O nervosismo era nítido no momento em que parei na frente da nova casa, onde eu e mais três pessoas que faziam toda a diferença na minha vida, morávamos. Qual seria a reação dele ao olhar para Miguel, que era a sua versão em miniatura? Vários sentimentos passaram pelo meu corpo, mas o do medo se alojou no coração. Eu olhava para Blaine e me perguntava se ele gostaria de saber que tinha um filho, a concretização do amor que sentia por ele, parado em sua frente.
— Parece ser uma ótima casa — observou.
— Digamos que ela corresponde a minha necessidade... — falei sem jeito. Claro que a casa correspondia. Miguel podia ser meu filho, mas quando ele começava a bagunçar com os tios, ela se tornava minúscula. O estrago era certo, e a minha dor de cabeça mais ainda. — Sente aqui. Já volto... — obediente, meu ogro rom&aci
No Céu, Raphael me falou de como o amor dos humanos poderia mudar qualquer ser, fosse ele celeste ou não. Até o nosso irmão Lúcifer havia mudado por causa dos humanos, mas por motivos medonhos. Que era por isso que o nosso Pai os amava tanto. Eu fui alertado para focar apenas na missão, e falhei em me manter longe dela.E então a batalha no Céu começou, e despenquei de lá para impedir que o anticristo fosse gerado. A humana responsável teria que ser morta.Blaine Wayne Carter nasceu no dia 23 de julho de 1989 na cidade de Oklahoma. Seus pais morreram em um acidente de avião, sete anos depois do seu nascimento. Família rica, com vários investimentos e aplicações em bancos. Tivera uma banda na adolescência, mas nada muito sério na juventude. Ele não precisaria trabalhar pelo resto da vida. Sua última aventura foi saltar de paraquedas,
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Quando tudo aconteceu, eu não esperava que aquilo me abalasse tanto. Eu continuei trabalhando, seguindo a minha vida e tentando esquecer o que havia ocorrido. Deixei de ir à Universidade para ficar atrás de um balcão servindo café e recebendo gorjetas de alguns clientes, alguns não tão simpáticos.Não era fácil, mas eu tentava. Tentava mesmo.Mas aí ele apareceu. Por um instante, eu achei que não seria possível um homem como ele olhar para mim. Não que eu fosse feia, ou boba, nada disso. Eu tinha minha autoestima elevada e sempre me achei muita areia para o caminhão de qualquer homem de Harlingen, uma bela cidade do Texas, de onde vi todos saírem e somente eu ficar para trás. Ele também se foi, assim como os outros; não Blaine, ele. Aquele que era para me apoiar, mas nada fez no momento mais difícil da minha vida. Por isso, eu tinh
A parte mais difícil da manhã era ter que me levantar para ir trabalhar. E apenas pelo fato de não querer olhar para a cara dele. Minha noite tinha sido um completo inferno, e a culpa era toda dele. Ainda sonolenta, me espreguicei tentando despertar mais um pouco e me levantei da cama, seguindo lentamente para o banheiro.Eu estava horrível. Olheiras e um aspecto cansado tomava conta do meu semblante. Nem toda maquiagem do mundo salvaria aquele desastre. Assim que tomei meu banho, vesti meu uniforme e dei um jeito na juba, amarrando-a em um coque e enfeitando com um laço cor-de-rosa.Eu estava na mais santa paz, saindo da minha residência e tentando fechar a maldita da minha porta, quando escutei a sua voz.— Bonito laço, vizinha...— juro que tentei respirar. Meus olhos se fecharam automaticamente, enquanto eu tomava coragem para me virar e olhar para ele.— Blaine...— finalmente cons
Não estava tudo totalmente escuro enquanto eu caminhava pelo corredor; no final dele havia uma porta entreaberta. Flashes de luzes azuis e avermelhadas saíam pela abertura, e tudo que eu sentia era um arrepio de medo. Por algum motivo eu não conseguia me distanciar dali e ir embora. Pude ouvir gritos, mas estavam distantes de mim. Assim que abri a porta, vi o que realmente eram as luzes. De repente eu estava do lado de fora de uma casa que nunca tinha visto na vida, e precisei proteger meus olhos contra o ardor que as luzes lhes causavam. Com muita determinação olhei para o céu e vi bolas de fogo se chocarem. O que saíam delas não era apenas luzes, mas sim fogo. Labaredas azuladas, tomando conta de uma bola de fogo avermelhada. Em segundos, após tomar conta, algo foi lançado do céu. O fogo azul foi ficando mais brando e começou a descer rapidamente, enquanto eu corria na direçã
Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho quente e tentar esquecer tudo. Se Gabby achava que voltaria à cidade e encontraria a mesma Lilith, se enganou. Os dois anos serviram para amadurecer a ideia de que ele tinha sido o erro que toda garota tem, antes de achar o seu “Acertei”. Eu respeitava muito os pais dele, no entanto, isso não significaria que eu seria bacana com ele também. Uma hora depois do banho, eu estava sentada no sofá da minha minúscula sala quando o telefone tocou.— Como foi o seu dia hoje, minha flor? — suspirei aliviada por ser meu amigo Gregg.— Terrível — contei a ele o problema de Joe, e assim como eu, ficou muito triste com a notícia. — Eu mesma fiquei sem chão. Fico imaginando tudo o que o Joe está sentindo e tentando esconder dela. Um amor assim, mesmo com a doença, é algo muito raro...—
Eu corria desesperada pela floresta escura. Meus pulmões estamos doloridos devido ao esforço que eu estava fazendo. A terra úmida nos meus pés era resultado da chuva tempestuosa que caía. O caminho era estreito; eu mal podia ver um palmo a minha frente e, mesmo assim, continuei a correr. Se eu não o fizesse, ele iria me alcançar e tudo estaria perdido. O medo tinha tomado conta do meu corpo, enquanto eu fugia para o mais longe possível. Não podia pedir socorro, afinal, quem escutaria meu grito no meio do nada? Ninguém.Às lágrimas se misturavam a água da chuva, que escorria pelo meu corpo. Tenho certeza que tinha sangue escorrendo no braço, resultado da queda que sofri ao despencar de um barranco. Não sei por que ele me perseguia, mas sabia que precisava fugir.No meio do caminho tropecei em algo e gritei com a dor. Não bastava eu ter me arrebentado no barran
Parei para refletir um pouco sobre tudo. Entender quem Blaine era na verdade não estava sendo fácil, e Deus sabe que eu estava tentando compreendê-lo. Acho que ele era aquele tipo de homem que guarda os sentimentos para si, e só se abre quando é realmente necessário. E parecia que tinha baixado a guarda para mim, me mostrando um lado que eu jamais cogitaria que tivesse. Lá no fundo, eu sabia que ele era o mesmo cara bruto que entrou no café naquela manhã. Só estava feliz por ele estar apaixonado por mim. Ainda não sabia até onde aquilo tudo iria nos levar, mas estava gostando do rumo que as coisas estavam tomando.— Fui ao hospital hoje... — falei mudando de assunto.— Como Joe está?— Acho que não quero pensar muito na dor que ele deve sentir, Gregg.— Eu entendo — meu amigo assentiu para mim, me oferecendo um sorriso de co