Punições

Yurich

Uma criança sem amor, um homem sem moral e uma vida baseada na carnificina é nisso amigo diabólico no qual estou sempre sendo moldado, quando algo de bom ou bonito aparece tenho um gosto perverso em tocar. Ao contrário de Midas não se torna reluzente como ouro mas se distorce em cinzas amontoadas aos meus pés, destruir qualquer bondade é fácil, quebrar a beleza é tão natural quanto o amanhecer. 

Seus olhos tão inocentes clamam pela perversidade que carrego comigo, então, por qual motivo negaria? 

Analiso cada traço do belo rosto os fios escuros caindo de maneira tão perfeita, uma princesa sendo envenenada pela crença da proteção aos bondosos de coração. Minha pequena ninfa suspira entre os lençóis vermelhos. Inspiro o perfume delicado completamente obcecado a visão de um paraíso inalcançável para um demônio mas ao alcance das minhas mãos, não deixaria que escapasse. 

Depois de ter saído daquele quarto fui rápido em organizar tudo para sair o mais rápido possível do hospital, uma guerra está se formando dentro do meu território e ficar em cima de uma maca além de perigoso seria apenas a desculpa de um covarde, algo que não sou. É incrível como sinto essa necessidade em verificar como ela está, o machucado nos seus lábios e a marca roxa no braço definitivamente vai ser uma boa advertência para o traidor que imagina ter me enfraquecido e para os tolos que acreditam poder tocar na Afrodite do diabo. 

Coloco a mão pequena de volta ao lado do seu corpo e saio de dentro da minha suíte, Dobriev encostado na parede ergue o olhar compreendendo muito bem o que desejo, assente silenciosamente seguindo-me pelos corredores da mansão até chegarmos a sala. Ao lado da lareira dispostos estão os cinco soldados, seus olhares misturados entre o respeito e o medo se desviam rapidamente para o chão. 

A perversidade é uma velha conhecida subindo pelas veias e inflamando a alma necessitada de sangue, o diabo está nos detalhes e são neles que o cheiro da incompetência atrai o pior. 

“Uma única ordem. — Quebro o silêncio analisando-os. — Trazer a médica”.  

Posso sentir o modo como a hesitação se constrói para a negativa que devem manter dentro da boca para saírem daqui vivos. Meu braço esquerdo solta um pigarro fazendo os homens erguerem seus olhares, as tatuagens fugindo por baixo dos ternos e em Gryan com as tatuagens recobrindo a cabeça sem fios. 

“O que aconteceu, Gryan? — Resolvo questionar-lhe.”

Seus olhos verdes rapidamente me encontram, sem medo, sem hesitação e isso é um ponto a favor do homem. 

“Agimos como instruído, no exato horário que ela saiu do hospital e a seguimos pela rua deserta. — Ele faz uma pausa molhando os lábios, ponderando as palavras.— O problema foi ela”.

Ergo a sobrancelha enquanto escuto a risada de Nureyev, meu irmão usando apenas uma regata exibindo as estrelas sobre seus ombros com todo o orgulho e ímpeto. 

“Diga-nos Gryan, que tipo de problemas uma mulher com alguns quilos acima do peso, pode ter causado a homens treinados no mais rigoroso inverno”. 

Minhas mãos se fecharam automaticamente com a fúria pela incompetência dos homens, senti o gosto de sangue na boca sem nem ao menos perceber que estava fechando os dentes na língua por ter a consciência de que o filho da puta colocou os olhos na minha Afrodite é um desafio a pouca sanidade da qual uso para manter no momento sem matar a todos. Encontro seu olhar questionador a insanidade dentro das íris idênticas as minhas, se movimentando rapidamente nas orbitas parando apenas para notar o dano causado, fazendo o sorriso macabro tomar conta de todo o rosto. 

“Dizer que ela resistiu é um eufemismo”. 

“Devo acreditar que meus homens não são bem treinados? — Cortei a resposta”.

Observei com deleito enquanto eles engoliram em seco.

“Qual de vocês causou aquele machucado na testa dela?”.  

Resolvi mudar o rumo da conversa e trazer as coisas para um campo no qual consigo lidar melhor, as punições para os culpados pelos machucados dela. Quatro deles deram passos para trás diante da minha voz mais gutural do que o normal deixando apenas um dos soldados responsáveis por fazer recolha de dinheiro, senti o lábio se repuxando ao notar a coloração arroxeada logo abaixo dos olhos deixando claro ter levado mais de uma pancada. 

“Seu nome”.

“Anatoli senhor”. 

“Parece um nome italiano para mim, foi esse o jeito que a sua mãe encontrou para desrespeitar a organização?”.

Não esperei que respondesse o questionamento do meu conselheiro, avancei fazendo o homem se curvar com uma joelhada no abdômen, erguendo a mão esquerda forcei a nuca para baixo. O som do osso se quebrando como uma música para os meus ouvidos, a fúria cegando cada pensamento lógico, puxei a lâmina presa no cinto e em um movimento rápido atingi um ponto do abdômen que não vai mata-lo mas irá doer bastante nos próximos dias. 

Ergui o corpo desejando cortar mais, quando se incita o pior de um homem precisa estar pronto para receber toda a perversidade do inferno, observo atentamente os outros girando a lâmina ensanguentada entre os dedos. 

“Qual de vocês a puxou pelo braço?” 

Dessa vez Gryan segura o homem o empurrando para a frente junto de outro que reconheço ser um dos soldados da sede da organização. A risada psicótica do meu irmão nem chega a ser irritante quando estou prestes a ter mais sangue derramado no tapete da sala de estar.

“Coloquem a mão dele sobre a mesa” 

Rapidamente eles obedecem enquanto o idiota se treme pedindo por alguma misericórdia. Desconheço essa palavra. Sinto o sorriso se formando em meus lábios ao ver seus dedos dispostos na mesa pequena de vidro. Com a mesma faca arranco a unha do dedo menor, depois corto em três pedaços fazendo o homem vomitar no chão. Não satisfeito corto o segundo dedo sorrindo abertamente ao escutar seus gritos e choro. 

Mas é outro grito que chama a minha atenção, ergo o olhar e encontro com os olhos dela fixados no meu ato hediondo, aterrorizada posso sentir o quanto está perplexa se imaginando estar dentro de um pesadelo. Sua respiração irregular deixando exposto todo o medo enquanto dá passos para trás, medindo a distância entre a entrada da sala e a porta de entrada da casa. Lhe dou um olhar firme, a pior coisa que ela pode fazer no momento é correr de mim, mas é exatamente o que faz e é o que faz a besta se vangloriar desejando brincar com a presa. Lyana ainda não entende, mas seu destino foi condenado no momento em que entrei dentro daquele hospital, quando resolveu falar comigo apenas bateu o último prego no próprio caixão. Ela está destinada a ser minha custe o que custar.

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