Depois que formalizamos o divórcio, Cíntia saiu da sala com o rosto firme, como se tentasse manter a compostura. Mas, ao encontrar Carol e Ana do lado de fora, desmoronou, caindo em prantos nos braços delas. Aquele desabafo me atingiu de uma forma que eu não esperava.Eu já havia conduzido muitos divórcios difíceis, mas esse, sem dúvidas, foi um dos mais complicados, porque eu havia me envolvido emocionalmente com a minha cliente . Tentei oferecer a ela todo o apoio possível, mas confesso que me incomodava o quanto Alonso ainda a afetava, mesmo depois de tudo. Ainda assim, era impossível não me solidarizar com o que ela sentia. Sete anos ao lado de alguém não se apagam assim, e agora, ela estava colocando uma pedra sobre uma parte significativa da vida.Com o divórcio formalizado, entendi que precisava sair de cena. Por mais que meu pensamento estivesse consumido pelos momentos que compartilhamos em Noronha e pelo que sentia por ela, eu tinha que voltar para São Paulo. Gostava dela ma
Os meses foram passando, e a dor em mim, aos poucos, ia se aplacando. Não era o divórcio do homem que me traiu que me feria, mas o divórcio do homem com quem eu havia compartilhado anos de história, o homem que segurou minha mão nas alegrias e nas dores. A ferida doía porque o homem que me traiu e o homem com quem me casei eram, no final, a mesma pessoa. Depois disso, comecei a sofrer por cada minuto que investi nesse amor, por todo o tempo que jamais voltaria. Dinheiro era uma coisa que poderia ser recuperada, mas o tempo, era algo que jamais poderia recuperar. Em um fim de tarde, enquanto eu olhava o céu começar a mudar de cor, Carol surgiu ao meu lado, trazendo-me de volta à realidade com um convite inesperado. Minhas amigas ao meu lado estavam tornando tudo isso mais leve de ser carregado. – Tenho que resolver algumas coisas em São Paulo… Vamos comigo, Cindy? – perguntou ela, com um sorriso encorajador. Olhei para ela, hesitante. Parte de mim queria recusar, continuar aqui,
Olá, queridas🫶🏼 Os comentários são muito importantes para o autor ter uma noção do que o leitor está achando do livro, de qual direcionamento seguir… eu sinto falta das interações de vocês nos capítulos. Quem puder estar sempre comentando, me ajudaria muito, eu adoro ver o que estão achando da história. Obrigada pela leitura de vocês;) ❤️
Na manhã seguinte, quando saí do meu quarto, encontrei Carol mexendo no celular. Ela tentou disfarçar, mas a curiosidade estava estampada no rosto. Sabia que ela estava super interessada em saber o que estava acontecendo entre mim e Henrique. — Vocês vão só tomar um café? — Carol perguntou sem desviar os olhos da tela. — Sim? — respondi, pegando minha bolsa e me preparando para sair. A pergunta dela soou mais como uma provocação do que uma dúvida, e não pude deixar de sorrir discretamente. — Tenha um bom dia, querida. Aproveite, não tem nada prendendo você. — Carol disse, com um sorriso ligeiramente travesso. Ela me deu uma piscadinha antes de eu sair e entrar no elevador. Senti um calorzinho no rosto, mas a sensação de estar sendo observada de uma forma tão descomplicada me fez sorrir. Talvez ela soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento. Quando as portas do elevador se abriram, ali estava Henrique, encostado no carro, esperando. Ele parecia tranquilo, mas o sorriso
O escritório onde Henrique trabalhava com o pai ficava perto da cafeteria onde havíamos tomado café. Era um prédio grande, moderno e imponente, localizado em um dos bairros comerciais mais movimentados de São Paulo. Ao redor, havia outros prédios similares, com fachadas de vidro e concreto, abrigando escritórios, construtoras e agências de todo tipo. A movimentação na calçada refletia o ritmo acelerado da cidade; pessoas de terno e salto alto apressavam-se entre reuniões e compromissos. Assim que entrei no edifício, senti um alívio discreto pela minha escolha de roupa. As mulheres ali estavam impecáveis, usando trajes sociais que misturavam elegância e profissionalismo. Meus olhos percorreram o ambiente ao notar alguns olhares curiosos, e sorri comigo mesma ao pensar que meu vestido havia sido uma escolha acertada. Era um vestido de corte reto, na altura dos joelhos, de um tom suave de azul que, ao mesmo tempo, transmitia leveza e seriedade. Com Henrique ao meu lado eu me sentia t
Assim que Henrique saiu, a porta se fechou suavemente atrás dele, e o silêncio envolveu a sala. O ar ainda estava carregado da intensidade daquele beijo, e, por um momento, fiquei ali, absorvendo cada detalhe ao meu redor, como se a sala fosse uma extensão da presença dele. Caminhei até a enorme janela de vidro e observei a vista da cidade, a movimentação lá fora contrastando com o acolhimento que sentia ali dentro. Tudo parecia tão controlado, tão estruturado. Era como se aquele lugar representasse a segurança que Henrique trazia para a minha vida, algo que eu jamais imaginava sentir tão cedo, tão pouco tempo após tudo o que enfrentei. Desviei o olhar para o canto da sala e notei uma prateleira onde estavam alguns porta-retratos. Havia uma foto dele ao lado do pai em uma cerimônia de formatura, ambos sorrindo, e outra de uma viagem, com Henrique parecendo mais jovem, talvez nos primeiros anos de carreira. O semblante de determinação já estava lá, ainda que com um toque de juventude
No dia seguinte, enquanto ajudava Carol no ateliê, minha mente ainda passeava pelas lembranças do dia anterior. Henrique foi gentil, cuidadoso… Sua presença me trouxe uma tranquilidade inesperada. Ele me levou para conhecer um museu, mostrando cada detalhe das exposições com entusiasmo, como se quisesse me apresentar uma nova perspectiva da cidade. Depois, almoçamos em um restaurante pequeno e charmoso, onde ele insistiu em me deixar escolher o prato, dizendo que “aquele almoço era meu momento.” Eu havia adorado conhecer São Paulo ao seu lado, e enquanto ajustava um tecido na mesa de costura, percebi que sorria sozinha, perdida nos detalhes do dia. - Você está só suspiros, Cindy. - Carol diz cortando o tecido que eu ajeitei na mesa. - Estou feliz, sentindo bem de verdade. Acho que eu precisava sair um pouco da fazenda pra ver que existe vida. Carol sorriu, dando um leve empurrãozinho em meu ombro. — E essa vida tem nome e sobrenome? — brincou, sem disfarçar a curiosidade.
Após o jantar, mesmo com o clima de celebração e as conversas descontraídas ao redor da mesa, Carol parecia mais reclusa. Ela estava concentrada no celular, o brilho da tela iluminando seu rosto pensativo. Eu me aproximo, sentindo que algo não estava bem. — Está tudo bem, Carol? — pergunto, me sentando ao lado dela. — Aconteceu alguma coisa em Minas, com o Pedro ou o Fernando? Ela ergue os olhos para mim, sua expressão suavizando ao perceber minha preocupação. — Não, querida. Está tudo bem com eles. É só um problema com um pedido de tecido para o ateliê de BH. A Ana acabou de me informar — ela diz, soltando um suspiro enquanto bloqueia o celular e o coloca na mesa. — Nós estávamos contando com esses tecidos para iniciar a nova coleção. Faço um gesto solidário com a cabeça, compreendendo o peso de sua responsabilidade. — Podemos fazer alguma coisa? — ofereço, inclinando-me levemente em sua direção, mas Carol já balança a cabeça, indicando que não. — Infelizmente, não. Vou ter qu