Parecia uma princesa, seus traços eram quase angelicais, uma pele muito clara envolta de uma massa de cabelos loiros cheios, que destacavam sua beleza. Uma beleza fantasmagórica agora, já que sua pele estava sem viso, meio acinzentada nesse quarto de hospital.— Você precisa ficar boa princesa. Não pode pagar por erros de julgamento que eu cometi no passado, preciso que fique boa — sussurrei. Fiquei mais alguns minutos observando sua face, depois me retirei.Novamente na saleta com meus pais, solicitei que assim que ela saísse do CTI fosse encaminhada a um dos quartos familiares. Como o hospital era dos meus pais, tinha o andar da família, com leitos preparados em caso de qualquer urgência com um de nós, sem afetar o público do hospital. Se eles estranharam minha solicitação, nada disseram.Foram longas 24 horas, até que meu pai comprovasse que houve melhoras significativas e decidir retirar a sedação aos poucos. Seu cérebro, contrariando tudo o que acreditávamos, desinchou rapidament
Bloqueei todas as vozes quando a garota finalmente abriu os olhos. Os olhos dela eram simplesmente deslumbrantes, sua íris tinha um toque amendoado envolto por pontos acinzentados, tornando-a única. Ela olhava ao redor do quarto com um enorme vinco na testa, deixando-a ainda mais fofa — fofa Oliver? — aos poucos, seus batimentos cardíacos começaram a disparar pela máquina.— O que? — Questionei— Acho que ela está tendo uma crise de ansiedade. — Uma das enfermeiras informou, se aproximando mais da cama.Sem pensar direito no que fazia, segurei sua mão. Imediatamente seus olhos se concentraram em mim, roubando meu fôlego.— Vamos lá mocinha, me siga ok? Respira comigo — praticamente sussurrei.Enquanto ela me encarava, forcei minha respiração até que meu peito subia e descia na mesma velocidade nauseante que o dela. Aos poucos, comecei a diminuir, respirando devagar. Foi com muita satisfação que percebi que ela se esforçava para me seguir e depois de algumas tentativas, começou a norma
Já estava a caminho do hospital quando liguei para Oliver, fiquei muito preocupado quando ele contou do acidente, sua voz estava diferente, ele estava abatido. Oliver sempre foi o mais certinho entre nós, sempre se policiando, sempre se preocupando com suas ações, eu era mais aventureiro nessa questão.E falar com ele hoje, só reafirmou o que eu já tinha sabia, ele está extremamente assustado com tudo o que aconteceu. A preocupação dele é palpável, mesmo pelo telefone. Se algo acontecer com essa garota, temo que meu amigo nunca mais será o mesmo.Ele vai se culpar eternamente.Mesmo que agora, eu saiba exatamente como se deu o acidente e que ele esteja isento de culpa, nada vai adiantar se essa garota nunca acordar.Se for necessário culpar alguém, tem que ser eu.É ilógico pensar assim? Claro, mas quem trouxe a maldita da Emilly para nossas vidas foi eu. Sempre que nós conhecemos alguém, somos muito sinceros, em alguns casos, até taxados como grosseiros. Mas ninguém pode nos julgar.
Já tinha lido sobre BDSM e os clubes de fetiches, e admito que era um universo que me atraía, mas nunca pesquisei a fundo e quis me envolver mais. Tinha em mente uma ideia muito antiquada do que se tratava, na minha ignorância era somente sobre dominação e submissão, sendo o público jovens que queriam brincar de cinquenta tons de cinza. Isso não me atraía, não gostava de ideia de ensinar uma mulher fazer o que eu queria ou ter que ficar dando ordens, gostava de mulher ativa que fosse desafiadora tanto na cama quanto fora dela.Por isso, estava dirigindo até o clube Tentacion já com um pré-conceito geral sobre o lugar.Só ia até lá, porque o bendito do Ramon decidiu passar mais tempo lá do que em qualquer outro lugar e eu precisava observá-lo melhor, pegar alguma falha na sua postura sempre tão impecável. Era quase certo que matou aquela jovem, agora sabendo o local que ele frequenta, minhas suspeitas ficam ainda maiores, já que ela foi localizada amarrada a cama. Fetiches, eles disser
Ouvi o bufo descontente de Oliver ao meu lado e fui obrigado a segurar o riso. Era chocante de observar, mas não deixava de ser excitante também, a mulher estava totalmente a sua disposição, parecia até que desejava tudo o que estava acontecendo. Desejava ser punida. Enquanto observava, o homem fez a mulher se dobrar em seus joelhos e sem cerimônia nenhuma, começou estapear a bunda nua sem dó.O semblante de contentamento da mulher foi algo inacreditável. Como podia gostar de apanhar daquela forma? Será que era masoquista? Como um estalo, percebi que aquele mundo era muito mais interessante do que eu pensava a princípio. A submissa tinha poder sim. Ela provavelmente sentiu falta da atenção do seu dominador e do seu jeito, conseguiu ela de volta.Ela o desobedeceu de propósito.Depois de aproximadamente 5 minutos de batidas, em que ela contava baixinho cada tapa que levou e gemia descontroladamente, ele enfiou a mão no meio de suas pernas, rosnou e pegou-a no colo rapidamente. Sem fala
Entramos no quarto juntos e eu não sei exatamente o que esperava, mas não era o que vi. Oliver comentou que ela era novinha, que tinha por volta da idade da minha irmã, mas essa menina na minha frente, devia ser até mais nova.Ela tinha um semblante assustado, como se fosse fugir a qualquer momento. Parecia pequena demais naquela cama que caberia cerca de três dela. Sua cabeleira loira foi o que chamou minha atenção em um primeiro momento, por mais descuidado que estivesse já que ela estava no hospital, não deixava de ser ondulado e cheio. Sua pele tinha um viso lindo, bochechas naturalmente coradas dando uma corzinha de saúde, mas seus olhos eram extraordinários. Agora entendi o deslumbramento de Oliver com os olhos da garota.Eram únicos.— Olá Pandora, como vai? Eu me chamo Archie White. — Me apresentei.— Sou a Pandora, mas isso você já sabe. — Ela respondeu baixinho.— Como se sente? — QuestioneiEla enrugou o nariz, me olhando com desconfiança e Oliver começou rir.— Cara, se co
— Cara, você vai cair de exaustão a qualquer momento, larga de ser teimoso porra, vai para casa e eu te ligo quando ela voltar. — Interrompi.— Ok, ok — Ele resmungou. Com visível descontentamento, juntou suas coisas e foi embora.Depois que Oliver saiu, me esparramei na poltrona e fiquei divagando sobre a garota. Quem, com 19 anos recém completados, ficaria sozinha por Londres, possivelmente nem conhecendo o país? Só havia duas opções, ou ela era alguém muito aventureira que não se importava em estar sozinha, sempre almejando conhecer novos lugares, novas culturas, novas pessoas e depois, partia para uma nova aventura. Ou, ela estava fugindo de algo ou alguém.Seria ela alguma vítima de abuso?Já vi tantas, que quando me deparo com jovens desconfiadas como ela, ariscas, acredito que estou lidando com mais uma vítima de um abusador filho da puta, que não tem culhão para encontrar mulher de forma tradicional e consensual, decide que por ser homem, pode enfiar o pau em qualquer uma que
Voltei para o quarto depois da bateria de exames ao qual fui submetida e estranhei com não encontrei Oliver. O seu melhor amigo me explicou que ele precisava descansar, que estava no hospital direto desde o acidente.Me senti mau por isso.Ele não precisava se sacrificar tanto por minha causa, que era uma completa estranha na vida dele e que tinha causado enormes problemas.Depois daquele encontro nada hostil em que a possível esposa dele me falou aqueles absurdos, nunca mais a vi — o que a meu ver é uma benção, a mulher é totalmente descontrolada — mas me preocupo que isso afete o relacionamento deles, já que Oliver parecia decidido a me acompanhar até que eu tivesse alta.Acho que devo solicitar que se preciso de acompanhante, que seja Archie.— Tudo bem? Você ficou quietinha do nada. — Archie perguntou.— Sim, só estou pensando em quando finalmente vou ter alta, assim paro de atrapalhar a vida de todos vocês. — Fui honesta.— Pare de pensar bobagens menina, não está atrapalhando em