas tudo que eu sentia era um misto de vazio e um peso esmagador de responsabilidade. Ashley não era uma mulher fácil. Nossa relação nunca foi simples, mas ela não merecia esse fim.Minha mente vagava enquanto as palavras das pessoas ao meu redor se tornavam indistintas. As condolências, os sussurros sobre como ela era uma mulher incrível… Tudo parecia uma peça ensaiada. Queria acreditar
Duas semanas depois…DylanAs paredes brancas e sem vida da cela pareciam refletir a monotonia que tomou conta dos meus dias nos últimos meses. O som estridente da porta de ferro sendo destrancada cortou o silêncio. O guarda me lançou um olhar vazio antes de anunciar:— Mcnold, você está livre para aguardar julgamento.Livre. A palavra ecoou na minha mente como uma promessa e uma maldição. Peguei minhas coisas, uma sacola plástica que continha quase nada além de roupas usadas e a amargura de quem já perdeu muito. Meu advogado, sempre impassível, esperava do lado de fora. Ele ajustou a gravata enquanto me acompanhava até a saída.— Você teve sorte — disse ele, com o tom frio de quem se importa apenas com o próximo cheque. — Ou conhece as pessoas certas. Mas isso não é o fim. Agora é hora de agir corretamente e pensar na sua defesa.Eu não respondi. O sol cegava meus olhos ao atravessar os portões. Uma sensação estranha de alívio e desconforto tomou conta de mim. As pessoas na rua passa
As palavras ficaram presas na garganta. Eu queria protegê-la, mas sabia que não podia esconder isso dela. Ela precisava saber.— Hanna, precisamos conversar. — Minha voz soou rouca, quase um sussurro.O sorriso no rosto dela desapareceu, dando lugar a uma preocupação profunda. Ela mandou Kethellen subir para brincar no quarto e se virou para mim, agora completamente atenta.Eu me sentei ao lado dela, tomando suas mãos nas minhas. Mas mesmo assim, as palavras não vinham. Como dizer algo que você sabe que vai destruir a pessoa que ama?— Kevin, por favor, diga logo. — O tom dela era firme, mas os olhos já denunciavam o medo.Respirei fundo, tentando encontrar coragem. Mas naquele momento, tudo o que eu queria era que aquela conversa não fosse real. Que aquela notícia não fosse real.Eu a amava mais do que qualquer coisa no mundo, mas não sabia como protegê-la dessa dor.E, ainda assim, eu precisava tentar.— Dylan… Ele foi solto hoje, vai aguardar o julgamento em casa.…HannaEu sabia
HannaEu estava empurrando o carrinho de compras pelo corredor de frutas quando ouvi a voz. Aquela voz. Estridente, cheia de raiva, ecoando pelo ambiente como um trovão.— Hanna Roux!Meu coração disparou. Virei-me lentamente e lá estava Alicia, com os olhos faiscando de ódio, segurando uma bolsa que balançava perigosamente ao lado do corpo.Ela veio em minha direção como um furacão, ignorando olhares curiosos e cochichos de outros clientes.— Por sua causa, minha vida virou um inferno! — ela gritou, parando a poucos centímetros de mim. — Dylan pediu o divórcio! Ele destruiu tudo, e é culpa sua!Eu congelei por um segundo, tentando processar as palavras dela. O supermercado parecia ter ficado em silêncio absoluto, exceto pela respiração pesada de Alicia e pelos batimentos acelerados do meu coração.— Alicia, do que você está falando? Eu não tenho nada a ver com isso! — tentei dizer, mas ela não quis ouvir.— Não minta! — Ela levantou a mão, como se fosse me bater, mas parei o moviment
KevinPassei o dia inteiro ao lado de Hanna e Kat, garantindo que ambas se sentissem protegidas. Liguei para Davis no meio da noite, exigindo reforço de segurança, não apenas para a nossa casa, mas também para a escola da Kat. Não sabia do que Dylan seria capaz, mas não pretendia arriscar.Na manhã seguinte, ao chegar ao escritório, meu estômago revirou ao encontrar meu pai sentado em minha cadeira. Era a primeira vez que o via desde o velório de Ashley. Ele não parecia abalado ou triste, apenas o mesmo homem frio e controlado que sempre foi.— Kevin, vou direto ao ponto. — Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina. — Quero você fora da empresa ainda hoje. A não ser que termine o relacionamento com aquela mulher.Cruzei os braços, sentindo a raiva subir ao ouvir sua acusação.— O que você tem contra a Hanna? — perguntei, tentando manter a calma.— Não é ela. É a conta bancária dela. — Ele se levantou, ajustando o paletó como se estivesse prestes a discursar. — Não vou admitir que você
KevinQuando cheguei ao estacionamento, a luz suave do sol batendo na lataria do carro parecia me dar boas-vindas. Liguei o motor e dirigi sem pressa, com a janela levemente aberta para sentir o ar fresco do fim de manhã. Não havia dúvida de para onde eu queria ir: Hanna.Peguei o telefone no banco do passageiro e enviei uma mensagem rápida.“Preciso te ver. Estou indo para sua casa.”A resposta dela veio quase instantaneamente.“Está tudo bem?”“Tudo ótimo. Tenho novidades.”Assim que cheguei, o portão da garagem já estava aberto, e Hanna estava na porta, com Kat ao lado, segurando a mão da mãe. A visão das duas juntas era tudo o que eu precisava para confirmar que havia tomado a decisão certa.Saí do carro com um sorriso, e Hanna franziu o cenho, curiosa.— Que cara é essa? — perguntou, enquanto eu me aproximava.Kat soltou a mão dela e correu para me abraçar, e eu a peguei no colo, girando-a no ar.— É a cara de alguém que acabou de se livrar de um peso gigantesco.— O que acontece
ElijaEu assisti Kevin se afastar, o rosto cheio de convicção, mas o peso de sua decisão parecia cair diretamente sobre meus ombros. Como ele podia fazer isso? Abandonar a empresa da família, toda a sua carreira, toda a estrutura que construí para ele, por causa de uma mulher? Ainda mais essa mulher sem classe, sem nome! Era inconcebível. Eu senti meu peito apertar, uma mistura de raiva, incredulidade e algo mais profundo que eu não queria reconhecer. Algo como… medo.Quando cheguei em casa, encontrei minha esposa no jardim, mexendo em um arranjo de flores. Suas mãos moviam-se com delicadeza, como se cada flor fosse um pedaço de porcelana prestes a se quebrar.— Ele se foi — anunciei, minha voz carregando a amargura que eu não conseguia esconder.Ela ergueu o olhar lentamente, seus olhos me analisando com uma intensidade que eu não via há anos.— Do que você está falando, Elija? — perguntou com calma, mas havia uma tensão em sua voz que me fez hesitar por um momento.— Kevin — respond