Paixão Sem Limites (Série Limites - Livro 3)
Paixão Sem Limites (Série Limites - Livro 3)
Por: Chris Nascimento
Prólogo

            As ruas de Boston sempre ficam cobertas de neve esta época do ano, o que me faz redobrar a atenção o máximo possível enquanto caminho para casa. Saí mais cedo do trabalho, pois tinha consulta marcada e não poderia faltar. Sinto um calafrio percorrer meu corpo com o simples pensamento de engravidar.Mesmo tendo certeza de que amo o Troy, ainda é muito cedo para pensarmos em dar esse passo.

            Aceno para o senhor Stuart, o porteiro do prédio em que eu moro, e sigo até o elevador apertando o botão para chamá-lo.

            ─ Nossa, como cheguei cedo em casa hoje! ─ Constato ao verificar as horas em meu lindo reloginho da Tiffany&Co. que comprei em suaves prestações, mas tendo a certeza de que morrerei e ainda estarei devendo essa belezura.

            Começo a vasculhar dentro da minha bolsa, que mais parece uma caverna de tão grande, tentando achar a chave do apartamento e meu protetor labial. Quando as portas do elevador se abrem no meu andar, já estou com as chaves da porta na mão, mas ainda com a cabeça enfiada dentro da bolsa à procura do protetor labial, pois meus lábios estão muito ressecados por causa do frio.

            Faço tudo no automático, insiro a chave na porta com uma mão, puxo a maçaneta e entro no apartamento, estando ainda com a cabeça enfiada dentro da bolsa à procura do maldito protetor.

            ─ Achei! ─ Comemoro empunhando o objeto como se fosse um troféu. Porém,   meu estado de euforia cessa na mesma hora em que identifico barulhos estranhos vindos na direção do corredor que dá para os quartos.

            Aguço a audição na tentativa de compreender o que são os barulhos, já imaginando que ladrões invadiram meu apartamento.

            Sigo andando sorrateiramente, pego um jarro na mesinha ao lado da porta como arma, e vou na ponta dos pés naquela direção já imaginando vários cenários em minha cabeça mas, ainda assim, tentando manter a calma.

            Ando pé ante pé pelo corredor com os ouvidos bem abertos e,à medida que vou me aproximando mais do meu quarto, os barulhos vão aumentando.

            ─ Não pode ser. ─ Sussurro para mim mesma, mas já tendo uma noção do que vou ver ao entrar no quarto, pois neste momento já consigo identificar perfeitamente os barulhos.

            Quando estou diante da porta, os barulhos e gemidos ficam bem mais audíveis, então, não espero mais nada e escancaro a porta com um supetão.

            ─ Filho da mãe desgraçado! ─Berro, jogando a bolsa na cara do Troy e da vadia da minha vizinha, a qual ele estava fodendo de quatro em cima da minha cama! Da minha cama! Como o jarro escorregou da minha mão na confusão, piso sobre ele quando comecei a espancar os dois sobre a cama.

            ─ Amor... Amber! Eu posso explicar! ─ O desgraçado ainda tem a audácia de me chamar de amor!

            ─ Não me chame de amor, seu miserável, traidor de uma figa! E saia da minha casa você e essa vadia que não pode ver um macho que já vai abrindo as pernas!

            ─ Olha aqui, não venha me culpar se você não consegue satisfazer seu homem, querida. ─ A maldita descarada ainda tem a ousadia de me enfrentar.

            ─ Você que é uma cachorra no cio, sua vadia. ─ Como não tenho sangue de barata, voo pra cima dela com sangue nos olhos.

            Kristen, minha vizinha, tenta fugir, mas eu sou mais rápida que ela e agarro em seus cabelos com força estapeando sua cara seguidas vezes, enquanto ela se debate tentando fugir dos sopapos que desfiro em sua cara de piranha.

            ─ T, socorro! Tira essa louca de cima de mim! ─ A cadela começa a gritar pedindo a ajuda do adúltero miserável.

            ─ Amber, por favor, vamos conversar. Deixa a Kristen ir, por favor.

            ─ Cala a boca, Troy, porque minha conversa com você será depois que eu arrastar a cara dessa vagabunda no chão. ─ Dizendo isso saio arrastando a Kristen, ainda nua pelo apartamento até abrir a porta e jogá-la no meio do corredor com as roupas nas mãos, descabelada e nua. Fecho a porta com brusquidão marchando para o quarto feito um touro bravo, soltando fogo pelas ventas.

            Assim que entro no ambiente, Troy, já vestido, encara-me com certo receio, pois ele sabe muito bem que quando eu estou furiosa, como estou agora, não é seguro falar comigo, mas depois de todo o tempo que passamos juntos, aparentemente, ele não aprendeu nada a meu respeito.

            ─ Amber, amor, eu posso explicar o que você viu. ─ Cruzo os braços sob os seios e arqueio uma sobrancelha com a audácia do traidor de uma figa.

            ─Ah! Jura? Então explique, porque estou louca para ouvir da sua boca a justificativa para o fato de ter chegado em casa mais cedo do trabalho e você, meu namorado, estar enrabando a minha vizinha, sobre a minha cama. Minha cama, Troy!

            O descarado abaixa a cabeça com culpa, mas mesmo assim não desiste de tentar me fazer de idiota, então conto até mil, pausadamente, na tentativa de acalmar a minha fúria.

            ─ Falando dessa maneira, parece realmente que fui um tremendo canalha com você, mas, em minha defesa, admito que fui fraco e caí nas investidas da sua vizinha, no entanto, resisti por meses antes de ceder e fodê-la sobre nossa cama. ─ Ele parece genuinamente arrependido do que fez, mas eu não perdoo nenhum tipo de traição.

            ─ Acima de qualquer coisa, você deveria ter respeitado nosso lar, nossa cama e, principalmente, a relação bonita que construímos ao longo dos meses que ele durou. Resistir não é um ato de heroísmo, mas sim um dever dos dois, seu maldito! Você comeu a vadia sobre a minha cama! A minha cama, seu escroto!

            Não aguentando mais segurar meu gênio forte, lanço-me sobre ele desferindo tapas em qualquer parte do seu corpo que encontro: rosto, peito, braços... Ele não se defende, nem tenta se esquivar dos golpesfazendo minha fúria aumentar.

            ─Defenda-se, seu miserável! ─ Grito, enquanto desfiro mais golpes.

            ─Amber, por favor...

            ─Cala a porra da boca, Troy! ─ Grito, fuzilando-o com os olhos.─ Pegue suas coisas e saia da minha casa!

            ─Amber, eu te amo! Me perdoa, por favor! ─ Troy suplica ao perceber que não estou de brincadeira.

            ─ SAIA DA MINHA CASA! ─ Grito histérica, mas apesar dos meus gritos, ele não se move, ao contrário, Troy faz o que jamais pensei vê-lo fazer em toda minha vida, ele se ajoelha aos meus pés e implora.

            ─ Amor, me perdoa.

            ─ Amor um caralho! Tá para nascer homem que me faça de idiota, Troy.

            ─ Por favor, Amber!

            ─ Se você não vai sair por bem, vai por mal. ─ Sentencio, desvencilhando-me do seu aperto em minhas pernas.

            ─ Eu não vou a lugar nenhum, não antes de conversarmos direito.

            ─ Ora, não me faça rir, Troy. Qual a parte do “saia da minha casa” você não entendeu, porra?Vaza da minha casa, da minha vida! Eu não perdoo traição, cacete! A.CA.BOU!

            Como ele não faz menção nenhuma de se mexer, puxo seu braço e o empurro para fora do apartamento, fechando a porta na sua cara logo em seguida.

            Escuto os protestos e as batidas de Troy na porta, mas não abro e grito para que ele escute:

            ─Acho bom você parar de gritar na minha porta, senão serei obrigada a chamar a polícia e informar que tem um louco tentando arrombar meu apartamento, Troy.

            ─Porra, Amber, vamos conversar, amor, por favor...

            ─Vá conversar com a vadia que você estava comendo em cima da minha cama, seu descarado traidor de uma figa.

            Marcho para o quarto limpando as mãos uma na outra e fecho a porta logo em seguida com um estrondo. Pode até parecer que eu não amo o Troy, amo sim, admito, no entanto, quando uma pessoa vacila comigo todo o sentimento que tenho se transforma em decepção, mágoa e rancor, exatamente o que estou sentindo agora pelo meu ex-namorado traidor.

            Bufo ao passar pela cama e recordar a cena nojenta que flagrei ao entrar no quarto.

            ─Amanhã eu decido o que vou fazer com esse colchão, até porque hoje não pretendo dormir mesmo, pois vou descarregar toda minha raiva dançando e bebendo com meus amigos em alguma boate da cidade. ─Murmuro antes de entrar no banheiro, porém, paro no meio do percurso ao notar as roupas do traidor penduradas no closet.

            Decidida marcho até lá, cato tudo dele que encontro pela frente e com os braços abarrotados de roupas e objetos pessoais vou em direção à janela. Olho para baixo e, percebendo que o escroto ainda está lá em baixo, grito o mais alto que consigo:

            ─Querido, você esqueceu de levar suas coisas! ─ Emprego bastante desdém ao pronunciar a palavra “querido” e, assim que ele e várias pessoas na rua olham para cima, jogo todas suas roupas e objetos pessoais pela janela.

            ─ Porra, Amber! ─Ele esbraveja ao notar todas as suas coisas jogadas na sarjeta.

            Fecho a janela e sigo para o banheiro com intuito de tomar meu banho reparador.

***

            Meia hora depois, já arrumada com um vestidinho minúsculo e muito colado no corpo, com saltos assassinos nos pés, saio do closet pronta para me esbaldar na noite. Porém, ao passar pelo quarto, esbarro na cômoda ao lado da cama e, sem perceber, minha bolsa bate em uma vela aromática, que tinha acendido com o intuito de tirar o odor de sexo que os dois miseráveis tinham deixados impregnados no quarto, e que cai sobre o colchão.

            Não percebendo o que fiz, caminho até a sala, pego as chaves de casa e saio sem notar que, sem querer, acabei tocando fogo em meu próprio apartamento.

***

            Na manhã seguinte e com uma ressaca infernal, desço do táxi em frente ao meu prédio, e assusto-me com a confusão armada em frente ao edifício. Pessoas na calçada, assustadas, olhando para cima, bombeiros para lá e para cá formandoum verdadeiro caos.

            ─Moça, o que está acontecendo? ─Pergunto a uma mulher que está parada na calçada olhando a confusão toda.

            ─ Um apartamento pegou fogo, parece que foi acidentalmente, uma vela caiu sobre o colchão e incendiou tudo, o sistema anti-incêndio foi acionado e inundou todo o prédio.Apesar do sistema anti-incêndio ter sido ligado, não foi suficiente para impedir que o apartamento pegasse fogo. ─Ao ouvir as palavras vela e colchão, lembro-me imediatamente que não apaguei a vela antes de sair ontem à noite, então meu corpo todo gela da cabeça aos pés.

            ─Você sabe qual o número do apartamento que pegou fogo? ─Questiono já pressentindo o pior.

            ─ Ouvi um bombeiro informar que o apartamento que pegou fogo foi o 401.

            ─Puta que pariu! ─ Exclamo ainda em choque ao constatar que, sem querer, taquei fogo em meu próprio apartamento. ─ Mas eu sou uma anta mesmo! ─ Estapeio minha testa com ódio de mim mesma.

            Neste exato momento, meu telefone começa a tocar estridentemente na minha bolsa e amaldiçoou-me mais uma vez por não ter desligado o telefone, já que Troy, o desgraçado traidor, passou a noite toda me ligando. Pego o aparelho da bolsa já pronta para desligá-lo, no entanto, percebo que não é Troy e, sim, um número que não conheço, então resolvo atender.

            ─ Alô? ─ Escuto atentamente o que a outra pessoa fala do outro lado da linha completamente estarrecida. Quando a pessoa conclui o que tinha a dizer e espera uma resposta minha, olho para o prédio, penso em como a minha vida está nesse momento e não titubeio ao dar a minha resposta imediatamente.

            ─Eu aceito.

***

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