A dor da despedida é um sentimento forte que nos consome por inteiro.
Depois do velório de Joe, não apareci no café para ver mais ninguém. Não queria mais fazer parte de nada. Os únicos que me faziam companhia eram Blaine, Gregg e Mike. Não saí de casa por uma semana inteira. Só a ideia de comer uma torta já me deixava deprimida. Sabe, uma hora a dor passa, porém, quando a lembrança volta, os sentimentos que estavam guardados voltam duas vezes pior. Talvez eu não sentisse o mesmo se um dia perdesse o meu pai, o que parecia muito cruel da minha parte, mas era a pura verdade. O senhor Noah Chandler não era bem o pai do ano, e nem vou falar da minha mãe, que por sinal podia ser pior que ele. Os dois são religiosos fanáticos e me davam nos nervos todas as vezes em que os visitava, e isso não acontecia muito.
“Vamos sair?” –
No momento em que cheguei ao bar, vi o quanto tudo era diferente. Quando eu tinha vindo pela manhã, era calmo e podia se ver apenas a movimentação do pessoal que trabalhava lá. Mas agora tudo estava movimentado, cheio de pessoas conversando, rindo e bebendo. O Aza era algo mais sofisticado do que de costume, e Harlingen não tinha coisas do tipo: bar com lustres e bancada de madeira chique.— Você deve ser a nova garçonete, acertei? — o homem que me encarava era de uma extrema beleza. O tom de pele amendoado era de chamar atenção, sem falar no resto.— Desculpe… — franzi o cenho para ele sem entender quem era. Afinal, quando eu passei no bar à tarde, não tinha sido ele quem havia me atendido.— Aza — se apresentou, estirando a mão para me cumprimentar.— O chefe. — brinquei, o cumprimentando também.—
Blaine com relação ao que aconteceu na cozinha do café. Não era nada normal ver lâmpadas explodindo, com faíscas em forma de cascatas. O medo que eu sentia, de ter ficado louca de repente, me fez pensar várias vezes antes de sair pela porta do carro e confrontar Blaine. Que tipo de homem normal suspende outro daquela forma? Bom, eu sabia que ele tinha força, mas não achei que fosse tanta assim.— Quer que eu fique aqui com você? — Gregg perguntou assim que Mike parou o carro na frente da minha casa.— Não precisa... — suspirei, mas, na verdade, era o que eu desejava.Queria contar para o meu amigo tudo o que havia realmente acontecido naquela madrugada. Porém, se eu falasse e ele me chamasse de louca? Quem não me acharia doida, se eu contasse algo tão absurdo?— Tem certeza? — ele arqueou a sobrancelha para mim.&mdash
Eu mal podia me conter de felicidade. Bom, agora eu sabia mesmo que ele era ainda mais especial. Deitada ao lado dele, olhando para como ele respirava, me vi sorrir como uma adolescente apaixonada. Tudo antes dele se tornou vazio e completamente sem interesse. Claro, eu já sabia, assim que o vi pela primeira vez, que ele não pertencia à classe dos homens de Harlingen, ou a qualquer outra classe do planeta.O problema era que o sol surgiu e eu não preguei os olhos um instante sequer, esperando-o acordar para me contar mais sobre o que ele quis dizer com o “eu estou aqui por você”. A ansiedade me consumia por dentro. E se tem algo que mulher não consegue controlar é a tal da agonia quando bate. Eu pensei em acordá-lo, mas achei que seria demais até para mim.— Você não vai dormir? — ralhou ele de olhos fechados, me assustando um pouco.— Não sou obrigada
Assim que terminei de me arrumar para ir ao trabalho, decidi que deveria visitar Kate, que ainda estava no hospital com Gabriel. Queria perguntar, olhando em seus olhos, se tudo não tinha passado de uma armação dos dois. O peso de desgosto antecipado que isso causava me deixava ainda mais angustiada.— Tem certeza que quer ir lá sozinha? — Blaine estava atrás de mim, me envolvendo em seus braços e beijando o meu pescoço.— Preciso conversar com ela — suspirei, segurando suas mãos enquanto encarava o nosso reflexo no espelho.— Vou estar esperando você do lado de fora — prometeu; nosso olhar se encontrou e ficamos em silêncio.— Promete que sempre vai ficar ao meu lado... — pedi com uma tristeza inexplicável e repentina.— Tudo o que você quiser, meu anjo.Andei pelo c
Desisti de insistir em ligar para Blaine me buscar na terceira tentativa. A sensação de que ele precisava de mim bateu em cheio e não conseguia tirar isso da minha mente enquanto seguia caminhando. Não estava me importando muito com o fato de não ter uma viva alma na rua, apenas queria chegar na casa dele e ter certeza de que tudo se encontrava na mais santa paz.Assim que cheguei na frente da casa de Blaine um arrepio tomou conta do meu corpo. A porta da casa estava aberta, com os vidros das janelas quebrados e um rastro de sangue se seguia na entrada. Sei que parecia loucura, e que eu deveria ter ligado para a polícia, mas a curiosidade, e ao mesmo tempo o medo de que o meu pressentimento estivesse certo, me chamou para abrir aquela porta. Tudo na casa dele estava revirado. Levando a mão até a boca, senti o meu estômago embrulhar. Se eu estava com medo, naquele momento, tudo se transformou em algo m
No instante em que fechei os olhos, eu soube que nada seria como antes. Imaginei como conseguiriam vencer aquela batalha, e mesmo confiando que o bem sempre vence o mal, o medo brotou dentro de mim. O medo de perder aquele que tinha se tornado não só parte da minha vida, como também parte da minha alma. O mais assustador foi saber que ele teria me matado se não tivesse se apaixonado por mim.De repente um som agudo atravessou os meus tímpanos, causando uma dor tão grande, que gritei a plenos pulmões. Só poderia ser Blaine curando os ferimentos de Gregg. De que outra forma eu explicaria aquele som ensurdecedor?— Lili?! — eu consegui escutar quando o som agudo diminuiu. — Abra os olhos.— Blaine — não era mais Gabriel que me segurava nos braços, mas sim o meu namorado. Quando abri os olhos, vi o quão devastador poderia ser o seu poder. Boa part
“Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. E o Dragão lutou, junto com seus anjos, mas foram derrotados e expulsos do céu. E o enorme Dragão, a antiga serpente, o diabo ou Satanás, como é chamado, o sedutor do mundo inteiro, foi lançado sobre a terra, e seus anjos foram lançados junto com ele.” Apocalipse 12, 7-9Blaine havia me falado que era melhor a cidade não saber o que estava acontecendo. Se a esperança fosse algo distante, ele não queria que perdessem a única coisa que eles tinham: a fé.A batalha aconteceria ali mesmo na cidade, e não importava se ficássemos. De nada ia adiantar desejar fugir; no fim, tudo se resumiria a pó.— Precisamos da espada... — falou Gabriel enquanto voltávamos para minha casa.— Raphael ficou encarregado de buscar a Excalibur — como assim? A espada do rei Arthur?Olhei para os dois na minha frente e fiquei sem saber o que falar. Sabia que a Excalibur era apenas história contada ao l
Gabriel lançou-se no ar com um salto e suas asas prateadas surgiram como se fosse um passe de mágica, se abrindo e voando. Nas suas mãos surgiram uma espada em cada, com fogo se espalhando por toda a extensão de cada uma. O fogo cor de vinho que saía delas era impressionante, mas também mortal. Aquela batalha estava apenas começando contra Gadrel. Seu corpo era habilidoso, contra-atacando um dos caídos mais poderosos de Lúcifer. Raphael também se jogou no ar, abrindo suas asas para começar a batalha. As estrelas ainda caíam do céu e vários demônios surgiam. Anjos se defendiam com as suas asas, usando as pontas com lâminas fatais. Os demônios usavam suas espadas e vi muitos se darem bem em seus ataques. Eu sabia o porquê de ele estar me defendendo: ele também me amava. Meus olhos se encheram de lágrimas. Aquelas lágrimas que eu não quer