Eu abri os olhos devagar, tentando me situar. Estava deitada em uma cama desconhecida, em um quarto estranho que não reconhecia. Ao olhar em volta, minha mente começou a se encher com flashes da tragédia que havia ocorrido dois dias atrás.Os rostos dos meus avós vieram à mente. Eu os vi ali, na minha frente, assassinados brutalmente pelo Tomás. A cena se repetia em minha cabeça, e eu não conseguia escapar da sensação de terror e impotência que senti naquele momento.Tentei me levantar da cama, mas logo percebi que algo não estava certo. A porta do quarto estava trancada. Meu coração começou a bater mais rápido, e um sentimento de desespero tomou conta de mim. Gritei, pedindo ajuda, esperando que algu&ea
Já estava acordada. Estava esperando o Tomás trazer o café da manhã, esses três dias aqui trancada conseguir gravar mais ou menos a hora que ele vem trazer o café da manhã. É duas horas depois que o sol já iluminava aqui nesse quarto pela janela com grades. Me sinto numa prisão presa desse jeito e ainda vai ser pior: acho que estou perto de ter a minha filha, essa madrugada comecei a sentir contrações, leves, mas sentir. E tem essa viagem que o Tomás quer fazer com esse estado. Até tentei convencer ele no jantar de ontem.***― Amor, o jantar está pronto. Fiz um cordeiro grelhado com legumes salteados vocês vão gostar. ― Ele entrou no quarto sorrindo e segurando aquela algema. Olho para aquele objeto e depois olho para ele.― Bem que essa noite você não coloca isso, né? ― Levantei da cama, pedindo com suavidade. Não posso enfrentá-lo, não sei o que ele pode fazer? Tenho que pensar na minha filha. ― Hmm… Acho melhor não correr o risco. Não quero que você corra atrás daquele babaca que
Estávamos no funeral dos avós de Sophia, um momento triste e pesado para todos nós. Enquanto observava as pessoas ao meu redor, minha mente não conseguia se afastar da preocupação com Sophia e o bebê que ela carregava.Bernardo percebeu minha inquietação e veio até mim, sua expressão refletindo preocupação.― Vitor, o que está acontecendo? Você parece inquieto ― disse Bernardo, colocando a mão em meu ombro.Respirei fundo antes de responder, sentindo o peso da incerteza.― Bernardo, faz quase uma semana que não tenho notícias da Sophia. Estou preocupado com ela, principalmente por causa da criança que está esperando ― confessei, com a voz embargada pela ansiedade.Bernardo franziu o cenho, compreendendo a gravidade da situação.― Compreendo sua preocupação, Vitor. Mas vamos encontrá-la, não fica assim. Desse jeito nervoso não consegui nada. ― perguntou ele, tentando encontrar soluções.Balancei a cabeça negativamente.―Você quer que fique como? Aquele psicopata sequestrou a minha mulh
Tudo acontecia tão rápido, tão caótico, que eu mal conseguia processar o que estava acontecendo. O desespero tomava conta de mim enquanto eu seguia os maqueiros que levavam Sophia e minha filha para a sala de cirurgia. Meus passos eram apressados, meu coração batia descontroladamente, e minhas mãos tremiam de ansiedade e medo. Não podia permitir que nada de mal acontecesse com elas, não depois de tudo pelo que passamos.Quando finalmente chegamos à sala de cirurgia, fui impedido de entrar. Aquela foi a gota d'água para minha sanidade frágil. Gritei com todas as minhas forças, exigindo entrar, afirmando que elas eram minha esposa e minha filha. O médico tentava me acalmar, mas eu não queria ouvir sobre procedimentos médicos, eu só queria que ele as salvasse, custasse o que custasse.― FODA-SE ISSO! NÃO ME INTERESSA MAIS, QUERO QUE VOCÊ SALVA A MINHA FILHA E MINHA MULHER, ENTENDEU? Com a notícia de que os procedimentos de transferência de medula óssea seriam interrompidos para prioriza
Seis meses depoisEnquanto esperávamos por ela, Bernardo tentava me acalmar com algumas palavras de conforto.― Relaxa, mano. Ela vai descer em breve. Você precisa confiar, ela não vai nos deixar esperando por muito mais tempo. ― Bernardo colocou uma mão em meu ombro, tentando me transmitir tranquilidade.Eu respirei fundo, tentando seguir o conselho do meu irmão, mas a ansiedade ainda me consumia.― Eu sei, Bernardo. É só que… Eu mal posso esperar para vê-la. Ela está tão linda hoje. ― Confessei, olhando nervosamente para as escadas mais uma vez.Bernardo sorriu, entendendo completamente meu est
Estava em mais uma reunião chata aqui na empresa Carvalho Engenharia Ltda. Estava mortinho depois da noitada de ontem. Meu querido irmãozinho me obrigou a ir nessa bendita reunião. Não estava nem um pouco afim de ir, sem contar que essas reuniões com os clientes são muito chatas. Agora mesmo estou atendendo um dos nossos queridos e chatos clientes. Senhor Benjamin Monteiro, dono da Monteiro Residencial.― Então, senhor Monteiro, estamos aqui há mais de uma hora e não chegamos a lugar nenhum. Estou ficando com dor de cabeça já. Meu tempo custa dinheiro. Dá para o senhor parar de enrolar e ir direto ao assunto? ― falei, batendo a caneta na mesa. Já estava impaciente. ― Por isso que prefiro o Bernardo do que você. É muito insolente! ― resmungou o homem moreno, que está sentado na minha frente. Caralho! Bernardo vou te matar por isso! Me inclinei para frente, apoiando meus braços sobre a mesa de vidro e o encarei.― Escuta aqui, senhor! Em primeiro lugar, se dirija a mim como senhor Car
― NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO, VITOR! INACREDITÁVEL! ― Meu irmão levantou da mesa de jantar. Parece bem irritado depois do que aconteceu na reunião que tive com o senhor Monteiro.Enquanto estava gritando sobre a mesa, eu continuava saboreando o meu carré de cordeiro. Tenho que dizer, está uma delícia! Maria, a nossa empregada, arrasou.― Que maravilha! Estou aqui falando que não devia ter feito isso com o nosso cliente mais antigo e você está aí, saboreando o cordeiro! ― Me fitou.― Está magnífico! Você tem que experimentar! A Maria arrasou nesse cordeiro! Chega está desmanchando na boca. ― Peguei a minha taça e dei um gole no meu chateau latour.― Vitor, o senhor Monteiro é nosso cliente mais fiel. Você pediu uma garantia! Não se exige ações como garantia! Aí não satisfeito, fez ele assinar um contrato sem ter falado com o advogado dele! É muita… Ergui o dedo indicador apontando para ele, com a taça na minha mão.― Esperteza. Não precisa agradecer ainda, se o novo projeto não de
— Caralho, Bernardo! Besteira você ter me trazido a esta bosta de clínica! Eu já disse que estou bem! — reclamei. Estávamos numa sala esperando o médico, que foi buscar os exames. — Por conta disso, tive que desmarcar um almoço com uma loira. Porque meu querido irmão ficou preocupado com a minha saúde. — Pode parar, Vitor! Depois você marca com essa mulher de novo. Sabemos muito bem que não é importante… — disse o Bernardo me fitando. — Como não é importante? — o cortei. — Sexo é importante sim! Ou você acha que um homem do meu porte, vai ficar se masturbando igual um adolescente? Fala sério! — Ressaltei.Ele abaixou a cabeça de um lado para o outro, não acreditando. — Escuta aqui, Vítor, faz dois meses que você não está bem. Cansado, dores fortes de cabeça, enjoos, dores nos joelhos… — Desviou o olhar para a porta, para ver se o médico tinha chegado. Como não apareceu, voltou a olhar para mim. — Não esqueça que na frente dos fornecedores que tínhamos marcado naquela manhã, se