POV: CALLIENicoly entrou, fungando como se tivesse estado chorando, caminhando lentamente e exalando um aroma pesado.— O que houve? — Indaguei, farejando na sua direção.— Desculpe, Senhorita, eu achei que a tinha perdido... — Ela sussurrou, triste. — Por favor, coma.— Não sinto fome. — Respondi seca, sentindo meu corpo contestar. — Eu não vou mais viver como prisioneira. Não há beleza neste mundo, Nicoly. Se quer mesmo me ajudar, então me deixe em paz!— Não posso. Isso não é verdade... Há um lugar onde você poderá ser livre sem ser rejeitada por sua condição. — Nicoly abaixou o tom de voz. Senti o colchão se afundar um pouco, indicando que ela havia sentado ao meu lado.— Um lugar onde me aceitariam? — Franzi o cenho, intrigada. — Isso realmente existe?— Bem, na verdade, é um lugar onde ninguém se importa ou questiona de onde você vem... Basicamente, todas as espécies se misturam. É uma cidade livre de regras lupinas. — Ela fez uma pausa, pegando na minha mão e apertando sutilme
Me remexi na cama, puxando a coberta para me encolher.— Alfa... — Abaixei a cabeça em submissão.— E então? Me responda. — Disse ele, ríspido e impassível. — O que viu?— Era apenas um sonho, Rei Lycan. — Menti, sem ter certeza do que realmente vira.— Detalhe este sonho. — Rosnou o Alfa, fazendo o chão tremer a cada passo enquanto se aproximava.Ponderei por um momento, nervosa.— Foi algo íntimo, Alfa. — Rosnei em sua direção.— Então, por que despertou com odor de medo? — Senti seu hálito quente próximo do meu rosto, cobri-me com a coberta, o que o fez rir. — Ah, lobinha, como consegue atrair tanto o meu lobo? Que magia é essa?— Não sei fazer magia! — Apertei o tecido com força. — Em meu sonho, o lobo com o qual me relacionava me apunhalava pelas costas, por isso acordei com medo.— Conheço esse sentimento. — Rosnou ele entre as presas.— Não tão bem quanto eu! — Retruquei feroz, erguendo o queixo em direção ao seu aroma amadeirado, quando senti suas presas roçando meu lábio infe
As árvores da floresta ecoavam alto em estalos, causando enormes estrondos quando caíam, indicando a aproximação do rei Lycan, completamente tomado pelo ódio. Farejei musgo com odor terroso, fresco e levemente úmido. Parei, concentrando meu focinho até localizar, batendo sutilmente a cabeça em uma árvore oca. Cavei ao redor, sentindo o musgo, e comecei a esfregar meus pelos nele, camuflando meu cheiro.— Eu vou te achar, loba! — Brandou a fera ao longe.— Deusa, por favor, me ajude. — Choraminguei, erguendo a cabeça, permitindo que as lágrimas se misturassem à chuva, que, apesar de entorpecer meus sentidos, trazia a vantagem da confusão de odores.Senti sua forte presença atrás de mim, o chão tremia a cada patada com garras afiadas do alfa no solo da mata, galhos reverberavam sendo esmagados, rugidos se tornavam mais intensos e ferozes.— Se queria ser caçada, lobinha, era só ter me avisado! — Rosnou o lobo negro que corria veloz atrás de mim, sentindo sua velocidade superior à minha.
POV: AARONAlgo em sua visão não estava clara, as informações estavam precisas, mas a loba cega se esforçava sem nunca ter clareza sobre o que via. Trabalhávamos em conjunto para esboçar melhor suas visões. Além disso, ela havia cedido facilmente a colaborar, por mais que Callie tenha sofrido torturas e tenha se tornado uma loba receosa, ela possuía o sangue de um Lycan, não qualquer lobo, mas um Alfa poderoso como Hunter. Se não tivesse despertado o poder do sangue antigo, nunca teria conseguido derrotá-lo!Minha intuição diz que ela também possui poderes bruxos. Keenan, meu beta de confiança, trouxe informações importantes referentes à sua mãe... Lyra era do conclave dos bruxos antigos, cultuadores do Deus sombrio, Nocturnus, que os favoreceu em guerras antigas, antes de descobrirem as verdadeiras intenções de sua deidade.Nocturnus se alimentava das almas corrompidas, sofridas, de sangue derramado e do caos, devorador da luz. Quando as bruxas entenderam seus propósitos, perceberam
Sem pensar, meu lobo nos lançou para dentro d'água, procurando-a desesperadamente. Tentei lutar contra a correnteza, olhando para os lados, tentando encontrá-la. Avistei a água levando-a para a cachoeira. Bati meus braços e pernas com força, nadando em sua direção, mas o rio era impiedoso e mais rápido. Antes que pudesse alcançá-la, seu corpo desceu pela cachoeira. Relutando com fervor contra a correnteza, agarrei uma enorme pedra na ponta da cachoeira, ficando sobre ela, olhando para baixo em busca de um sinal dela. Saltei para a mata mutando no ar, correndo pela floresta seguindo o rio, farejando desesperadamente por algum sinal da minha Lobinha.Rugi enfurecido:— Idiota, estúpido... Como não percebeu? — Brandei correndo, seguindo o caminho do rio procurando por Callie. — A Deusa te mandou até ela, era para protegê-la, INFERNO!Rosnei, mutando para forma humana, socando com força a árvore e caindo de joelhos.— Que droga, Callie, por que tinha que saltar? Eu disse que nunca iria te
POV: DANTEDurante o sacrifício para o nosso Deus, escrituras surgiram cravadas nos corpos dos lobos sacrificados, com as palavras:— Use-a para os nossos planos!Franzi o cenho, questionando. Encarei os Alfas remanescentes, que me olhavam de volta, igualmente perplexos.— A quem a deidade está se referindo? — Jaxon indagou, confuso.— Não sei, mas acredito que descobriremos em breve. — Rosnei, colocando-o em seu lugar e afastando-o do centro do círculo. — A menos que não queira se tornar parte do sacrifício, é melhor se afastar.Assentindo, o beta se afastou rapidamente. Olhei para as lobas tremulas no chão, encolhidas e se abraçando, chorando e implorando:— Por favor, Alfa, não nos mate... Vamos servi-lo fielmente, por favor... — Implorava a mais velha do grupo, tentando proteger as outras.— Claro que vão servir, querida. — Agarrei-a pelos cabelos, erguendo bem sua cabeça e revelando a pele do pescoço, causando um corte profundo que a fez sangrar até desfalecer, agitando as outras
POV: CALLIEDespertei no escuro, sentindo fortes dores de cabeça. Levei a mão até onde parecia haver um corte que doía ao ser tocado. Um cheiro estranho permeava o ambiente, um peso sobre meu corpo me sufocava, algo me apalpava de forma íntima. Rosnei ameaçadoramente, surpresa com o som que emitia.— Quem está aí? — Empurrei com força o que quer que estivesse em cima de mim.— Callie? Então você despertou? — Ouvi um rosnado esnobe em minha direção.— Callie? — Indaguei confusa, obrigando meu corpo a sentar. — Por que as luzes estão apagadas?Um silêncio se instalou no local, antes de uma risada sínica explodir, preenchendo o ambiente fedido.— Essa foi boa, você é cega, se esqueceu? — Vibrou de forma negativa o homem, agarrando meu cotovelo com força. — Senti saudades, noivinha.Algo em meu peito rugiu em defesa. Senti a carne das mãos rasgarem, as garras se tornarem mais proeminentes de forma natural. Deferi no que deduzi ser sua face, rasgando sua pele. O odor de ferrugem se instalo
Como se tivesse sido lambida, um calor emanou de dentro para fora, trazendo reconforto e proteção.— Uma guardiã... — Murmurei, erguendo-me do chão e passando a mão na boca para limpar, apalpando até encontrar meu apoio, apesar do mal cheiro. — Minha cabeça dói tanto.Deitei-me, tremendo de frio, com espasmos fortes pelo corpo, meus dentes se chocando com intensidade. Onde ele estava com ajuda?Lágrimas continuavam a correr, lavando meu rosto. Por que me sentia tão vazia? Novamente, a sua imagem veio com força em minha mente, aquele olhar intenso de surpresa e choque, aqueles olhos, aquela aura...— Amor... — Um sussurro ecoou em meio à minha escuridão.— Amor? — Murmurei, tocando o pé da barriga instintivamente, quando uma batida baixa, porém acelerada, de coração vibrava daquele local. — O que é isto?— Proteja-o! — Rosnou a fera em meu íntimo, feroz.Agarrei com mais força a minha barriga, lembrando de uma canção que me fez sentir acolhida, seu amor me cobrindo, aquecendo meu corpo