Com esforço, ela se acomodou na cama e observou a lavanda no criado-mudo, intrigada. Nesta estação, a lavanda ainda podia florescer tão vivamente?Lavanda era sua flor favorita, e somente Cláudio sabia disso. Quanto a Eduardo...Enquanto estava perdida em pensamentos, fitando fixamente a suave lavanda, a porta do quarto se abriu subitamente.Era Cláudio.Como em suas memórias, Cláudio ainda estava tão belo, a bondade em seus olhos fazia as pessoas se sentirem como se estivessem envoltas na brisa primaveril de março. Quentinho.Às vezes, ela pensava, quem poderia ser sua mãe para dar à luz a um rosto tão belo como o dele?- Você está me encarando assim porque não me reconheceu, ou está hipnotizada por mim?Maria sorriu:- Você ainda gosta de fazer piadas como antes.Sua pele estava pálida como papel e seu semblante magro se iluminou com o sorriso, tornando-a vulnerável e comovente.Cláudio dissipou a escuridão em seus olhos e se aproximou.- Parece que você teve um tempo difícil durante
Um leve tremor percorreu o coração de Eduardo, mas ele logo recuperou sua calma exterior. Se virou e esboçou um leve sorriso.- Já que você voltou, por que não me avisou?As mãos de Cláudio estavam nos bolsos enquanto ele sorria despreocupadamente.- Você sabe como é, a avó nunca quis que eu voltasse. Então, você quer vê-la?Eduardo não respondeu, simplesmente entrou na casa.A casa de campo tinha uma decoração simples, mas exalava uma atmosfera fresca e elegante. Por toda parte, havia lavandas frescas.Por algum motivo, essas lavandas pareciam desagradáveis aos olhos de Eduardo.Um criado trouxe uma xícara de café para Eduardo. Ele sorriu levemente:- Lembro-me de que... Você costumava não gostar de lavandas.- Bem, alguém gostava delas, e então eu acabei gostando também.Sua resposta casual carregava um significado profundo aos ouvidos de Eduardo.No entanto, Eduardo perdeu a paciência para conversas triviais. Foi direto ao ponto:- Maria está aqui com você, não está?Cláudio levanto
Eduardo mal teve a chance de terminar de falar.Subitamente, Maria cuspiu uma grande quantidade de sangue e caiu no canto da escada.- Mariazinha!Cláudio empalideceu e correu para perto dela.Eduardo olhou fixamente para o rosto pálido e cheio de rancor, sentindo um arrepio percorrer rapidamente suas extremidades. Ele claramente sentiu que algo importante estava lentamente escapando. Ele tentou segurar desesperadamente, mas era em vão. Ele não sabia o que fazer, então usou palavras cruéis e implacáveis para encobrir o medo crescente dentro dele.- Você não pode partir. Você feriu tantas pessoas, perturbou a vida de todos, então qual direito você tem de morrer?- Vá embora... Você... Vá embora...Maria agarrou a lapela da camisa de Cláudio, chorando desamparadamente.- Faça ele ir embora, eu não quero vê-lo. Faça ele ir embora, faça ele ir embora...Sua dependência de Cláudio, seu ódio por ele, tudo isso feriu os olhos de Eduardo como agulhas. Ele cerrava os punhos com força, suas pal
Maria ficou momentaneamente atordoada:- Um acordo?- Eduardo te magoou profundamente. Se você conseguir sobreviver, vou te ajudar a se vingar dele. O que acha?Maria estava um pouco surpresa. Nas suas memórias, Cláudio sempre foi alguém que protegia Eduardo. Houve momentos em que Cláudio acreditou que ela estava agradando Eduardo por outras razões e até mesmo a ameaçou por isso. Mas agora, por que ele estaria disposto a ajudá-la a se vingar de Eduardo? O que exatamente aconteceu? Ou será que quando ele foi para o exterior anos atrás, havia outros motivos envolvidos?Cláudio se aproximou e afagou carinhosamente a cabeça dela.- Está decidido. Se você conseguir se manter forte, eu vou te ajudar a se vingar.Seu sorriso era sempre tão gentil, fazendo com que ela se perdesse involuntariamente nele.Ela frequentemente pensava: se Eduardo pudesse ser tão gentil com ela como Cláudio, então ela provavelmente seria a mulher mais feliz do mundo. No entanto, esses pensamentos eram apenas fantasi
Miguel acabava de chegar à porta do quarto quando ouviu uma mulher chorando e uivando lá dentro como um lobo.Ele torceu o nariz em desgosto, se virou e estava prestes a sair.Mariana o segurou apressadamente:- Não pode ir embora. Hoje, você tem que cuidar do rosto da nossa Vivi.O que Miguel mais detestava eram pessoas pretensiosas como essa.Ele resmungou friamente:- Não vou tratá-la. O que você pode fazer? Deixe-me dizer uma coisa, se não fosse pelo Duba, nem teria vindo.- Miguel, irmão.Enquanto Mariana estava prestes a explodir, Viviane de repente saiu correndo, chorando.Quando Miguel viu o rosto dela, ficou surpreso:- Você é humana ou fantasma?Essa pergunta fez Viviane chorar ainda mais desesperadamente:- Meu rosto, oh, meu rosto está arruinado. Como vou encarar as pessoas agora? Oh, meu rosto...Miguel sentiu os ouvidos latejando com o choro agudo dela.Mas vendo-a chorar tão miseravelmente, ele também a achou um pouco coitada, considerando que haviam crescido juntos.Por
- Olha só, ao lado do Cláudio, ela tem um sorriso tão tranquilo e bonito.- Ela sempre foi próxima do Cláudio. Talvez só os dois se entendam tão bem assim.Uma observação casual de Miguel fez os olhos de Eduardo escurecerem por um momento.No entanto, ele logo riu ironicamente:- E daí? Ela sempre será minha esposa.Miguel ficou surpreso:- Vocês... Vocês já não assinaram o divórcio?Eduardo não respondeu, apenas olhou intensamente para Maria por um instante, antes de se virar e sair.Se ela não quisesse vê-lo, então ele não apareceria mais diante dela.Enquanto Miguel suspirava impotentemente, olhou para o pátio.Assim que Maria o viu, o sorriso sumiu instantaneamente de seu rosto.Miguel brincou:- Sério? Não sou bem-vindo aqui?- Miguel, você está brincando. Por favor, se sente.Cláudio puxou uma cadeira para ele, enquanto observava sua maleta de remédios:- Veio hoje por causa da doença da Mariazinha?Miguel assentiu e sua expressão brincalhona desapareceu, se tornando séria:- Até
Maria franziu o cenho e viu Viviane dando apoio à vovó Diana, enquanto se aproximavam da porta. As marcas no rosto de Viviane já estavam começando a cicatrizar e, embora ela estivesse usando uma máscara, parte da marca ainda era visível, parecendo uma centopeia se arrastando, de certo modo assustadora.A condição da vovó Diana estava muito melhor do que da última vez. No entanto, o afeto que costumava ter por Maria não podia mais ser encontrado em seu rosto. Encarar a vovó Diana mais uma vez fazia o coração de Maria se complicar, e ela até se sentia um pouco inquieta. Ela podia ser severa com Viviane, mas quando se tratava da vovó Diana, ela não conseguia ser dura.Afinal, essa senhora era a pessoa que a tratava bem, como se fosse sua própria mãe. Maria se levantou e cumprimentou a vovó Diana com respeito:- Vovó, por que a senhora veio? Já tomou o café da manhã?A distância e a cortesia eram estranhas em comparação com a intimidade de antes. Maria sentiu um aperto no peito e uma dor a
Maria apertou sua mão, se sentindo completamente tensa. Vovó Diana segurava sua bengala, com uma expressão de tristeza e raiva, gritando com ela:- Já que você está tão ansiosa para saber, então vou te contar, porque você é filha dela, daquela Laura. Sua mãe Laura é uma mulher sem vergonha e desonrada!- Não! Minha mãe não é assim!Maria respondeu em voz alta, tremendo involuntariamente por causa da emoção:- Minha mãe é a melhor pessoa deste mundo. Você mesma já disse, já elogiou minha mãe. Disse que eu gosto dela porque me pareço com ela, por isso você gosta tanto de mim, você...- Eu estava errada! Vi errado! Fui enganada por aquela falsa imagem de fragilidade e inocência da sua mãe. Ela é uma mulher que muda de opinião a todo momento, que seduz homens sempre que pode!Maria balançou a cabeça, incrédula:- Não... Não é assim, minha mãe não é assim!- É sim! - Vovó Diana se aproximou dela, com aversão. - Naquela época, ela já era casada, mas não conseguia se controlar, seduziu meu fi