Capítulo 05

A noite tinha um clima estranho para Alice, que demorou a pegar no sono olhando para sua bebê no berço.

A noite estava quente, e vendo que ela estava suando, resolveu deixar a janela um pouquinho aberta para que o vento entrasse.

Aurora estava tão bonitinha em seu sono, Alice não queria acordá-la, mas sentia em seu coração uma vontade grande de aperta-la em seus braços. O que era isso?

Quando enfim sentiu sono, foi até sua cama junto do marido para dessa vez tentar dormir novamente.

Mas esse era um grande erro nesta noite específica.

Ali, embaixo de seus narizes, o ladrão mais experiente dos quatro reinos e regiões próximas subia silenciosamente escalando a parede até chegar na janela da princesa.

Foi uma sorte e tanto que ela tenha mandado os guardas não rondarem por ali, agora ele podia facilmente subir aquele lugar.

Ele sabia que iria levar mais jóias consigo e podeira ser difícil de carregar, por isso preparou tudo para que conseguisse descer depois sem problemas.

Entrando no quarto da princesa, silenciosamente, ele viu ela e seu marido dormindo na cama. Ele na verdade não esperava muito vê-los no mesmo quarto dela depois de casada. Achou que o quarto estaria vazio, mas isso não podia o impedir.

Olhando parado pelo quarto, avistou o bebê e se lembrou do que Kalí disse... Aquela filha... Era dele, com certeza...

Uma ideia surgiu em sua cabeça, que era arriscada, mas que poderia lhe render muito mais do que a coroa... E sem tempo, ele se preparou para executar.

[...]

Kalí deitada sozinha naquela caverna, sentia o medo de todo esse novo para ela, e ainda mais se sentia preocupada com Zadack. Ela não sabia quanto tempo ele podia demorar e, além disso, tinha medo de alguém aparecer por ali. O que ela faria?

Respirando fundo, ela balançou a cabeça querendo que todas as suas preocupações fossem embora, sabendo que não iria funcionar.

— Zadack... Espero que consiga voltar logo... Você me prometeu...

[...]

Um sonho horrível atormentava a princesa, que parecia durar séculos, e que ela não conseguia pôr um fim.

E de repente naquele pesadelo, ela viu Zadack parado, a observando. Isso deixou seu corpo arrepiado, e logo após isso, ela escutou no sonho o choro de sua filha, e com essa cena ela acordou assustada.

Com os olhos arregalados, ela percebeu a claridade do dia, e sua janela... Aberta.

Seu coração acelerou como nunca antes, e seu corpo inteiro doeu, do fio de cabelo até os dedos dos pés, ao temer por sua filha.

Se levantando rapidamente para ir até o berço, Alice já chamou por seu nome, acordando o marido.

Quando ela viu que Aurora não estava em seu berço, seus olhos se arregalaram e sua respiração ficou ofegante. Naquele instante Alice achou que estava morrendo de tanto desespero, sentindo suas pernas fraquejarem.

— Meu amor, o que foi? — Jaze perguntou se levantando.

Ela não falava nada, não conseguia. Sua expressão estava congelada desacreditada de que não via ela ali. Talvez ainda achasse que estava sonhando.

— Alice? O que... — Jaze segurava os braços dela até que pausou quando viu o berço vazio.

O choque foi o mesmo para ele, que arregalou os olhos e perguntou a primeira coisa que naturalmente vinha em sua mente.

— Onde está a nossa filha?

Dava para ver o desespero do príncipe que derramava suas lágrimas com a mesma expressão de desespero.

— Não... Não não não... NÃO! AURORA! — Alice começou a gritar desesperada, abrindo as portas, e olhando pela sua janela esperando que de alguma forma fosse ver sua filha.

A princesa e o Jaze correram por todo o quarto gritando e chamando pela bebê em um fio de esperança de encontrá-la, acordando todos do palácio que se apavoraram e começaram a procurar também.

O reino inteiro foi mobilizado por causa disso, os guardas foram recrutados na missão de procurar a princesa Aurora, e não se sabia quanto tempo isso iria levar.

Desolada e totalmente apavorada, Alice recebia um abraço confortante de sua mãe, que tentava acalmá-la, sem sucesso.

Jaze estava com o rei, mandando instruções sobre a procuração da princesa.

Nervoso e assustado, ele pediu para se retirar por alguns minutos.

Se afastando do grupo, ele começou a derramar suas lágrimas desesperadas, se ajoelhando no chão, e encostando sua testa na areia.

Como ele não conseguiu proteger sua filhinha? Como ele não viu nada? Como ele só percebeu depois?

Jaze se lembrou das palavras que disse a sua esposa noite passada, de que enquanto estivesse vivo ele as protegeria... E ele não conseguiu...

Chorando sem parar, sentiu de repente uma mão em seu ombro, e se virando para ver, percebeu que era sua esposa, a princesa Alice, que se ajoelhou ao lado dele encostando sua cabeça em seu ombro.

Durante toda as suas vidas juntos até aquele momento, nunca puderam imaginar que algo assim pudesse acontecer com eles.

E ali, os dois choraram juntos por um longo tempo.

[...]

Cinco anos se passaram desde o dia do nascimento do novo herdeiro do trono de ABAD. Ainda era um assunto muito comentado por todos tanto no castelo, como na cidade e também nas aldeias. Quando Abnorú era um bebê, todos queriam passar um tempo com ele, passando de colo em colo. Ele era um bebê muito bonito, de longe chamava atenção, mas ao longo dos anos, cada vez menos pessoas o queriam por perto.

   – Filho, venha, já está ficando tarde! Eu já mandei preparar seu banho delicioso e também seu lanchinho. – A rainha falava alto para que seu filho a escutasse.

   – Eu não quero entrar! Vá fazer suas coisas idiotas e me deixe brincar mais um pouco! – O menino respondeu sem se virar para ver o rosto da mãe.

   Abnorú era o tipo de criança que adorava provocar a ira de sua mãe, pois sabia que a mesma não iria fazer nada além de desistir e ir embora. Amelina era incapaz de pensar em dar algum tipo de castigo para seu primogênito, e por isso, a criança sabia que tinha total controle sobre ela, e que com o passar do tempo, esse poder só cresceria.

   O garoto se divertia batendo com sua espada de madeira em um boneco de pano preso no chão, no qual era usado nos treinos dos soldados de ABAD. Seus atos violentos não somente contra aquele boneco, preocupavam sua mãe que preferia pensar que ele só estava treinando para se tornar um grande guerreiro, pois ele precisava saber manusear aquela arma estando destinado a se sentar no trono. Ao se lembrar disto, a rainha sentiu sua pele arrepiar, fazendo seus olhos voltarem para o garotinho perfurando o boneco.

   – Abnorú, eu não estou pedindo, eu estou mandando que você entre, agora! Você quer que eu vá até aí?

   – Isto é uma ameaça? Eu sou o futuro rei e poderei me lembrar disso! Então cuidado com o que você fala para o futuro rei. – O garoto disse fechando os punhos a olhando diretamente.

   A rainha se espantou ao ver as palavras duras do garoto, sentindo aquele arrepio voltar em seu corpo. Não era a primeira vez que o menino a respondia de forma bruta, mas nunca havia a alertado deste modo. No fundo Amelina sabia que ela precisava fazer algo para que Abnorú mudasse, pois eram preocupantes os anos futuros se ele piorasse.

   – Nós não deveríamos ter passado a mão na cabeça dele como fizemos até agora... – Disse o rei Akír se aproximando atrás de sua esposa.

   – Talvez não... Mas pode ser só birra de criança, isso vai passar, ele só tem cinco anos! – A rainha disse sem se virar para ver o rosto do marido.

   – Temos que mudar isso, creio que não é só uma fase... Abnorú é uma criança muito inteligente, temos que fazer isso com cautela e com muita paciência. Afinal, o que pode acontecer quando ele for coroado?

   Amelina se virou segurando a mão de seu marido, o olhando com lágrimas. Não era assim que ela havia imaginado que seu filho seria, mas ela o amava tanto que não sabia o que fazer, além disso, Amelina não queria de jeito nenhum deixar Abnorú zangado.

– Deixe que eu vá buscá-lo, você precisa descansar, pois tem outra criança sendo gerada no seu ventre. – O rei disse dando um beijo na testa da rainha, que fez como seu marido disse.

   Akír buscou o menino para dentro do castelo se perguntando o que deveria ser feito para que ele mudasse. Abnorú não tinha respeito pelos pais, ainda sendo apenas uma criança, o que tirava o sono de Akír por pensar no que ele poderia se tornar quando crescer e perceber que tem poder sobre todas as outras pessoas do reino. Além disso, outra preocupação estava presente nos pensamentos do rei, seu segundo filho. Eles precisavam usar outro método para educar o príncipe ou a princesa que viria.

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