Matondo O Canadá era exatamente como eu imaginava: uma paisagem de tirar o fôlego. As árvores estavam pintadas em tons de vermelho, laranja e amarelo, já que o outono dominava o cenário. O ar era fresco e puro, e as folhas caídas no chão pareciam um tapete natural. Justin estava radiante enquanto dirigia pela estrada tranquila rumo à casa de sua avó, localizada em uma cidadezinha pitoresca perto de Ontario. Ele mencionou que a família costumava se reunir ali uma vez por ano e que aquele era um lugar muito especial para ele. Mas o que ele não contou foi o quão grande e impressionante seria a casa. Ao chegarmos, me deparei com uma mansão encantadora, de estilo colonial, com sua fachada branca e detalhes em madeira escura. Era imensa, mas acolhedora ao mesmo tempo. Um jardim vasto e bem cuidado cercava a casa, com flores vibrantes mesmo na estação fria. O parque ao lado parecia convidativo, com trilhas que serpenteavam entre árvores altas. No fundo da propriedade, havia uma fazenda
MatondoEu e Justin voktamos daquele lugar maravilhoso e estávamos deitados na rede novamente. O cheiro da grama fresca misturado ao aroma sutil das flores que cercavam o jardim criava uma atmosfera encantadora. A luz suave das lanternas iluminava o espaço com um brilho acolhedor, enquanto as estrelas brilhavam acima de nós.Ele estava deitado ao meu lado, sua mão brincando com uma mecha do meu cabelo enquanto trocávamos sorrisos e carícias. Era um daqueles momentos perfeitos que pareciam saídos de um sonho.— Sabe, Matondo, eu poderia ficar aqui com você para sempre. — Ele disse, com os olhos brilhando ao me olhar.Antes que pudesse responder, Clarice irrompeu na tenda com sua energia de sempre, segurando uma bandeja de comida.— Desculpem interromper o romance de vocês, mas, Matondo, percebi que você não comeu nada desde que chegou. Então, trouxe algo para você. — Disse ela, entregando-me a bandeja enquanto olhava de relance para Justin. — E você, Justin, por que não cuidou disso?—
Matondo Os primeiros raios de sol invadiam o quarto, esgueirando-se pelas cortinas entreabertas e aquecendo meu rosto. Ainda de olhos fechados, sentia o conforto das cobertas macias e a calma do ambiente. De repente, um sussurro inesperado ecoou nos meus ouvidos: — Bom dia, dorminhoca! Abri os olhos assustada e virei bruscamente, só para ver Clarice curvada ao lado da minha cama, um sorriso travesso no rosto. No entanto, o movimento abrupto me fez perder o equilíbrio e cair da cama com um baque surdo. — Ai! — Exclamei, sentindo meu corpo contra o chão frio. Clarice caiu na gargalhada, quase dobrando-se de tanto rir. — Não acredito que você caiu da cama! Matondo, você é única! — Disse, enquanto enxugava as lágrimas de tanto rir. — Você tem um jeito curioso de desejar bom dia às pessoas, sabia? — Retruquei, rindo enquanto me levantava. — É para garantir que você nunca me esqueça. Agora vamos, a casa já está movimentada, e a vovó preparou um café da manhã digno de reis. Me higie
Justin Já passava do meio-dia quando Clarice e Matondo finalmente voltaram para casa. Eu estava na sala, ainda com as roupas de ginásio, enquanto descansava depois de uma sessão de treino. Assim que as vi entrar pela porta, senti um misto de alívio e curiosidade. — Onde vocês estavam? — Perguntei, caminhando até elas. Matondo, com um sorriso que derretia qualquer mau humor, veio na minha direção e me deu um beijo suave antes de responder: — Fomos fazer uma trilha pelo parque e depois paramos em um campo de flores. Clarice quis me mostrar o lugar onde seu avô costumava contar histórias. Observei as duas, os rostos corados pela caminhada e os olhos brilhando de animação. Clarice, como sempre, aproveitou a oportunidade para me provocar. — Relaxa, Justin. Eu cuidei bem dela! Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir. Era bom ver Matondo se integrando, ainda que eu não pudesse esquecer o episódio desconfortável do café da manhã. Epifania, minha prima, foi longe demais com aque
MatondoNunca havia andado de cavalo antes. Só a ideia de me aproximar deles me deixava nervosa. Eu tinha medo de que algum cavalo se irritasse comigo ou que, de alguma forma, eu caísse. Quando Justin me convidou para essa experiência, quase recusei, mas algo no olhar dele me encorajou. Afinal, era importante para ele.O capataz trouxe uma égua lindíssima, com uma pelagem branca cintilante e olhos gentis. Fiquei parada, admirando o animal, mas também sentindo um misto de fascinação e receio.— Ela se chama Serenata — disse o capataz, com um sorriso. — É uma égua muito calma, perfeita para iniciantes.Justin deu um passo à frente, tentando me tranquilizar.— Amor, ela é tão doce quanto parece. Confie em mim.Quando estendi a mão para tocá-la, Serenata relinchou de leve e me assustei, dando um passo para trás.— Está tudo bem. Ela só está curiosa sobre você — disse o capataz.Respirei fundo e tentei novamente. Dessa vez, Serenata não se moveu. Assim que meus dedos tocaram sua crina maci
JustinSaí do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, o vapor quente ainda preenchendo o ar do quarto. Estava distraído, pensando no jantar e em Matondo, quando um vulto na cama chamou minha atenção. Meu coração quase parou ao ver Epifania sentada ali, como se aquele fosse o lugar mais natural do mundo para ela.— O que fazes aqui? — perguntei, tentando conter o tom de irritação e surpresa na voz.Ela se levantou devagar, com aquele ar malicioso que sempre carregava. Seus olhos encontraram os meus enquanto caminhava até mim.— Vim relembrar os velhos tempos — disse ela, sua voz soando como um sussurro. — Lembra quando nos encontrávamos às escondidas para brincar sempre que vínhamos aqui?Sua mão subiu lentamente, brincando com a ponta da toalha amarrada na minha cintura. Instintivamente, segurei o pulso dela e tirei sua mão dali.— Para com isso, Epifania. Vai embora antes que alguém te encontre aqui... ou pior, antes que a Matondo te encontre aqui. O que existia entre nós morr
Capítulo – Narrado por Justin Depois do jantar, a casa começou a silenciar. Os empregados recolhiam os pratos, as risadas e histórias contadas durante a refeição dissipavam-se pelo ar como ecos. Fiquei um tempo sentado à mesa, observando Matondo conversar animadamente com minha avó sobre a receita que tinham preparado juntas. Ver aquelas duas interagirem aquecia meu coração, mas também trazia um pensamento incômodo: Epifania. Ela era uma tempestade que não se contentava em passar despercebida. O beijo roubado mais cedo ainda queimava na minha mente, não pelo gesto em si, mas pelas possíveis consequências. Eu sabia que ela não era alguém que desistia fácil, e sua presença ali só complicava ainda mais tudo. Vi Matondo, Clarice e minha avó indo para sala levantei-me, anunciando que precisava tomar um pouco de ar, e fui para o terraço. O céu estava claro, cravejado de estrelas. O ar fresco parecia aliviar o peso que vinha carregando desde que chegara àquela casa. Contudo, a calmar
Justin O sol estava se pondo, tingindo o céu de tons dourados e rosados enquanto eu ajustava os últimos detalhes na cabana. Aquele lugar sempre foi especial para minha família, construído por meu avô quando ele era jovem. Antes de sua morte, ele me fez prometer que levaria a mulher que eu amasse para lá, dizendo que a cabana deveria ser um refúgio para grandes amores.Hoje, cumpriria essa promessa, porque Matondo era a mulher que eu queria para sempre. A cabana ficava no ponto mais isolado da fazenda, cercada por árvores altas e um riacho que corria suavemente a poucos metros de distância. Era simples, mas cheia de charme: uma estrutura de madeira rústica, com janelas grandes que permitiam a entrada da luz natural e uma varanda com vista para o pôr do sol. Dentro, eu havia preparado tudo com cuidado. A lareira estava acesa, espalhando um calor aconchegante pelo espaço. Velas aromáticas estavam estrategicamente posicionadas, lançando um brilho suave e acolhedor. No centro da mesa de