Cattleya se sentou e apertou os cintos, suas mãos tremiam ao ponto em que o avião decolava. Cezar estava sentado na poltrona a sua frente resolvendo alguma coisa no computador. Ela olhou perdida pela janela, a cidade ficando cada vez mais distante, o estado agora não parecia ser nada de lá de cima, sua vida parecia não ter sido nada de lá de cima quando tudo lá embaixo eram apenas pontos. Ela suspirou, sentiu que sua alma havia ficado lá embaixo, passou discretamente a mão pela sua barriga, ainda havia uma pequena alma descansando ali com ela, não havia perdido tudo, não havia deixado tudo para trás. Havia levado algo consigo, e isso seria a sua esperança, a chama que a manteria viva e lutando até o último segundo. A mulher fechou os olhos quando o avião passou acima das nuvens, deixou que seu coração a guiasse para um lugar longe dali... Um lugar onde sua família ainda existia, ela apertou os olhos e balançou a cabeça negativamente, nada disso existia mais, Andy não existia mais. Cat
Às vezes a vida costuma nos pregar peças, em um momento está tudo caindo em nossas cabeças e então do nada as coisas retornam ao seu lugar. E então; quando pensamos que está tudo bem e que dá para continuar, é como se um grande prédio estivesse caindo por cima de nosso corpo e quebrando todos os nossos músculos da forma mais brutal possível. É engraçado como a vida tem suas formas de brincar com a gente, de mostrar que nunca vamos estar no controle de nada, e que nunca vai ser como parece. Quantas e quantas vezes eu me perguntei o que seria o amor? E eu obtive resposta, eu o senti. Mas daí arrancaram de mim como um monstro arranca os sonhos de uma criança e torna-os pesadelos. Aprendi algo muito importante: sempre que algo de bom acontece, um resquício de esperança fica! É como se uma chama ainda ficasse acesa, como se algo não tivesse apagado no fundo de nossa alma e sempre vamos levar um pouco do que sentimos conosco mesmo que para o fundo do poço.
— Aí nossa, minha menina não para quieta. — Cattleya colocou a mão na barriga e se apoiou no balcão. — Eu só preciso de um pequeno favor. — Cattleya deu de ombros encarando Aksana e fingindo uma expressão de dor. — Pode falar Senhorita Mozorov também estou aqui para lhe servir. — A moça a encarou preocupada com a expressão de dor que a mulher carregava no rosto. — Está doendo? Por que não senta um pouco? — Não, está tudo bem. Quero aprender o café para meu marido, ser agradável. Mas; estou com um pouco de dor, poderia pegar um pouco de água na geladeira para mim? Ela não para quieta prefiro não me movimentar muito. — Cattleya falou apontando para a barriga e sorrindo. — Ah claro, pego sim. — A mulher deu de ombros indo até a geladeira e ficando de costas para pegar o copo d’água. — Ah sim, aproveita e pega uma fruta qualquer, minha boca está seca. Acho que ela está agitada hoje. — Cattleya falou enquanto tirava do bolso um líquido e colocava na bebida de Cezar, voltando a colocar
Ela nunca tinha entrado naquela sala antes, na verdade somente tinha ficado da porta uma vez. O lugar era bem organizado; ele não tinha muito mau gosto, não havia janelas apenas uma seteira bem perto do teto para entrar ar, era precaução, Cezar tinha muitos inimigos. Enquanto Leon tentava abrir o cofre, Cattleya abriu as gavetas olhando todas as documentações que tinha ali, ligou o computador e abriu os arquivos e para a sua surpresa não era só dela que ele tinha arquivos incriminátorios, dos seus parceiros também. Cezar era um homem bem influente no ramo em que trabalhava e guardava sempre segredos sobre isso, mas não era com métodos limpos! Ela copiou os arquivos e os colocou num pen drive, estava preparada. Leon finalmente conseguiu abrir o cofre em uma hora, ela pegou os papéis que continha toda a sua documentação, fotos da apostila dela do tempo em que trabalhava no Shine, fotos dela com alguns clientes. Ele a vigiava a todo tempo. Ela pegou todos os papéis que e
Cattleya acordou animada, tomou um banho, fez um coque desgrenhado no cabelo e colocou o moletom de sempre. Aquele era o dia de Aksana fazer compras, mas antes ela estava preparando o café de Cezar. Cattleya se aproximou da bancada com um enorme sorriso no rosto. — Bom dia, Aksana. — Ela falou se referindo a mulher. — Bom Dia, Senhorita Mozorov. — A mulher retribuiu o sorriso. — Aksana, eu estava pensando, hoje eu quero levar a bandeja para meu marido. — Cattleya falou com uma expressão pensativa. — Senhorita… Você sabe que ele não… — A mulher tentou se explicar. — Tenha calma, Aksana. Eu sei, mas é aquilo que conversamos. Quero cuidar dele, ele precisa de mim agora. E hoje; eu acordei com tanta vontade de surpreendê-lo. — Cattleya abriu um sorriso “apaixonado” — Senhorita… — Aksana falou pensativa. — Por favor Aksana, você tá cheia de coisas para fazer, que mal tem em levar um café? Será rápido, eu tenho certeza que ele ficará feliz. — Cattleya deu de ombros olhando para a ban
Mas; ela vingaria todo o passado traumático que teve, faria isso por tudo que sofreu, ainda não havia acabado, na verdade, tinha apenas começado, ela colocou o óculos novamente e voltou para o carro. Atravessou a ponte e enquanto isso discou um número na tela do celular colocando no autofalante do carro. Chamou apenas duas vezes. — Andy. — Uma voz feminina falou preocupada do outro lado da linha. — Não. Cattleya. — Ela falou por fim. — Amiga. Onde você está? O que aconteceu? — A mulher falou com voz de choro. — Tenha calma, Celly. Eu resolvi as coisas, dessa vez, definitivamente, preciso que faça algo para mim. — Cattleya falou fria. — Fala, estou aqui para fazer o que pedir. — Celly respondeu retomando o controle de seu desespero. — Ótimo. — Cattleya sorriu. — É bom ouvir sua voz amiga.***Cattleya avistou ao longe sua casa em chamas; a empregada estava do lado de fora desesperada conversando com policiais e bombeiros que já estavam no local, havia ficado mais de três horas fo
Cattleya estava sentada assistindo ao jornal da manhã, a reportagem dizia que quinze empresários haviam sido presos por diversos crimes; desde assassinatos; estelionato á roubos pesados. De acordo com a repórter as provas havia simplesmente aparecido por uma fonte misteriosa. Anunciaram também a morte de Cezar. Cattleya havia desaparecido e eles não tinham simplesmente uma foto dela para jogar na tevê, pois tudo havia “sumido” do sistema. Uma enfermeira apareceu com um copo de chá e entregou para Cattleya que acenou em gesto de agradecimento. — Iai, alguma notícia boa ou ruim? — Cattleya perguntou. — Ainda não; respirando com dificuldade. — A enfermeira falou. — Ok. — Cattleya assentiu bebendo um gole de seu chá. — Não seja dura. — A enfermeira falou gentilmente. — Não estou sendo. A vida já se encarregou disso para mim. — Cattleya sorriu olhando de soslaio por alguns segundos para a enfermeira que cuidava da família desde que ela era uma menina. — Eu sei que ele fora um ho
Andy chegou ao restaurante mais cedo que o esperado; sentou-se na cadeira reservada e tentou disfarçar o nervosismo enquanto esperava aquele homem. Havia avisado a Pietro que precisava resolver algumas coisas por isso não poderia trabalhar, ele ficou apreensivo, mas compreendeu. Andy pediu um vinho tinto qualquer sem nem ao menos lembrar o nome da marca e se forçou a sentir o gosto do alto teor de álcool apenas para não pensar na nojeira que seria aquela conversa. Cezar era pontual, por isso exatamente no horário marcado, nem um minuto a mais e nem um minuto a menos, ele apareceu. Sentou-se à mesa todo sorridente e cumprimentou Andy. — Boa tarde, minha bela Cattleya. — Ele disse encarando o dia através do vidro e voltando o olhar para Andy. — Para você! Para mim, a tarde não poderia ser pior! Andy, Andy Miller. — Ela o encarou com o olhar desafiador de sempre e tom ríspido. — Olha; alguém não teve uma noite favorável. Desconfio que isso seja falta de amor. — Ele