Marcelo a levou até o próprio apartamento, Ana entrou com cautela, não sabia o que esperar dele.
- Vai mesmo abrigar uma desconhecida com um passado como o meu na sua casa? Eu posso te matar enquanto dorme.
Ele riu alto como se duvidasse.
- Tenho porte de arma há um bom tempo, acredite não conseguiria me matar tão facilmente, não com essa perna ai.
Ana observou o próprio estado e foi obrigada a concordar, ela estava péssima, o que tinha feito da sua vida? Ah se pudesse voltar atrás, nunca teria fugido de casa, ela esfregou os olhos para esconder as lágrimas e tentou se conter, mas Marcelo percebeu.
- Se quiser me contar agora do que está fugindo, sou todo ouvidos.
- Não tenho nada para contar.
Ele assentiu com a cabeça.
- Ok. – Ele fez uma pausa e depois olhou em volta. – Bom, eu tenho que voltar ao trabalho, mas você pode ficar a vontade, se quiser descansar ou comer algo...
Ele apontou a direção da cozinha.
Ana ouviu um barulho na porta e voltou a se sentar, tentando parecer normal, não sabia quem entraria se Marcelo ou talvez a esposa dele, logo ela percebeu que era ele. - E ai? Tudo bem encontrou a comida? - Sim, sou muito boa nisso, a propósito deixei um sanduiche pronto pra você. - Ok! Vou comer depois, é bom ver que está mais mansinha agora. - Não subestime, posso ter posto veneno no sanduiche por puro descuido. Ele riu. - Ok! Vou conferir isso também. – Ele fez um sinal para o corredor. – Você pode ficar com aquele quarto enquanto estiver aqui, caso queira deitar, descansar sei lá... Ana pegou a mochila do chão e saiu na direção do quarto, mas então parou e olhou para ele. - Não deveria consultar sua mulher antes de chamar uma desconhecida para ficar aqui? Ele olhou para a aliança no dedo. - Ah, diz isso por causa da aliança? Ana olhou para as mãos dele e então percebeu que ele usava a aliança
Marcelo chegou assoviando na sexta feira de manhã, mas assim que entrou percebeu que Peçanha não tinha a melhor das noticias. - Bom dia Peçanha. - Bom dia senhor, podemos conversar? - Claro. Marcelo fez um sinal para que ele entrasse na sala, Peçanha fechou a porta logo atrás de si, o que deixou Marcelo ainda mais intrigado. - A corregedoria entrou em contato, aconteceu um crime recentemente envolvendo uma pessoa que foi condenada em nosso distrito. - Um crime? Peçanha retirou as fotos de dentro de uma pastinha que tinha nas mãos e jogou em cima da mesa, Marcelo reconheceu o rosto de Raimundo imediatamente. - Meu Deus... Mas quem poderia... - Não sabemos, o caso vem sendo investigado, a ex-mulher dele e o padrasto da menina sequestrada eram os principais suspeitos até então, mas eles possuem um álibi para o dia, então, eles estão na estaca zero, pediram ajuda no caso. - O que podemos fazer é ceder o máxi
Assim que Marcelo entrou percebeu algo diferente em Ana, ele a olhou de cima a baixo reparando no que ela vestia. - Está com uma das minhas camisas? Ela mordiscou o lábio parecendo nervosa. - Eu não tinha nada para vestir e as roupas que eu estava vestindo, estavam sujas e rasgadas e... - Tudo bem. Marcelo apenas concordou sem dar muita atenção, porém não pode deixar de notar quando a garota se virou que apesar dela ser extremamente pequena e ter o corpo de uma fada literalmente a camisa ficava um tanto quanto curta demais, ele reparou em suas pernas bem definidas chamavam a atenção dando um visual sexy e nada confortável para ele que já estava cinco anos afastado de envolvimentos. - Voltou cedo. - Lembrei que preciso consertar o encanamento da cozinha, vai ser um problema se o vizinho de baixo reclamar. Ela concordou com a cabeça e o viu largar os papéis sobre a mesa, ele trocou as roupas de serviço por roupas ma
Assim que Marcelo chegou na delegacia ele desabou atrás da mesa escondendo o rosto entre as mãos e procurando um pouco de silêncio para poder acalmar seus pensamentos que estavam a mil por hora. Enquanto isso do outro lado da cidade Leonel deu um soco sobre a mesa. - Então vocês a viram ser atropelada e simplesmente a deixaram lá? Nem ao menos tiveram o trabalho de garantir que a “piranha” estivesse mesmo morta? Os dois capangas se entre olharam nervosos. - Tinha muita gente chefe, a gente não podia ir até lá e pega a garota! - Pelo menos viram quem a atropelou? Um olhou para o outro sabendo que ao confirmar isso estariam mortos. - Era um carro desses modelos novos, preto, quem dirigia era um homem, não deu para ver bem o rosto. – Mentiram, pois os dois sabiam que se tratava do delegado. Leonel afundou o rosto entre as mãos. - A menina não falou da gente e ainda não ligaram nós ao caso, mas não significa que não
Ana se despachou do consultório médico e saiu para o corredor esperando encontrar Marcelo, mas não o viu de imediato, andou de um lado a outro ainda com um pouco de dificuldade e decidiu esperá-lo. Porém, nessa hora as portas do corredor se abriram e ela viu dois homens passarem por ela, ela jamais conseguiria esquecer aqueles rostos, Ana deu um passo para trás vendo que ainda não tinha sido notada por eles e tentou se esquivar, eles se aproximaram de uma enfermeira e pareciam mostrar uma foto a ela como se quisessem saber de alguém, Ana pode ver pelo vidro que se tratava de uma fotografia dela, nervosa ela apressou o passo seguindo reto pelo corredor, porém ao fazer isso acabou chamando a atenção dos dois que observaram a garota que mancava para longe, um deles cutucou o outro. - Não é ela? - Será? Sem pensar duas vezes eles aceleraram o passo e começaram a seguir Ana, Ana tentou andar mais rápido, porém sentiu uma fisgada forte na perna. - D
Enquanto Marcelo atravessava a cidade para encontrar Natasha, Leonel pegou o telefone e ligou para alguém que já apareceu nessa história... - Eu já disse para não me ligar nesse número! Quer que sejamos descobertos? - Calminha aí, “dente afiado”... Temos que conversar. - Ninguém me chama de “dente afiado” há muito tempo e eu já disse que não podemos falar por esse telefone! - Então eu acho bom conseguir um tempo para mim dona Liane Guimarães, por que temos um assunto em comum para resolver e para logo! - Que assunto poderíamos ter em comum? Eu já paguei pelos seus serviços a cinco anos atrás! - Eu sei, não estou cobrando nada dona, porém apareceu alguém no nosso caminho e eu acho que a senhora vai adorar saber quem é. Liane cerrou os dentes e bateu o telefone com força após Leonel revelar o nome de “Marcelo”, o que diabos aquele delegadinho de meia quinta tinha feito agora? Marcelo pegou o ele
Ana não falou mais com Marcelo naquela noite, talvez ela devesse procura-lo pela manhã e tentar uma reaproximação, porém assim que acordou com a luz entrando pela janela ela percebeu logo que a casa estava sozinha, caminhou vagamente entre a sala e a cozinha e não o viu, voltou até o quarto e viu que a mochila com as provas contra Leonel tinha desaparecido, suspirou, sim é claro! Ele tinha conseguido o que queria e agora era uma questão de tempo para ele a por para fora dali, ainda mais agora que sabia que ela tinha mentido esse tempo todo para ele. Marcelo chegou à delegacia apressado e se trancou no escritório, Peçanha porém tinha algo que precisava mostrar a ele o mais rápido possível. Ele mal teve tempo de respirar sossegado e viu Peçanha fazendo sinal do outro lado do vidro, ele tinha papéis nas mãos e parecia falar alguma coisa, porém através do vidro ele não conseguia ouvi-lo, Marcelo encerrou o que estava fazendo no computador e caminhou até a porta.
Rapidamente Ana salvou aquele arquivo em um pen drive e o colocou no bolso da calça, voltou até a sala e percebeu que Marcelo tinha deixado a chave de casa em cima da mesinha, será que finalmente estava começando a confiar nela ou será que era o destino gritando a seu favor e dizendo que ela deveria ir atrás dele e lhe entregar aquele pen drive? Ana ouviu umas batidas na porta e ficou confusa se deveria ou não atender, Marcelo nunca recebia visitas, isso era muito estranho, não demorou muito para ela ouvir duas vozes grossas do outro lado. - Abra a porta e não reaja! É a policia e sabemos que está aí! Ana congelou, policia? Será que Marcelo tinha mandado a policia atrás dela? Mas por quê? Agora ele conhecia a verdade e sabia que ela era inocente! Por quê ele mandaria a policia? - Abra a porta Ana, ou teremos que invadir! Ana parou assustada, Ana? Marcelo não sabia que seu nome era Ana, ele a conhecia por Natasha, se ele tivesse enviado a