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Permissão para começar

Miranda Newman

Acordo de bom humor, finalmente eu vou começar parte da minha missão hoje.

Estou me preparando para tomar um banho quando ouço meu celular tocando. Pego o dito cujo em cima do criado mudo ao lado da minha cama e franzo o cenho ao ver quem é. O que Stan quer comigo essa hora da manhã?

- Fala Stan -

- Bom dia para você também Newman. – responde ele em tom de deboche.

- Um bom dia certamente não começaria comigo ouvindo sua voz assim tão cedo - rebato revirando os olhos - Cruzes, você nem deixou eu me preparar para o susto -

- Muito engraçadinha Newman, mas o assunto é sério - imediatamente paro minha provocação esperando por mais, Stan suspira do outro lado da linha, aposto que nesse exato momento ele estava repuxando o pouco de cabelo que lhe restava.

- Estou te ligando para te alertar que tem muita coisa em jogo com essa missão Miranda, muita mesmo, por favor seja cuidadosa -

Em outras palavras: Não estrague tudo outra vez.

Adoto um tom de voz sério.

- Eu sei Stan, e agradeço por confiar em mim novamente, eu prometo que não vou deixar nada me impedir de concluir essa missão da forma mais perfeita possível. -

Stan solta um suspiro aliviado.

Embora eu o provoque o tempo todo ele sabe do que eu sou capaz e que eu posso dar conta disso. Eu fui uma das agentes mais jovens que ele já teve. Me falta experiência, eu sei, mas me sobra talento. Eu nasci pra isso, qualquer um pode ver, até mesmo Stan.

- Te desejo boa sorte Newman, tente não criar muita confusão - e quando estava prestes a desligar acrescentou - E pelo amor de Deus, tenha pena do pobre Dominic e não enlouqueça um dos meus melhores agentes. Até mais, Miranda. - e desligou.

Enlouquecer o Dominic? Proposta tentadora, mas como a boa garota que sou vou focar em concluir essa missão. Por enquanto.

Me preparei para ir conhecer minha nova "casa", enquanto pensava no rumo que minha vida tomou.

Eu sempre soube que seria uma agente, sempre. Desde criança eu me fantasiava de James Bond ou as panteras no Hallowen e sentia que um dia eu me tornaria um deles. Não foi fácil, admito, mas assim que me formei no ensino médio, logo fui atrás do que precisava para ser agente... Além de cumprir os requisitos físicos e passar nos testes mentais eles exigiam um curso superior, então, fui atrás do meu diploma de educação física, já que precisava de uma formação, que fosse uma que me ensinasse como usar meu corpo da melhor forma. Meu pensamento não poderia ter sido mais irônico. Eles souberam muito bem como me fazer usar meu corpo.

Aos meus 23 anos fui contratada pela agência, um prodígio como eles disseram. Meu currículo e minha aparência me permitiram ser uma agente, digamos assim... diferente. Há um motivo para me chamarem de farsante. Eu era mestre nisso.

Eu manipulo os homens. Eu os engano. Eu os seduzo. E se for preciso, eu os mato.

Eu cresci rapidamente na agência, minha fama se espalhou e meu número de missões concluídas com sucesso só aumentaram. Foi um ano de glória. Eu era uma Deusa.

Até aquela noite. Aquela m*****a noite que eu estraguei tudo. O caso Monroe.

O desgraçado conseguiu me abalar falando da minha situação familiar. Eu não deveria me importar, mas hesitei por um segundo e um segundo era tudo o que ele precisava para fugir.

Balanço a cabeça tentando controlar meus pensamentos e o aperto no meu peito. Esse não é o momento para perder a compostura Miranda. Repito para mim mesma enquanto termino de me vestir.

Em breve eu serei uma mulher casada, esse não era meu plano original, mas cá estou me preparando para encontrar meu “noivo.”

Procuro minha bolsa pela casa e quando estou pronta desço resolvendo esperar Dominic na entrada do prédio. Ele não deveria demorar.

Enquanto olhava meu celular ouvi o som de um carro se aproximando e percebi que eu não precisei esperar nem dois minutos. O Sr. Certinho foi extremamente pontual.

Dominic sai do carro e vem me cumprimentar, analiso ele pela primeira vez vestindo roupas remotamente casuais.

Na agência ele só usava roupas esportivas durante o treino e roupas sociais durante o expediente, eu já sabia que o cara era gostoso mas puta merda eu estou vendo esse bíceps flexionado enquanto ele anda daqui. Alguém me abana senhor.

- Bom dia, Miranda – cumprimenta ele, ainda em tom formal.

É, ele precisa interpretar melhor. Me levanto ficando a centímetros do rosto dele. Aproximo-me lentamente observando sua postura ficar tensa e me delicio com seu olhar chocado quando deposito um suave beijo no canto da sua boca.

- Bom dia, meu amor – digo sorrindo e Dominic continua paralisado. Olho profundamente em seus olhos. - É assim que se faz parceiro. Se vamos ser um casal, então aja como um casal.- digo lhe dando uma piscadela enquanto vou em direção ao carro o deixando plantado no saguão do meu prédio.

Quem está treinando quem agora?

Segundos depois Dominic parece se recuperar, já reassumindo sua posição dentro do carro. Ele nada comenta e eu decido deixá-lo em paz por hora. Seguimos o caminho silenciosamente até que paramos em frente á uma casa luxuosa.

Eu não esperava que a agência investisse tanto assim, mas por um lado, faz sentido. Pavlov fazia parte da alta sociedade da cidade, lógico que moraria em bairro nobre, logo, nós também.

Ainda estava olhando para aquela casa enorme sem acreditar e não percebi quando meu parceiro saiu do carro. Meu primeiro erro, não posso estar desatenta assim. Saí do carro o mais rápido que eu pude para acompanhar Dominic e o alcancei quase na porta. Estava prestes a reclamar quando fui surpreendida por Dominic me erguendo do chão e me segurando em seu colo.

- Espera, o que... -

- Fique calma e ria como se estivesse achando isso muito engraçado – Dominic sussurrou bem baixinho no meu ouvido e quando estava prestes a protestar ele acrescentou: – Temos platéia.

Olhei de canto de olho e vi uma loira nos observando curiosa. Yekaterina Pavlov.

Imediatamente passei meu braço ao redor do pescoço de Dominic e lhe dei um sorriso relaxado.

- Eu pensei que só podíamos fazer isso na lua de mel, parceiro. – Pisquei fingindo não estar afetada com tanta proximidade.

- Mas essa é nossa casa, melhor cumprir o ritual aqui também não acha? – Dominic perguntou e pela primeira vez ele estava soando... charmoso?

Estava atordoada demais com esse Dominic relaxado que não percebi Yekaterina se aproximando.

- Eu estava tão animada para conhecer nossos novos vizinhos misteriosos – disse ela parecendo estar empolgada – Sejam muito bem vindos, eu sou Kate.

Ela se apresentou com o que parecia ser seu apelido. Não a culpo, Yekaterina era um nome muito comprido e estrangeiro.

Kate estendeu a mão educada até perceber que eu ainda estava no colo de Dominic então sorriu sem graça e começou a recolher a mão. Dominic imediatamente me soltou a tempo de eu apertar a mão dela em um cumprimento a deixando surpresa com minha rapidez.

- O prazer é todo nosso, eu sou Miranda e esse aqui é meu noivo, Dom – explico dando um meio abraço em Dominic e o mesmo logo se prontificou a cumprimenta-la.

Kate sorriu radiante ao ver nossa interação, juro que quase pude ouvir seu pensamento gritando “eles são tão fofos!”

- Vocês vão se casar? – pergunta ela tranquila, demonstrando nenhuma vergonha em admitir que estava nos ouvindo... Concordo com a cabeça. – Vão gostar muito de viver aqui, é um bairro muito tranquilo. Eu e meu noivo planejamos continuar morando aqui após nosso casamento. Oh, vocês precisam conhecer ele, Neal precisa urgentemente ter uma vida social que vai além de mim, meu tio e aquele bendito restaurante. –

Dominic dá uma risada suave diante do comentário de Kate.

- Adoraríamos conhecê-lo – é sua resposta simples.

- Que tal semana que vem? É aniversário de meu tio e estaremos dando um jantar, ele é uma daquelas pessoas influentes na sociedade e sempre convida um monte de figurões para esses eventos, eu quase sempre morro de tédio, seria ótimo ter vocês dois lá para me salvarem -

Olhei para Dominic, essa seria a oportunidade perfeita para nos aproximarmos, Victor estaria lá e veríamos ele interagindo em seu círculo social. O olhar de Dominic me dizia que ele pensava o mesmo.

- Será um prazer, com certeza estaremos lá. Obrigada pelo convite, Kate. – Respondo sincera enquanto sorrio. Kate sorri em resposta.

- Ótimo, eu venho qualquer dia desses entregar o convite com mais detalhes, foi um prazer conhecer vocês. –

- O prazer foi todo nosso – respondo. E então com um abraço que eu nem Dominic esperávamos Kate se vai e nós entramos na nossa casa.

Olho para Dominic e sorrio, parece que estava dando tudo certo para nós. Ele só faz assentir, parece que o agente estoico estava de volta.

Adeus noivo brincalhão.

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