Dia do Acidente
O dia foi terrivelmente exaustivo, os processos estavam se multiplicando e quanto mais resolvia, outros apareciam, como se fossem uma hidra. Aproximadamente às 18hrs, a Srta. Sullivan telefonou, avisando da presença da Emilly.
Porra, que inferno.
Nem tive tempo de inventar qualquer desculpa e Emilly irrompeu pela porta, parecendo que estava a caminho de uma guerra. Muito provavelmente, não teve acesso ao Archie — meu melhor amigo — e veio atormentar a minha vida no escritório novamente.
Se arrependimento matasse.
Eu e Archie aviamos falado com ela há exatas duas semanas, depois de um relacionamento de 02 meses. O que começou consensualmente e com ambos interessados, terminou conosco não suportando ouvir o nome de Emilly. Ela já estava barrada na portaria do prédio, não sei como passou pelos seguranças.
Emilly nos enganou direitinho, no início da nossa relação, fomos claros que não queríamos nada sério e que ela estava liberada a encontrar quem quisesse. Enquanto nosso desejo fosse mútuo, estava tudo certo. Porém, com o passar dos dias, percebemos a enrascada. Ela ficou possessiva. Aparecia no escritório quando queria e causava escândalos com meus clientes. Tal como, aparecia na delegacia e arrumava confusão com as colegas de equipe de Archie.
A gota d'agua foi quando ela conheceu Olivia, que chegou recentemente dos Estados Unidos e estava no bar com a gente comemorando seu retorno. A maluca apareceu sem ser convidada, puxou Olivia da mesa enchendo-a de impropérios e não satisfeita, ameaçou fisicamente e tentou agredi-la. Pensei que Archie enlouqueceria de tão puto que ficou. Nesse dia, chegamos à conclusão que nosso tempo com Emilly findou e tivemos uma conversa franca, que aparentemente não surtiu nenhum efeito.
Lá vamos nós de novo.
— O que faz aqui Emilly? — Questionei bravo
— Vim te ver, estou com saudade. Você e Archie não podem me abandonar dessa forma. Eu amo vocês — Ela soluçou, já começando novamente seu pranto questionável. Era sempre assim, ela aparecia sem ser convidada, chorava de soluçar tentando nos comover, implorava para reatar e quando percebia que nada disso adiantava, começava a berrar aos quatro ventos o quanto éramos horríveis e injustos por abandoná-la. — Vocês precisam entender que eu sou o amor da vida de vocês, aquela que vai conhecer finalmente o quarto no terceiro andar. É tudo para mim, como não percebem?
— Pela última vez, você não pode ficar aparecendo no meu trabalho dessa forma. Já te expliquei tudo várias vezes e parece que não consegue entender. Nosso relacionamento deu o que tinha que dar, não está saudável. Não me force entrar com uma medida preventiva contra você.
— Mas eu amo vocês. — Ela gritou
— Eu não amo você. — Bradei, furioso por precisar frisar isso novamente. — Nosso relacionamento nunca foi a base de amor Emilly, foi só prazer. Nós te avisamos previamente e você aceitou. Eu não me envolvo por amor, não quero amar. Exatamente para evitar esse momento desagradável, que procuramos alguém no clube, que entenda que tudo não passa de prazer, momentos, com o fim previsto. Não fui feito para relacionamentos duradouros.
— Você está errado Oliver. É perfeito para relacionamentos, perfeito para mim. — Ela continua chorando. — Não preciso do Archie como preciso de você.
— Essa discussão não nos levara a nada. Você já sabe o que eu acho, vai embora Emilly.
— Isso não vai acabar assim, não pode acabar assim. Perceba de uma vez que eu sou a mulher da sua vida.
— Emilly, meu dia já foi cheio o suficiente para continuar aqui ouvindo você se lamuriar. Vai embora.
— Oliver, presta atenção, se você não ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém.
— Isso é uma ameaça?
— Não, é um juramento.
Nesse momento percebo que não vou render mais nada no escritório, junto minhas coisas e faço uma anotação mental de enviar um e-mail para a Srta. Sullivan, informando que Emilly está proibida de entrar nos escritórios, porém se aparecer, ela tem permissão de chamar os seguranças para retirarem-na do prédio. Como previsto, Emilly acha que ganhou e me segue até o estacionamento privado que é de uso exclusivo dos advogados sêniores.
Me viro para despachá-la, quando me pede baixinho.
— Pode, pelo menos, me levar até em casa? Vim até aqui de táxi.
Mesmo sabendo que vou me arrepender amargamente, concordo em levá-la, já que o prédio onde ela mora atualmente fica a caminho da minha casa, que está localizada um pouco mais distante da cidade, por que prezo muito pela minha paz de espírito quando estou de folga. Tanto eu, quanto Archie, levamos tempo procurando um lugar bom para fixar residência. Quando descobrimos essa casa, foi um verdadeiro marco. Era perfeita, com 03 andares, bastante espaço, muitos quartos para receber amigos e família, fora que a área de lazer era impressionante. Foi um bom investimento.
Durante o caminho, procurei bloquear Emilly o máximo possível, já que ela continuava o caminho todo se lamuriando do quanto a vida estava triste desde que nosso relacionamento terminou, que não tinha ânimo para sair como antes — o que era mentira, pois já havia visto Emilly em diversos pubs, acompanhada de amigos e homens desconhecidos.
Em determinado momento, senti sua mão na minha coxa, subindo em direção ao meu pau, que não estava nem um pouco interessado naquela carícia. Antes que ela pudesse tocá-lo, segurei seu punho.— O que pensa que está fazendo? — Praticamente rosnei.— Só te lembrando o quanto pode ser bom. — Ela ronronou— Emilly, se dê o respeito— Pode ser bom, garanto. Me deixe te provar.— Chega! — Gritei. — Será que não percebe o quanto está sendo inconveniente? Essa é a última vez que tenta me tocar sem ser solicitada.— Meu benzinho, me deixa te relaxar, é nítido o quanto está estressado com o trabalho.Não tive tempo de respondê-la.Como uma assombração, percebi pelo canto do olho uma mulher loira atravessar a rua sem olhar para onde ia. Notei tarde demais que tinha me distraído com a maluca do meu lado e não tinha como parar o veículo a tempo. Meu coração parou quando colidimos com a mulher desconhecida, que voou alguns metros longes, caindo no chão em um estrondo.Deus, permita que ela não tenha
Percebi que de pouco em pouco tempo, a recepcionista vinha até a saleta e tentava me oferecer algo, mas eu sempre negava. Minha mãe demorou mais tempo do que eu esperava ser saudável para minha sanidade mental.Quando ela retornou, eu estava desesperado.— Então mãe, como ela está? — praticamente implorei por notícias.— A situação é bem delicada meu filho, seu pai disse que a garota fraturou o punho esquerdo e quebrou uma perna, que foi imobilizada pelo ortopedista, porém isso não foi o mais grave. Além de um traumatismo craniano severo, que ele precisou drenar parte do sangue que conseguiu, ela está com uma hemorragia interna, que até o momento, eles não localizaram seu foco. Devido isso, ela já teve duas paradas cardíacas.Enquanto ela ia falando, meu mundo foi desabando aos poucos.A cada nova informação, o meu desespero aumentava mais.Tudo culpa da Emilly, que me distraiu com sua loucura, eu nunca iria perdoá-la se essa moça morresse. Eu nunca iria me perdoar.— Mas você conhece
Parecia uma princesa, seus traços eram quase angelicais, uma pele muito clara envolta de uma massa de cabelos loiros cheios, que destacavam sua beleza. Uma beleza fantasmagórica agora, já que sua pele estava sem viso, meio acinzentada nesse quarto de hospital.— Você precisa ficar boa princesa. Não pode pagar por erros de julgamento que eu cometi no passado, preciso que fique boa — sussurrei. Fiquei mais alguns minutos observando sua face, depois me retirei.Novamente na saleta com meus pais, solicitei que assim que ela saísse do CTI fosse encaminhada a um dos quartos familiares. Como o hospital era dos meus pais, tinha o andar da família, com leitos preparados em caso de qualquer urgência com um de nós, sem afetar o público do hospital. Se eles estranharam minha solicitação, nada disseram.Foram longas 24 horas, até que meu pai comprovasse que houve melhoras significativas e decidir retirar a sedação aos poucos. Seu cérebro, contrariando tudo o que acreditávamos, desinchou rapidament
Bloqueei todas as vozes quando a garota finalmente abriu os olhos. Os olhos dela eram simplesmente deslumbrantes, sua íris tinha um toque amendoado envolto por pontos acinzentados, tornando-a única. Ela olhava ao redor do quarto com um enorme vinco na testa, deixando-a ainda mais fofa — fofa Oliver? — aos poucos, seus batimentos cardíacos começaram a disparar pela máquina.— O que? — Questionei— Acho que ela está tendo uma crise de ansiedade. — Uma das enfermeiras informou, se aproximando mais da cama.Sem pensar direito no que fazia, segurei sua mão. Imediatamente seus olhos se concentraram em mim, roubando meu fôlego.— Vamos lá mocinha, me siga ok? Respira comigo — praticamente sussurrei.Enquanto ela me encarava, forcei minha respiração até que meu peito subia e descia na mesma velocidade nauseante que o dela. Aos poucos, comecei a diminuir, respirando devagar. Foi com muita satisfação que percebi que ela se esforçava para me seguir e depois de algumas tentativas, começou a norma
Já estava a caminho do hospital quando liguei para Oliver, fiquei muito preocupado quando ele contou do acidente, sua voz estava diferente, ele estava abatido. Oliver sempre foi o mais certinho entre nós, sempre se policiando, sempre se preocupando com suas ações, eu era mais aventureiro nessa questão.E falar com ele hoje, só reafirmou o que eu já tinha sabia, ele está extremamente assustado com tudo o que aconteceu. A preocupação dele é palpável, mesmo pelo telefone. Se algo acontecer com essa garota, temo que meu amigo nunca mais será o mesmo.Ele vai se culpar eternamente.Mesmo que agora, eu saiba exatamente como se deu o acidente e que ele esteja isento de culpa, nada vai adiantar se essa garota nunca acordar.Se for necessário culpar alguém, tem que ser eu.É ilógico pensar assim? Claro, mas quem trouxe a maldita da Emilly para nossas vidas foi eu. Sempre que nós conhecemos alguém, somos muito sinceros, em alguns casos, até taxados como grosseiros. Mas ninguém pode nos julgar.
Já tinha lido sobre BDSM e os clubes de fetiches, e admito que era um universo que me atraía, mas nunca pesquisei a fundo e quis me envolver mais. Tinha em mente uma ideia muito antiquada do que se tratava, na minha ignorância era somente sobre dominação e submissão, sendo o público jovens que queriam brincar de cinquenta tons de cinza. Isso não me atraía, não gostava de ideia de ensinar uma mulher fazer o que eu queria ou ter que ficar dando ordens, gostava de mulher ativa que fosse desafiadora tanto na cama quanto fora dela.Por isso, estava dirigindo até o clube Tentacion já com um pré-conceito geral sobre o lugar.Só ia até lá, porque o bendito do Ramon decidiu passar mais tempo lá do que em qualquer outro lugar e eu precisava observá-lo melhor, pegar alguma falha na sua postura sempre tão impecável. Era quase certo que matou aquela jovem, agora sabendo o local que ele frequenta, minhas suspeitas ficam ainda maiores, já que ela foi localizada amarrada a cama. Fetiches, eles disser
Ouvi o bufo descontente de Oliver ao meu lado e fui obrigado a segurar o riso. Era chocante de observar, mas não deixava de ser excitante também, a mulher estava totalmente a sua disposição, parecia até que desejava tudo o que estava acontecendo. Desejava ser punida. Enquanto observava, o homem fez a mulher se dobrar em seus joelhos e sem cerimônia nenhuma, começou estapear a bunda nua sem dó.O semblante de contentamento da mulher foi algo inacreditável. Como podia gostar de apanhar daquela forma? Será que era masoquista? Como um estalo, percebi que aquele mundo era muito mais interessante do que eu pensava a princípio. A submissa tinha poder sim. Ela provavelmente sentiu falta da atenção do seu dominador e do seu jeito, conseguiu ela de volta.Ela o desobedeceu de propósito.Depois de aproximadamente 5 minutos de batidas, em que ela contava baixinho cada tapa que levou e gemia descontroladamente, ele enfiou a mão no meio de suas pernas, rosnou e pegou-a no colo rapidamente. Sem fala
Entramos no quarto juntos e eu não sei exatamente o que esperava, mas não era o que vi. Oliver comentou que ela era novinha, que tinha por volta da idade da minha irmã, mas essa menina na minha frente, devia ser até mais nova.Ela tinha um semblante assustado, como se fosse fugir a qualquer momento. Parecia pequena demais naquela cama que caberia cerca de três dela. Sua cabeleira loira foi o que chamou minha atenção em um primeiro momento, por mais descuidado que estivesse já que ela estava no hospital, não deixava de ser ondulado e cheio. Sua pele tinha um viso lindo, bochechas naturalmente coradas dando uma corzinha de saúde, mas seus olhos eram extraordinários. Agora entendi o deslumbramento de Oliver com os olhos da garota.Eram únicos.— Olá Pandora, como vai? Eu me chamo Archie White. — Me apresentei.— Sou a Pandora, mas isso você já sabe. — Ela respondeu baixinho.— Como se sente? — QuestioneiEla enrugou o nariz, me olhando com desconfiança e Oliver começou rir.— Cara, se co