Tudo acontecia tão rápido, tão caótico, que eu mal conseguia processar o que estava acontecendo. O desespero tomava conta de mim enquanto eu seguia os maqueiros que levavam Sophia e minha filha para a sala de cirurgia. Meus passos eram apressados, meu coração batia descontroladamente, e minhas mãos tremiam de ansiedade e medo. Não podia permitir que nada de mal acontecesse com elas, não depois de tudo pelo que passamos.Quando finalmente chegamos à sala de cirurgia, fui impedido de entrar. Aquela foi a gota d'água para minha sanidade frágil. Gritei com todas as minhas forças, exigindo entrar, afirmando que elas eram minha esposa e minha filha. O médico tentava me acalmar, mas eu não queria ouvir sobre procedimentos médicos, eu só queria que ele as salvasse, custasse o que custasse.― FODA-SE ISSO! NÃO ME INTERESSA MAIS, QUERO QUE VOCÊ SALVA A MINHA FILHA E MINHA MULHER, ENTENDEU? Com a notícia de que os procedimentos de transferência de medula óssea seriam interrompidos para prioriza
Seis meses depoisEnquanto esperávamos por ela, Bernardo tentava me acalmar com algumas palavras de conforto.― Relaxa, mano. Ela vai descer em breve. Você precisa confiar, ela não vai nos deixar esperando por muito mais tempo. ― Bernardo colocou uma mão em meu ombro, tentando me transmitir tranquilidade.Eu respirei fundo, tentando seguir o conselho do meu irmão, mas a ansiedade ainda me consumia.― Eu sei, Bernardo. É só que… Eu mal posso esperar para vê-la. Ela está tão linda hoje. ― Confessei, olhando nervosamente para as escadas mais uma vez.Bernardo sorriu, entendendo completamente meu est
Estava em mais uma reunião chata aqui na empresa Carvalho Engenharia Ltda. Estava mortinho depois da noitada de ontem. Meu querido irmãozinho me obrigou a ir nessa bendita reunião. Não estava nem um pouco afim de ir, sem contar que essas reuniões com os clientes são muito chatas. Agora mesmo estou atendendo um dos nossos queridos e chatos clientes. Senhor Benjamin Monteiro, dono da Monteiro Residencial.― Então, senhor Monteiro, estamos aqui há mais de uma hora e não chegamos a lugar nenhum. Estou ficando com dor de cabeça já. Meu tempo custa dinheiro. Dá para o senhor parar de enrolar e ir direto ao assunto? ― falei, batendo a caneta na mesa. Já estava impaciente. ― Por isso que prefiro o Bernardo do que você. É muito insolente! ― resmungou o homem moreno, que está sentado na minha frente. Caralho! Bernardo vou te matar por isso! Me inclinei para frente, apoiando meus braços sobre a mesa de vidro e o encarei.― Escuta aqui, senhor! Em primeiro lugar, se dirija a mim como senhor Car
― NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO, VITOR! INACREDITÁVEL! ― Meu irmão levantou da mesa de jantar. Parece bem irritado depois do que aconteceu na reunião que tive com o senhor Monteiro.Enquanto estava gritando sobre a mesa, eu continuava saboreando o meu carré de cordeiro. Tenho que dizer, está uma delícia! Maria, a nossa empregada, arrasou.― Que maravilha! Estou aqui falando que não devia ter feito isso com o nosso cliente mais antigo e você está aí, saboreando o cordeiro! ― Me fitou.― Está magnífico! Você tem que experimentar! A Maria arrasou nesse cordeiro! Chega está desmanchando na boca. ― Peguei a minha taça e dei um gole no meu chateau latour.― Vitor, o senhor Monteiro é nosso cliente mais fiel. Você pediu uma garantia! Não se exige ações como garantia! Aí não satisfeito, fez ele assinar um contrato sem ter falado com o advogado dele! É muita… Ergui o dedo indicador apontando para ele, com a taça na minha mão.― Esperteza. Não precisa agradecer ainda, se o novo projeto não de
— Caralho, Bernardo! Besteira você ter me trazido a esta bosta de clínica! Eu já disse que estou bem! — reclamei. Estávamos numa sala esperando o médico, que foi buscar os exames. — Por conta disso, tive que desmarcar um almoço com uma loira. Porque meu querido irmão ficou preocupado com a minha saúde. — Pode parar, Vitor! Depois você marca com essa mulher de novo. Sabemos muito bem que não é importante… — disse o Bernardo me fitando. — Como não é importante? — o cortei. — Sexo é importante sim! Ou você acha que um homem do meu porte, vai ficar se masturbando igual um adolescente? Fala sério! — Ressaltei.Ele abaixou a cabeça de um lado para o outro, não acreditando. — Escuta aqui, Vítor, faz dois meses que você não está bem. Cansado, dores fortes de cabeça, enjoos, dores nos joelhos… — Desviou o olhar para a porta, para ver se o médico tinha chegado. Como não apareceu, voltou a olhar para mim. — Não esqueça que na frente dos fornecedores que tínhamos marcado naquela manhã, se
Faz duas semanas que eu estava em casa descansando depois do diagnóstico que o médico deu por estar com leucemia. No começo, ele não queria que eu voltasse a trabalhar, mas eu o convenci que se eu não voltasse a trabalhar, quem ia tomar conta da empresa? Sou eu que faço tudo naquela porra pra não irmos a falência. E Bernardo não podia ficar tomando conta da empresa, ele precisava ir para clínica para fazer os exames que o médico tinha pedido. O médico passou alguns remédios para as dores no corpo que eu estava sentindo e também para amenizar as manchas que estavam aparecendo no meu corpo. Não podia ter aquilo. Principalmente se tivesse com uma gostosa trepando. Estávamos nós aqui nessa clínica de novo sentados esperando o médico voltar com os exames. — Que demora da porra é essa para esse médico trazer os exames hein? — reclamei, encostado na cadeira e batendo o pé no chão. Notei que meu irmão estava calado e pensativo com o tronco para frente, inclinando com os braços apoiados no
Me aproximei da cadeira e a puxei para me sentar. Estava achando que estava tudo perdido, estava começando aceitar a minha morte, pois não ia ficar internado e deitado numa cama tomando um coquetel de remédios, doente e careca para talvez ser curado dessa porra de doença. Sem chance! Mas parece que estou tendo sorte. Esse médico disse que tem outro jeito. — Estou aqui sentado, doutor. Agora explica melhor isso? — perguntei encostado na cadeira olhando para ele. — Sim. Tem outra alternativa, porém… — nesse momento meu irmão se aproximou e puxou a cadeira para se sentar. Prestava atenção no que o médico estava falando. — Isso é verdade? — indagou o Bernardo para o médico. Olhei para o meu irmão. — Sério, Bernardo? Está duvidando do médico, logo você? — falei com ironia para ele, que depois virou o rosto me fitando. Sorri para ele. — Isso é sério, Vitor e você achando graça? — Apontou para mim. — Senhores, sei que nesse momento estão alterados e também nervosos, mas posso dizer
Estava ali parada pensando no que meu chefe queria falar comigo. E de repente senti uma mão no meu ombro, o que me fez dar um pulo pelo susto.— Ei, Sophia. Se acalme, sou eu o Tomás. — ele pegou na minha mão. Olhei para ele e as lágrimas começaram a cair. — Sophia! Por que está chorando? Vou lá dar uma lição naquele velho idi… Ele estava arrancando seu avental e joga sobre o balcão, que fica ali na cozinha. Estava saindo e eu segurei seu braço.— O que você vai fazer? — O puxei para ele não sair. Depois ergui a mão e sequei o meu rosto.— Vou lá falar pra não te tratar assim! — falou, olhando para mim.— Não faz isso. Estou preocupada com outra coisa… — falei para o Tomás, que se aproximou.— O que está te preocupando? — ele perguntou pegando na minha mão.— Você não ouviu o que ele falou? Ele sacudiu a cabeça que não. Quando ia falar, se aproximou alguém.— Sophia um casal que você estava atendendo o pedido deles está pronto — falou o auxiliar do Tomás. Virei o meu rosto para ol