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Capítulo 3 - Pandora

Em seguida me deparei com outro par de olhos, esses eram azuis, mas um tom de azul que não impactava quando observado de perto e me julgavam, demonstrando tamanha irritação que fiquei impactada por um momento. Quem são essas pessoas? Essa mulher me encarava como se eu fosse a culpada pela fome no mundo. Provavelmente era esposa do Deus grego e estava se sentindo incomodada por ficar me observando nesse leito.

— Senhorita? — O médico, que até então não tinha notado na sala falou calmamente, tirando minha atenção da mulher odiosa ao lado. — Sou o Dr. Alexander, responsável pelo seu caso e vou acompanhá-la até a sua alta, que deve ocorrer em no mínimo duas semanas.

— O que? — Praticamente gritei e percebi meu descuido gritando em português, imediatamente procurei me acalmar.

— Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas.

— Seus ferimentos foram muito graves. Quando deu entrada no hospital, estava com um sangramento interno gravíssimo, traumatismo craniano, fratura de uma costela, da perna direita, sem contar a que teve no punho esquerdo. Foi submetida a uma cirurgia de emergência para localização do foco de sangramento e colocada em coma induzido para melhora do quadro. Depois de 24 horas com melhoras consideráveis, fomos tirando os sedativos gradativamente. Foram longas 72 horas após a retirada do sedativo até que enfim despertasse, o que aconteceu a aproximadamente 20 minutos, para ser exato. Precisamos refazer os exames para minimizar quaisquer sequelas e posteriormente...

— Espera Dr. — Interrompi, procurando me acalmar para não entrar novamente em pânico. — Como vim parar aqui? Só me recordo de avistar uma cobertura do outro lado da avenida e tentar chegar lá porque estava congelando na chuva. Depois disso, não me lembro de mais nada, até acordar aqui.

A mulher, que até então não tinha falado nada, bufa e com visível descontentamento praticamente grita comigo.

— Você entrou na frente do carro do meu homem, sua desqualificada. Por isso está aqui. Agora é muito fácil se fingir de esquecida, quando obviamente se jogou para chamar atenção — Ela despeja em cima de mim.

Quando dei por mim, estava chorando compulsivamente, não pelo que a mulher me acusou, mas por mim. Meu desespero era palpável, não conhecia nenhuma daquelas pessoas, estava vulnerável e nem sabia como ia resolver toda essa situação. Essa mulher nem me conhecia e já me julgava sem me dar oportunidade de tentar explicar o que me recordava daquele dia, sem falar que o olhar do Deus Grego me deixava nervosa. Em um movimento rápido, o médico fez um sinal para a enfermeira, que aplicou um novo medicamento no meu soro, que me causou uma leveza praticamente instantânea e mergulhei no aconchegante breu.

Não sei quantas horas se passou até que despertei novamente. Agora o quarto estava na penumbra, somente com um fio de luz vindo por debaixo da porta. Não sabia dizer ser era dia ou noite já que as janelas estavam cobertas por grossas cortinas que cortavam qualquer luz. Olhei ao redor do quarto acreditando que estava completamente sozinha, e me assustei ao me deparar com uma sombra no canto do quarto, encostado na parede e me encarando. Meu primeiro impulso foi gritar, até reconhecer aquelas írises fantásticas do Deus grego que vi mais cedo.

O que ele fazia aqui? Quem ele era? Cadê a mulher? São tantos questionamentos, que estava me deixando tonta.

— Olá — A voz de barítono ressoou pelo quarto e trouxe arrepios ao meu corpo, que com certeza não estava preparada para sentir. Agora que estava mais calma, consegui perceber seu tom de voz com clareza. Combinava muito com ele. Forte. Grave. Marcante.

Como pode um ser humano ser tão privilegiado assim, se não bastasse a beleza dele, a voz é maravilhosa e me deixou cativa. Tanto que esqueci de responder.

— Me perdoe não ter me apresentado mais cedo, não tive oportunidade. Sou Oliver Parker. O médico achou melhor aplicar um calmante leve, somente para evitar que seu nervosismo fosse prejudicial a sua saúde, devido a cirurgia delicada que passou recentemente, não queria que sofresse um ataque cardíaco ou piorasse as dores que provavelmente sente na cabeça. Consegue conversar comigo calmamente agora? — Ele explicou calmamente, como se tivesse medo da minha reação.

Meu senhor, por um momento lembrei do filme Crepúsculo. Edward falando com a Bella pela primeira vez.

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