AMBER
─ Caramba! ─ Exclamo embasbacada com o arranha-céu a minha frente. Sabia que o prédio de Washington era bem mais opulente do que o de Boston, mas não imaginei que fosse tanto assim. E só de imaginar que ainda parei para pensar quando recebi a ligação na manhã em que perdi meu apartamento, meu lindo apartamentinho, que consegui pagar a duras penas... Graças a Deus que o seguro do apartamento vai cobrir os gastos da reforma, mas assim que ele ficar pronto coloco para alugar já que a empresa me disponibilizou um apartamento funcional aqui em Washington, apesar dos protestos da Aly para que eu ficasse em seu apartamento, o que neguei imediatamente, já que ela está namorando um empresário que é um gato, além de muito gostoso.Então, achei melhor dar espaço para os dois, além do mais, não me sentiria bem em saber que estaria impedindo a intimidade do casal, principalmente, pelo fato de que desejo muito que a Aly consiga esquecer o Josh e seguir em frente, ela mais que qualquer pessoa merece.
Caminho até a entrada do prédio e me apresento na recepção para pegar meu crachá de secretária. Gente, estou me achando o último biscoito do pacote, pois soa tão chique dizer “secretária” que quase não estou cabendo em mim de tão entusiasmada com esse novo cargo,e tudo graças a minha amiga Aly, que, sem saber, conseguiu me ajudar mais uma vez, pois por causa dela, me ofereceram esse cargo porque ela estava precisando de uma nova secretária e imediatamente lembrou de mim e, assim, na hora que mais precisei, ela me ajudou.
Escuto as instruções da recepcionista sobre qual andar devo estar e sigo para o elevador para me juntar às demais pessoas que, assim como eu, querem chegar o mais rápido possível no trabalho. No entanto, quando o elevador abre, todos imediatamente se acomodam lá dentro, não me dando a chance de entrar. Resolvo, então, esperar o próximo, já que estou bem adiantada no horário.
Uns dois minutos depois, a porta do elevador ao lado se abre, então, entro feliz da vida por perceber que a sorte — até que enfim — está sorrindo para mim, pois estou sozinha dentro da caixa metálica e conseguirei chegar bem adiantada no meu primeiro diade trabalho, e sem ter que ficar espremida e suada com várias outras pessoas dentro do elevador. Quando as portas vão se fechando, escuto alguém gritar “segura o elevador, por favor,” e resolvo fazer minha boa ação do dia, para não espantar minha boa sorte. Nunca se sabe, não é? Seguro o elevador até que a pessoa consiga entrar.
Quando o homem entra, um perfume forte e marcante invade todo o ambiente me fazendo fechar os olhos em deleite.
─Obrigada por segurar o elevador, senhorita. ─A voz grave penetra meus ouvidos e quase reviro os olhos nas órbitas. Percebo que estou fazendo papel de idiota,parada, de olhos fechados, segurando a porta do elevador. Recomponho-me e solto a porta, fazendo com que o elevador comece a subir imediatamente. Viro-me para ele.
─ Não há de que. ─ Sorrio em forma de retribuição, mas na mesma hora reconheço o homem parado ao meu lado. ─ Scott Ryan?
─ Sim... Desculpe não consigo lembrar de você. ─ Bom...foi um balde de água fria na minha autoestima, no entanto, resolvo clarear sua memória já que estou me sentido a própria Dalai Lama hoje, zen igualzinha a ele, o que é algo raro de acontecer, diga-se de passagem.
─ Amber Simpson, amiga da Alycia. ─ Vejo o momento em que sua mente consegue registrar o que acabei de falar e ele esboça um sorriso matador em minha direção. Caramba!Não me lembrava que o Scott era tão gato assim, não. Uau!
─ Sim, Amber, claro! Perdoe a falta de tato. Estou trabalhando muito ultimamente e minha cabeça está a mil. Como vai, Amber? E o Troy, veio com você para Washington também? ─ Ao ouvir o nome do traidor, murcho na mesma hora e parece que minha sorte também não vai muito com a cara do desgraçado, porque no mesmo instante as luzes se apagam e o elevador para.
─ Ai, meu Deus do céu! O que aconteceu com o elevador, Scott?! Faz ele voltar a andar novamente, por favor... ─ Suplico, pois não suporto ambientes fechados.
─ Fique calma, Amber, alguém da manutenção já deve ter percebido que o elevador parou e irá consertá-lo rapidamente.
─ E se ninguém ver? Pelo amor de Deus, faz alguma coisa! ─ Agarro-me ao seu terno completamente desesperada, quase entrando em pânico.
─ Fique calma.
─ Eu não consigo ficar calma, droga! Estou começando a ter um ataque de pânico, cacete!
─ Você é claustrofóbica?
─Sou e estou quase surtando aqui.
─ Respire devagar e pausadamente enquanto eu tento ligar do telefone de emergência aqui do elevador para o pessoal da manutenção ─ Assinto, mesmo tendo a noção de que ele não consegue me enxergar, pois tudo está um breu completo.
Sinto-o se afastar e ir até o telefone embutido no painel onde ficam localizados os botões. Escuto Scott conversar com outra pessoa do outro lado da linha, porém não consigo registrar nada do que é dito durante o tempo que eles conversam, pois estou empenhada em não surtar e entrar em pânico.
Inspiro, expiro.
─ Eles falaram que já estão trabalhando para colocar o elevador na ativa novamente e em breve poderemos sair daqui.Peço que tente manter a calma por mais alguns minutinhos.
Concentro-me na respiração, mas ao sentir braços fortes me rodearem e seu perfume delicioso invadir minhas narinas, meu corpo todo relaxa e só consigo pensar no quanto Scott é cheiroso e forte, pois dá para sentir cada gominho do seu abdome trabalhado sob a camisa.
─ Isso! Você está indo bem, Amber. ─ Ele tenta me acalmar ao passar as mãos sobre minhas costas para cima e para baixo, para cima e para baixo, enquanto sussurra palavras de incentivo em meus ouvidos com sua voz grave.
Poderia ficar assim por horas a fio, aconchegada nos braços musculosos, com sua voz rouca ao pé do ouvido e com as minhas mãos sobre seu corpo grande e forte.
No entanto, após alguns minutos, a energia retorna e o elevador começa a se movimentar, então começo a pulareuforicamente de alegria dentro dos braços de Scott, balançando braços e pernas e, num desses pulos, consigo, sem querer, acertar uma joelhada certeira bem no meio de suas pernas.
─Porra! ─ Ele resmunga se curvando de dor.
─ Ai, meu Deus! Scott, me perdoe, por favor, eu não fiz por mal. ─ Tento justificar o injustificável, e morrendo de vergonha por ter cometido essa gafe com ele que me ajudou tanto.
─ T... tudo bem... só ... só me dê um minuto, por favor... ─ Pede levantando o indicador, como que para confirmar seu pedido. Coitadinho, gente, ele não está nem conseguindo falar direito.
Eu sou uma pessoa horrível! Penso colocando ambas as mãos no rosto.
─ Você quer que eu faça alguma coisa? Sei lá, uma massagem para passar a dor mais rápido? ─ Após as palavras saírem da minha boca é que percebo a besteira que acabo de falar, pois Scott imediatamente ergue o rosto em minha direção e arqueia uma sobrancelha como que me questionando o que acabei de oferecer.
Um lembrete sobre mim, gente: quando eu fico nervosa, desando a falar e, geralmente, o que sai da minha boca quando estou desse jeito, nem sempre é algo que faça sentido, pois perco totalmente o filtro e falo e falo feito uma maritaca.
─ Melhor deixarmos você distante das minhas partes baixas, já que pretendo, provavelmente, ser pai um dia. ─ Assinto, tentando ficar de boca fechada, porém não demora muito e as porta do elevador se abrem em nosso andar e descemos, pegando o mesmo corredor.Ele caminha com certa dificuldade e acena quando me despeço dele após vários pedidos de desculpa. Sigo até a sala da Alycia para me apresentar ao trabalho.
AMBER Hoje encerra a minha primeira semana no meu novo emprego, e confesso que estou imensamente feliz em poder construir uma vida nova mas, principalmente, por estar ao lado da minha amiga novamente. Para comemorar, pretendo dar um rolê na cidade à noite para conhecer as boates e bares da cidade, ver gente e me distrair um pouco. Pensei em chamar a Alycia para comemorar minha primeira semana na cidade e no emprego. Então, sem pensar mais, levantoe bato na porta da sala da Aly, entrando logo após ouvir sua autorização. ─ Oi, Am. Algum problema? ─ Ela pergunta desviando a atenção do computador ao qual digita furiosamente. Acomodo-me na cadeira em frente a sua mesa e falo tudo de uma vez.
AMBER Bato a porta do táxi, ao descer em frente à boate mais badalada de Washington, segundo os sites de turismo, e caminho em direção à entrada. Mas, antes que consiga alcançar a fila enorme que se formou em frente à porta de entrada, meu celular começa a tocar insistentemente, puxo-o de dentro da minha bolsinha a tiracolo para verificar quem está me ligando, no entanto, o nome que vejo piscar na tela não me surpreende nada. Troy tem sido o pé no saco. Ele me liga insistentemente várias vezes ao dia fazendo com que eu tenha mais ódio dele, porque sua insistência só me faz perceber ainda mais o quanto fui idiota em achar que estava apaixonada por alguém tão sem caráter dessa forma, que sequer tem hombridade de reconhecer que errou e se recolher a sua insignificânci
SCOTT Chego em casa com um sorriso ainda estampado nos lábios, após deixar Amber em casa. ─ Que figura! ─ Balanço a cabeça ainda sorrindo e vou largando as roupas pela casa até chegar ao meu banheiro. Nu, coloco o corpo sob o jato de água quente, ainda pensando na ruiva. Quando resolvi ir até o bar da boate para pegar uma cerveja, ao passar, vi uma cascata ruiva brilhando entre a massa de corpos balançando bem no meio da pista de dança.Confesso que despertou meu interesse imediatamente, mas só tomei uma atitude e fui ao seu encontro quando tive um vislumbre do corpo curvilíneo sob o vestido preto. No entanto, qual não foi a minha surpresa ao levar um esbarrão
SCOTT Estico os braços na manhã de segunda sentindo um corpo ao meu lado na cama, olho para o lado e encontro Lane adormecida e completamente nua sobre a cama. Passamos o domingo todo nessa mesma cama fodendo como dois animais no cio. Confesso que estava precisando extravasar o tesão acumulado e que foi maravilhoso o dia de ontem, sempre é bom com a Lane, mas ainda assim o que sinto por ela não chega aos pés do que senti por Alycia um dia, pois entre Lane e eu só há tesão, desejo e nada mais. Quando faço menção de levantar, uma mão delicada, com unhas grandes pintadas de vermelho pousam sobre meu peito me impedindo de prosseguir.&nbs
AMBER É difícil de acreditar que já faz um mês que estou morando em Washington. Confesso que pensei que não iria me adaptar tão rápido assim ao lugar, mas parece que me enganei, graças a Deus por isso. Outra coisa que me surpreendeu, positivamente, é claro, foi a minha amizade com Scott.A princípio pensei que nossa relação ficaria estranha pelo fato de eu ter sido namorada do amigo dele, mas Scott soube separar totalmente as coisas e, em consequência disso, nos tornamos grandes amigos; além disso, os seus amigos se tornaram meus amigos também e todo final de semana saímos, nos divertimos em grupo e tudo está perfeitamente bem na minha vida. No entanto, a despeito da boa fase em que minha vida anda, ainda h
AMBER O sol da manhã entra pela janela da sala e eu caminho até a cozinha para preparar meu café da manhã. Bocejo verificando a bagunça em que a casa se encontra, mas já decidindo por onde começar a arrumação que pretendo fazer assim que concluir a tarefa de alimentar a anaconda que habita em meu estomago. ─ Graças a Deus que eu não tenho tendência para engordar, senão estaria ferrada, pois não tenho o mínimo saco para dieta. ─ Só em pronunciar essa palavra me dá arrepios. Depois de me alimentar, visto um shortinho jeans curto, uma regata branca e faço
SCOTT ─ Seja bem-vinda, Amber. ─ Digo após abrir a porta e dar passagem para que ela entre. Quando chega ao meio da sala, a maluquinha observa tudo com curiosidade e se acomoda no sofá. ─ Nossa!Você é bagunceiro hein, Thor. ─ Mas é muita audácia da sua parte vir reclamar da minha bagunça, senhora destruidora de apartamentos. ─ Digo ao me acomodar ao seu lado no sofá e colocar os pés sobre a mesinha de centro. ─ E por falar nisso... é melhor a senhorita ficar longe do fogão, do encanamento e de qualquer meio possível de destruição, já que eu ainda pretendo morar nesse aparta
AMBER Assim que Scott bate à porta, ainda parada com as garrafas de cerveja na mão, observo a parede sem entender nada do que acaba de acontecer, pois ele ficou estranho assim que me viu. ─ Será que foi alguma coisa que eu falei? Ou será que ele se arrependeu de ter me chamado para morar em seu apartamento? ─ Questiono em uma batalha interna comigo mesma tentando decidir se vou para o quarto e pego minhas coisas para me mandar imediatamente, ou se espero ele voltar e pressioná-lo para esclarecer as coisas antes que a situação fique mais estranha do que já está. Saindo do transe, caminho até o sofá, decidida a esperar que Scott retorne para que conversemos. Sento no sof&aac