Narrado por Teresa Eu sempre soube que a vida na máfia exigia sacrifícios, mas ver Mallory enfrentar tudo isso enquanto carrega uma nova vida dentro de si era algo que me arrancava o sono. A lealdade que eu sentia por ela não era só fruto de obrigação; era um instinto, uma necessidade de protegê-la a qualquer custo.Entrei no quarto dela com uma bandeja de chá e frutas. Ela estava sentada na cama, tentando disfarçar o cansaço. Mallory sempre teve essa força inabalável, mas agora, com tudo o que estava acontecendo, eu sabia que ela estava lutando contra um turbilhão por dentro.— Como você está se sentindo? — perguntei, colocando a bandeja ao lado dela.— Estou bem, Teresa. Não precisa se preocupar tanto — ela respondeu, mas a fadiga em seus olhos contava outra história.— Você é péssima em mentir para mim, Mallory — retruquei, suavizando o tom com um sorriso. — Eu sei que está preocupada, mas precisa se poupar. Não é só a guerra lá fora que importa agora, é o bebê aqui dentro.Ela su
Narrado por Mallory A primeira vez na vida que eu gostaria de estar enganada sobre alguém. Cada nome de um possível aliado que eu mencionava, ela tinha algo a acrescentar, sempre com uma desculpa convincente. Não podia ser verdade, mas, ao mesmo tempo, as peças começavam a se encaixar. Eu não queria acreditar nessa possibilidade, mas algo dentro de mim gritava que era real.Foi então que uma lembrança do passado voltou à tona. Eu tinha por volta de 12 anos e fazia dois malditos anos que minha família tinha sido morta. Estava voltando da floresta para a casa de Victor. Nunca precisei bater na porta para entrar, e, naquele dia, entrei sem cerimônia, como sempre. Mas o que vi me fez congelar.Uma mulher estava sentada no colo de Victor, beijando sua boca como se pertencesse a ele. O olhar dela cruzou o meu por um instante antes de ela se recompor e sair da sala sem dizer nada. Na época, achei que era apenas mais uma das amantes dele, mas agora… Agora eu tinha certeza de quem era. Foi po
Narrado por Mallory A porta finalmente cedeu, e homens armados começaram a entrar. Eu não hesitei. Apertei o gatilho, o som dos disparos ecoando pelo quarto. Dois deles caíram antes que os outros conseguissem reagir.— Ela está aqui! Peguem-na! — Um deles gritou.O caos tomou conta do quarto, mas eu me movia com instinto puro. Cada tiro era certeiro, cada movimento era calculado. Eu não podia deixar que eles me pegassem. Não por mim, mas pelo meu filho.Foi então que ouvi uma explosão vinda do andar de baixo, seguida pelo som de mais tiros. A casa inteira parecia estar em guerra agora. Gritos de homens feridos ecoavam pelos corredores, e eu soube que Dante havia chegado.— Mallory! — A voz dele cortou o caos, chamando meu nome.— Aqui em cima! — Gritei de volta, o alívio misturado ao desespero.Mais tiros vieram, mas dessa vez não eram só dos inimigos. Os aliados de Dante estavam aqui, e a maré estava virando.A porta do quarto se abriu de repente, e lá estava ele. Seu rosto estava s
Narrado por DanteO peso de Mallory nos meus braços parecia mais do que eu podia suportar, não pelo físico, mas pelo medo de perdê-la. O corredor parecia infinito, cada passo ecoando com o som da batalha ao nosso redor. O sangue que escorria dela tingia minha camisa, e a raiva dentro de mim crescia a cada segundo.— Segure firme, Mallory — sussurrei, minha voz embargada. — Eu não vou deixar nada acontecer com você.Ela estava pálida, os olhos se fechando lentamente. Eu podia sentir seu corpo enfraquecendo, e isso só alimentava minha determinação. Não importava quem ou o que fosse, quem ameaçasse Mallory ou nosso filho pagaria caro.Foi quando a voz do meu pai ecoou pelo corredor.— Aonde pensa que vai, Teresa, sua vagabunda? Achou mesmo que ia me trair na minha própria casa e sair livre assim?O som de sua fúria fez meus passos hesitarem por um instante. Teresa. Minha mãe. Traidora. As palavras de Mallory agora faziam ainda mais sentido. Tudo estava claro como o dia. Teresa tinha sid
Narrado por Dona Bete Eu já tinha visto mais pessoas morrerem do que gostaria, mas ali, diante de mim, não era apenas uma jovem com um passado obscuro. Era uma menina, uma mulher com sonhos, com dores, e agora, à beira da morte, esperando pelo seu primeiro filho. E fora da sala, o homem que foi considerado responsável pela destruição de sua família, mas que, contra todas as probabilidades, o destino conseguiu reunir com ela.A situação de Mallory me angustiava de uma forma que eu não conseguia explicar. Eu sabia que era uma corrida contra o tempo, mas quando entrei na sala de cirurgia, uma sensação estranha me preencheu. Ela estava pálida, sua respiração fraca, e os batimentos cardíacos fracos o suficiente para fazer meu coração apertar. O monitor que acompanhava sua condição mostrava uma linha quase reta. Aquilo não era bom. Nada parecia bom.Os médicos estavam todos concentrados, seus rostos tensos, mãos ágeis tentando, a todo custo, manter a vida dela ali. Mas eu sabia que o tempo
Narrado por Dante O tempo parecia correr contra mim, como se as horas se estivessem derretendo diante dos meus olhos. Já fazia quatro longas horas que eu estava sentado naquela cadeira, aguardando, ansioso, e sem saber o que fazer. A sala de espera estava silenciosa, exceto pelo som do meu próprio coração, que batia forte, como se sentisse a gravidade da situação. Cada segundo que passava era um lembrete do quanto minha vida poderia mudar em um piscar de olhos.Ninguém me dizia nada. Nenhuma palavra, nenhum diagnóstico. Eu estava ali, impotente, esperando por respostas, ansioso, tentando lidar com a crescente sensação de desespero.Foi quando a porta da sala de visitas se abriu, e meu pai entrou, seguido de Vicenzo, meu braço direito. O alívio por ver algum rosto familiar foi imediato, mas, ao mesmo tempo, a tensão no ar aumentou. O que estava acontecendo? Por que ninguém me informava nada sobre Mallory e o bebê? Eu precisava de respostas, e ninguém parecia estar disposto a me dar al
Narrado por Mallory Acordei lentamente, como se o mundo ao meu redor ainda estivesse envolto em uma névoa densa e opressora. O cheiro de antisséptico preenchia o ar, e o som monótono dos monitores invadia meus ouvidos. Eu não conseguia focar em nada. Era como se eu tivesse sido arrancada de um pesadelo apenas para ser jogada em outro, onde cada segundo parecia um tormento. Algo estava errado. Eu sentia isso.A dor estava lá. Profunda, insuportável. Mas não era apenas física; era algo que ia além. Um vazio tomava conta de mim, enraizado no peito. Minha mente buscava respostas, mas parecia incapaz de encontrar qualquer clareza. O que aconteceu? Por que eu me sinto assim?Minha mão tremeu quando tentei movê-la. Meu corpo estava entorpecido, mas consegui erguer os dedos, como se aquilo fosse uma pequena vitória. Foi então que lembrei. Fragmentos de memória começaram a me atingir como um soco no estômago: o sangue, o desespero, a dor insuportável. Um pânico se instalou em cada célula do
Narrado por Dante Após algumas horas, Mallory finalmente abriu os olhos. Mas havia algo diferente neles agora, algo que me deixou inquieto. Não era apenas a dor ou o cansaço da cirurgia. Era um olhar que eu conhecia muito bem, um olhar que me fazia lembrar de tempos sombrios, de quando ela me culpava pela morte de sua família. Era um misto de determinação cruel e fúria contida, como uma tempestade prestes a explodir.Antes que eu pudesse dizer algo, ouvimos uma batida na porta.— Entre. — Falei, tentando manter a compostura.Meu pai apareceu, cruzando o espaço com sua habitual postura imponente.— Você está acordada, como se sente? — Ele perguntou, sua voz carregada de preocupação, mas também de cautela.Mallory inclinou a cabeça levemente, um sorriso frio se formando em seus lábios.— Como eu me sinto? Hmm… pronta para queimar o mundo todo, se for preciso. — Sua voz era gélida, carregada de um veneno que parecia capaz de atravessar a alma. — Antes de eu fechar os olhos, você mencion