Kevin — O que agora? — murmuro, tentando não acordar Kat, que dorme profundamente no sofá, com a cabeça apoiada no meu colo. Meu coração acelera enquanto desbloqueio o celular e vejo as notificações. Abro o link mais recente e sinto meu estômago revirar. As manchetes gritam meu nome, o de Hanna, Dylan e Ashley, acompanhadas de fotos nossas, do processo da Hanna e especulações.Solto um xingamento baixo e largo o celular na mesa de centro. Olho para Kat, tão tranquila, tão alheia ao caos que nos cerca. Um senso de proteção toma conta de mim, mais forte do que qualquer outra coisa. Não importa o que está lá fora, ela não vai ser envolvida nisso.Levanto-me com cuidado para não a acordar e vou até Hazel, que está na janela, espiando entre as cortinas. Ela não percebe minha aproximação até que falo:— O que está acontecendo? — Minha voz sai mais firme do que eu esperava, mas já tenho uma ideia do que ela vai dizer.Hazel se vira para mim, a expressão carregada de preocupação.— Estão lá
KevinKat começa a se mexer no sofá. Aproximo-me dela e a toco gentilmente no ombro. Seus olhos se abrem devagar, e ela sorri ao me ver.— Vamos brincar, papai?Meu coração aperta. Ela não tem ideia do que está acontecendo.— Não agora, princesa. Vamos dar um passeio, mas será diferente e divertido.— Preciso que suba e troque de roupa, coloque uma confortável, seja rápida, está bem! Vamos encontrar com a mamãe e o tio Jason.Enquanto ela sobe, eu ligo para o Davis.— Hazel está falando com a vizinha do fundo, ela vai nos dar cobertura, pode mandar uns homens por segurança?— Já estão próximos, aguardando seu sinal.— Perfeito, valeu, cara! Ah, estamos indo para a casa do Jason.— Beleza, estou indo para lá também.Alguns minutos se passam e Kat desce com uma roupa confortável e uma mochila. Pego-a nos braços e faço sinal para Hazel me seguir. Ela pega uma mochila com algumas coisas essenciais e me acompanha até a cozinha.Hazel abre a porta dos fundos com cuidado, certificando-se de
DylanAs paredes frias da cela pareciam fechar ao meu redor, mas nada era mais sufocante do que as manchetes gritando meu nome como se eu fosse um monstro. Cada palavra era uma facada, e a verdade nem importava mais. O mundo amava um vilão, e agora eu era a figura principal do circo.Eu sempre romantizei aquele momento com Hanna, acreditando cegamente que ela havia sentido o mesmo que eu, que de alguma forma existira algo ali. Por esse motivo, eu não entendia porque ela havia me processado na época. Mas agora, olhando para os caos que fiz na vida dela, pela verdade extraída através de sua fúria, percebo o quanto fui estúpido. Naquela noite, estava drogado, as memórias são apenas fragmentadas, confusos. Mas ao ouvir suas palavras, sua dor transformada em acusações, foi como se cada pedaço de mim fosse esmagado. Pela primeira vez, senti o peso do monstro que ela enxergava em mim. Aquilo me destruiu de um jeito que nem a prisão conseguiu.Quando o advogado entrou, arrumando o paletó como
HannaJá estava tarde quando ouvi passos do lado de fora do apartamento do Jason. Meu coração acelerou imediatamente. Corri para a porta, como se meu corpo já soubesse que era ele. Kevin, com minha filha Kat, e minha irmã Hazel.Quando a porta se abriu, meu olhar encontrou primeiro o sorriso radiante de Kat, que correu em minha direção. Ela atirou-se em meus braços com uma energia que parecia iluminar todo o ambiente.— Mamãe! — sua voz fina encheu meus ouvidos enquanto eu a envolvia num abraço apertado. — Eu senti tanto a sua falta!— Ah, meu amor! Eu também senti sua falta — murmurei contra seu cabelo macio, afagando-a com ternura. Fechei os olhos por um instante, absorvendo a pureza daquele momento. Kat era minha razão de viver, meu maior tesouro, e tê-la em meus braços novamente fazia meu mundo parecer menos caótico.Quando finalmente me afastei, meu olhar encontrou Kevin. Ele estava parado ao lado da porta, observando-nos com um sorriso suave e seus olhos brilhavam com uma mistur
AshleyO cheiro de couro novo do carro se mistura ao perfume caro que escolhi com tanto cuidado. O dia está frio, mas o ar-condicionado cria uma bolha de conforto ao meu redor. Minhas mãos estão firmes no volante e eu me olho no retrovisor a cada momento, conferindo se o batom vermelho continua intacto. Essa viagem para o aeroporto marca o início de algo novo. Uma fuga, talvez um recomeço longe dos olhares julgadores, longe de Kevin, longe de tudo que me prende a uma vida controlada e superficial.O rádio toca uma música qualquer, mas minha mente está distante. As palavras cortantes de Kevin na nossa última discussão ainda ecoam na minha cabeça. Meu orgulho ferido dói mais do que qualquer outra coisa. “Ele nunca me amou", penso, sentindo um aperto no peito. As lágrimas ameaçam surgir, mas eu as engulo. — Não agora, Ashley. Você é mais forte que isso, — digo a mim mesma, tentando acreditar.Mas será que sou mesmo? Tudo o que fiz nos últimos anos foi para agradar meus pais, para seguir
HannaNesses últimos dois dias, vivi os piores momentos da minha vida, mas também os melhores. Minha família está bem, e isso é tudo o que importa.Estou apreensiva devido à audiência que terei que participar, para reafirmar o que declarei na delegacia, mas sei que com o apoio da minha família vou conseguir. Eu e Kevin decidimos nos hospedar em um hotel, já que o apartamento de Jason é muito pequeno e minha casa continua com alguns repórteres de plantão na frente. Tentamos convencer Kat a vir conosco, mas ela preferiu ficar com a tia Hazel. Tenho quase certeza de que Hazel teve influência nessa decisão, mas não insisti. No fundo, sei que eu e Kevin precisamos desse tempo a sós.Durante o falso noivado, cheguei a acreditar que ele não me queria mais. Descobri que tudo foi uma armação, trouxe uma mistura de sentimentos: fiquei feliz e triste ao mesmo tempo.Feliz, porque percebi que não estava errada em tentar de novo, mesmo depois de tantos anos. Triste, porque sei que nunca serei ace
HannaA partir dali, tudo era calor e entrega, um turbilhão de sensações que parecia incendiar cada centímetro do meu corpo. Nossos movimentos se encaixavam com uma perfeição, como se tivéssemos sido feitos um para o outro.Seus lábios deslizaram pela minha nuca, enviando ondas de prazer que arrepiavam minha pele e despertavam desejos primitivos. Suas mãos firmes exploravam meu corpo com a intensidade de quem conhece cada detalhe, cada curva. Ele beija minha nuca enquanto segura meus seios com desejo, os dedos provocando arrepios que me faziam gemer baixinho.Seu toque foi descendo pelo meu abdômen, quente e carregado de intenção, até alcançar minhas coxas. Ele me virou suavemente, posicionando-se à minha frente, e com um olhar que parecia me consumir, abriu minhas pernas, como se quisesse me devorar inteira.Cada toque seu era uma confissão. Cada suspiro, uma promessa. E cada gemido que escapava de nós era como uma melodia secreta, composta apenas para aquele instante. O tempo deixou
KevinAmanheceu, e por mais que eu quisesse prolongar aquela bolha de paz que criamos, era hora de voltar à realidade. Meu celular vibrou sobre a mesinha de cabeceira, e Davis enviou uma mensagem informando haver deixado um carro à nossa disposição. Ele também garantiu que não havia mais repórteres na casa de Hanna.— Vamos, meu amor? — perguntei, levantando-me preguiçosamente e estendendo a mão para ela.— Não quero. — A resposta veio com um biquinho que derreteu meu coração.Ri baixo e me inclinei para beijar sua testa.— Eu também não quero ir. Mas precisamos contar a novidade para Kat.O sorriso que iluminou no rosto dela era tudo para mim. Hanna tinha aquele tipo de beleza angelical que te fazia esquecer o mundo. Quando ela estava feliz, parecia que o universo sorria junto.— Ela vai dar pulos de alegria — respondeu, com a certeza de uma mãe que conhece cada detalhe da filha.Tomamos um café da manhã tranquilo, depois descemos de mãos dadas e, enquanto eu fechava a conta na recep