Na primeira tentativa de cutucar, Eduardo permaneceu inerte.Ana olhou desanimada para Maria, que sorriu e fez um gesto encorajador, sussurrando "vai em frente" com os lábios.Ana precisou estender a mão novamente e cutucar as costas de Eduardo.- Você me compreende, papai?Finalmente, Eduardo se virou. Ele fixou seu olhar no pequeno ser diante dele, com as sobrancelhas franzidas.- Papai, Ana entendeu. Não vou mais correr por aí e sempre direi para onde vou, para que ninguém mais fique preocupado. Papai, não fique bravo comigo e com a tia, está bem? - Ana balançava a cabeça com pressa.Eduardo não proferiu palavra, apenas lançou um olhar furioso para a pequena figura diante dele, afinal, quando soube que ela estava desaparecida, ele ficou tão preocupado que não sabia o que fazer. Mas aquela mulher não parecia ter pressa. Só de pensar nisso, ele ficava furioso. Ela nunca foi uma mãe adequada, nunca! Enquanto ele estava cheio de raiva, algo pequeno de repente se jogou em seus braços.-
Helena ficou surpresa e imediatamente ficou tensa.Maria lançou um olhar para ela e percebeu que ela estava com muito medo de Eduardo. - Por que você a está chamando? Eu já disse, isso não é da conta dela. Se você quer culpar alguém, culpe a mim. - Maria então se dirigiu a Eduardo.Eduardo a ignorou e apenas fez um gesto para que Helena fosse para um canto.- Mariinha, o que ele vai fazer? Ele não vai me machucar, vai? – Helena não acreditava naquela situação, e olhou apreensivamente para Maria.- Ele não teria coragem! - Maria disse com firmeza, olhando para as costas de Eduardo. - Se você ousar tocar em Helena, eu vou enfrentá-lo.- Não me veja sempre como alguém violento. Eu nunca agredi uma mulher e não será agora que isso vai acontecer. - Eduardo soltou um sorriso irônico. Maria bufou friamente, mas não comentou sobre essa afirmação. No entanto, dada a quantidade de pessoas ao redor deles, ela não achava que Eduardo faria algo contra Helena.Pensando assim, ela disse a Helena:
- Vendo como eles gostam tanto de você e esperaram ansiosamente por sua visita, o que há de mal em permitir que eles passem uma noite em sua casa? – Eduardo disse. - Apenas uma noite. Você não pode satisfazer o desejo deles? Por que você precisa ser tão insensível? Eles não têm sorte com relação a figuras de mães, mesmo. - Eu insensível? - Maria riu, completamente exasperada. Ela percebeu que não conseguia argumentar com esse homem. Ele claramente era o insensível, mas estava virando o jogo contra ela, o que era bastante irônico.José e Ana ainda a olhavam com esperança estampado em suas faces. - É realmente apenas uma noite? - Maria olhou para Eduardo.- O que mais você espera? Acha que eu ficaria tranquilo deixando-os morar em sua casa para o resto da minha vida? - Eduardo sempre falava com um tom zombeteiro que a deixava furiosa.- Tudo bem, como você disse, será apenas uma noite. - Ela mordeu o lábio. Depois de dizer isso, ela pegou a mão de José e Ana e começou a caminhar em di
Eduardo falou e, surpreendentemente, se sentou com todo o seu desplante no sofá dela.- O que você está querendo dizer? Você concordou em dar uma olhada e sair. - Maria franziu a testa com força. - Estou cansado, quero descansar um pouco, isso é permitido? Não é? – Eduardo se inclinou no sofá e olhou para ela sem expressão. Maria rangeu os dentes. Pelos modos dele, esse homem nem sequer pretendia sair.Nesse momento, uma batida ecoou na porta.- Tia, descanse um pouco, você está com cara de cansada. Eu vou abrir! - José foi correndo abrir a porta. Com a porta aberta, José ficou perplexo e Cláudio, que estava parado à porta, também ficou surpreso por um momento.- Você é... O tio mais velho? - José inclinou a cabeça o encarando, sorrindo. - Isso mesmo, querido. - Ele assentiu com um sorriso gentil. A simples frase "tio mais velho" fez o seu coração tremer ligeiramente. - Tio mais velho, por favor, entre. - José fez um gesto convidativo, como sempre. A polidez e a doçura do garoti
Maria o ignorou e, obedientemente, se sentou permitindo que Cláudio cuidasse de seu ferimento.Eduardo permanecia ao lado, se sentindo completamente desnecessário.- Você ainda não vai embora? O que é? Você quer que eu te acompanhe? - O tom frio de Maria soou novamente.As pressões sucessivas tornaram cada vez mais evidente o quão dispensável Eduardo era. Seu rosto ficou sombrio, e sua mão ao lado dele se apertou com raiva. - Papai, estou com muita fome. Você pode fazer macarrão para mim? E pra Ana? - José virou seus grandes olhos pretos na direção de Eduardo. - Isso papai, eu também quero macarrão. Você pode fazer para mim e para o José? – Ana também pediu.Eduardo olhou involuntariamente para Maria, que abaixou seu olhar, dizendo suavemente às duas crianças: - A tia vai fazer para vocês em breve. O macarrão que a tia faz é muito gostoso. Vocês vão amar!- A tia está machucada, não pode fazer macarrão, senão vai doer mais. - Ana balançou a cabeça.- Nesse caso, que tal o tio mais v
Muitas vezes, ele relutava em admitir que Cláudio era superior a ele. Mas neste momento, ele precisava reconhecer que Cláudio era realmente melhor. Cláudio tinha habilidades diversas, inclusive enfaixar um ferimento com extrema precisão. Enquanto ele próprio mal conseguia preparar uma refeição decente.Bem, não podia pensar nisso agora, só o ato de ponderar o deixava desconfortável. Ele silenciosamente colocou o macarrão na mesa e chamou os dois pequenos para comer.- Papai, parece que a tia está sofrendo muito, ela até chorou agora pouco. - José se aproximou sussurrando.- É mesmo? - Eduardo ouviu isso e se sentiu ainda pior. Aquela mulher nunca tinha chorado de dor na sua frente, mas na frente de Cláudio, ela não tinha problema em expressar suas emoções.José não sabia o que seu pai estava pensando, apenas segurou o seu braço e disse: - Papai, quando o tio mais velho sair, você deve consolar a tia. Se fizer isso, a tia certamente vai gostar mais de você.- O irmãozinho está certo, p
Maria soltou um suspiro e, de repente, se dirigiu a ele com palavras firmes: - Não importa se eles são amigos ou não, isso é um assunto privado do Cláudio. Você questioná-lo com essa atitude é inapropriado, não acha?Eduardo apertou os dentes com raiva. Maldita mulher, sempre defendendo Cláudio quando ele estava por perto!- Está tudo bem, deixe ele perguntar o que quiser. - Cláudio apenas sorriu levemente. A atmosfera na sala ficou cada vez mais tensa. José terminou rapidamente sua tigela de macarrão e, em seguida, se virou para Cláudio com uma voz suave: - Tio, você mora perto daqui? Gostaria de visitar sua casa, pode ser?- Claro, moro do outro lado da rua. - Cláudio sorriu e colocou o copo de água de lado. Ele se levantou e pegou José pela mão, começando a sair.- Eu também quero ir. - Ana terminou rapidamente sua sopa e correu atrás deles.Em um instante, apenas Maria e Eduardo permaneceram na sala. Um com um rosto sério e o outro com uma expressão sombria e irritada. Maria se
Maria estava tão furiosa que tremia por todo o corpo.- Para mim, você está cheio de pecados, assim como eu. Se você quer que eu me redima ao seu lado, também quero que você se arrependa para mim. Se você não vai me deixar em paz, eu também não vou deixar você em paz! - Ela disse com raiva. Como ela poderia esquecer o profundo ódio entre ela e esse homem? A criança que ficou roxa e sem vida, sem ar, era o obstáculo que eles nunca superariam em suas vidas! Ela olhava com aversão para o homem diante dela, um ódio que parecia capaz de destruir o mundo. E ao olhar para o ódio em seus olhos, Eduardo não ficou com raiva. Pelo contrário, ele sorriu de maneira misteriosa.De repente, ele se inclinou, chegou perto do ouvido dela e disse com a voz mais suave as palavras mais cruéis: - Maria, nesta vida, nós estaremos entrelaçados até a velhice!- Sim! - Os olhos de Maria estavam vermelhos enquanto ela o encarava. - Esta noite... Vou ficar aqui. - Eduardo riu friamente e se afastou dela, mudan