CAPÍTULO 17Liliam estava agindo de acordo com seu apelido: uma gata selvagem. Conseguiu isso com muito esforço. Depois de toda a violência sexual que sofreu, precisou encontrar uma forma de reagir. Criou uma defesa para si mesma, e todos os homens que se aproximavam tinham medo dela. Isso era bom.Ao longo da vida, não passaram muitos homens por ela. No aspecto sexual, teve apenas dois. Se não fosse por seu amor por Hael, tudo teria sido ainda mais complicado. Foi pensando nele que descobriu a diferença entre sentir desejo e apenas dor. Com ele, não havia medo, apenas prazer.Seu primeiro toque também foi pensando nele. Liliam sabia que Hael era o único homem que jamais a machucaria. O carinho com que a tratava, o modo como a olhava e a abraçava traziam conforto e proteção.Então... ela tinha certeza de que fazer amor com ele seria algo perfeito.Mas quando eles se separaram, Lily precisou reunir coragem para deixar Minho partir de vez de sua mente. Ele sempre a veria como irmã. Não
Richard Blame limpava suas armas enquanto esperava. A calma sempre foi uma de suas vantagens. Ele confiou naquele idiota do seu filho para trazer Liliam até ele e sabia que Sullivan era bom, mas, comparado àqueles dois juntos, seria difícil ele voltar vivo.E, caso voltasse... que trouxesse Liliam com ele. Sua ordem foi clara.Ele limpou a arma e soltou um suspiro. Hael teria que morrer de um jeito ou de outro. Não é que não gostasse dele, mas saber que Liliam o queria o deixava puto.Lily era sua... somente sua, desde pequena. Ela poderia ter outros, mas não Hael. Ela pertencia somente a ele. Aquele bastardo não poderia tê-la nunca.Aquela puta é sua!Imagens da morena se entregando para Hael o deixaram irritado. Ele a marcou bem... Será que eles não viam? Se ele soubesse que eles estavam juntos, além de matá-lo, teria que ensinar uma lição para sua Lily.Agora, tinha instrumentos mais precisos para isso. Ela ia gritar de dor, mas pelo menos aprenderia, de uma vez por todas, que não
— Liliam! Liliam! Liliam! — Hael gritava desesperado, abraçando-a com força. — Pelo amor de Deus, acorde! Lily, me ouça, não faça isso comigo, por favor!Tudo ao redor dele não tinha mais importância alguma. A única pessoa que realmente importava no mundo estava desfalecida, quase sem vida, em seus braços.O medo, junto ao desespero, o consumia por inteiro, deixando-o transtornado. Ele nunca havia se sentido assim antes. Antes que pudesse processar, as lágrimas já caíam abundantemente, molhando seu rosto. Segurou o rosto de Lily contra o seu, sem nem se preocupar em ficar tímido.— Querida, não me deixe. — Ele a abraçou com mais força. — Meu amor, não me deixe... ainda temos tanto para viver. Eu não sei viver sem você, Liliam. Eu não vou deixar você morrer, amor.Hael reconhecia aqueles sintomas: envenenamento, uma das piores formas de morrer. Procurou a ferida da flechada e viu duas marcas no braço dela. A pele ao redor estava arroxeada e um líquido preto escorria da ferida.Os tiros
— Me mata logo de uma vez!— Posso dar um tiro na sua cabeça agora para aliviar a dor... se você me disser o nome do veneno.— Eu não sei o nome, já disse. — respondeu o atirador.O maxilar de Hael trincou enquanto ele fitava o homem ajoelhado à sua frente.— Billy, vasculhamos a bolsa dele e encontramos o frasco com veneno — informou Jake, aproximando-se.— E as flechas?— Estão aqui.Hael abaixou-se, pegou o frasco e, com cuidado, mergulhou a ponta de uma das flechas no líquido.— Billy Walker, por favor, me mate. Atire em mim! — O homem implorou, desesperado ao entender o que ele ia fazer. — Eu realmente não sei o nome do veneno, e não queria acertar Liliam...— Não fale o nome dela! — Hael exclamou, completamente alterado.Ele enfiou a flecha na ferida aberta pela faca. O homem berrou, tentando se agarrar nele.— Você vai morrer pelo seu próprio veneno, seu desgraçado! — Hael girou a flecha dentro da ferida, intensificando a dor. — Deixem-no agonizar até morrer, isso não vai demor
Bella se afastou da barraca ainda muito preocupada com Liliam. Ela havia observado tudo, desde a flechada que a mulher levou até os momentos de desespero de Billy, e agora... Se depois de tudo isso ele ainda não soubesse o que sentia, então todos estariam perdidos.Aquilo não era apenas uma paixão recém-descoberta, era amor. Bella sorriu, jamais poderia ficar naquele meio. Agora, mais do que nunca, entendia: Liliam havia dito que não roubava o homem de outra, mas era exatamente isso que Bella havia feito. Por mais breve que tenha sido, roubou o homem de outra mulher.Graças a Deus que ela não estava mais com ele e, mesmo se ainda estivesse, depois de tudo isso não ficaria.— Bella, como está a nossa Lily? — Jake perguntou, preocupado, olhando para a barraca.— Ela ainda está muito mal, Billy deu um antídoto.Jake assentiu.— Graças a Miguel. Se ele não estivesse carregando aquilo, estaríamos perdidos. — O cowboy suspirou. — Vamos torcer para dar certo. É melhor você não ir para o outr
Foi a noite mais longa da vida de Hael. Ele só se afastava de Liliam quando sua bexiga doía demais, mas logo retornava. Enquanto o antídoto fazia efeito, ela delirava, chamando por ele aos gritos, chorando e se contorcendo. Assistir a isso foi um tormento. Ele sofria a cada instante com ela.Às vezes, derramava lágrimas silenciosas. Outras, se mantinha firme, apenas segurando sua mão e sussurrando palavras de conforto, garantindo que estava ali.Liliam transpirava tanto que seus cabelos ficaram úmidos, as roupas grudavam em sua pele. Era um bom sinal—o veneno estava deixando seu corpo. Hael teve que trocar sua camisa duas vezes. Da última vez, Isabella o ajudou. Por mais que seu olhar sobre Liliam houvesse mudado completamente, ele a respeitava demais para fazer algo sozinho. Se fosse necessário, faria, mas agradecia imensamente por ter outra mulher por perto.Bella limpou Liliam com um pano úmido e trocou suas roupas íntimas. Durante esse tempo, Hael saiu rapidamente da barraca, perm
Hael abriu os olhos rapidamente. Não sabia por quanto tempo tinha dormido, apenas sentiu Lily se mexer ao seu lado. Quando olhou para baixo, encontrou aqueles olhos lindos e brilhantes, as pupilas dilatadas.— Que sonho engraçado… Por que não está me agarrando? — Ela perguntou, fazendo um leve biquinho.Sonho?— Querida, você está bem? — Hael perguntou com a voz rouca de sono, afagando os cabelos dela.— Estou mais do que bem… — Ela mordeu os lábios com um sorriso travesso. — Por que não está me beijando? Quero você!— O quê? — Ele a olhou, confuso. — Você não está sentindo nada estranho?— Ah... estou, sim... — Ela riu, maliciosa.De repente, Lily montou sobre ele e colou seus lábios nos dele, rasgando sua camisa com um movimento rápido. Os botões voaram para todos os lados, e os olhos de Hael se arregalaram. Ele segurou a cintura dela com cuidado, tentando detê-la.— Querida, calma. — Virou o rosto, sentindo os beijos dela descerem para o seu queixo e pescoço, deixando sua pele arre
Liliam acordou com uma leve dor de cabeça. Sentou-se na cama e percebeu o que estava vestindo — aquela camisa não era dela. Ela cheirou a roupa e sentiu o perfume de Minho, enquanto observava suas pernas expostas sob a manta.Mas o que aconteceu?Uma leve ardência no braço a fez recordar o ataque do bando do primo, a flecha que se aproximava de Minho, e o momento em que ela se atirou na frente dele.Levantou a manga da camisa e viu o braço enfaixado. A dor e a sensação de quase morrer vieram à tona com força. Liliam não conseguia lembrar nada depois daquele instante. Olhou ao redor da barraca, notando que não estava em seu próprio lugar e que o cheiro de Minho dominava o ambiente.Ela soltou um suspiro, tentando entender o que aconteceu.— Ah... Liliam! — Minho exclamou ao entrar, deixando cair a tigela com frutas. Sua expressão era uma mistura de alívio e outra coisa, a testa franzida e os lábios entreabertos.Ele é tão lindo! E estava fazendo uma carinha tão fofa, que Liliam quase s