Ele gargalhou:
- Eu avisei você...
- Avisou depois que eu já tinha pedido. – peguei a faca e dividi ao meio um dos sanduíches. – Você vai me ajudar com meio.
- Não mesmo... Eu mal dou conta de um.
- Vai comer sim.
- Ok... Eu como. Tenho medo do que você pode fazer comigo se eu não comer.
Eu comecei a rir.
- Mas para eu tomar o refrigerante terá que me matar antes...
- Eu vou deixá-lo livre do refrigerante, Nick. Aposto que posso beber tudo sozinha.
- E ainda assim sem ter celulite. – ele ironizou.
- Sim, Senhor Perfeito: sem celulite. Esqueceu que eu só tenho 18 anos?
- Garotas de 18 anos não tem celulite?
- Não sei as outras, mas eu não tenho. – falei comendo o sanduiche absolutamente perfeito.
Fechei meus olhos enquanto saboreava aquilo. Peguei a outra metade e disse:
- Mude
Assim que entrei em casa, me recostei sobre a porta e coloquei a mão nos meus lábios. Tom era absolutamente incrível. Minha calcinha estava completamente encharcada. Eu precisava tomar um banho. Mas antes que eu saísse da porta, Otto saiu do meio do nada e ligou a luz.- Otto? – falei surpresa. – Você... Assustou-me.- Porque você estava fazendo algo errado, não é mesmo?- Está me espionando agora, Otto?Tentei sair e ele foi atrás de mim. Não entrei no meu quarto. Cruzei meus braços e aguardei o sermão olhando para ele debochadamente.- O que os vizinhos vão falar? É quase meia noite e você se beijando dentro do carro de um desconhecido.- Eu estou pouco me importando com o que os outros vão falar. Eu quero mais é que os vizinhos se fodam.- Juliet, você bebeu?- Nadinha... Quer fazer um
Caprichei no visual no sábado em questão. Duas pessoas ficaram de levar Cadu ao Manhattan. Então certamente ele apareceria. E caso não fosse, nunca mais eu pensaria nele em toda a minha vida. O tiraria para sempre de dentro do meu coração. Eu estava ciente que Nicolas falou que ele não estava interessado em mim. Mas quem era Nicolas para dizer aquilo, se ele mal conhecia Cadu? E eu também não conseguia visualizar os dois conversando abertamente sobre mim, já que não eram amigos.Usei um vestido vermelho, com as costas nuas, rodado na parte da saia e um sapato de salto alto nude, que me aumentava em dez centímetros. Se eu conseguia andar com ele confortavelmente? Claro que não. Sentia que poderia cair a qualquer minuto. O bom é que corria o risco de cair em Cadu, o que seria perfeito para pintar um clima.Nos arrumamos e saímos da casa de Alissa, como era costumeiro.
- Vou pegar uma água para você. – ele disse levantando e me deixando ali.Ele nem chegou ao bar e Val, Nicolas e Alissa estavam ao meu lado:- Você está fodida. – disse Alissa.- Culpa sua. – quase gritei com Nicolas.- Culpa minha? – ele arregalou os olhos, colocando a mão no peito. – Você só pode estar louca.- Você me disse que Cadu não viria.- E eu não menti. Foi isso que ele me falou.- Sim... E agora ele está ali, inclusive olhando na minha direção. – falei encontrando os olhos dele. – Corto meus pulsos agora ou depois?- Depois. – disse Alissa. – Primeiro dá uns beijos no bonitão do Tom que ainda não ganhou nada.- Juliet, você beijou o Giovane. Eu não acredito. – disse Valquíria.- Eu não sei o que deu em mim...
No domingo à tarde, sem nada para fazer, peguei um caderno e uma caneta e comecei meu plano: escreveria uma carta dizendo a Cadu tudo que eu sentia por ele. E mandaria Nicolas entregar. Tinha a opção de pedir a Nadiny. Mas se Cadu se recusasse a ler ou devolvesse eu ficaria mais envergonhada se acontecesse na presença dela do que na dele. Afinal, ela tinha contato com quase todas as pessoas que eu convivia.Eu não precisava de muita inspiração. Ele era a inspiração:“CaduTalvez você esteja me achando completamente louca por estar escrevendo esta carta a você. Mas se eu não fizesse isso,eu me culparia pelo resto da minha vida.Não sei explicar direito o que aconteceu comigo depois que te conheci no Manhattan. Mas tenho certeza de que não consigo tirá-lo do meu pensamento desde que nos encontramos pela primeira vez.Paixão... É
Naquela noite mal dormi de tanta ansiedade. Sabia que em breve Cadu receberia a carta. E havia tantos riscos: de ele mostrar para todos os amigos, de não mostrar para ninguém, de sequer abrir, de ler e não dar importância... Enquanto eu não falasse com Nicolas eu ficaria nervosa.Naquela noite comecei a insistir com minha mãe para ela me dar um celular. Era caro, mas eu queria muito. Dentre nós só Alissa tinha. Mas ficava geralmente na casa dela, pois a mãe dela tinha medo que roubassem. Mas eu acreditava num dia onde todos poderiam ter um celular... E mandar mensagens de texto a qualquer hora, por um preço justo.Dona Olga disse que havia possibilidade de eu ter meu próprio telefone sim... Desde que eu pegasse mais leve com Otto. Dei de ombros: por que eu queria mesmo um celular?No dia seguinte, contei à Alissa e Val sobre a carta. Elas? Chamaram-me de louca, burra e tantas outr
- Não tenho intimidade com ele a ponto de ele me contar o que achou da carta. – ele disse.- Então o que houve?- Ontem eu vi ele com uma garota no intervalo.Senti meu coração quase parando de bater naquele momento. Era como se o chão estivesse saindo debaixo de mim:- Como assim?- Calma, Juliet. Eles não estavam se beijando...- Então por que você está me contando isso, Nick?- Porque acho que ele gosta dela... Ou que eles têm algo, embora eu não tenha visto algo que confirmasse isso.- Por que você faz tanta questão de acabar comigo? – perguntei seriamente.- Não... Você não vai começar a me culpar novamente, não é mesmo? Eu me recuso a ficar aqui ouvindo você me ofender.Peguei a mão dele assim que ele levantou e disse:- Fica...Ele me olhou e
No sábado pela manhã tínhamos uma almoço em família: aniversário da minha avó. Todos reunidos para comemorar. Eu gostava destes momentos em família, embora não muito da forma negativa como a família de minha mãe mencionava meu pai. Nos últimos tempos eu estava com vontade de procurar meu pai e saber sobre ele. Entedia que minha mãe havia sofrido com o vício dele, mas ele estava curado. E por que eu não poderia lhe dar uma chance, já que não o conhecia tão bem como ela? Eu tinha dois irmãos pequenos, que eram minha família, ela querendo ou não. Mas minha mãe tentava evitar esta aproximação de todas as formas e eu não entendia se era por ciúme ou excesso de proteção. Eu já tinha 18 anos. Não tinha certeza se ela poderia me impedir.Lorraine chegou com minha tia e sentou a
Cheguei na sala e não havia ninguém. Olhei confusa para minha mãe:- Onde está minha visita surpresa?- Pedi que esperasse no seu quarto.- No meu quarto? – perguntei desconfiada.Fui até meu quarto e abri a porta. Nicolas estava sentado na minha cama, olhando a capa de um dos meus CDs do TNT.- O que você está fazendo aqui? – perguntei.- Precisava falar com você.- E... Como encontrou minha casa?- Lorraine.- Lorraine? Você ligou para minha prima? Como conseguiu o número dela?- Pedi para Cadu o número de Rodrigo e Rodrigo me deu o de Lorraine.- Você fez isso? – perguntei perplexa.- Querida, posso trazer algo para vocês comerem? Você deve estar com fome e Nicolas também. Já faz um tempinho que ele está aqui. – ela sorriu para ele.- Não, estou bem