⸻ BRUNO, CORRE AQUI. Grito do nosso quarto.
⸻ O que foi amor? Ele surge desesperado na porta do quarto. Tão logo o vejo abro minhas pernas, estou usando apenas sua camisa de algodão branca. Ele olha para minha chibiu com as mãos no peito.
⸻ Porra! Você me assustou.
⸻ Quer dizer que isso, aponto para minha chibiu linda, cheirosa e depilada, te assusta agora? Isso para mim, é novidade.
⸻ O que deu em você mulher, está ficando abilolada?
⸻ Acabei de ver na internet as mulheres sem calcinha abrindo as pernas para seus boys, nenhum deles se assustou, a maioria caiu de boca. Você é um estraga prazer, literalmente. Digo me levantando.
⸻ Vem cá amor, me assustei com você gritando, pensei que tinha acontecido alguma coisa.
⸻ Esqueci Bruno. Vou beber água e dormir. Essa noite não encosta em mim, seu pênis pode ficar assustadinho, faço gestos com as mãos antes de sair do quarto.
Só me faltava essa.
Acordei pela manhã com um delicioso oral, Bruno quis se redimir por ontem, e até parece que eu iria negar. Oral não se nega. Antes nem imaginava que isso existia, depois que me foi apresentado não quero outra coisa. Oh! Coisa boa é esse tal de oral.
Chego na empresa ligo meu computador, antes de começar a trabalhar navego nas redes de fofocas, vejo quem se casou, traiu e divorciou. A vida dos famosos anda bem agitada. Navego no meu F******k e não encontro nada de interessante. Faltam cinco minutos para o início do expediente, fecho tudo, quando chegar em casa vejo os babados. Abro meu e-mail e tem um de Rose.
Ana,
Surgiu uma viagem de última hora, fui a São Paulo com o senhor Brolin, estaremos de volta à tarde. Tem alguns e-mails para você responder, e não esqueça de pegar os ternos às 11:00 na lavanderia.
Rose Miranda
Não acredito que hoje, ao menos na parte da manhã, vou ter esse andar só para mim. O chato do diretor-executivo está de férias, o chefão em Sampa. Vida de patroa. Respondo rapidamente os e-mails, confiro se não deixei nenhum pendente. Desligo o computador, pois, só o usarei depois do almoço, aprendi com a Rose que no mundo corporativo existem muitas pessoas de má índole.
Antes de trabalhar com o senhor Brolin, ela trabalhou em outra multinacional como secretária executiva. Após dois anos na empresa, a secretária júnior que trabalhava diretamente com ela a mais de um ano, pediu demissão. Ela se casou e o marido não queria que ela continuasse no emprego. Dependendo do tipo de marido que esse homem seja, creio que ela agiu certo. Porém, se o, cara for daqueles que prendem a mulher para aprontar, foi um mau negócio. Enfim, a nova e sexy secretária júnior no intuito de ocupar o lugar de Rose, alterou alguns documentos que estavam em seu computador, enquanto ela saiu para o almoço. Rose foi despedida, e só provou sua inocência uma semana depois com a ajuda do segurança que ela tinha um caso, ele conseguiu as imagens do andar, e comprovou que foi sabotagem. O CEO a chamou de volta, mas ela não aceitou, se sentiu ofendida por ele não ter acreditado nela, mesmo sabendo o quanto profissional ela é. Desde que Rose me contou esse acontecido, desligo meu computador quando me ausento. Sou apenas assistente da assistente, mas sabe lá se alguma vaca quer meu lugar? Melhor prevenir.
Entro na sala do chefão e vejo se está tudo em ordem, antes de sair me aproximo das grandes janelas de vidro e observo a cidade, pessoas transitando de um lado para o outro. Observo o horizonte e penso se um dia terei uma sala como essa, se um dia terei um cargo importante na área que tanto amo. Se eu for analisar minha vida atual, creio que será difícil, já estou com vinte e dois anos, nem estudar estou estudando, mas não custa nada sonhar.
Saio da sala e desço as escadas para exercitar minhas pernas, vou para o andar dos pobres mortais. Todos estão concentrados em suas mesas, caminho até a cozinha e me deparo com Valéria, e Luíza rindo de alguma coisa que elas estão vendo no celular.
⸻ Hum? Veio visitar a ralé? Sorrio. Ela diz isso todos os dias quando venho aqui, é raro eu não aparecer, penso que nesses dois anos, foram duas vezes, no período de natal.
⸻ Hoje estou só, digo jogando meus cabelos, elas riem. O que tem de tão interessante nesse telefone?
Me aproximo delas. É um vídeo íntimo que vazou de uma bloguerinha, fico passada. Me coloco no lugar dela, Deus me livre acontecer isso comigo, se bem que eu não filmo minhas transas, já passou pela minha cabeça desmiolada, mas nunca fiz. Morro de vergonha, não gosto nem de claridade, imagine me ver transando? Alguns dizem que foi o namorado dela, outras acreditam que foram terceiros, mas independentemente de qualquer coisa, não desejo esse tipo de exposição para ninguém. Uma vez Valéria me mostrou um vídeo de um casal que foi flagrado transando na rua, senti vergonha alheia. O que dá nessas pessoas para irem transando em qualquer lugar? Deus é mais!
Converso mais uns dez minutos com as meninas, antes de eu ir embora elas me mostram a imagem de um homem que é um verdadeiro tripé, nunca tinha visto nada parecido, fiquei envergonhada e elas mangaram de mim. Os vídeos de sexo que elas colocam no grupo não abro para ver, tirei a opção de d******d automático do meu celular, essas meninas mandam vídeos o dia inteiro, não saio do grupo porque com elas, aprendo muitas coisas, suas experiências sexuais e de vida são de grande valor para mim.
Retorno a minha sala para pegar minha bolsa e ir à lavanderia que fica no outro quarteirão. Caminho tranquilamente pelas ruas, me desviando dos carros e das pessoas. O dia está muito bonito, amo essas oportunidades que tenho de sair do escritório. Praticamente só contemplo a luz do dia pela manhã e no fim de tarde quando saio do trabalho, e nos finais de semana, é claro. Muito bom sentir o sol no rosto, mais nada se compara a minha casa, a Moreré.
A lavanderia está tumultuada hoje, um rapaz que parece office boy está em uma discussão exaltada com a atendente. Aguardo na fila, tem duas pessoas na minha frente, ambas estão como eu, apenas observando o desentendimento. Quando enfim chega minha vez, entrego a nota e aguardo até que dois ternos me são entregues. Pego-os com cuidado e retorno para o escritório, faço o caminho bem mais rápido, nada pode acontecer com esses ternos, teria que trabalhar um ano para pagá-los.
Penduro-os no armário que tem na sala do chefão, sigo para cozinha e pego minha marmita, ponho no micro-ondas para esquentar, antes que ele apite o telefone toca insistentemente, corro para atendê-lo, sem fôlego, retiro-o do gancho.
⸻ Store Market, boa tarde.
⸻ Boa tarde, gostaria de falar com a pessoa responsável por pegar o terno que estava na lavanderia.
⸻ Sou eu mesma, o que houve? Sento-me na minha cadeira pensativa, o que fiz?
⸻ Meu nome é Suzana Machado, trabalho como secretária do dono da MarkB Agência de Marketing, houve um engano e o terno do meu chefe foi trocado pelo do seu chefe.
⸻ Como assim? Aguarde um momento. Levanto-me e vou até à sala do senhor Brolin, abro o armário e verifico o terno, no papel pendurado no bolso do lado esquerdo está escrito MarkB. Meu Deus! Como não vi isso? O que faço agora? ⸻ Suzana, como iremos destrocar?
⸻ Tem como você vir até aqui? Não posso sair, ela diz bem baixo, e não confio o terno do meu chefe nas mãos de um office boy. Por favor.
⸻ Tudo bem. Meu chefe não chegou, tenho tempo de consertar esse erro, me passa o endereço.
Verifico que é bem perto da lavanderia, guardo meu almoço, pego o terno e minha bolsa. Me apresso, pois, sei que a pobre coitada está com medo de perder o emprego, o seu tom de voz dizia isso, ela praticamente implorou que eu fosse levar. Pego o elevador com o coração acelerado, ainda bem que o chefão não está, senão seria meu fim. Praticamente pulo para fora do elevador, meus saltos fazem toc, toc por onde passam. Meus passos são ligeiros e focados em que ninguém encoste no terno, dever a um CEO já seria péssimo, imagine a dois.
chibiu ⸻ vagina / Deus é mais! ⸻ Nossa, saí pra lá / tripé - homem de pau grande / mangar ⸻ zuar, debochar / abilolada ⸻ doida ⸻ maluca
ANAConfirmo o número do prédio e entro, na recepção minha entrada é liberada com facilidade. Quando o elevador chega ao décimo andar me apresso em sair, para minha surpresa me deparo com várias pessoas falando ao mesmo tempo, umas em suas mesas com mais de uma pessoa a sua volta e outras circulando pelo amplo espaço. As mesas não são organizadas em baias, nem em salas. Elas ficam dispostas no centro, uma ao lado da outra, formando dois corredores, permitindo a circulação em volta delas. Uma mulher que aparenta ter uns trinta e cinco anos, com um vestido de linho cinza-claro, justo, vem em minha direção.⸻ Ana, sou Suzana, ele estica sua mão em comprimento, em seguida entrego os ternos. Me acompanhe por favor, sorrio e sigo seus passos. Por todo caminho vejo imagens de muitas propagandas que já vi nas redes sociais e na tv. Fico maravilhada. No final do amp
ANAEm casa me desfaço da minha roupa e jogo-me na cama, permaneço com minha lingerie. Penso no casal e como me senti os observando. Minha memória me leva aos meus pais, ao Bruno e ao homem de pele escura que vi a um mês quando fui trocar o terno. Desde aquele dia a cena de nosso ‘encontro’ na porta do elevador se repete em câmera lenta em meus pensamentos.Minha mão desliza por dentro da minha calcinha, meus dedos envolvem meu nervo, movimentando levemente. As imagens se misturam, meu corpo se arrepia. Me vejo no lugar da mulher no bar, o homem não é mais o dela, é o Bruno, em poucos segundos, não é mais o Bruno, é ele, o homem que vi por um pouco mais de um minuto. Sua pele negra se destaca nas luzes brilhantes da pista de dança. Suas mãos alcançam minha bunda. Sua boca encosta na minha, eu a abro para recebê-lo. Sua língua dita os movimen
HECTOR⸻ Te dou o até o final do mês para que você resolva isso, nem um dia a mais. Irritado desligo o telefone e o bato no gancho. Faz dois meses que solicitei ao corretor um lugar descente para empresa, é impossível que em um centro comercial enorme como esse não tenha dois andares disponíveis para mim. Desde que o andar onde funcionava a agência pegou fogo, ele conseguiu esse espaço que é um caos, me iludiu ao dizer que era ‘provisório’.⸻ Suzana, providência por favor outra imobiliária, vê se eles conseguem para ontem um lugar descente para nós. Nesse espaço improvisado estão misturados todos os setores. Apesar de o trabalho estar fluindo, não é o ideal. Preciso que os setores sejam divididos, um para o departamento do atendimento, outro para o planejamento, para criação, tráfego, redação pu
HECTOREla me olha com desejo, muitas mulheres desejam um homem negro como eu, muitas querem comprovar o que dizem sobre nós em relação ao sexo e a respeito do nosso pênis. Isso também acontece com as mulheres negras e a fama de serem quentes na cama. Porém, as mulheres da alta sociedade nos usam para realizar seus desejos, uma pequena minoria nos quer como seus parceiros no dia a dia. A maioria não quer apresentar um homem de pele escura como seu companheiro, namorado, esposo. Não digo isso em relação a mim, e sim em relação a homens que tem um relacionamento, baunilha, apesar de já ter recebido algumas propostas como essa.⸻ Qual seu nome? Pergunto.⸻ Ana ClaraPorra, o que está acontecendo? Ana? A menção desse nome me deixa animado, porém, a Ana dos meus pensamentos, é linda, desde o nosso ‘encontro no’ elevador, a
ANAMeu final de semana foi praticamente dentro do quarto, não tive ânimo para fazer nada. Pela manhã acordava bem cedo, tomava café com minha mãe, às sete, meu pai já estava no mar. Depois caminhava pela praia. O mar e o vento gelado eram as testemunhas da tristeza em meu peito. Pensar no Bruno, em nosso relacionamento e em tudo que aconteceu, por mais que eu não quisesse, eram as únicas coisas que eu fazia. Ainda não consigo entender como que de repente tudo mudou. O que sei de relacionamento, vida a dois e de sexo, aprendi com ele. Antes do Bruno não havia namorado ninguém, minha única experiência foi um beijo inocente de uma adolescente.Com ele me tornei mulher, éramos perfeitos um para o outro, a não ser por um detalhe. Em mim há uma necessidade de ser domada, não que eu seja um animal feroz, longe disso. Preciso ser conduzida, não
ANASubo as escadas do prédio com o coração palpitando, a última vez que estive aqui foi sábado de manhã. Ando pelo corredor do terceiro andar ansiosa, sei que Bruno ainda não está em casa, costumamos chegar às seis, já que chegávamos juntos.Abro a porta e entro. Coloco minha bolsa sobre o sofá e me sento. Olho em volta pensativa, ainda não sei o que vou fazer, meus sentimentos em relação a essa situação, não está definida. O mais estranho é que nunca me imaginei sem o Bruno, mas estou cogitando essa possibilidade. Sempre falei brincando com as meninas sobre outros homens, em nosso grupo no WhatsApp dizemos muitas bobagens, mas tudo não passou de diversão, nunca cogitei me deitar com outro homem que não fosse o Bruno, se eu tinha alguma fantasia, era com ele que queria realizar.Como um passe de m&aac
ANAUma semana se passou, aos poucos Bruno e eu estamos voltando a nossa normalidade, ainda não fizemos amor, ele não demostrou interesse e eu não sinto a menor vontade, as imagens dele me segurando a força, me obrigando a transar com ele ainda permanece em minha cabeça. Meu pai foi duas vezes essa semana a Velha Boipeba para poder me ligar, ele estava preocupado, só se tranquilizou quando Bruno falou com ele e disse que estamos bem. Não tive coragem de contar o que aconteceu, se ele soubesse, protetor do jeito que é as coisas não ficariam nada bem.Rose me chamou para ir a um Pub amanhã, segundo ela, preciso descobrir que existe vida além do Bruno. Para ela não me dei oportunidade de conhecer a vida, mal cheguei na cidade grande entrei de cabeça em um relacionamento. Para ela tem muitas coisas para viver e aprender.⸻ Vou pensar, digo me despedindo, hoje irei embora soz
HECTORDepois de dez dias de obra, finalmente mudamos para o novo prédio. Não foi necessário fazer muitas modificações, alguns reparos e uma nova pintura, foram suficientes. Fiquei muito ansioso para que esse dia chegasse, o motivo da minha ansiedade não era só a empresa, não via a hora de poder estar trabalhando no mesmo prédio que a Ana, e assim talvez me aproximar dela. Estive todos os dias no prédio com a desculpa de verificar a obra, o que eu queria era a encontrar casualmente, mas não tive essa sorte.⸻ Bom dia! Digo assim que saio do elevador e passo pela recepcionista. Caminho até Suzana que está concentrada no seu computador em sua sala. Bato na porta aberta e ela sorri quando me vê.⸻ Como está se sentindo? Pergunto.⸻ Melhor impossível, essa tranquilidade, ela coloca as mãos nos ouvidos, é perfeita. Rio alto.⸻ T