- Eu fiz isso por você. - Jacarias olhou diretamente para Cláudio, seu sorriso repletocheio de ironia.- Se não fizesse isso, como você poderia entender sua posição no coração da sua avó? Eu sempre disse que no coração dela só existe um neto, Eduardo. Você não passa de um cão que ela adotou falsamente naquela época. Jacarias se aproximou do sofá e se sentou, continuando a falar:- No coração dela, você, como cão, tinha muitas utilidades: podia acompanhar Eduardo, protegê-lo e estava sempre à disposição para ser mandado por eles. Quando não quisessem mais você, poderiam te chutar a qualquer momento. E ainda assim, você passou todos esses anos pensando neles. Cláudio, você realmente não entende a realidade.Jacarias fumava um cigarro, e por trás da fumaça, seu rosto sorria com extrema ironia. Cláudio apertava a mão ao seu lado, gritando com ressentimento:- Mesmo assim, o que isso tem a ver com você? Por pior que eles tenham sido comigo, ainda são melhores do que você. Que direito você
- Eu ouvi a discussão de vocês lá em cima. O que aconteceu? - Durval olhou para os ferimentos no rosto de Cláudio e para o sangue no canto dos lábios, surpreso. - Você foi atingido?Após fazer a pergunta, ele percebeu que era óbvia. Cláudio olhou friamente para ele e, sem dizer nada, passou por ele e subiu as escadas. Durval, confuso, pensou que a hostilidade era um pouco inexplicável; ele não tinha provocado Cláudio, tinha?- Durval, venha jogar uma partida de xadrez com Jacarias. - Disse Jacarias.- Estou indo. - Respondeu Durval.Ao ver Durval, a expressão fria e severrígidaa no rosto de Jacarias desapareceu, substituída por um sorriso gentil.- Aquela Inês, você a mandou de volta?- Ela ainda está na universidade. - Respondeu Durval.- Você gosta daquela garota, mas ela não gosta de você, certo?- Sim.- O que tem isso? Se você gosta, deve lutar por isso. Pode ser difícil para você, mas é preciso tentar, senão será ainda mais doloroso.No canto da escada, Cláudio segurava o corr
O sangue tinha uma cor preto-avermelhada, o que causoudeu um susto em vovó Diana. Ela perguntou a Miguel, apressadamente: - Como está a situação?Miguel franzia a testa com uma expressão séria: - A situação é complicada.Vovó Diana desmaiou, caindo no chão. Fernando agiu rapidamente e a segurou. Vovó Diana, tentando manter a consciência, amaldiçoou: - Eu sabia, aquela mulher não tinha boas intenções. Essas frutas são falsas, falsas... Meu Duba, tudo é culpa deles...Miguel, que não dormia há dias e noites, com barba por fazer e um rosto exausto, ficou irritado ao ouvir vovó Diana chorar e amaldiçoarxingar. Enquanto examinava Eduardo, disse a Fernando: - Leve a avó para fora, eu te chamarei se precisar de algo.Fernando assentiu e rapidamente ajudou vovó Diana a sair.Ao abrir a porta, eles viram Viviane espreitando, parecendo uma ladra. Ao vê-la, vovó Diana ficou ainda mais irritada e gritou: - Quem deixou você subir aqui? - Eu... Só vim ver o Duba.- Vá embora, você não pod
Ela se assustou, abrindo a boca instintivamente para gritar, mas não conseguiu emitir som algum.O que era ainda mais assustador era que ela descobriu que não conseguia se mover de jeito nenhum.“O que estava acontecendo?”Olhava para a sombra ao lado da cama, temerosa, tentando mover os dedos com esforço.Mas parecia que todo o seu corpo estava preso por uma força misteriosa, ela simplesmente não conseguia se mover.De repente, a sombra se inclinou lentamente.Maria não podia ver seu rosto claramente, mas sentia distintamente sua respiração fria em seu rosto.“Mariinha...”A sombra falou de repente, com um tom suave, mas parecia a voz de Eduardo.Ela estremeceu no fundo do coração. “Essa era a sombra de Eduardo?”Mas Eduardo nunca a chamou de “Mariinha” com um tom tão gentil.Ela queria perguntar se era ele, mas por mais que tentasse gritar, não saía nada.Estava completamente imobilizada, não podia fazer nada, apenas observava a sombra com medo e confusão.A sombra parecia não ter m
Fernando franziu a testa com desgosto:- Você é uma figura importante na Cidade C, deveria ao menos manter uma aparência decente enquanto come.- Há dias e noites que não como direito, estou quase morrendo de fome; que diferença faz como eu como agora? - Retrucou Miguel, sem tirar os olhos do prato de macarrão que segurava, com um suspiro. - E esse aí, não é seu segundo prato? Além disso, uma porção tão grande.Fernando, sem desejar discutir, se sentou à sua frente e perguntou, confuso:- Por que você falou daquela maneira com a Srta. Maria agora há pouco? Ela já estava preocupada com o Presidente Alves, e com o que você disse, certamente ficará ainda mais ansiosa.- Esqueça, se ela realmente estivesse preocupada com Duba, não teria saído às pressas. Ela passou a noite aqui, mas acho que foi só para manter as aparências. Você não viu, mas assim que amanheceu, ela saiu correndo, enquanto o pobre Duba, inconsciente, ainda a chamava pelo seu nome. Na minha opinião, essa mulher não tem cor
Ela ficou surpresa. Quem estaria na cozinha dela?Helena? Cláudio?Mas Cláudio não deveria estar de volta ainda?E Helena já havia devolvido a ela as chaves da casa.Com o coração cheio de dúvidas, caminhou em direção à cozinha.Durante o dia, não tinha medo que o intruso fosse um ladrão ou algum outro tipo de malfeitor.Ao chegar à porta da cozinha, olhou diretamente para dentro e viu Cláudio com um avental.- Você...Ao ver Cláudio, sempre se lembrava da imagem dele partindo naquele dia.Era uma lembrança especialmente desoladora e marcante, triste de recordar.Cláudio estava cozinhando e, ao ouvir sua voz, se virou para olhar Maria, com um rosto bonito e um sorriso suave e caloroso.Maria observava-o atentamente.Ele parecia ter recuperado sua gentileza habitual, como se aquele dia tivesse sido apenas uma ilusão em sua memória.Ela caminhou lentamente em sua direção:- Você voltou.- Eu liguei para você ontem, e você não atendeu. Liguei várias vezes e continuei sem resposta, então
- Não há nada para explicar, deixe assim - Falou Cláudio, sem olhar para trás, com extrema leveza.Maria sempre teve a impressão de que ele agia por birra, mas com quem, ela não tinha certeza.Ela soltou a colher,se levantou e deu dois passos em sua direção, dizendo:- Acho necessário esclarecer isso com a vovó, afinal, vocês são uma família e não deveriam ter mal-entendidos.Uma família?Cláudio riu suavemente, sem dizer nada, achando engraçado o termo "uma família" naquela frase.Maria, em silêncio, analisou a situação e disse:- Alguém certamente pegou seu celular e enviou aquela mensagem para a vovó se passando por você. Quem seria essa pessoa, que tem algo contra você e conseguiu pegar seu celular com tanta facilidade?- Chega! - Cláudio, de repente, falou em um tom baixo.Surpresa, Maria perguntou:- O que houve?Cláudio se virou para olhá-la, com o rosto inexpressivo:- Deixe o assunto para lá, não quero mais falar sobre isso.Maria assentiu, apertando os lábios, sem dizer mais
Eduardo franziu a testa, se ergueu repentinamente, mas, devido à fraqueza em seu corpo, caiu pesadamente de volta, arrancando sem querer a agulha de sua mão. Fernando rapidamente o segurou, lançando um olhar impotente para vovó Diana. Vovó Diana, furiosa, batia na bengala: - Meu querido neto, um dia será morto por aquela desgraçada. Eduardo agarrou a mão de Fernando e, com a voz tensa, perguntou: - Como está Maria, afinal? Naquele dia, ele usou toda a sua força, carregando Maria nas costas até o limite do resort. Só quando viu Cláudio, ele desabou, completamente exausto. Ao acordar, já estava de volta à Mansão dos Alves, mas sem saber nada sobre Maria. Seu coração estava em pânico, confuso. Durante o coma, teve muitos sonhos, todos sobre aquela mulher. Sonhou com ela jovem, alegre e vivaz. Sonhou com ela adulta, cheia de preocupações. Depois, sonhou com ela sendo maltratada e gritando na prisão. Por fim, no sonho, surgiu um grande incêndio incessante. Ela