Miranda Newman
- Fala sério, Stan - tento mais uma vez chamar a atenção do meu chefe. Acho que ele me irritava de propósito.- Já disse Miranda, enquanto você não aprender a se controlar eu não vou te deixar sair em outra missão, perdemos muito da última vez por causa da sua... -- Já sei, impaciência - eu completo revirando os olhos.- Eu ia dizer burrice, mas impaciência serve - diz ele sorrindo me deixando com cara de idiota.Burrice? Eu salvei a porcaria da missão.Okay, talvez eu tenha deixado o criminoso escapar e o galpão meio que pegou fogo por minha causa, mas hey, eu trouxe a vítima viva (vamos deixar de lado o pé torcido de quando eu a empurrei da escada para que ela pudesse fugir). Serve de alguma coisa, né?Bom, para o meu chefe chato parece que não.- E o que espera que eu faça? - pergunto irritada cruzando os braços.- Eu não sei, yoga talvez? - diz o filho da put4 sorrindo. Yoga? eu lá tenho tempo para yoga?Bufo irritada e viro minhas costas para aquele ser petulante.Caminho pelos corredores ignorando os sussurros e vou direto para minha sala terminar alguns relatórios, já que parece que é só isso que eu vou fazer de agora em diante.Estava há um bom tempo tentando escrever o relatório sem deixar parecer que aquela noite foi tão desastrosa.Apesar de tudo Stan tem razão... Só um pouquinho.- Olha só se não é nossa pequena farsante de volta -Olho para a porta e vejo Adam encostado na soleira.- Agora não, Adam - digo impaciente.- O que o chefe fez dessa vez? – Ele pergunta sorrindo - Ou melhor o que você aprontou dessa vez? –Gemo desgostosa, eu tenho uma fama tão ruim assim?- Operação Monroe - eu digo baixinho.Adam arregala os olhos em choque, para em seguida começar a gargalhar escandalosamente.- Tá de brincadeira? – pergunta sem fôlego - Foi você a garota que ferrou toda a missão? - pergunta ele enquanto tenta recuperar o fôlego.- Eu não ferrei toda a missão - digo exasperada.Poxa eu só me atrapalhei um pouco.- Newman, você botou fogo no lugar enquanto o desgraçado do Monroe fugia... Se isso não é ferrar a missão eu não sei o que é - debocha Adam. Cerro os dentes. Agora chega.- Eu vou botar fogo nas suas calças se você não parar de me amolar e sumir daqui – ameaço.Adam faz uma careta, ele sabe que eu sou capaz disso. - Eu queria que você incendiasse a minhas calças, mas não desse jeito - ele brinca com a voz baixa.Adam era um cara muito introvertido, mas anos e anos de amizade deixaram ele mais a vontade para brincar e zombar da pequena queda que ele teve por mim tempos atrás.O problema é que o seu deboche agora é a ultima coisa que preciso. Pego o primeiro objeto que vejo na minha frente e jogo nele.Adam geme quando minha agenda acerta sua cabeça.Pelo menos minha mira continua perfeita, menos mal para o que restou da minha dignidade.- Viu? é disso que se trata Miranda - diz ele enquanto esfrega a testa vermelha - Você é uma das agentes mais brilhantes que eu conheço, mas não sabe controlar seus impulsos - ele suspira e pega minha agenda do chão a trazendo de volta á mesa - Mais sorte na próxima vez pequena farsante – e dizendo isso Adam se vira e sai.Odeio admitir que até o Adam tem razão, talvez yoga não seja uma ideia tão ruim afinal de contas.Suspiro e continuo na minha tentativa frustrada de terminar o relatório mesmo odiando cada segundo desse trabalho burocrático.***Algumas semanas se passam e eu continuo fazendo relatórios, Stan caprichou no meu castigo. Tento descontar minha frustração na sala de treino e é no meio de um golpe que escuto passos atrás de mim.Continuo meu treinamento ignorando quem quer que seja, minha raiva ainda não cedeu.- Newman! - grita Stan - Pare de imaginar minha cara nesse saco de pancadas e traga seu traseiro até aqui -Dou mais um chute só para deixar claro que era exatamente a cara dele que eu estava vendo ali.Pego uma toalha e seco o rosto enquanto caminho até ele.Stan está de mal humor como sempre, mas a grande novidade é o cara ao seu lado. Dou uma bela averiguada.Alto, cabelos sedosos e castanhos, profundos olhos marrons e um corpo que eu poderia me divertir e muito.Nada mal, bonitão, nada mal. Apesar de estar sério demais, aparentando ser um tremendo chato, o cara é gostoso para um cacete.- Já está sentindo minha falta essa hora do dia? - pergunto debochada para meu chefe.Stan revira os olhos.- Pare de graça Newman, parece que a sorte sorriu pra você garota, esse é o agente Dominic Green, seu novo parceiro e treinador – diz ele enquanto aponta para o tal agente que por sua vez me dá um breve aceno de cabeça sem abandonar sua postura séria.- Uou, vamos devagar aí Stan. Parceiro até vai, agora treinador? Que eu saiba eu já sou perfeitamente treinada - digo cruzando os braços o desafiando a me contrariar.Stan bufa e passa a mão no seu ralo cabelo, claramente um gesto de irritação.- Não é isso que a operação Monroe demonstra – diz ele. Touché, Stan.Preparo-me para protestar novamente mas ele continua.- Olha, Newman ou é isso, ou você volta para os relatórios, surgiu uma missão nova e eles precisam das suas... - ele me encara por um momento debochado - ... habilidades. Facilite meu trabalho, sim? – pergunta ele por fim me deixando sem argumentos.Era bem verdade que eu já estava farta de relatórios, então não poderia deixar essa chance passar, fora que se pediram especificamente pelas minhas habilidades deveria ser coisa grande.- Tudo bem - digo derrotada.Stan sorri e sai da sala me deixando sozinha com o tal Dominic. Sorrio para ele fazendo cara de inocente.- Olha aqui parceiro - começo dando ênfase no "parceiro" ele ergue a sobrancelha diante disso - Essa operação que ele mencionou nem foi grande coisa, vamos esquecer esse negócio de treinador, pode ser? – Ofereço esperançosa.Dominic me encara por um momento e parece que eu vi um leve traço de diversão em seus olhos, ele estava achando graça?- Eu li o relatório agente Newman - Isso que eu ouvi foi um sotaque inglês? Meu Deus esse homem poderia ser menos gostoso? - Quer você queira, quer não eu serei seu treinador e seu parceiro de formas que nem você imagina. Nos vemos amanhã aqui ás cinco para o treinamento. Até mais. - e dizendo isso simplesmente saiu.Mas que merda aconteceu aqui?Miranda NewmanMaldito Stan. Maldito britânico. Eu não acredito que eu estou mesmo aqui na Agência ás cinco da manhã. Bocejo cansada por ter dormido tão pouco. Adentro o centro de treinamento e encontro o Sr. Super agente Green deitado lendo um livro na maior tranquilidade. Deixo minha bolsa de treino cair do meu ombro com um baque. Ele sequer se move. Vou até ele e me inclino em sua direção. Ele continua lendo sem me dar atenção. - Hey parceiro eu tô pronta para o treinamento - digo olhando em seus olhos. Ele finalmente desvia o olhar do livro e me encara. - Bom dia agente Newman - diz polidamente. Ele realmente é um cara muito sério. - E então o que vamos fazer hoje? - olho ao meu redor. Apesar de ser cedo eu não ia deixar que meu mau humor afetasse meu treinamento. Eu gostava de treinar, esgotar toda a minha energia batendo em algo soava muito bem pra mim. Comecei a tentar imaginar que exercício ele iria pedir... Abdominal? Boxe? Corrida? Eu estava mais do que pronta. Olhei pa
Miranda NewmanDurante o decorrer de duas semanas minha rotina prosseguiu quase normalmente como era antes do castigo, a única diferença era que eu tinha um britânico no meu pé em cada momento do meu dia na agência. Não que eu estivesse reclamando... Deus como era bom ter aquela visão do paraíso o tempo todo, mas eu gostaria que essa visão não estivesse com a cara tão fechada. O homem precisava urgentemente sorrir mais. Meu dia começava com o treino, onde ele insistia em me passar exercícios que trabalhavam meu auto-controle, juro que com suas lições zen ele ainda iria me pedir para sair e aplaudir o sol. Não era de todo ruim, apesar de tudo eu me divertia muito em tirar sarro da sua postura "eu sou um agente sério e responsável" e algumas vezes diverti-lo com minhas provocações. Era raro, mas as vezes eu conseguia ver um fantasma de um sorriso em seus lábios. Como no dia em que eu não parava de falar durante o Yoga. Sim, ele ainda insistia em fazer isso, alegando ser uma ótima téc
Miranda NewmanAcordo de bom humor, finalmente eu vou começar parte da minha missão hoje. Estou me preparando para tomar um banho quando ouço meu celular tocando. Pego o dito cujo em cima do criado mudo ao lado da minha cama e franzo o cenho ao ver quem é. O que Stan quer comigo essa hora da manhã? - Fala Stan - - Bom dia para você também Newman. – responde ele em tom de deboche. - Um bom dia certamente não começaria comigo ouvindo sua voz assim tão cedo - rebato revirando os olhos - Cruzes, você nem deixou eu me preparar para o susto - - Muito engraçadinha Newman, mas o assunto é sério - imediatamente paro minha provocação esperando por mais, Stan suspira do outro lado da linha, aposto que nesse exato momento ele estava repuxando o pouco de cabelo que lhe restava. - Estou te ligando para te alertar que tem muita coisa em jogo com essa missão Miranda, muita mesmo, por favor seja cuidadosa - Em outras palavras: Não estrague tudo outra vez. Adoto um tom de voz sério.- Eu sei
Miranda NewmanOlhei para Dominic, desejando acabar com aquela expressão séria no rosto dele. Será que ele não poderia ao menos dar um sorriso mínimo sobre o nosso pequeno sucesso na missão?— Tradição, huh? — provoquei, tentando quebrar o clima.— Precisamos treinar sua atenção em campo. Você nem percebeu que ela estava nos olhando — ele respondeu sério.— Provavelmente estava chocada com a grandiosidade dessa casa. Sério, precisava ser tão extravagante? — comentei, apontando para o luxo que nos cercava.Dominic deu de ombros e continuou como se não fosse nada:— Eles são ricos, Miranda. Se queremos nos aproximar, temos que ser como eles.Decidi explorar a casa, deixando para trás a sala ampla e seguindo diretamente para o segundo andar. Dominic me seguiu em silêncio. Para uma casa tão grande, eu esperava encontrar mais quartos, mas apenas dois estavam disponíveis. Abri a porta do primeiro e fiquei boquiaberta.Olhei para a suíte gigantesca, como se tivesse saído de uma revista de de
Miranda NewmanDominic continuou sendo frio e distante comigo e isso estava começando a me enervar. Fiquei confusa com sua mudança repentina de humor, mas decidi não questioná-lo naquele momento. Deus sabe o quanto eu teria que me segurar caso sua resposta fosse explosiva. Parecia que ele estava tentando manter a distância entre nós, como se estivesse lutando contra algum sentimento que surgia. A dinâmica entre nós dois era complicada, mas eu estava disposta a desvendar os mistérios que o envolviam, afinal eu teria tempo... Muito tempo.Chegamos á agência e nos acomodamos para reunir as informações para nosso chefe, Stan. Eu sabia que Dominic estava agindo de maneira estranha, mas agora não era o momento apropriado para discutir isso. Concentrei-me no relatório e nas anotações que tínhamos feito sobre Victor Pavlov e sua sobrinha Kate.Enquanto digitava os detalhes da nossa primeira interação com o alvo, meu pensamento voltou à casa luxuosa de Victor. Era um ambiente repleto de riqu
Dominic GreenProblema. Era isso que ela era. É isso que ela sempre foi, segundo o que ouvi dos boatos na agência sobre quem seria minha nova parceira.Quando Stan me contratou, eu imaginei que trabalharia sozinho, já que minha última parceria não deu muito certo.Robert e eu nos conhecemos ainda no treinamento, nos identificamos logo de cara. Ele não se importou com meu jeito reservado, e sua personalidade extrovertida era meu oposto perfeito. Éramos uma dupla com equilíbrio... Até aquele fatídico dia.Estávamos trabalhando em uma missão perigosa há meses, tínhamos tudo planejado para pegarmos o alvo no dia seguinte. Eu o deixei em sua casa e fui para a minha, mesmo ele insistindo que eu dormisse lá por conta do horário.Não prendemos ninguém no dia seguinte, Robert não acordou no dia seguinte.Ele dorme até hoje.Entraram no seu quarto no meio da madrugada e deram uma pancada muito forte na sua cabeça enquanto ele dormia. Acharam que ele tinha morrido, mas ele sofreu um traumatismo
Miranda NewmanNo dia seguinte a nossa reunião com Stan a equipe de preparação para o casamento falso já estava nos esperando. Eles nos apresentaram ao nosso instrutor de atuação, um renomado especialista em disfarces e comportamento humano.Durante os próximos dias fomos submetidos a um intenso treinamento.Aprendemos a construir uma história de amor convincente, repleta de detalhes sobre nosso passado, nossos gostos e até mesmo as dificuldades que enfrentamos juntos. Tivemos aulas de dança para aperfeiçoar a nossa sintonia como casal e ensaiamos incansavelmente as expressões faciais e os gestos que demonstrariam um amor genuíno.Dominic pisou várias vezes no meu pé, o cara parecia uma tábua de madeira rígida, não tinha o menor ritmo para dançar.Conforme os dias passavam, algo curioso começou a acontecer. As fronteiras entre o que era real e o que era parte do disfarce começaram a se confundir.Parecia que Domic me tolerava um pouco melhor quando não estava interpretando, uma certa
Miranda NewmanQuando o dia do casamento chegou eu me perguntava se as emoções que estávamos vivendo eram apenas parte da encenação ou se havia algo mais profundo acontecendo. A conexão que desenvolvemos era real? Seria possível que, no meio dessa farsa, nós dois tivéssemos encontrado uma verdadeira parceria? Eu estava sentada em frente ao espelho, com uma pilha de maquiagem e produtos de beleza espalhados diante de mim. Me sentia nervosa e ansiosa, mas também animada pela perspectiva de me redimir nessa missão. Eu me olho no espelho, ajustando um cacho de cabelo que cai no meu rosto. Pergunto-me se Dominic está se preparando também, e se ele está tão nervoso quanto eu. Ouço uma batida na porta e, sem esperar por uma resposta, Dominic entra no quarto. Ele está vestindo um terno preto elegante e parece mais bonito do que nunca. - Você está linda - ele diz, sorrindo. Sorrio. - Oh meu Deus, Dominic Green está me elogiando? Alguém chame as autoridades o apocalipse está próximo! – d