Capítulo cinco
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“Quando eu penso em alguém
Só penso em você...”
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15 de dezembro
Carmem abriu um sorriso enorme quando contei para ela, durante o café da manhã, que eu iria decorar a casa para o Natal. Ela reafirmou o que eu já sabia: que minha mãe, enquanto morava lá, fazia isso todos os anos. Disse que estava ansiosa para ver aquela casa tendo vida novamente. Mas não conversamos muito, porque ela permanecia ainda enrolada com a faxina geral. Neste dia um funcionário começaria o trabalho de reparos e retoque da pintura externa e ela queria ficar por perto para não deixar fazer “muita sujeira” (como se fosse possível). Contudo, atendeu ao meu pedido de me arrumar uma trena. Prec
Capítulo seis* * * * * * * * * * * *“...E aí, então, estamos bem...”* * * * * * * * * * * *17 de dezembro Sabia que já era dia, embora o quarto estivesse mergulhado ainda na escuridão devido às cortinas fechadas. Com isso, as estrelas presas ao teto ainda brilhavam, embora nem mesmo elas fossem capazes de me animar. No dia anterior, fiquei em companhia das lembranças da minha mãe. Olhei os materiais de escola dela, além das revistas, a maioria sobre artesanato ou de fotos de artistas que ela gostava. Isso ajudou um pouco a confortar a minha solidão. Fiz alguns desenhos também, de roupas no estilo dos anos 2000, como as que encont
Capítulo sete* * * * * * * * * * * *“Mesmo com tantos motivosPra deixar tudo como está...”* * * * * * * * * * * *21 de dezembro18 de dezembro de 2000Ontem não tive ânimo para escrever nada aqui, nem para iniciar a decoração de Natal, por conta de uma briga com a minha mãe. Daquelas bem feias! Eu a amo muito, e sei que ela também me ama, mas nossa convivência às vezes é tão difícil. Ela tem uma cabeça de quem vive ainda no século retrasado e por mais que eu tenha muita paciência para lidar com ela, tem horas que simplesmente não dá!Fico pensando no tanto que sinto inveja da Nanda
Capítulo oito* * * * * * * * * * * *“Nem desistir, nem tentarAgora tanto faz...”* * * * * * * * * * * *22 de dezembro O início do meu despertar se deu pela dor latejante no meu pé direito, juntamente ao frio que fazia o meu corpo inteiro tremer. A claridade batia em minhas pálpebras ainda fechadas, fazendo meus olhos arderem, mas ainda assim eu não conseguia reunir forças para lutar contra aquilo. Minha cabeça se encontrava confusa, como se as recordações do dia anterior fossem um quebra-cabeças com suas peças embaralhadas sendo unidas de forma lenta, criando aos poucos uma imagem ainda sem muita lógica.&nbs
Capítulo nove* * * * * * * * * * * *“Estamos indo de volta pra casa...”* * * * * * * * * * * *24 de dezembro Sentada no chão do quarto, olhava as fotos que espalhara no chão, organizadas lado a lado em ordem cronológica. Observando a última delas, comparei-a à fotografia em meu celular, tirada alguns anos antes, com minha mãe no hospital. Era a última recordação que tinha dela, que em muito pouco parecia com a menina loira de dezesseis anos que sorria feliz na imagem impressa diante de mim. Aquela menina saudável, livre e feliz que eu tanto sonhava conhecer... sonho que eu, de uma maneira muito incomum, havia realizado.&nb
Epílogo25 de dezembro Sentia-me um tanto quanto ansiosa enquanto caminhava pela beira do rio. João não era culpado por eu ser uma apressada que chegara ao local combinado bem antes do previsto. Almoçamos juntos, mas com a casa cheia, nós mal conseguimos conversar. Por isso ele pediu para que eu o encontrasse em vinte minutos na beira do rio, no local onde nos conhecemos, e fui para lá logo que ele foi embora, mesmo sabendo que ele aparentemente tinha algo importante para fazer antes em casa. Minhas malas já estavam prontas, dentro do carro, e pedi a minha tia que me desse uma horinha antes de pegarmos a estrada. Ela planejava partir logo depois do almoço, já que odiava dirigir à noite. Mesmo assim aceitou o meu pedido sem contestar.
***“Quero que saibas que me lembroQueria até que pudesses me verÉs parte ainda do que me faz forteE, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz”Giz – Legião Urbana***Prólogo Nossa árvore de Natal não era lá das maiores. Porém, nada que fosse além dos um metro e vinte de altura ficaria devidamente acomodada na sala tão pequena do nosso apartamento. Precisamos tirar a mesinha de centro para que ela coubesse ali, aliás, ocupando a maior parte do espaço. Mas eu não tinha d&uacu
Capítulo um* * * * * * * * * * * *“Mudaram as estaçõesE nada mudou...”* * * * * * * * * * * *Quatro anos depois...10 de dezembro Eu não sabia muito bem o que me esperava quando o carro onde eu estava chegasse ao seu destino. Trazia em mim apenas uma certeza: definitivamente, não seria algo bom. E odiava a minha tia por estar fazendo aquilo comigo. Sabia bem que cuidar de uma adolescente não era tarefa fácil, mas era consciente de que eu dava o mínimo possível de trabalho e de despesas. Fazia bico
Capítulo dois* * * * * * * * * * * *“Mas eu sei que alguma coisa aconteceuEstá tudo, assim, tão diferente...”* * * * * * * * * * * *11 de dezembro Se o primeiro dia ali já fora difícil, sabia que a partir do segundo a coisa só iria piorar, já que minha tia já estaria de volta para São Paulo logo depois do almoço. Tinha ido até ali apenas para me levar e me abandonar sozinha em um casarão antigo perdido no meio do nada e habitado por funcionários formais e uma senhora que mal me dirigia a palavra ou sequer conseguia me olhar por mais de um ou dois segundos. Depois de