04 - Amélie Petit

Amélie Petit

Não ter descansado praticamente nada durante a noite com o sobrinho da minha chefe, me atingiu em cheio, já que precisava estar na mansão antes das cinco para ajudar com os preparativos do casamento e principalmente com os últimos detalhes para o desfile da primeira noite.

Não faço ideia de como vou me portar diante do sobrinho da Noely, a única coisa que sei, é que a sua generosidade ajudou a pagar por um dos vestidos da Dior que usarei durante a semana.

Arrumo uma pequena bolsa com tudo o que precisarei para usar durante o dia, tanto para o casamento como para o primeiro desfile desta noite. Estou empolgada, é a primeira vez que participarei da semana de moda, trabalhando com uma das estilistas tão renomada quanto Valentino, Dior, Saint Laurent entre tantos.

O dia hoje será tão agitado que provavelmente não encontrarei o monsieur Walker, provavelmente estará dormindo assim que pôr os pés na mansão, o pensamento chega até ser reconfortante, minha sorte é que ele não viu os meus cabelos ou poderia reconhecer. Respiro fundo com o pensamento positivo para não esbarrar em nenhum momento com o senhor gostosão.

— Homem quente como o inferno. — Sinto um calor subindo e aquecendo meu pescoço.

Lembrar de como o Tommáz me deu prazer ontem, me faz suspirar. Faz um bom tempo que não sentia tanto prazer com um homem, como ele fez nessa madrugada, mas como poderia não sentir prazer com aquele brinquedinho que me fez ter diversos orgasmos.

Antes de sair deixo um bilhete para a Laura, que provavelmente não deve ainda estar em casa, sei que quando ela chegar, insistirá que conte tudo com detalhes.

Ainda é muito cedo para ter transporte público na rua, terei que pedir um carro por aplicativo, espero que tenha algum uma hora dessas, olho para o celular e ainda é muito cedo, graças a Deus dei sorte e um já estava vindo.

Pego tudo o que precisarei, confiro mais uma vez para ter certeza que não esqueci nada, pois não terei tempo de voltar aqui. Respiro fundo mais uma vez e visto a máscara de uma total desconhecida, pelo menos para o monsieur Walker.

No carro meus pensamentos vão em direção ao problema Jacques Leclerc, não faço ideia de como pagar a dívida que meu pai contraiu com esse agiota, mafioso, ou seja, lá o que ele for, não tenho como simplesmente liquidar o valor, me recordo do dia que ele me cercou no trabalho.

Era um dia quente, estava saindo da casa Miller para poder almoçar com Laura e comemorar meu aniversário, um dia que se tornou sombrio para mim.

Quando saio do prédio da empresa Miller, senti uma mão apertando o meu braço e o cano de uma arma na minha cintura, o desespero fez com que me calasse e comecei a seguir o desconhecido que me levou até um carro preto com vidros escuros.

— Entra sem fazer perguntas. — Olhei para os lados e não vi nenhuma viatura, não havia para quem implorar por socorro, então fiz o que ele me mandou.

No carro havia um homem, até que bonito por sinal, mas seu olhar me deu medo, senti um peso enorme quando ele me olhou da cabeça aos pés, observei sua mão se erguendo para fazer um carinho em minha bochecha.

— Bonjour, mademoiselle!!! — Não consegui responder, estava petrificada com medo daquele desconhecido.

— Você é uma bela mulher, acho que mudarei meus planos. — Ouço falando no instante que o carro se põe em movimento. — Não se assuste Cher, a traremos a tempo para o trabalho, iremos apenas conversar.

O trajeto feito não foi longo, ele apenas deu algumas voltas por ruas próximas e logo paramos em frente de um prédio espelhado, vejo quando o homem de terno ao meu lado sai do carro e fecha a sua porta, antes que possa considerar em sair por onde ele saiu e correr como se a minha vida dependesse daquilo a porta atrás de mim se abre. O vejo estendendo a sua mão em uma oferta silenciosa, não tenho outra escolha a não ser aceitar e descobrir o que ele quer comigo.

Mesmo que esteja suspeitando que meu pai tenha algo a ver com isso, faz tanto tempo que não o vejo, a última vez que o vi precisei pagar várias contas para que ele não perdesse a única coisa que ainda é de minha mãe, a casa onde cresci. O desconhecido põe sua mão na base da minha coluna me guiando em direção ao elevador.

Dentro da caixa metálica tinha as iniciais trabalhadas me deixando curiosa de onde poderia estar e sentindo um desconforto enorme por até agora não saber nada sobre o que querem comigo.

— Venha mademoiselle, está na hora de termos uma pequena conversinha. — Ouço quando ele sussurra no instante que as portas se abre revelando um restaurante amplo e vazio.

Ele me leva até uma mesa posta com dois lugares, tinha um pequeno arranjo com lírios compondo a decoração, um excesso de talheres, taças e copos que não saberia nem por onde começar, como um cavalheiro ele puxa a cadeira para poder me sentar, vejo-o abrindo o seu Armani e me olhando diretamente com um sorriso malicioso no rosto.

— Então mademoiselle, me chamo Jacques Leclerc, foi um pouco difícil lhe encontrar, mas sou um homem determinado, principalmente para os que me devem e seu pai, Cher, tem uma dívida comigo. — Fecho os olhos frustradas com a confirmação do que já suspeitava. — Ele me confirmou que você tem como pagar o que me deve e como seu pai sumiu, me apropriei da casa onde ele morava... — A casa onde cresci, não pode ser.

— O que estou fazendo aqui, Monsieur? — Pergunto finalmente.

— Está aqui por que você pode escolher uma forma de me pagar, pode me dar o valor que seu pai me deve, ou pode aceitar ser a minha esposa e esqueço a dívida que ele tem comigo, vejo em seu rosto que aquela casa é importante para você! — Meu olhar, estarrecido com a proposta indecorosa que ele me faz, me deixa muda.

— Como espera que aceitei um casamento com uma pessoa que nem conheço? — Pergunto tão baixo que nem espero uma resposta.

— Casamentos na antiguidade eram assim Cher, mas te entendo e não sou um homem que insista, pense na proposta, casamento ou me pagar os novecentos e sessenta mil euros que seu pai me deve. — Ele fala com um sorriso convencido nos lábios.

— Como pode chegar até esse valor? — Ponho a mão em meu rosto e sinto o peso de responsabilidades que não são minhas sobre meus ombros.

— Seu pai Cher, ele é um viciado em jogos, ele deu a casa como garantia em uma aposta que ele perdeu. — Respiro fundo olhando para a explicação do homem. — Mas a minha surpresa foi descobrir que a casa não estava no nome dele, por isso ele fugiu e fui a sua procura, devido a sua beleza deixo que escolha o que prefere.

Olho pelo ambiente e percebo que realmente o homem não, era alguém que poderei enganar, havia seguranças pelos cantos fingindo que não estava acontecendo aqui. Mas tenho que pensar em uma forma que consiga me livrar desse monsieur.

— Não tenho como pagá-lo e a casa é a única coisa que tenho como lembrança de minha mãe monsieur, por favor não a tire de mim. — Deixo que as lagrimas das lembranças felizes escorram por meu rosto.

— Sei, mas sobre você do que imagina Cher, farei o seguinte, apenas porque desejo te fazer a minha esposa, tem um ano para conseguir levantar esse valor e me pagar, caso não consiga você será o meu pagamento, aceita? — Ele fala com uma despreocupação.

É como se ele tivesse uma convicção de que realmente aceitaria o acordo com ele, mas longe de mim ter que aceitar isso.

— Tudo bem, pagarei a dívida, não sei como mais em um ano pagarei o valor que me pede. — Surge um sorriso convencido e logo depois uma gargalhada que me assusta.

— Gostei da sua esperança, mas sempre é assim, primeiro precisa ter pelo que lutar, adorarei ver você sendo entregue a mim, mademoiselle. — Vejo quando ele estala os dedo e logo em seguida um carrinho com pratos sofisticados são entregues na nossa mesa. — Almoce comigo, daqui a pouco Pierre a levará novamente para o seu trabalho.

Olho em direção ao homem que praticamente me raptou da calçada da Miller e acena com a cabeça. Tento comer o que me foi ofertado, mais a minha cabeça gira em um redomoinho de problemas em que meu pai me colocou...

Estava tão absorta em meus pensamentos que nem percebi quando o carro parou em frente a mansão da senhora Miller, faço o pagamento para o motorista e entro na casa já cheia de pessoas preparando a cerimônia para os pouquíssimos convidados para o casamento da Laura.

Sou recebida pela governanta da casa, que abre um sorriso enorme para mim, me conheceu há quase três anos quando comecei a trabalhar para a Noely como assistente dela.

— Ela está elétrica menina, me dê as suas coisas, deixarei no quarto onde sempre fica. — Me aproximo da mulher e beijo o seu rosto agradecendo pela ajuda.

Subo as escadas praticamente subindo de dois, em dois degraus, empurrando na mente o assunto Jacques Leclerc, falta três meses para terminar o tempo que ele me deu, não consegui juntar nem a metade.

Mas a minha noite com o Monsieur me rendeu muito mais que um mês trabalhado com muito esforço, um valor que vai para a poupança e pelo jeito terei que aceitar a proposta da Laura e fazer alguns programas para conseguir pagar Jacques.

Me aproximo do quarto de minha chefe que já estava cheio de gente entrando e saindo, sorrio para a Laura que estava usando apenas um conjunto de moletom e parecia nervosa.

— Amélie, finalmente chegou, por favor leve a minha mãe daqui. — Laura se aproxima e tenta afastar a mãe que deveria estar dando ordens.

— Madame Miller, creio que sua mãe esteja esperando no escritório. — Digo a minha chefe enquanto a puxo para o andar de baixo.

Minha surpresa é que no corredor surge o motivo de ainda estar sentindo contrações em minha buceta por desejar mais orgasmos enquanto apenas fugi dele. Ouvi-lo falando sobre a Cinderela provavelmente percebeu a referência quando disse que me chamava Ella, mas duvido muito que ele teria mais que um caso de uma semana com uma mulher como eu.

Ouvir que a minha chefe não acreditar que o sobrinho vai se tornar um homem de uma mulher só fez com que desse uma risadinha, o que acabou chamando atenção dos dois.

— Desculpe, fui rude, sou Tommáz Walker! — Ouço a sua voz forte, a mesma que tirei grunhidos há poucas horas.

Foi o suficiente para me fazer corar com os pensamentos novamente com ele me fodendo de quatro. Recuperei a fala e estendo a mão olhando diretamente para os olhos azuis tão claros que são apenas um complemento para o rosto simétrico que ele tem, uma barba rala, bem desenhada dando contorno em seu rosto.

Seu olhar estavam fixos aos meus, respirei fundo e mantive os meus olhos no dele, precisava controlar o meu desejo por aquele homem novamente, porque sei que ele me empurrar em algum escurinho do Staff o deixo fazer o que quiser comigo. Estendo as mãos e o comprimento em francês.

— Enchanté monsieur, Amélie Petit. — Tento mudar um pouco a voz para ele não me reconhecer, sinto o seu toque e uma corrente elétrica me faz deixar soltar um suspiro baixinho quando ele deixa um beijo no dorso da minha mão.

Minha chefe chama a sua atenção e os vejo indo em direção o escritório da mansão, olho-o caminhando e não perco a oportunidade de desejar aquela bundinha linda que ele tem. Sacudo a cabeça para voltar para a realidade.

— Acorda Cinderella, você não tem uma fada madrinha. — Digo e volto a caminhar em direção da cozinha a procura de um café, que nesse momento necessito, principalmente para não dar tanto na cara que sou a mulher mascarada que estava com ele até algumas horas atrás.

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