As árvores da floresta ecoavam alto em estalos, causando enormes estrondos quando caíam, indicando a aproximação do rei Lycan, completamente tomado pelo ódio. Farejei musgo com odor terroso, fresco e levemente úmido. Parei, concentrando meu focinho até localizar, batendo sutilmente a cabeça em uma árvore oca. Cavei ao redor, sentindo o musgo, e comecei a esfregar meus pelos nele, camuflando meu cheiro.— Eu vou te achar, loba! — Brandou a fera ao longe.— Deusa, por favor, me ajude. — Choraminguei, erguendo a cabeça, permitindo que as lágrimas se misturassem à chuva, que, apesar de entorpecer meus sentidos, trazia a vantagem da confusão de odores.Senti sua forte presença atrás de mim, o chão tremia a cada patada com garras afiadas do alfa no solo da mata, galhos reverberavam sendo esmagados, rugidos se tornavam mais intensos e ferozes.— Se queria ser caçada, lobinha, era só ter me avisado! — Rosnou o lobo negro que corria veloz atrás de mim, sentindo sua velocidade superior à minha.
POV: AARONAlgo em sua visão não estava clara, as informações estavam precisas, mas a loba cega se esforçava sem nunca ter clareza sobre o que via. Trabalhávamos em conjunto para esboçar melhor suas visões. Além disso, ela havia cedido facilmente a colaborar, por mais que Callie tenha sofrido torturas e tenha se tornado uma loba receosa, ela possuía o sangue de um Lycan, não qualquer lobo, mas um Alfa poderoso como Hunter. Se não tivesse despertado o poder do sangue antigo, nunca teria conseguido derrotá-lo!Minha intuição diz que ela também possui poderes bruxos. Keenan, meu beta de confiança, trouxe informações importantes referentes à sua mãe... Lyra era do conclave dos bruxos antigos, cultuadores do Deus sombrio, Nocturnus, que os favoreceu em guerras antigas, antes de descobrirem as verdadeiras intenções de sua deidade.Nocturnus se alimentava das almas corrompidas, sofridas, de sangue derramado e do caos, devorador da luz. Quando as bruxas entenderam seus propósitos, perceberam
Sem pensar, meu lobo nos lançou para dentro d'água, procurando-a desesperadamente. Tentei lutar contra a correnteza, olhando para os lados, tentando encontrá-la. Avistei a água levando-a para a cachoeira. Bati meus braços e pernas com força, nadando em sua direção, mas o rio era impiedoso e mais rápido. Antes que pudesse alcançá-la, seu corpo desceu pela cachoeira. Relutando com fervor contra a correnteza, agarrei uma enorme pedra na ponta da cachoeira, ficando sobre ela, olhando para baixo em busca de um sinal dela. Saltei para a mata mutando no ar, correndo pela floresta seguindo o rio, farejando desesperadamente por algum sinal da minha Lobinha.Rugi enfurecido:— Idiota, estúpido... Como não percebeu? — Brandei correndo, seguindo o caminho do rio procurando por Callie. — A Deusa te mandou até ela, era para protegê-la, INFERNO!Rosnei, mutando para forma humana, socando com força a árvore e caindo de joelhos.— Que droga, Callie, por que tinha que saltar? Eu disse que nunca iria te
POV: DANTEDurante o sacrifício para o nosso Deus, escrituras surgiram cravadas nos corpos dos lobos sacrificados, com as palavras:— Use-a para os nossos planos!Franzi o cenho, questionando. Encarei os Alfas remanescentes, que me olhavam de volta, igualmente perplexos.— A quem a deidade está se referindo? — Jaxon indagou, confuso.— Não sei, mas acredito que descobriremos em breve. — Rosnei, colocando-o em seu lugar e afastando-o do centro do círculo. — A menos que não queira se tornar parte do sacrifício, é melhor se afastar.Assentindo, o beta se afastou rapidamente. Olhei para as lobas tremulas no chão, encolhidas e se abraçando, chorando e implorando:— Por favor, Alfa, não nos mate... Vamos servi-lo fielmente, por favor... — Implorava a mais velha do grupo, tentando proteger as outras.— Claro que vão servir, querida. — Agarrei-a pelos cabelos, erguendo bem sua cabeça e revelando a pele do pescoço, causando um corte profundo que a fez sangrar até desfalecer, agitando as outras
POV: CALLIEDespertei no escuro, sentindo fortes dores de cabeça. Levei a mão até onde parecia haver um corte que doía ao ser tocado. Um cheiro estranho permeava o ambiente, um peso sobre meu corpo me sufocava, algo me apalpava de forma íntima. Rosnei ameaçadoramente, surpresa com o som que emitia.— Quem está aí? — Empurrei com força o que quer que estivesse em cima de mim.— Callie? Então você despertou? — Ouvi um rosnado esnobe em minha direção.— Callie? — Indaguei confusa, obrigando meu corpo a sentar. — Por que as luzes estão apagadas?Um silêncio se instalou no local, antes de uma risada sínica explodir, preenchendo o ambiente fedido.— Essa foi boa, você é cega, se esqueceu? — Vibrou de forma negativa o homem, agarrando meu cotovelo com força. — Senti saudades, noivinha.Algo em meu peito rugiu em defesa. Senti a carne das mãos rasgarem, as garras se tornarem mais proeminentes de forma natural. Deferi no que deduzi ser sua face, rasgando sua pele. O odor de ferrugem se instalo
Como se tivesse sido lambida, um calor emanou de dentro para fora, trazendo reconforto e proteção.— Uma guardiã... — Murmurei, erguendo-me do chão e passando a mão na boca para limpar, apalpando até encontrar meu apoio, apesar do mal cheiro. — Minha cabeça dói tanto.Deitei-me, tremendo de frio, com espasmos fortes pelo corpo, meus dentes se chocando com intensidade. Onde ele estava com ajuda?Lágrimas continuavam a correr, lavando meu rosto. Por que me sentia tão vazia? Novamente, a sua imagem veio com força em minha mente, aquele olhar intenso de surpresa e choque, aqueles olhos, aquela aura...— Amor... — Um sussurro ecoou em meio à minha escuridão.— Amor? — Murmurei, tocando o pé da barriga instintivamente, quando uma batida baixa, porém acelerada, de coração vibrava daquele local. — O que é isto?— Proteja-o! — Rosnou a fera em meu íntimo, feroz.Agarrei com mais força a minha barriga, lembrando de uma canção que me fez sentir acolhida, seu amor me cobrindo, aquecendo meu corpo
POV: AARONDespertei nu, no meio da mata próxima à cidade. Augie havia feito algo para me trazer até aqui, mas por que ela esconderia a localização até mesmo de um amigo?— Nada faz sentido... — Balancei a cabeça irritado, rosnando ao sentir as costelas doloridas. — Ok, lobo, ou você me conserta ou não será possível encontrá-la!Um rugido ecoou do meu peito, fechando parcialmente as feridas.— Esta é a sua forma de negociar? — Revirei os olhos, nervoso. — Que seja.Caminhei adentrando a cidade; os lobos arregalaram os olhos em surpresa, e logo Jaxon vinha ao meu encontro.— Rei Lycan, estávamos preocupados. Mandei uma equipe de rastreadores te localizar, mas o seu cheiro havia sumido. — Disse o beta, em alarde, farejando em minha direção, franzindo o cenho. — Está ferido?Os lobos em volta ficaram chocados; deferi um murro no beta, passando por cima dele.— Não sabe a hora de calar a boca? — Rosnei enfurecido. — Traga a equipe de rastreio de volta imediatamente, tenho trabalho para el
POV: DANTEJoguei a bruxa escadas abaixo ordenando que curasse a loba inútil cega, precisava compreender o que meu Deus queria com ela. Aguardando no andar de cima, deixei as garras proeminentes cortando os pulso profundamente em uma linha reta, com o sangue, formei o símbolo ao chão, deixando as mãos caírem de lado, fechei os olhos o invocando:— Nocturnus, Deidade soberana dos mundos, seu fiel servo clama por ti, ilumine minha mente sobre o seu presente divino e conduza-me para servi-lo melhor até sua vitória completa!Senti o calor infernal de suas chamas verdes e abri os olhos, vendo sua forma espectral flutuando. Era como um lobo feroz indefinido, pelagem negra, com braços compridos cobertos por pelos escuros que até a cabeça e partes do rosto cobriam. As garras eram enormes, as orelhas extremamente pontudas. Seu poder era sufocante e perverso, e eu adorava a magnitude de sua áurea.— Nocturnus, quanta honra. — Com dificuldades pela perda de sangue, ajoelhei-me à sua frente em re