Não podia acreditar no que eu tinha acabado de escutar. Tinha que ser uma piada de muito mau gosto da parte dele. Dois anos depois ele me vem com essa? Queria confrontá-lo, mas não era o local certo. Eu sabia que se falasse algo para Gregg, ele seria o primeiro a enfiar um soco na cara daquele desgraçado. Seja lá o que Gabriel tivesse em mente, eu não daria confiança para ele.
Respirei fundo, buscando forças para não desistir de tudo. Afinal, Kate precisava de mim naquele momento tão difícil. Minha manhã se resumiu a falar apenas o essencial com Gabby. Graças a Deus ele não tentou nenhum tipo de aproximação física ou seria capaz de perder o controle. Seis horas depois, eu estava fazendo a contagem de estoque e ele contabilizando o que tinha faturado no dia. Assim que deu o meu horário, tirei o meu avental e corri para pegar a minha bolsa
A sensação de frio percorreu meu corpo, devido à pouca roupa que estava usando. Senti que a qualquer momento o ar me faltaria; parecia que eu havia corrido por horas e agora estava sufocando. Alguma coisa estava errada; não era apenas o medo atravessando o meu corpo, algo dentro de mim me falava que não era para eu estar naquele lugar. A floresta era iluminada apenas pela luz do luar e, para onde eu olhasse, não se via nada além de árvores e arbustos.— Você tem que tomar uma decisão — disse uma voz masculina e rouca. Automaticamente me escondi dentro de um arbusto espinhoso, sentindo minha pele ser arranhada, sufocando o gemido de dor.— Não — a voz que respondeu eu conhecia. Me inclinei devagar para não fazer barulho, olhando entre as folhas para tentar enxergar algo, mas não consegui.— Irmão, sabemos o quanto é perigoso retard
Às nove horas em ponto a campainha tocou. Eu já tinha colocado o meu vestido azul decotado e bem marcado na cintura, que se ajustava bem ao meu corpo. Não era curto, ia apenas até dois dedos acima do joelho, alongando o meu corpo com a ajuda de um scarpin vermelho de salto bem alto. O ruim de ser baixinha é que você tem que maltratar seus pés com saltos como aqueles; valia a pena, mas os calos não. Fechei os olhos, parada de frente para a porta e respirei fundo antes de a abrir. Não poderia deixar que o que tinha acontecido com Gabriel prejudicasse a minha noite com os rapazes, e nem com Blaine.— Uau! — elogiou Blaine assim que abri a porta para ele. Seu olhar percorreu o meu corpo, e por algum motivo, aquilo me deixou com vergonha. — Eu tenho uma namorada muito gostosa. — sorriu, vindo na minha direção, me pegando pela cintura e suspendendo meu corpo co
A dor da despedida é um sentimento forte que nos consome por inteiro.Depois do velório de Joe, não apareci no café para ver mais ninguém. Não queria mais fazer parte de nada. Os únicos que me faziam companhia eram Blaine, Gregg e Mike. Não saí de casa por uma semana inteira. Só a ideia de comer uma torta já me deixava deprimida. Sabe, uma hora a dor passa, porém, quando a lembrança volta, os sentimentos que estavam guardados voltam duas vezes pior. Talvez eu não sentisse o mesmo se um dia perdesse o meu pai, o que parecia muito cruel da minha parte, mas era a pura verdade. O senhor Noah Chandler não era bem o pai do ano, e nem vou falar da minha mãe, que por sinal podia ser pior que ele. Os dois são religiosos fanáticos e me davam nos nervos todas as vezes em que os visitava, e isso não acontecia muito.“Vamos sair?” –
No momento em que cheguei ao bar, vi o quanto tudo era diferente. Quando eu tinha vindo pela manhã, era calmo e podia se ver apenas a movimentação do pessoal que trabalhava lá. Mas agora tudo estava movimentado, cheio de pessoas conversando, rindo e bebendo. O Aza era algo mais sofisticado do que de costume, e Harlingen não tinha coisas do tipo: bar com lustres e bancada de madeira chique.— Você deve ser a nova garçonete, acertei? — o homem que me encarava era de uma extrema beleza. O tom de pele amendoado era de chamar atenção, sem falar no resto.— Desculpe… — franzi o cenho para ele sem entender quem era. Afinal, quando eu passei no bar à tarde, não tinha sido ele quem havia me atendido.— Aza — se apresentou, estirando a mão para me cumprimentar.— O chefe. — brinquei, o cumprimentando também.—
Blaine com relação ao que aconteceu na cozinha do café. Não era nada normal ver lâmpadas explodindo, com faíscas em forma de cascatas. O medo que eu sentia, de ter ficado louca de repente, me fez pensar várias vezes antes de sair pela porta do carro e confrontar Blaine. Que tipo de homem normal suspende outro daquela forma? Bom, eu sabia que ele tinha força, mas não achei que fosse tanta assim.— Quer que eu fique aqui com você? — Gregg perguntou assim que Mike parou o carro na frente da minha casa.— Não precisa... — suspirei, mas, na verdade, era o que eu desejava.Queria contar para o meu amigo tudo o que havia realmente acontecido naquela madrugada. Porém, se eu falasse e ele me chamasse de louca? Quem não me acharia doida, se eu contasse algo tão absurdo?— Tem certeza? — ele arqueou a sobrancelha para mim.&mdash
Eu mal podia me conter de felicidade. Bom, agora eu sabia mesmo que ele era ainda mais especial. Deitada ao lado dele, olhando para como ele respirava, me vi sorrir como uma adolescente apaixonada. Tudo antes dele se tornou vazio e completamente sem interesse. Claro, eu já sabia, assim que o vi pela primeira vez, que ele não pertencia à classe dos homens de Harlingen, ou a qualquer outra classe do planeta.O problema era que o sol surgiu e eu não preguei os olhos um instante sequer, esperando-o acordar para me contar mais sobre o que ele quis dizer com o “eu estou aqui por você”. A ansiedade me consumia por dentro. E se tem algo que mulher não consegue controlar é a tal da agonia quando bate. Eu pensei em acordá-lo, mas achei que seria demais até para mim.— Você não vai dormir? — ralhou ele de olhos fechados, me assustando um pouco.— Não sou obrigada
Assim que terminei de me arrumar para ir ao trabalho, decidi que deveria visitar Kate, que ainda estava no hospital com Gabriel. Queria perguntar, olhando em seus olhos, se tudo não tinha passado de uma armação dos dois. O peso de desgosto antecipado que isso causava me deixava ainda mais angustiada.— Tem certeza que quer ir lá sozinha? — Blaine estava atrás de mim, me envolvendo em seus braços e beijando o meu pescoço.— Preciso conversar com ela — suspirei, segurando suas mãos enquanto encarava o nosso reflexo no espelho.— Vou estar esperando você do lado de fora — prometeu; nosso olhar se encontrou e ficamos em silêncio.— Promete que sempre vai ficar ao meu lado... — pedi com uma tristeza inexplicável e repentina.— Tudo o que você quiser, meu anjo.Andei pelo c
Desisti de insistir em ligar para Blaine me buscar na terceira tentativa. A sensação de que ele precisava de mim bateu em cheio e não conseguia tirar isso da minha mente enquanto seguia caminhando. Não estava me importando muito com o fato de não ter uma viva alma na rua, apenas queria chegar na casa dele e ter certeza de que tudo se encontrava na mais santa paz.Assim que cheguei na frente da casa de Blaine um arrepio tomou conta do meu corpo. A porta da casa estava aberta, com os vidros das janelas quebrados e um rastro de sangue se seguia na entrada. Sei que parecia loucura, e que eu deveria ter ligado para a polícia, mas a curiosidade, e ao mesmo tempo o medo de que o meu pressentimento estivesse certo, me chamou para abrir aquela porta. Tudo na casa dele estava revirado. Levando a mão até a boca, senti o meu estômago embrulhar. Se eu estava com medo, naquele momento, tudo se transformou em algo m