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V. Lidando com a Crise...

Foi cedo quando Luke saiu de sua casa. O clima não estava tão bom com seu pai e ele decidiu não pressioná-lo, obrigando-o a olhar para o filho solteiro.

Amanda acordou cedo e, com ajuda das domésticas, preparou um bom café da manhã para receber o amigo. Escolheu ingredientes e pratos com cuidado.

Com ajuda do jardineiro, que pouco trabalho tinha, conseguiu organizar um espaço na mesa que ficava às costas da casa no quintal para servir tudo.

Tinha um plano, mas não teve tempo de redigi-lo, logo, era uma das poucas vezes em que a mesa teria uma pequena pilha de papéis e eles estariam em branco.

Luke vestia um esporte social, seu visual mais casual.

Salaam aleikum, habibti! — Ele sorriu largo ao vê-la.

Essalam… — A moça retribuiu. — Como está?

Melhorando devagar — riu. — O que tem em mente?

Ai! Comemos primeiro — repreendeu.

Ele riu, assentiu com a cabeça e eles foram ao jardim.

Amanda já conhecia o que ele gostava de comer e foi justamente a refeição matinal que serviu. Acompanhou e, cuidando da própria ressaca, serviu um suco depois.

Sabe que temos a feira… tem um espaço para nós. — A moça começou, olhando-o. — Na feira, não precisamos abordar a situação atual, mas podemos mostrar preparo.

É uma boa ideia! — Ele assentiu com a cabeça. — Quer que eu assuma para falar? Não me incomodo…

Quero que me acompanhe justamente por isso. Espero conseguir reunir a mesa diretora na semana e nossas medidas, ou parte delas, já estarão prontas no dia da feira.

Luke a observou, parecendo bastante pensativo.

Com base nessa tomada de decisões, é possível termos algum texto pronto. Essa demonstração de preparo pode diminuir, e muito, o impacto em nosso valor de mercado.

É um ótimo plano. Destaco parte da minha semana para isso. — Ele assentiu rapidamente. — Já tenho muita coisa pronta para colaborar com a reunião.

É muito competente! — A moça riu, comemorando.

Não posso dizer o oposto de você… apesar de eu entender que sou muito mais cuidadoso com a minha saúde.

Vou conseguir acalmar… em algum momento… prometo! — arfou. — Já é domingo… eles já… sabe dizer?

Sim, na meia-noite de ontem… às seis e meia no Irã.

Imagino ser cedo para querer ser atualizada — riu.

Muito cedo… não é público… então, temos que esperar seu comunicado à imprensa. Não deve demorar muito…

Matérias demoram semanas! — A moça se chateou.

Eles estão retomando essa matéria, pelo que sei. Já estava sendo julgada há alguns meses… então, não precisa se preocupar quanto à demora de uma resolução.

Amanda apenas assentiu com a cabeça e bebeu seu suco numa vã tentativa de aplacar o passeio da ansiedade por seus pulmões, tentando lhe tirar o ar.

Acalme-se. — Luke lhe disse, gentil. — Já solicitou o envio de algum representante Nazari para conversar?

Consegui fazer isso na quinta-feira. Devo estar recebendo, no máximo, na terça. Tomara que eles não peguem tão pesado quanto aos nossos contratos.

In sha’ Allah! — bem-disse. — Não acompanharei, mas se precisar conversar, após a reunião, conta comigo! — sorriu.

Eu realmente agradeço!

Eles continuaram bebendo seu suco e pegaram suas canetas para continuarem seu trabalho. Começando a esboçar o roteiro que o CFO seguiria no dia da palestra.

Amanda já tinha todo um enredo traçado para si e compartilhou com ele. Até mesmo se levantou para ensaiar por uma única vez e receber avaliação de Luke.

Claro, a avaliação foi positiva.

A moça tinha seus muitos complexos e medos internamente, mas aprendera a silenciar seus monstros para conseguir entregar seu melhor na oratória.

Sempre impecável, habibti! — elogiou.

Tem certeza que está bom? — Franziu o cenho.

Claro que tenho. Não sou mentiroso — riu. — Claro que uma boa apresentação depende muito de seu estado. Logo, sugiro que descanse ou tente… tudo bem?

Vou me esforçar… mas, até a tal reunião com o iraniano, eu tenho certeza que não conseguirei dormir! — suspirou. — Talvez eu procure um médico para me ajudar…

Temos um RH! — gargalhou.

Eu sei, bobo! — Amanda riu, meneando a cabeça.

Não gostaria que te enchessem de remédio… se quiser, a mãe sempre tem ótimas receitas de chás para lidar com nossos momentos mais estressantes.

Ah, eu realmente adoraria!

Pedirei para ela entrar em contato com você.

Amanda assentiu com a cabeça e voltou a sentar. Realizou alguns poucos ajustes em seu discurso, meramente pela insegurança por trechos que não lhe agradavam.

Luke tentou fazê-la entender estar muito perfeito, mas ela simplesmente não se rendia, refém de sua insegurança.

Fora uma hora e meia falando, não tardando para eles precisarem entrar e se prepararem para a refeição.

Roberto se juntou, cumprimentando Luke.

O assunto no almoço também fora de trabalho até o momento em que o pai de Amanda fez a pergunta de ouro:

Quando casará? — Olhou para Luke.

Até aqui, senhor? — Luke brincou, rindo.

Sua mãe disse que você e seu pai estão em guerra. — Roberto gargalhou. — Se precisar de refúgio, minha casa está aberta para recebê-lo por alguns dias.

Agradeço, mas não é necessário. — Luke também riu. — Fui um pouco rude com o pai e isso acabou incendiando o conflito frio… mas… passará! — arfou. — In sha’ Allah!

Bom… não posso ajudar muito… infelizmente! — deu de ombros. — Minha filha não parece querer casar…

Nem casaria com ele, meu pai! — Amanda exclamou.

Nossa amizade já é bem velha… realmente não tenho vontade de casar com Amanda. — Luke riu da ideia absurda.

Isso dificulta! Com quantas mulheres você conversa?

Além das que trabalham comigo? — indagou retórico. — Acho que só minha mãe e as domésticas — suspirou.

Isso é um óbvio sinal de nenhuma vontade da sua parte… pode ser isso que está incomodando seu pai. — O mais velho aconselhou. — Poderia se esforçar mais.

Nem sei por onde começar, senhor. — Ele meneou a cabeça. — Nem sei o que fazer… não sei se tenho vontade… se deveria me comprometer com outra pessoa… tão rápido.

Luke suspirou, engolindo seco.

Tenho tantos objetivos pessoais para cumprir antes de conseguir enxergar… sabe!? — Limitou-se, rindo.

É o que Amanda sempre fala! — O velho homem riu.

Entendo perfeitamente. — Amanda reiterou. — Com tantos objetivos a cumprir na carreira, é muito difícil ponderar dividir a atenção com algo assim, não!?

Pois é! Quero estudar… e não conseguirei, se o pai me casar lamentou. — Com isso, precisarei de um filho… com um filho, precisarei sacrificar algo e não gostaria mesmo!

Seu pai é muito duro! — Roberto se compadeceu. — Infelizmente, nada consegue mudar a cabeça daquele homem… só posso lhe desejar boa fortuna…

Masha’Allah, senhor! — Luke bem-disse.

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