( Presente)Klaus" Alyssa, onde você está?"Klaus olhou por todos os lados e mais uma vez ela havia sumido. Em seu encalço, Hilda se aproximou e acariciando o seu ombro, falou:— Amanhã você fala com ela. Vem, vamos tomar um drink. Está precisando.Ele concordou. Precisava afogar seus dilemas com uma bebida forte, conversar um pouco e clarear as ideias. Assim, os dois se dirigiram para um bar. Fcaram no terraço do estabelecimento, apreciando a vista panorâmica do mar Egeu e da cidade das casas brancas e azuis. Uma música lenta preenchia o ambiente, acentuando a nostalgia de Klaus que sem perda de tempo, encheu o copo de uísque e bebeu uma boa parte.— Não fique nessa deprê, Klaus. Tenha fé, amigo.Ela observava-o com preocupação, o olhar fixo na maneira como ele engolia a bebida, um atrás do outro, como se tentasse afogar suas mágoas em álcool. Pegou a garrafa e pôs perto dela.— Se quiser desabafar, estou aqui para dar meu apoio, mas por favor, não exagere.— Relaxa, Hilda, você
— Alô?A voz de Alyssa ao telefone, mesmo sob pretexto de falar uma notícia nada agradável, atingiu Klaus em cheio.Aquela voz... Sonolenta, meio rouca. Por mais que não fosse a ocasião apropriada, foi impossível não lembrar dos seus corpos unidos em movimentos ousados e inesquecíveis. — Alô, Alyssa, sou eu, Klaus.Nem bem terminou de falar, ouviu um ruido seco. O tom da voz mudou para uma irritada. — Klaus? Como conseguiu o meu número?Um nó se formou na garganta dele. Respirando fundo, voltou a falar:— Calma. Foi seu irmão, porque... — Fez uma pausa, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas — Ele está no hospital.— Oh, meu Deus! O que aconteceu? — Ela conseguiu murmurar, a voz trêmula.— Saulo... Foi assaltado. — Klaus explicou, hesitante. — Reagiu e... e apanhou bastante.— Oh, não! Foi grave?— Está machucado, mas os médicos dizem que não foi nada grave.Um silêncio pesado pairou entre eles, quebrado apenas pela respiração ofegante de Alyssa. — E
Alyssa se voltou para Klaus, hesitante. — Sim?— Alyssa ... — Os olhos eram intensos, quase suplicantes. — Estou aqui para o que precisar de mim.Com a respiração densa, a mente sinalizando para o perigo e a curta distância entre eles, ela baixou os olhos.— Não é hora de falarmos sobre isso, meu irmão me espera. — Desconversou, enquanto retirava o cinto de segurança, com o intuito de sair do carro. Porém para sua surpresa, Klaus a deteve, segurando o seu pulso. — Espere... Ante aquele contato inesperado, ela arregalou os olhos, um tremor percorreu seu corpo. Sentia os dedos dele em sua pele. Não reagiu. Queria se desviar do toque envolvente, lembrar dos motivos pelos quais devesse evitá-lo, mas a única coisa que pensava era de como desejava aquela sensação eletrizante, mesmo num pequeno espaço de tempo.Ele, notando sua fragilidade, voltou a falar suavemente.— Você tem razão... Não é o momento certo, mas quando tudo ficar bem, me dê uma chance de conversarmos a sós, okay? Al
(Primeiro dia de festival- Junho 2021.)Klaus Ferranti recebia os elogios dos visitantes gregos e turistas no seu stand de degustação, satisfeito. O seu famoso vinho branco de Assyrtiko era um sucesso!A movimentação das pessoas que circulavam na praça do Fórum era intensa. Elas apreciavam com curiosidade a exposição dos produtos do décimo Festival Sabor Mediterrâneo, evento anual que dessa vez acontecia em Fira, sua terra natal, capital de Santorini. As iguarias da tradição gastronômica e o sabor dos vinhos gregos eram as atrações principais.O evento de três dias, ampliava para ele um leque de oportunidades, como participação em workshops e indicações de duas premiações: Sustentabilidade e de melhor vinho. Estar ali era um sonho acalentado por muito tempo e seus ancestrais italianos ficariam orgulhosos por tal proeza. Mesmo colocado à prova em todas as etapas do seu projeto, finalmente o seu esforço foi reconhecido e podia colher os frutos do seu árduo trabalho. Lutou brav
KlausO pensamento na belíssima mulher de olhos cor de esmeralda e riso como o som das águas tranquilas voltou sem esforço. Envolto numa nostalgia dolorosa, engoliu em seco.— Seja mais clara, Hilda, antes que eu fique paranóico.Ela riu, achando graça e olhando para os lados, chamou-o para perto de si. Sussurrou:— Os Petrakis estão participando do festival, então por curiosidade fui checar os expositores inscritos e adivinha o que descobri?Os olhos de Klaus cintilaram de esperança. Hilda balançou a cabeça positivamente, decifrando a fisionomia surpresa do amigo.— Sim, sua amada Alyssa participará do evento com um dos irmãos... Saulo. E o melhor, sem o demônio do pai dela para atrapalhar o caminho.Ele endireitou o tronco devagar. A confirmação do milagre o deixou estarrecido. A notícia mais desejada, em meio ao sucesso. O coração batia num compasso tão acelerado, que gaguejou:— A-Alyssa? Sério?— Yup! — Hilda exclamou, ao movimentar o braço para baixo, como se tivesse puxando
Alyssa Petrakis, ao chegar perto da área do Festival Sabor Mediterrâneo, ouviu o celular tocar e ignorou. Um friozinho na barriga aumentou a ansiedade que a perseguia desde que Saiu de Paris e voltou para a Grécia há dois dias.Tudo, graças ao seu irmão que usou de golpe baixo para forçá-la a vir com ele. Estalou os lábios e balançou a cabeça, reprovando-se por ter sido tão idiota. Quem mandou entrar numa aposta com um expert em games? Sem alternativa, ajeitou os óculos de sol sobre o nariz e apoiando um dos braços para fora da janela do carro, aspirou o ar da manhã agradável de junho, na atmosfera vibrante do evento. Se bem lembrava, a praça do Fórum estava tomada por stands onde produtos gastronômicos gregos estavam expostos. Imaginava a energia contagiante das pessoas, que aproveitavam as novidades da gastronomia local e se divertiam com as apresentações culturais.Mas sua presença era mais específica. Num lugar mais reservado para produtores e especialistas haveria rodadas
O Festival ocorria em polvorosa com aromas das comidas típicas pairando no ar. Os stands, representados por restaurantes de várias cidades ofereciam aos visitantes o que havia de melhor na culinária e cultura grega. Desde a moussaka, um prato de berinjela em camadas com carne moída, temperada com especiarias e coberta com molho bechamel à tsipoura, um peixe grelhado das águas mediterrâneas, como opção imperdível. Mas para Klaus, só existia Alyssa. Ela estava a poucos metros e a memória do que viveram no passado o pegou desprevenido. Lembrava nitidamente do perfume suave de frutas vermelhas no corpo curvilíneo que era incapaz de esquecer. O instinto fez o seu coração disparar, o desejo ousando se manifestar entre as pernas. Ela se apresentava palpável e tentadora. Como pôde se contentar em ficar tanto tempo sem o seu amor? Alyssa, por sua vez continuava imóvel, sentindo-se acuada como se fosse um inocente cordeiro diante do algoz. Os seus pensamentos se misturavam num vendaval d
AlyssaMomentos antes, quando a equipe de reportagem apareceu, bloqueando a intenção de Klaus em iniciar uma conversa que não cabia mais entre eles, Alyssa não perdeu tempo.Sumir na multidão foi a decisão mais sensata, mas para o seu desgosto, mesmo depois do divórcio e de tudo o que ele fez, desejava-o tanto quanto antes. Não era o suficiente. As lembranças das revelações sobre a conduta obscura de Klaus durante o casamento foi o ultimato para decidir pelo divórcio é não podia voltar atrás.Como ousaria ficar com aquele que queria manchar a honra da sua família?Um recomeço representaria conviver com o inimigo. Não iria cometer esse erro duas vezes. Não deveria sucumbir ao impulso e se tornar cativa. Ele não soube amá-la como merecia.Ao se aproximar do stand reservado para a Companhia Petrakis, observou o seu irmão com atenção e lembrando das circunstâncias em que ele propôs a aposta numa noite chuvosa em Paris, entre vinhos e risadas, confirmou suas suspeitas de que a disputa