Capítulo oito
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“Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz...”
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22 de dezembro
O início do meu despertar se deu pela dor latejante no meu pé direito, juntamente ao frio que fazia o meu corpo inteiro tremer. A claridade batia em minhas pálpebras ainda fechadas, fazendo meus olhos arderem, mas ainda assim eu não conseguia reunir forças para lutar contra aquilo. Minha cabeça se encontrava confusa, como se as recordações do dia anterior fossem um quebra-cabeças com suas peças embaralhadas sendo unidas de forma lenta, criando aos poucos uma imagem ainda sem muita lógica.
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Capítulo nove* * * * * * * * * * * *“Estamos indo de volta pra casa...”* * * * * * * * * * * *24 de dezembro Sentada no chão do quarto, olhava as fotos que espalhara no chão, organizadas lado a lado em ordem cronológica. Observando a última delas, comparei-a à fotografia em meu celular, tirada alguns anos antes, com minha mãe no hospital. Era a última recordação que tinha dela, que em muito pouco parecia com a menina loira de dezesseis anos que sorria feliz na imagem impressa diante de mim. Aquela menina saudável, livre e feliz que eu tanto sonhava conhecer... sonho que eu, de uma maneira muito incomum, havia realizado.&nb
Epílogo25 de dezembro Sentia-me um tanto quanto ansiosa enquanto caminhava pela beira do rio. João não era culpado por eu ser uma apressada que chegara ao local combinado bem antes do previsto. Almoçamos juntos, mas com a casa cheia, nós mal conseguimos conversar. Por isso ele pediu para que eu o encontrasse em vinte minutos na beira do rio, no local onde nos conhecemos, e fui para lá logo que ele foi embora, mesmo sabendo que ele aparentemente tinha algo importante para fazer antes em casa. Minhas malas já estavam prontas, dentro do carro, e pedi a minha tia que me desse uma horinha antes de pegarmos a estrada. Ela planejava partir logo depois do almoço, já que odiava dirigir à noite. Mesmo assim aceitou o meu pedido sem contestar.
***“Quero que saibas que me lembroQueria até que pudesses me verÉs parte ainda do que me faz forteE, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz”Giz – Legião Urbana***Prólogo Nossa árvore de Natal não era lá das maiores. Porém, nada que fosse além dos um metro e vinte de altura ficaria devidamente acomodada na sala tão pequena do nosso apartamento. Precisamos tirar a mesinha de centro para que ela coubesse ali, aliás, ocupando a maior parte do espaço. Mas eu não tinha d&uacu
Capítulo um* * * * * * * * * * * *“Mudaram as estaçõesE nada mudou...”* * * * * * * * * * * *Quatro anos depois...10 de dezembro Eu não sabia muito bem o que me esperava quando o carro onde eu estava chegasse ao seu destino. Trazia em mim apenas uma certeza: definitivamente, não seria algo bom. E odiava a minha tia por estar fazendo aquilo comigo. Sabia bem que cuidar de uma adolescente não era tarefa fácil, mas era consciente de que eu dava o mínimo possível de trabalho e de despesas. Fazia bico
Capítulo dois* * * * * * * * * * * *“Mas eu sei que alguma coisa aconteceuEstá tudo, assim, tão diferente...”* * * * * * * * * * * *11 de dezembro Se o primeiro dia ali já fora difícil, sabia que a partir do segundo a coisa só iria piorar, já que minha tia já estaria de volta para São Paulo logo depois do almoço. Tinha ido até ali apenas para me levar e me abandonar sozinha em um casarão antigo perdido no meio do nada e habitado por funcionários formais e uma senhora que mal me dirigia a palavra ou sequer conseguia me olhar por mais de um ou dois segundos. Depois de
Capítulo três* * * * * * * * * * * *“Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditarQue tudo era pra sempreSem saber que o ‘pra sempre’ sempre acaba...”* * * * * * * * * * * *13 de dezembro Meu dia, desta vez, começou um pouco mais cedo. Ainda não eram oito da manhã quando acordei – o que era praticamente madrugada em períodos de férias – e me levantei. Arrumei a cama, abri a janela e senti o sol batendo em meu rosto com bem mais animação do que no dia anterior. Peguei minhas roupas, ainda nas malas (não tinha tirado praticamente nada delas ainda), e fui para o banheiro, onde tomei um banho. Desci as escadas e, novamente, Carmem me chamou para tomar café, de novo
Capítulo quatro* * * * * * * * * * * *“Mas nada vai conseguir mudarO que ficou...”* * * * * * * * * * * *14 de dezembroMeu passeio matinal desta vez foi feito dentro da propriedade da minha avó. Como a casa ficava bem à frente do terreno, não tinha ainda explorado a parte dos fundos, que era enorme. O local era um sítio, afinal, e possuía até mesmo uma nascente de água, galinhas e porcos e um estábulo infelizmente vazio. Minha mãe me contava sobre os cavalos do meu avô. Aparentemente, já deviam ter morrido também ou minha avó os doara ou vendera a alguém, pois não estavam mais lá. O que era uma pena. Não sabia andar a cavalo, mas adoraria conhecê-los.Voltei para casa, como de costume, de
Capítulo cinco* * * * * * * * * * * *“Quando eu penso em alguémSó penso em você...”* * * * * * * * * * * *15 de dezembroCarmem abriu um sorriso enorme quando contei para ela, durante o café da manhã, que eu iria decorar a casa para o Natal. Ela reafirmou o que eu já sabia: que minha mãe, enquanto morava lá, fazia isso todos os anos. Disse que estava ansiosa para ver aquela casa tendo vida novamente. Mas não conversamos muito, porque ela permanecia ainda enrolada com a faxina geral. Neste dia um funcionário começaria o trabalho de reparos e retoque da pintura externa e ela queria ficar por perto para não deixar fazer “muita sujeira” (como se fosse possível). Contudo, atendeu ao meu pedido de me arrumar uma trena. Prec