Alice terminava de vestir o pijama em Aurora que brincava com um chocalho, alegre e sorridente com o brinquedo. Porém, diferente da filha, Alice se sentia estranha como se o arrepio que sentiu mais cedo, o sentimento estranho ainda não tivesse passado.
— Não se preocupe atoa, Alice... Não há com o que se preocupar... — Ela disse para si mesma, pegando a bebê no colo.O príncipe Jaze voltou para o quarto, pronto para deitar e dormir, mas antes foi ao encontro de Alice que balançava Aurora no colo para que pegasse no sono.Fez um carinho em seu rosto com um sorriso sincero nos lábios, sussurrando um "eu te amo".Quando Aurora adormeceu, Alice a colocou no berço e caminhou lentamente e silenciosamente até sua cama onde Jaze já havia se deitado. Ali se aconchegou nos braços do marido.— Espero que ela durma a noite toda, estou tão cansada...— Se ela acordar, não se preocupe, eu a nino novamente. — Jaze sussurrou fazendo carinho nos cabelos loiros da princesa.— Sabe... Querido... Durante o dia eu tive... Um pressentimento ruim... — Alice comentou acariciando o peitoral do marido.— Como assim? O que sentiu?A princesa levantou seu rosto olhando para Jaze que franzia o cenho.— Como se... Algo ruim estivesse prestes a acontecer...— Não diga isso... Nada vai acontecer, eu estou aqui para proteger a nossa família.— Eu sei... Na verdade não sei porque estou sentindo isso... Deve ser bobagens da minha cabeça...Jaze sorriu acariciando sua mulher, a olhando docemente em seus olhos, logo depois olhou para o berço onde a pequena Aurora estava, e sussurrou novamente:— Enquanto eu estiver com vocês, eu juro que sempre as protegerei de qualquer coisa ruim. Agora vem, vem cá... Deita aqui comigo. — Ele a aproximou fazendo com que Alice deitasse em seu peito.E ali, se sentindo melhor, Alice pegou no sono junto de Jaze.[...]Dentro daquele quarto pouco iluminado, estava Kalí sentada de frente para Zadack que ainda perplexo, tentava reformular seu plano.— Você não pode fazer isso, por que vai se arriscar tanto se já tem o que precisamos para fugir daqui?— Não vou ir embora sem tirar alguma coisa daquela princesa. Eu só perdi meu tempo com ela, já que se casou com outro homem. Mas eu vou conseguir arrancar alguma coisa de valor. Talvez sua coroa...Kalí se levantou nervosa, coçando sua cabeça pelo nervosismo. Isso era muito arriscado, ele facilmente poderia ser pego e levado preso na melhor das hipóteses...— Zadack, por favor...— Vou te dizer o que vamos fazer. — Ele disse pronto a explicar o novo plano, sem dar ouvidos ao pedido dela. — Você vai ficar aqui no quarto e vai juntar algumas roupas para você, pelo menos para viajarmos até a minha caverna.Kalí ouvia atentamente o que ele falava, nervosa, porém ansiosa para sair dali definitivamente.— Enquanto isso, eu irei até uma das mesas dos homens e vou dar início a alguma discussão, depois quando todos estiverem discutindo e se socando eu irei sair e irei fazer o "pagamento pela noite" como se eu não tivesse causado nada.— Mas por quê isso?— Assim o Gerúndio vai ter que apartar a briga, expulsar alguns homens, sei lá. O importante é que ele irá sair do balcão e é nessa hora que eu vou pegar todo o ouro.Kalí continuava ouvindo cada parte, sem perder nenhum detalhe pois tudo era importante para que o plano desse certo.— Você irá se trocar e pôr uma roupa menos chamativa para poder ir discretamente até a porta, e logo depois vou eu. Simples e fácil.— Como podemos ter certeza de que vamos conseguir? E se o Gerúndio não for apartar a briga? — Kalí perguntou nervosa.— Isso não vai interferir na sua parte do plano. Se ele não fizer o previsto, eu vou ter que achar um outro jeito.— Mas e se você não...— Kalí, — Ele a interrompeu. — Eu sou o ladrão mais procurado de todas as regiões! E nunca me pegaram até hoje. Eu sei o que estou fazendo. Não se preocupe.Kalí suspirou, tentando tomar coragem para fazer isso. Ela sempre lutou pela liberdade, sempre sonhou com isso, um dia ser livre sem ter a obrigação de vender seu corpo para conseguir comer um prato de comida.Ser dona de si mesma e poder dormir sem sentir medo do amanhã. A promessa de liberdade que Zadack a fazia era o céu para ela, e tudo o que ela mais temia agora era que se tornasse o inferno se não desse certo.A noite mais perigosa de sua vida estava começando. Kalí estava no quarto esperando a deixa para poder sair daquele lugar tenebroso.Roía as unhas sentindo seu coração acelerado, enquanto se balançava de um lado para o outro no pique do nervosismo.Ela já estava com sua bolsa com algumas coisas dentro. Não era muita coisa, pois precisava sair sem chamar atenção.Ela escutou enfim o barulhão de homens brigando e gritando, e esse era o momento perfeito para sair do quarto. A essa altura Zadack já devia estar no balcão.E como ela imaginava, lá estava o homem. Ela deu uma rápida espiada nele antes de seguir caminhando como deveria, enquanto Zadack fazia sua parte do plano.Ele entregou o dinheiro, mas foi interrompido pelo dono impaciente.— Ah, espere um só momento, Zadack, aqueles desgraçados vão quebrar as minhas mesas!E dito isso, ele saiu gritando com todos, enquanto Zadack sorrateiramente fazia o que de melhor ele sabia.Com as instruções de Kalí, ele roubou grande parte do baú que ficava escondido embaixo da bancada.Pegando grandes quantias e as guardando, ele enfim saiu dali e foi em direção a porta enquanto todos se esbofeteavam e gritavam uns com os outros.Saindo do estabelecimento, encontrou Kalí do lado de fora escondida, e sorrindo, ela correu até ele e então os dois começaram a correr dali.Esse tipo de trabalho não era permitido no reino, por isso o local ficava praticamente fora dos portões da cidade, então foi fácil sair dali sem ver os guardas rondando.Livre. Enfim Kalí podia dizer isso e sentir essa sensação.Quando estavam a uma boa distância, ela começou a pular e levantar os braços, rodopiando e rindo contente de terem conseguido sair daquele lugar. Enquanto ela festejava, Zadack sorriu a vendo tão feliz. Ele não imaginou que ficaria tão emotivo com a cena, mas o fato é que aquilo mexeu com ele.Mas ele ainda precisava voltar naquela mesma noite para roubar a coroa, então ele só iria instalar Kalí em sua caverna e voltaria para o reino. Mas Kalí não se lembrou disso ou sequer pensou.— Estou tão feliz! Então esse é o gosto da liberdade? Ah! Que delícia! — Ela dizia rodopiando.— Você não está tão livre assim... Você ainda é minha. — Ele brincou ainda sorrindo.— Ah, mas isso é um bônus para mim!E com isso, Kalí se enroscou no pescoço do mais alto, lhe encostando os lábios para iniciar o primeiro beijo da liberdade.[...]Quando chegaram a caverna, Zadack largou suas coisas e preparou uma cama para que Kalí dormisse.— Espero que seja assim todas as noites. — Kalí brincou fazendo ele rir.— Pronto, você pode descansar agora, deve estar exausta do caminho até aqui.— Você também... Vem, venha deitar comigo!Zadack diminuiu o sorriso, e Kalí percebeu isso.— O que foi?— Eu vou voltar para Óligun.— Como assim? Zadack, nós já temos o suficiente!— Eu preciso! Eu quero subir naquele quarto e roubar aquela coroa...— Zadack... E se você for...— Eu não vou ser pego, Kalí. Eu nunca vou ser pego.Kalí nervosa, segurou suas lágrimas com medo.— Não... Por favor, não vá...Zadack se abaixou em sua frente, pegando nas mãos da mulher a olhando nos olhos.— Escute bem, eu juro a você, que eu vou voltar vivo, e com aquela coroa. E nós dois vamos embora desse lugar, para sempre.— Ah Zadack...— Eu juro...Ela o olhou por alguns segundos longos, vendo que ele não iria desistir. Então ela teria que ceder... E isso estava a machucando.— Roube outra coisa dela então... A coroa é perigoso demais...Zadack sorriu de lado, concordando com a cabeça, sabendo que só assim ele poderia ir a deixando mais tranquila.Dando um beijinho na testa de Kalí, e outro em seus lábios, eles se despediram e então ele partiu de volta para o reino. Dessa vez, para roubar diretamente a princesa.A noite tinha um clima estranho para Alice, que demorou a pegar no sono olhando para sua bebê no berço.A noite estava quente, e vendo que ela estava suando, resolveu deixar a janela um pouquinho aberta para que o vento entrasse.Aurora estava tão bonitinha em seu sono, Alice não queria acordá-la, mas sentia em seu coração uma vontade grande de aperta-la em seus braços. O que era isso?Quando enfim sentiu sono, foi até sua cama junto do marido para dessa vez tentar dormir novamente.Mas esse era um grande erro nesta noite específica.Ali, embaixo de seus narizes, o ladrão mais experiente dos quatro reinos e regiões próximas subia silenciosamente escalando a parede até chegar na janela da princesa.Foi uma sorte e tanto que ela tenha mandado os guardas não rondarem por ali, agora ele podia facilmente subir aquele lugar.Ele sabia que iria levar mais jóias consigo e podeira ser difícil de carregar, por isso preparou tudo para que conseguisse descer depois sem problemas.Entrando no quar
Sentados em roda de uma fogueira que aquecia o entardecer naquele gelado lugar, Kalí esfregava as mãos no intuito de se aquecer. Ela não estava sozinha, depois de cinco anos, o número de pessoas com ela e Zadack cresceu, tendo eles agora um grupo de sete pessoas.Uma dessas pessoas era uma jovem menininha loira, que olhava atentamente o fogo que queimava aqueles gravetos.Kalí a observava enquanto fazia isso, se lembrando do momento em que Zadack a trouxe consigo naquela noite memorável em que fugiram do reino.Até que a pequena menina levantou seu olhar até Kalí, sorrindo. E ela, sorriu de volta.Kalí nunca conseguiria sentir raiva da menina, acabou desde cedo pegando carinho pela pequena princesa que agora criava como se fosse sua própria filha.— O que as duas estão se olhando, em? — Zadack perguntou indo se sentar ao lado delas.— Como é que o fogo faz os gravetos ficarem pretos desse jeito? — A pequenina perguntou.Zadack sorriu pelas perguntas que crianças fazem, voltando seu ol
Adelly ficou por alguns meses na casa de sua tia que só conseguiu isso prometendo que enviaria algum servo seu para ficar de olho em sua mãe enquanto ela ficava ali.Com isso, Adelly aproveitou para aprender todo o possível com sua tia e sua prima Abina, para conseguir algum remédio que curasse sua mãe.Mas a vida de Adelly não poderia ser tão fácil.Abina, sua prima, fazia questão de fazer sua vida um tormento, porque viu Abnorú, o príncipe na qual ela era apaixonada e que inclusive já tinha um caso, olhando diferente para ela em uma ocasião em que Abina estava no reino.Ela não gostou daquilo, e sabendo o quanto Adelly era bonita, não queria de jeito nenhum que ele se aproximasse dela.E de repente, um dia qualquer se tornou em um marco incrível para Adelly que, depois de ver o resultado de seus testes, sabia que agora poderia voltar para casa e possívelmente curar sua mãe.A felicidade era tanta que ela corria pela casa pegando suas coisas, querendo partir logo antes que fosse tard
Alguns dias se passaram até que Heven enfim chegasse aos portões de Tórus. Parecia um reino muito bonito e grande, como ela nunca viu. Nem se lembrava se um dia viu algo tão grandioso como aquilo, e deslumbrada, ela olhava para cada canto da cidade.Voltando a si, ela observou a rua do comércio, andando por ali para ver o que tinha.Quando avistou as jóias sendo vendidas mais a diante, abriu um sorriso animado, andando até lá.Tudo o que ela precisava era andar naturalmente observando outras coisas até chegar na barraca de jóias. E quando enfim chegou lá, cumprimentou o vendedor e começou a olhar as jóias como se tivesse dinheiro para pagar.Ali, exercendo seus truques enquanto pegava algumas peças sem ser vista, ela conversava com o homem, experimentando alguns colares e pulseiras.Mas, o que ela achava que estava funcionando, foi rapidamente avisado por alguém que gritou apontando para ela.— Sua ladrazinha! Ela está pegando as suas jóias! Veja a sacola dela!E sendo pega no flagra,
Zack era o príncipe mais novo do reino Tórus. Klaus era o herdeiro do trono e tudo parecia estar ótimo para os dois com isso, até que uma moça mudou tudo.Anelise era uma jovem da nobreza, que acabou se apaixonando pelo príncipe herdeiro e ele por ela, como em uma linda história de romance, mas o que parecia bem demais começou a gerar um problema quando o príncipe Zack percebeu que também estava apaixonado pela noiva do irmão.Alguns anos se passaram até que Klaus pediu a mão da moça em casamento, e agora eles estavam noivos, para o desespero de Zack.Mas quando ele viu aquela moça que esbarrou nele, vendo que era bonita e que estando nas mãos dele ele poderia usá-la, ele não iria deixar essa chance escapar.— Tudo bem, vamos dizer que você é filha da irmã de Celena, uma das nossas servas, e que estava precisando de emprego e, eu ofereci no palácio.— Espera aí, — Heven o interrompeu. — Vamos começar do começo. Muito prazer, o meu nome é Heven. — A moça estendeu sua mão para cumprimen
O raiar do dia dizia que seria um belo dia quente desde cedo, e Heven logo de manhã já estava ao lado da porta do quarto do príncipe esperando para arrumar tudo lá dentro. Se perguntava se ela conseguiria fugir do palácio sem problemas naquele instante sem ser procurada depois. Mas logo seus pensamentos foram interrompidos quando a porta se abriu e Heven viu os olhos surpresos do príncipe Zack a sua frente.— Achei que estaria na cozinha.— Bom dia, vossa majestade. — Ela se curvou com ironia. — Celena me mandou vir limpar o seu quarto. Deve estar claro na minha expressão o quanto eu estou amando estar aqui.Zack sorriu dando passagem a garota, que entrou no quarto. Os olhos dele logo foram para as vestimentas da nova serva, que agora tinha de usar um vestido longo comum das servas.— Gostei do vestido. — Ele brincou.— Ah, e tem isso também! — Heven se virou para ele, exaltada. — Eu vou ter que usar vestido agora?— Eu prometo a você que as coisas vão melhorar, mas você vai ter que p
Quando chegou o momento de ir se encontrar com o príncipe Zack para irem ao tal passeio, Heven aproveitou que estava sozinha no quarto do príncipe e que ele não iria voltar tão cedo, para tomar um banho em sua banheira. Ele não iria se importar, e também se resolvesse se incomodar ela não iria dar a mínima para isso. Viu alguns perfumes e cremes da rainha Dalise quando estava limpando seu quarto mais cedo e os pegou justamente para este momento. Heven estava animada para tomar um banho delicioso depois de todo o trabalho, ainda mais sabendo que os empregados não tinham direito ao banho tão frequente. Que audácia. Depois de pronta e vestida novamente com um vestido que era verde musgo e com um avental branco amarrado, Heven saiu do quarto do príncipe e foi até as escadas as descendo para ir até a carruagem que a esperava. O príncipe Zack havia chegado a pouco tempo e então ambos entraram na carruagem praticamente juntos. Sentando um ao lado do outro, tudo parecia pronto para essa p
A noite finalmente havia chegado, e todos estavam em seus aposentos dormindo, menos a rainha que olhava firme para o teto enquanto sua mente estava em outra realidade, onde Abnorú era um rapaz querido, como era quando bebê, governando sabiamente ABAD. Quando sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto, sua mente a trouxe para o mundo real, onde seu filho era um monstro, que matava por diversão. A mulher não era a única a perder o sono naquela noite, seu marido também estava acordado deitado de lado pensando seriamente nas palavras que ouviu mais cedo. Ao se virar para ver se sua esposa estava acordada, ele tomou coragem e resolveu contar a solução que achou para que as coisas se ajeitassem. – Minha querida... Você já pensou em... Não coroar nosso filho Abnorú? – O quê? Por que está dizendo isso agora? – Bem... Sinto que estaríamos cometendo um grande erro ao fazer isso. Eu sei que ele é o nosso filho e que eu prometi que faríamos isso ju