Fico paralisada ao mesmo tempo em que agarro os pulsos de Gabriel com toda a minha força. A sensação de pânico me faz querer chorar. Por isso me agarro ao meu namorado.
— Calma. Respire — ele diz calmamente, ao me aconchega em seu peito. Ouço seus batimentos cardíacos tranquilos e agarro sua cintura. Dou um grunhido ao escutar mais um estrondoso trovão. — Shh... — Biel acaricia minha cabeça.Tento me concentrar no som do coração do meu namorado e ignorar a chuva que bate forte contra o telhado.Não tenho medo de chuva, até porque Londres e Paris devem ser os lugares mais chuvosos da face da Terra. O problema é que aceito uma inofensiva garoa fina numa boa, ao passo que odeio ter que ouvir trovões e olhar os raios iluminando o quarto escuro. Já perdi as contas de quantas vezes corri para a cama dos meus pais, desde pequena, quando os trov&otilNão como nada no café da manhã. Só minha vitamina já consegue embrulhar meu estômago. Gen também não fala muito e decide me ignorar completamente, enquanto conversa com a mamãe. Cris é a única que sorri o tempo todo, principalmente porque Peyton assou fornadas de cookies por causa do aniversário de Junia e a garotinha não parou de comer até agora.– Ok, o que aconteceu com vocês duas? – mamãe pergunta diretamente para mim depois que Gen sai da mesa.Penso muito bem no que responder antes de abrir a boca e encaro a ruiva à minha frente. Não cabe a mim contar o motivo da briga.– A gente só discutiu. Vai ficar tudo bem.Saio da sala de jantar e subo para o meu quarto, pronta para pegar minha bolsa e ir para a Academia dar aula de dança para crianças....Passo p
– Angel de Oliveira – ele vai fazer. Biel tira uma caixinha do bolso. Ele vai. Meu coração quase explode no peito de tão acelerado. Senhor, ajude-me! – Eu sei que você prefere que nossos melhores momentos aconteçam quando estamos só nós dois. Por isso achei que agora seria o melhor momento – calor. Estou com muito calor. – Desculpe não poder ajoelhar, mas... Você aceita ser a futura senhora O'Connor?Incrédula, fico olhando para aqueles olhos castanhos boquiaberta, procurando algum sinal de brincadeira ou qualquer coisa do gênero. O anel dentro da caixinha preta é lindo, todo cravejado. Sinto a maçã-do-amor revirar na minha barriga, então minha ficha cai. Preciso responder alguma coisa. Em vez disso, começo a rir de desespero.– Claro que quero, Gabriel! Não me assuste mais, pelo amor de Deus! – percebo que estou trem
— Angel, eu estou tentando ajudar — ela tenta tocar meu ombro, mas recuo novamente por pura raiva.— Pare! — grito. — Não preciso da sua ajuda. Eu sei o que estou fazendo!— Quando você estiver chorando por não ter alternativas, me agradecerá por ter avisado.— Eu não vou deixar o Gabriel! Vamos nos casar e ninguém vai impedir — as lágrimas que tentei segurar escorrem quentes pela minha bochecha. — Qual o problema em ficar feliz por mim uma única vez?— Nenhum! Mas eu sei do que estou falando, Angel! Eu não vou poder protegê-la da verdade para sempre! — minha mãe continua dura, mas sei que está tentando se conter para não desabar aqui mesmo. — O que você decidir agora vai mudar a minha vida também.Essas palavras chegam aos meus ouvidos como se fossem um tapa da realidade. Eu nunca ouvi
Enquanto passo pelo corredor para chegar ao meu quarto, ouço a voz de minha mãe atravessando a porta:— E você acha que eu quero que minhas filhas passem por isso?!— Fale baixo, Viviana! — papai a repreende e não ouço mais nada.Tenho vontade de invadir o quarto e mandá-los ficar quietos. Gostaria de saber que raio de segredo é esse que eles estão escondendo, mas, nesse momento, não posso fazer dessa briga minha prioridade.Entro de uma vez no meu quarto e já ligo para Gabriel.— Você não está bem, né, princesa? — ele questiona depois que eu o cumprimento.— As coisas aqui em casa não estão bem desde... — solto todo o ar preso em meus pulmões e agarro meu travesseiro.— Desde que noivamos — Biel completa. Prendo a respiração.Sei que ele sabe que essa é
— Justo — ela põe a mão sobre a barriga bem saliente e toma seu suco natural.— Cuidado, Biel — o guitarrista de topetinho avisa. — Você ainda tem tempo para fugir. Só não vale largar no altar.— Está doido? Só com uma explicação muito boa para me deixar depois desses anos todos — retruco.— Ah, é? — Gabriel enrosca seus dedos nos meus.— Sim. Se você começasse com graça, eu o faria engolir esse anel.— Que violência. Meu filho não pode ouvir isso — Alicia brinca, fazendo-me rir....Destranco a porta de casa e o aroma de café da manhã chega aqui.— Ele não pode fazer isso comigo! — a voz de Junia está alterada de uma forma que nunca ouvi antes, mas sem dúvida é ela. A raiva é mi
– De novo! – Rachel grita e volta alguns segundos da música.Respiro fundo ao me afastar novamente de Henrique. Não estou com muita paciência para fazer trezentas vezes a mesma coisa, porém é exatamente o que minha professora quer que façamos.Suor escorre pela minha cabeça até a nuca e reforço o meu rabo de cavalo, prendendo bem cada fio de cabelo. Tenho certeza de que estou vermelha e que Henrique percebeu que há algo errado.Para ajudar a lidar com todo o estresse, a voz de Leona Lewis me faz ter mais raiva ainda. Não sei ao certo como me sentir. Só sei que é algo como fúria, descontentamento, tristeza e medo. Estou com muita vontade de gritar.Movo o meu corpo, marcando bem cada movimento, da mesma forma que vi Viviana fazer noites atrás. Movimento-me em perfeita sincronia com meu parceiro até que a letra da música me faz paralisar
Por isso desabafo:– Só que, se ele acha, e ele nos acompanha de perto, por que outras pessoas não pensariam? Por que você não pensaria, se nem ao meu pai eu consigo convencer?– Porque, se eu pensasse isso de você, nós não estaríamos aqui agora tendo essa conversa. Se eu pensasse isso de você, a gente não teria essas alianças no dedo – ele alcança minha mão para apertá-la suavemente. – Angel, se eu sequer suspeitasse de uma coisa dessas, não existiria um “nós”.– Acho bom. Porque eu te amo mesmo e, se você não acreditasse, eu iria ficar extremamente chateada. E sabe o quanto eu odeio ficar chatead. – seu riso nasalado toca minha bochecha. Apesar de todas as suas palavras de consolo, ainda sinto que preciso de mais.Preciso de mais não porque não acredito nele. Preciso de mais porqu
Como é que duas crianças se conhecem e são condicionadas a pensar: “Ah, vou passar minha vida toda com você”?! Isso é ridículo.– E você queria isso? – indago, intrigada demais para pensar em qualquer outra coisa.– Não posso dizer que queria, porque ninguém com nove anos de idade entende o que se casar realmente quer dizer, mas eu não tinha opção. Eu não via isso como algo ruim. Olhe, seu pai sempre me tratou muito bem, não importa o que acontecesse. Quando a gente era mais jovem, eu gostava de passar tempo com ele. Sentia que ele ia para a França só para me ver, o que não era verdade, mas na nossa imaginação era. Seu avô ia para a França a cada seis meses. Eu marcava no calendário quando iria ver seu pai de novo – ela sorri com a lembrança, olhando para nada em especial. Até