*Julian Voltei até a aldeia segurando o corpo inerte da Corva. Mas o que vi, não foi animador. A aldeia inteira estava em chamas, haviam corpos demais pelo chão. Pessoas chorando, outras ainda agonizando. E haviam poucos vermes vivos. Mary estava do outro lado da aldeia, consolando uma irmã que havia perdido alguém. Eu me aproximei. Ela me fitou de imediato. -- ainda está desmemoriado? -- as memórias ainda estão voltando, lentamente... De forma confusa. -- ela assentiu. -- e ela? -- tenho que a interrogar. -- vou gostar de fazer isso também. -- disse friamente. Após alguns minutos, Henry se pôs no meio da aldeia. -- amigos, sei que não gostarão de ouvir isso, mas nós temos que sair daqui! A aldeia está comprometida, e provavelmente mais vermes virão em nossa direção. Estamos fracos e não temos como lutar, temos que ir embora. -- todos se entreolharam, alguns ainda seguravam seus feridos nos braços. -- como iremos sair daqui assim? -- uma mulher furiosa questionou. -- temos
Meu corpo estava rígido, mas eu senti que estava confortável. Meus olhos ainda se recusavam a se abrir. Até que senti uma pontada em minha cabeça, e sem demora abri os olhos. Eu estava em um quarto, não estava tão bem iluminado. Mas eu conhecia aquele quarto, aquele comôdo. Meu corpo se enrijeceu, lentamente eu sentei. Eu estava vestindo uma camisola de cetim, azul. Deitada em uma cama macia, confortável. Olhei ao redor, eu conhecia aquele lugar. Meu corpo começou a tremer, e as memórias vieram de imediato à minha mente. "𝑉𝑜𝑢 𝑙𝑒𝑣á-𝑙𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑓𝑖𝑙ℎ𝑎" ouvi a voz dele, a voz de meu pai. Desci da cama de imediato, minhas pernas tremeram e eu cambaleie. Mas me pus de pé, e andei até a sacada. Abri as cortinas, sol. O mais quente sol tocou minha pele. Fechei os olhos de imediato, parecia que faziam anos. Que eu não sentia aquele calor. Minha visão custou a se acostumar, até que eu vi o jardim. Os muros do palácio, e o mar a frente. Minha cabeça girou. -- princesa. -
Fiquei deitada naquela cama, enquanto os dias se passavam. Todo dia e toda noite eu sentava em frente a janela, e encarava o horizonte. Esperava ver Julian, ou até mesmo algum de meus amigos ali. mas não havia ninguém, ninguém estava vindo atrás de mim. Talvez eu mesma devesse sair dali. Andei pelos arredores do castelo, fui até a praia. Mas os navios estavam todos atracados, ou estavam em viagem. Não havia como eu fugir, não daquela forma. E para piorar, minha dor de cabeça estava cada vez mais forte e intensa. Estava no jardim, deitada na grama. Quando ouvi passos. -- Ravena que coisa feia de se fazer, você é a princesa! Levante-se daí. -- logo eu me sentei, e a fitei. -- o baile será amanhã à noite. -- já disse que não quero baile. -- e nós já dissemos que ele acontecerá. -- apertei os punhos. -- você deve estar preparada querida, talvez arranjemos um noivo para você amanhã. -- me pus de pé em um salto, e a encarei com intensidade. -- não, você não irá! Eu já sou casada. -
Eu estava agitada demais, meu coração batia tão forte que eu achava que eles conseguiam ouvir. -- Ravena, Ravena olhe para mim, escute eu imploro. -- mamãe tentou me segurar, mas eu me afastei furiosa. Meu corpo tremia, as lágrimas agora rolavam não só de tristeza, mas de ódio. -- o que mais há para escutar mamãe? -- isso... Isso pode não ser verdade! Talvez você tenha sido um milagre minha filha, talvez... Talvez... -- eu comecei a gargalhar sem nenhuma felicidade. -- você acha que sou criança mamãe? O quão burra você acha que sou para pensar que eu acreditaria nisso? -- tentei respirar fundo, mas meu fôlego estava preso na garganta. -- Ravena... -- não toque em mim! -- chega! -- papai se pôs de pé furioso, e andou até nós. -- isso não aconteceu Ravena, isso... Foi um acaso. Esqueça do que lhe contamos agora. -- ri de forma histérica, eu não consegui me conter. -- vocês não sabem da metade do que acontece do outro lado do oceano, não sabem o que eu vi! O que existe lá. Não s
Meu corpo estava imóvel, enquanto aquelas pessoas dançavam ao redor de nós dois. Meu coração estava acelerado no peito, tudo estava tão... Confuso em minha mente. -- é... Você? -- as palavras saíram em um sussurro emocionado. Ele segurou minha cintura, e acariciou meu rosto lentamente. -- sou eu princesa. -- mas... Mas você... -- eu me lembro de você amor, minhas memórias voltaram. Eu estou aqui princesa. -- senti imensa vontade de chorar, meu coração acelerou dentro do peito. -- mas como é possível que esteja aqui? -- tivemos alguns contratempos, mas conseguimos chegar. -- uma dor tomou meu peito. -- devo dizer que você está maravilhosa, minha esposa. Eu resisti contra a vontade de tocar seu rosto. -- vocês não estão dançando. -- ouvi um sussurro de uma voz familiar, a voz de Camila. Me virei e a vi ao meu lado, dançando com Andreas. Ela era a donzela familiar. -- Camila... -- sim, estamos aqui. -- eu também entro nessa contagem? -- já disse que não. -- ela repreendeu An
Corremos pela praia de mãos dadas. Camila vinha atrás de nós, ao lado de Andreas que era amparado pelos dois lobisomens. Haviam muitos navios na enseada da praia, mas havia um na frente um grande navio azul. -- é o meu, vamos. -- Andreas disse sem fôlego. Rapidamente adentramos sem muitas dificuldades, os homens de Andreas ficaram sobressaltados. -- não temos tempo para isso idiotas, vamos. -- os homens se entreolharam e logo zarparam. Levamos Andreas até o subsolo, aonde havia uma sala. Rapidamente sentaram ele em uma cama, e tiraram a parte de cima de sua roupa. -- temos que quebrar para poder tirá-la. -- um dos lobisomens disse prontamente, eu encarei Julian. Camila parecia nervosa. -- certo. -- esperem... O que? Claro que não! Ninguém vai tocar em mim. -- ele disse nervoso enquanto Julian se aproximou. -- não temos tempo para isso Andreas, se não tirarmos você vai sangrar até a morte. -- eu... Eu não quero isso. -- não importa. -- Camila gritou em seguida, ele a encarou
*Adam As coisas estavam tentando se ajustar naquela caverna.Era perceptível que as pessoas detestavam estar ali, e eu não as julgaria por isso. Já faziam alguns dias que Julian, e Camila haviam partido para irem atrás de Ravena. Eu torcia para que eles a trouxessem de volta, mas essa demora me deixava nervoso pelo o que poderia ter dado errado. Mary e Eris estavam cuidando para nada desse errado, e era notável ver como os dois eram bons nisso. Principalmente ela, era uma líder nata. Eu me sentia inútil perto deles. eu estava cuidando da segurança daquela vampira, a Corva. Que ainda estava presa conosco, na verdade... Eu não sabia porquê ainda não havíamos matado ela. O local onde ela estava era escuro, frio e fedido. Logo quando surgi com a tocha, ele me encarou. Apenas aqueles olhos tão confusos, aquela máscara ainda estava em seu rosto. -- parece que seu mestre não se importa muito com você, já fazem dias... E ele nunca mandou ninguém. -- ri cheio de desdém, ela me fitou. -
*Eris Cuidar de tudo sem a presença de Julian, era complicado. Mesmo que Henry estivesse ali, seu foco principal eram os lobisomens. Então quase todas as preocupações, estavam sobre mim e Mary. Que dominava isso, muito melhor do que eu. Enquanto sua mãe cuidava das rapinas, ela cuidava das pessoas. Aquilo de certa forma, me deixou tocado. Sempre me impressionava o fato dela ser tão boa em tudo que se propunha a fazer. Eu estava do lado de fora da caverna, encostado em algumas rochas observando a braveza do mar. Quando ouvi passos. -- se cansou foi? -- ela se aproximou de braços cruzados. -- um pouco na verdade. -- acha que Julian já está voltando? -- é o que eu espero. -- que eles tragam Ravena de volta. -- eu assenti de imediato, ela me fitou por um instante e logo observou o mar também. -- me paguei pensando em como isso vai terminar. -- ela disse prontamente, me voltei para ela. -- como assim? -- ontem a noite, estive pensando na nossa situação atual, de todos nós. E...