– Eu juro, Angel... – ele avisa com raiva. – Eu juro que não quero ouvir sua voz até chegarmos à sua casa para você tentar me explicar essa merda toda.
Sua ordem me faz engolir em seco.Não olho para Biel durante todo o percurso, embora ache que vai nos matar a toda essa velocidade. Mas, se eu achava que as coisas não poderiam piorar, eu não deveria ter destrancado a porta de casa.Subo direto para o meu quarto e deixo que Gabriel feche a porta para não incomodar o silêncio mortal do resto da casa.– Vai. Explique, Angel! – ele cruza os braços. – Explique por que um cara queria agradecer a alegria de ter você para casar com o idiota do filho dele e que você concordou com isso! – sua ironia me esmaga.– Eu não concordei! – berro de volta. – Eu ia contar para você que meu pai fez a droga de um acordo para mantNão ficará nada bem. Nós não ficaremos bem....Acordo sentindo frio no braço. Ainda é madrugada e o frio que me atinge é porque Gabriel não está mais deitado ao meu lado. Ele está sentado de costas para mim.Está encurvado, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido entre as mãos, pensativo.Não posso dizer que sei como se sente. Embora eu seja obrigada a me casar, o causador disso seja meu próprio pai e eu tenha descoberto quase como Biel, não me senti como ele. Eu escondi a verdade dele, menti e, de certa forma, o iludi. Meu pai fez tudo isso comigo, porém é completamente diferente descobrir que seu pai mentiu para você e descobrir que sua namorada fez o mesmo.Eu mesma sou culpada pelo que aconteceu. Não pelo casamento em si, mas por perdê-lo dessa forma e por fazê
– De que lado você está? – questiono, mas ela bufa. Meu peito se aperta e não sinto mais vontade de comer. – Porque agora você fala como se eu realmente pudesse ser feliz num casamento arranjado e amar o pai do meu sobrinho, o mesmo cara que sempre vai pensar na minha irmã antes de pensar em mim e ela, por sua vez, sempre vai ter um pedaço dele para lembrar de tudo que eles tiveram. Acho que vocês não pensaram na possibilidade de eu não ter a mesma sorte que vocês têm de se gostar.Levanto-me e saio furiosa da presença deles antes que me vejam chorar. Assim que chego ao meu quarto, disco o número de Gabriel sem pensar duas vezes.– Precisamos conversar – é o que digo no segundo em que ele atende....– Oi – sorrio de canto assim que Gabriel abre a porta para mim.– Oi – ele respon
Meu celular começa a tocar e Thom o pega na minha bolsa, sem eu precisar pedir.– Obrigada – atendo a chamada assim que vejo o nome de Gabriel brilhar no ecrã. – Oi, amor – cumprimento cansada.– Angel, preciso conversar com você pessoalmente e o mais rápido possível – seu tom é sério e ansioso.Tenho um péssimo pressentimento que faz meu estômago revirar.– Eu estou no ensaio agora e ainda tenho mais meia hora. Posso ir para sua casa assim que sair daqui – explico, mordendo a unha.Gabriel fica em silêncio por uns segundos, mas então diz:– Tudo bem. Não demore. Até mais tarde.Antes mesmo de eu formular uma resposta, a chamada é encerrada. Olho para o celular só para ter certeza de que ele não está mais lá e bufo quando consto que desligou na minha cara.Deixo meu cel
Não me dou ao luxo de acordar mais tarde no sábado, uma vez que passei a noite em claro e não aguento nem mais um minuto na cama. Arrasto-me até a mesa do café e encontro meu pai conversando descontraidamente com Cris. O sorriso despreocupado da minha irmã desaparece quando vê o estado em que me encontro.– Bom dia – meu pai me oferece um sorriso de canto quando desabo no meu lugar habitual.Apenas balanço a cabeça para seu comentário e me sirvo de vitamina.– Por que você está assim, Angel? – Cristina me pergunta horrorizada e preocupada, mas não respondo.– Porque às vezes acontecem coisas que obrigam os casais a se separarem e a Angel está triste por isso – papai diz. Não consigo nem olhar para ele depois disso e perco o pouco apetite que tinha.– O Biel fez isso com ela? – os olhos dela se fixam em
– Precisamos decidir algumas coisas referentes ao casamento – minha mãe avisa com calma enquanto penteio o cabelo. Permaneço calada, sem alternativas quanto a responder, e ela continua. – Chamei o Guilherme para almoçar com a gente e acertar os detalhes. Então... – mamãe suspira. – É melhor você se arrumar. Não podemos demorar para sair.Respiro fundo, tentando manter a calma, e assinto.– Claro.Não demoro para me arrumar, mas, mesmo assim, minha mãe já está na sala esperando enquanto fico pronta. Imagino que os detalhes do casamento tenham a ver com a própria cerimônia, padrinhos e meu vestido. De qualquer maneira, não estou preparada para lidar com esse tipo de coisa agora.Guilherme e eu não conversamos sobre absolutamente nada, até porque ainda acredito que não vamos nos casar. Porém, enquanto
A noite cai e não tenho notícias de Gabriel. Tento ligar, mas seu celular parece desligado. Recebi o e-mail de minha mãe várioslinkse fotos de diferentes casas. Dei uma olhada breve, mas não cheguei a conversar com Guilherme, visto que ele acompanhou Junia a uma consulta e ela dormirá na casa dele.Desabo na cama e caio no sono mais rápido do que imaginei.Ao longo da semana, volto à rotina normal na academia: dar aula para crianças e ter minha própria aula.Essa é uma ótima forma de me distrair, exceto quando meufeedde notícias decide transbordar de matérias sobre Gabriel saindo todas as noites consecutivas dessa semana, bebendo e ficando com inúmeras garotas em sua companhia.Sei que só farei mal a mim mesma ao ler essas matérias para adolescentes, mas preciso de muito esforço para evitar. Essa &
Não no meu caso.Mamãe diz que vai nos ajudar até o ponto em que ajudarmos também. Guilherme está visivelmente cansado com essa situação, mas não sei se planeja algo para se livrar do casamento. Eu quero fazer, embora não faça ideia do que nem como.Mas não vou desistir.Por enquanto, se eu agir como se estivesse me rendendo, posso descobrir a fraqueza desse acordo.– Pode ser. Gostei também – copio olinkda página e colo na planilha. Analiso por um tempo os quatro endereços salvos e respiro fundo. Isso não pode ser real. – Guilherme? – chamo antes mesmo de perceber o que vou dizer. – Por que estamos escolhendo uma casa se não vamos morar nela?Sinto o peso do olhar dele sobre mim e só busco olhá-lo muitos segundos mais tarde. Ele não responde. Não de imediato, pelo menos
– Mas... – Cristina não consegue terminar de falar, pois já saí da sala.Encontro Junia apoiada na pia e sei que está nervosa. Deixo meu prato ali, respiro fundo e toco seu ombro, mas ela se afasta.– Você já tem vestido – percebo que minha irmã está chorando. – Você já tem um vestido lindo – ela me encara com raiva.– Eu não... – tento pensar em algo que faça sentido. Mas adivinha? Nada.– Você não o quê, Angel? Você não sabia que toda noiva precisa de um vestido? – ela eleva o tom. – Ou não sabia que o Max já estava fazendo seu vestido? Fale sério! Você e o Guilherme estavam escolhendo uma casa hoje de manhã! O que mais vocês planejaram?– Gen, eu não quero vestido nenhum, casa nenhuma, muito menos esse casamento! – defen