Capítulo 07

Adelly ficou por alguns meses na casa de sua tia que só conseguiu isso prometendo que enviaria algum servo seu para ficar de olho em sua mãe enquanto ela ficava ali.

Com isso, Adelly aproveitou para aprender todo o possível com sua tia e sua prima Abina, para conseguir algum remédio que curasse sua mãe.

Mas a vida de Adelly não poderia ser tão fácil.

Abina, sua prima, fazia questão de fazer sua vida um tormento, porque viu Abnorú, o príncipe na qual ela era apaixonada e que inclusive já tinha um caso, olhando diferente para ela em uma ocasião em que Abina estava no reino.

Ela não gostou daquilo, e sabendo o quanto Adelly era bonita, não queria de jeito nenhum que ele se aproximasse dela.

E de repente, um dia qualquer se tornou em um marco incrível para Adelly que, depois de ver o resultado de seus testes, sabia que agora poderia voltar para casa e possívelmente curar sua mãe.

A felicidade era tanta que ela corria pela casa pegando suas coisas, querendo partir logo antes que fosse tarde. Talvez sua mãe ainda estivesse viva, com muita sorte. E aí, ela chegaria e daria o remédio feito por ela mesma a sua mãe e ela iria ficar bem!

— Mas que correria é essa, Adelly? — Sua tia Amélia perguntou.

— Eu consegui tia! Eu consegui! Estou voltando pra casa nesse instante! Ainda posso curar a minha mãe!

E voltando a correr para pegar suas coisas, Adelly se foi pela casa enquanto Amélia sorria feliz por sua sobrinha e sua irmã, que poderia ser salva.

Porém, alguém queria acabar de vez com a vida de Adelly, para que ela nunca mais se metesse em sua vida.

Sua mãe não era mais dela, e toda a admiração ficou focada na bonitinha e educada Adelly... E além disso, ela queria roubar Abnorú de Abina? Não... Adelly não iria mais estragar sua vida, Abina pensava.

Quando não tinha ninguém por perto, Abina se aproximou do remédio feito por Adelly, e pegou algumas doses de um outro remédio que sua mãe fazia para pessoas dormirem, trocando os frascos. Aquilo era perigoso, uma dosagem a mais poderia fazer com que a pessoa não acordasse mais... E a morte da mãe de Adelly era o plano perfeito para acabar com ela.

Quando Adelly chegou, pegou o frasco com o veneno e se despediu rapidamente da tia e da prima, partindo de viagem.

Enquanto isso, da varanda daquela casa na floresta, Abina observava sorrindo maleficamente sabendo o que aconteceria com sua querida priminha.

Quando todos viram o retorno de Adelly, alguns ficaram assustados e outros interessados ao ver como ela havia se tornado uma mulher ainda mais bonita.

Adelly tinha os cabelos ondulados e, por mais que fosse anormal, sua mecha dava um realce em sua beleza natural.

Ela tinha um corpo desenvolvido para sua idade e tinha curvas bonitas, que chamava atenção de qualquer um.

Sempre com vestidos em cores de vermelho ou vinho, e seus cabelos soltos sem se importar com os olhares sobre ela, Adelly já não se incomodava mais com nada.

Sua beleza foi herdada de sua mãe, principalmente seus olhos verdes chamativos... Adelly era realmente uma moça muito bonita.

Quando chegou em casa e encontrou sua mãe debilitada na cama, correu até ela com preocupação, dizendo que tudo ficaria bem, pois agora ela havia conseguido a cura para suas vidas difíceis.

Adelly tirou de seu saco alguns frascos com o remédio, com uma coloração rosada devido a uma flor que foi usada, e fez sua mãe beber tendo a certeza de que logo ela estaria bem. Confiante que tudo daria certo, Adelly teve uma ótima noite ao lado de sua querida mãe. Porém, ela não imaginava o que estava por vir.

...

O desespero não era um por cento do que realmente Adelly sentia quando viu sua mãe morta no dia seguinte.

O grito que deu de dor e sofrimento poderia ser ouvido do outro lado do reino, mas nada importava mais do que o que vivia.

O que aconteceu... Como isso aconteceu? Adelly tinha feito os testes... Não era possível...

Enquanto chorava ali, pegou o frasco o jogando com tudo na parede despedaçando em vários cacos de vidro por todo canto.

E então ela sentiu o cheiro. Um cheiro diferente do remédio que tinha feito...

— Isso... Tem cheiro de...

Quando percebeu que alguém trocou seus remédios por aquele veneno, ficou ainda mais furiosa, quebrando todos os outros frascos na parede... E enraivecida virou a mesa da casa e caiu de joelhos novamente em desespero, chorando muito.

Mas o que parecia o pior, ficou ainda mais atordoante quando de repente invadiram sua casa.

Naquele instante, outra coisa foi entendida de toda aquela cena catastrófica, e o que era mentira se tornou confirmação para todos.

Os soldados a agarraram pelo braço e a levaram a força até o palácio, entrando na sala do trono. Adelly relutava chorando dizendo que não tinha feito nada, ela estava apenas tentando salvar sua mãe, mas os soldados insistiam em dizer que ela seria morta por ser uma feiticeira.

Ao contar sua história à rainha, a mesma olhou fundo nos olhos da garota que se derramava em lágrimas. Aquilo não parecia arrependimento, e a rainha estava decidida a ajudá-la, o que não era a vontade de Akír, principalmente depois de terem acusado a moça de ter tramado a morte inesperada da mãe com magia por acreditarem fielmente que ela era uma feiticeira. Ainda mais por saberem que ela passou um tempo na casa da tia que já havia sido expulsa.

O caso parecia não ter fim, mas depois de muita insistência, Amelina convenceu seu marido a fazer um acordo para a segurança de ABAD. Como eles não podiam ter certeza de que ela era inocente ou se era de fato uma feiticeira, Adelly seria exilada e não poderia ter contato com ninguém, mas se eles descobrissem que ela desobedeceu, sua sentença seria a morte.

Além disso, toda pessoa que nascesse com a mecha branca, na qual eles acreditavam ser o sinal de que ela era mesmo feiticeira, deveria ser morta.

E assim, Adelly foi levada a pontapés para fora do palácio, sendo jogada no chão.

Cuspiram nela, e desejaram sua morte, e ali, deitada no chão com o pó em seu rosto molhado de lágrimas, Adelly se levantou, jurando a si mesma que ela iria dar a volta por cima. Custe o que custasse.

A Adelly foi dada a última casa da vila, a mais afastada possível, pois agora ela estava exilada e não podia ter contato com ninguém.

Mas não seria assim. Sua vida não seria mais miserável, ela iria mudar isso, e de sua beleza, ela iria tirar seu sustento.

Durante alguns anos Adelly conseguiu ganhar dinheiro vendendo seu corpo, nos primeiros anos a experiência foi traumática e assustadora, mas ela precisava fazer isso, era o único modo de conseguir alguma coisa.

E depois desses anos, a moça que agora era uma mulher de vinte e dois anos era odiada pelas demais mulheres do reino, e amada pelos maridos delas, aquela que foi jogada e cuspida agora tinha o príncipe herdeiro totalmente apaixonado por ela, e não poderia perder esta chance de finalmente poder ser superior a todos aqueles que queriam sua morte devido ao seu passado. Agora, Adelly iria vencer e se tornar a nova rainha do maior reino das quatro regiões, e ordenaria que todos arrastassem o rosto no pó por ela, como a fizeram passar.

[...]

Heven também tinha vinte e dois anos quando todas essas coisas aconteciam em ABAD, porém ela estava distante de tudo isso.

Treinada durante toda a sua juventude para roubar sem ser notada, Heven passeava por aí roubando jóias preciosas de mercadores enquanto fingia que estava olhando.

Foi difícil pedir a permissão de seu pai para poder ir para Tórus para furtar as jóias que tinha por lá. Ela ouviu dizer que em Tórus eram fabricadas as mais belas jóias dos quatro reinos, e ela poderia faturar muito com essas mercadorias roubadas.

Depois de muita insistência, ele concedeu seu pedido, embora Kalí ainda não tivesse gostado.

— Vocês vão ver, vou voltar em breve com muitas jóias pra nós.

— Tome cuidado, querida... Por favor...

— Relaxa, mãe, até parece que não me conhece... — Heven disse apertando o nó que fez para seu pano verde musgo não cair de sua mão.

— Ela tem razão. Nós a treinamos para isso... Você vai partir hoje? — Zadack perguntou, sendo observado pelos outros homens.

Heven balançou positivamente a cabeça, pegando sua faca pequena a guardando na cintura.

— Sei que vai conseguir. Você é valente, Heven. — O homem disse dando um tapinha no ombro da filha que sorriu.

— Vou partir antes que o sol se ponha, a minha bolsa já está pronta, só falta um pouco mais de água.

— Aqui está, eu já separei pra você. E mais uma vez, tenha cuidado, filha...

— Obrigada, e pode deixar, mãe, logo eu estarei de volta.

E dito isso, Heven se despediu dando um abraço em seus pais, começando a caminhar para longe do acampamento deles, dando um tchauzinho no ar.

— Sabe que pode estar mandando ela de volta para sua verdadeira família, não é? — Nér falou aos ouvidos de Zadack.

— Nós somos a família dela. — Ele respondeu sem tirar os olhos de Heven que se afastava cada vez mais.

— Ela está indo para o reino vizinho de Óligun, além disso, a princesa Alice é casada com o irmão do rei de Tórus.

— Então... Quem sabe ela não dá a sorte de encontrá-los... — Zadack disse por fim, pensando no melhor para sua filha, sabendo que verdadeiramente a amava como um pai.

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