05 - Amélie Petit

Amélie Petit

Me recordo da forma bruta que o Tommáz me tomou naquele quarto no Moulin Rouge, em como mesmo ele aceitando estar vendado tentou me dar o máximo de prazer possível, em como mesmo tendo o som da outra dançarina no palco fazendo a sua apresentação fosse alto, o som dos nossos gemidos foi o suficiente para que criássemos uma bolha com o tesão que sentimos naquele momento, o fato de criar uma conexão com ele ali, foi algo que me deixou surpresa.

Faz alguns meses que terminei o meu último relacionamento, principalmente quando tinha o louco do Jacques no meu encalço, acabei ficando que o medo que sentia daquele agiota, que ele acabasse matando o meu ex. Não queria ter o sangue de um inocente em minhas mãos.

Começo a me servir do café que estava ali na mesa para os criados da mansão, mesmo que a minha chefe gostasse que me sentasse a mesa com ela, não via motivos para estar lá sozinha quando, pelo visto, eles estavam em reunião com a matriarca da família Miller.

A madame Enora Miller é uma senhora carismática e sempre disse que o meu namoro não levaria a lugar nenhum, que eu tinha beleza para destruir Troia e fazer homens de caráter duvidosos se renderem ao meu charme, sempre caio na gargalhada quando ela inicia esse assunto.

Mas é impossível não gostar da Madame Enora, ela é uma velinha que desejaria como uma avó, a mesma que estaria sentada ao meu lado para ouvir suas histórias de vida, assim como já ouvi algumas das suas peripécias da juventude.

Estava tão absorta em meus pensamentos que nem percebi quando Elisa se aproximou e tocou em meu ombro, causando um assombro e nos fazendo rir por derramar um pouco de café sobre a mesa da cozinha.

— Deixe isso aí menina… — Ouço a moça que prepara as refeições dizendo enquanto tento limpar a bagunça que causei.

— Desculpa se te assustei, mas conhece a minha mãe, ela está na mesa esperando por você para tomar café. — Reviro os olhos para a minha chefe preocupada.

— E você já tomou o seu? Daqui a pouco é seu grande momento! — Os olhos da Elisa se arregalam e um brilho de euforia me deixa feliz.

Mesmo trabalhando diretamente para a Noely, sempre tive um bom convívio com todas as mulheres da família, até mesmo com o ex-marido da minha chefe precisei lidar esporadicamente, mas quando eles finalmente se separaram devidos as diversas acusações de traições me livrei de ter que olhar para aquele cretino, que não merece a família maravilhosa que acabou ganhando.

— Estou eufórica… — Ela começa a falar e somos interrompidas por madame Enora, que interrompe a nossa fala, assim que nos aproximamos da mesa de café com a família toda reunida.

— Bom dia! Amélie, como está querida? — A doce vovó me cumprimenta e retribuo o seu sorriso.

Paro ao seu lado enquanto olho que o lugar que normalmente sento estava ocupado, deixando apenas a cadeira de frente para o Tommáz vago para mim.

— Deve conhecer o Tommáz não é “chérie”? — Olho para o neto que ela indica e apenas meneio com a cabeça.

— Eles se conheceram ainda pouco mamãe. — Percebo um olhar nascendo entre todos na mesa, o que me deixa intrigada com as trocas de olhares.

Caminho para a cadeira vaga e o irmão mais novo do Tommáz se levanta e gentilmente puxa a cadeira para poder me sentar. A mesa estava em uma conversa leve sobre o que se esperar da cerimônia que acontecera em algumas horas e principalmente para o primeiro dia de desfile que será no início da noite.

— Querida, se não fosse por Amélie hoje, tenho certeza que não conseguiríamos dar conta dos eventos. — Minha chefe fala com a mãe do Tommáz que estava sorrindo com gentileza para mim.

— Que isso, fiz apenas o meu trabalho, é minha função fazer de tudo para facilitar a vida de vocês hoje. — Digo com carinho para a Noely que estava algumas cadeiras ao meu lado.

Iniciamos uma conversa sobre o dia hoje, percebo quando Elisa se levanta e pede licença para poder ir se arrumar, tomo o café lentamente enquanto ouço os pedidos gentis da Noely, para falar com as modelos, principalmente as de peças intimas.

— Falando nisso, tia, essa madrugada encontrei uma peça branca assinada por você. — Ouvimos a voz do Tommáz fazendo todos o olharem. — No Moulin Rouge.

Quando ele falou me engasguei com o brioche que havia acabado de colocar na boca, merda ele reconheceu a peça, mas como assim ele sabe que a peça que estava dançando faz parte de uma coleção da Miller?

— Por isso que chegou tão tarde! — Ouço a voz de Emily repreendendo o filho que continua tomando o seu café tranquilamente.

O que faz que a atenção de todos saiam de mim e se volte para o sorridente safado que estava na minha frente, sinto um rubor crescendo no meu rosto quase como uma confirmação que era a mulher mascarada que usava uma peça exclusiva de alta costura, enquanto dançava no poli dance no bordel mais famoso do mundo.

Baixo o olhar quando percebo que chamei atenção de quem menos queria nesse momento, a matriarca Miller, seus olhos estreitos me sondavam, enquanto uma conversa paralela circulava entre os outros componentes da mesa, praticamente travava uma batalha de olhares com a doce vovó.

— Mas que peça é, talvez eu te ajude a encontrar a tal mascarada. — Ouço Noely falando as risadas, enquanto volto com a minha atenção para a conversa.

— Uma branca com renda portuguesa, a parte de trás da calcinha era cavada deixando ela quase como um fio dental… — Sinto o olhar de minha chefe em cima de mim.

— Acho que essa peça não deva ser minha, Tom! — Ouço Noely falando e mantenho o meu olhar em minha xícara vazia.

Sentia vergonha de olhar para qualquer uma das duas, pelo simples fato de que o linguarudo disse onde encontrou a tal lingerie exclusiva, nem é pelo fato de ter ido para cama com ele, apenas a vergonha por dizer que estava no Moulin.

Deixo uma respiração sair de mim, com a tristeza de ter que encarar as duas mulheres que provavelmente vão me encher de perguntas assim que for possível.

— Vamos nos arrumar família, que daqui a pouco é hora de casar a nossa Elisa. — Ouvimos a voz de Emily, o que foi o suficiente para que me erguesse da mesa e tentasse ir trabalhar.

— Amélie, preciso que você resolva algo comigo! — Suspiro derrotada quando ouço a voz da Enora na ponta da mesa, viro em sua direção e me aproximo dela para ajudar a se levantar.

Ajudo a vozinha caminhar, deixamos todos ou outros conversando sobre a noite em Paris, aparentemente Tommáz e Ethan já tinham alguns planos para a noite após o desfile da primeira noite, madame Enora estava com um sorriso no rosto que me parecia que ela estava tramando alguma coisa, caminhamos e entro com ela no escritório que ela tem ao lado da escada tão linda e cheia de ornamentos, deixando a sua mansão com certo requinte ao luxo.

Assim que entramos no amplo escritório, caminhamos até um sofá de frente para a mesa de carvalho escuro, ajudo para que ela se acomode em meio as almofadas que faziam parte da decoração do lugar.

— Por que estou vendo culpa em seus olhos jovem? — Ouvir a sua pergunta, sinto que uma bola em meu peito quase me sufoque, apenas dou de ombros para a sua pergunta.

— Percebi os seus olhares, mesmo que muito discretos, os percebi. — Não foi uma acusação, ela apenas deixou sair o que percebeu, respiro fundo e decido falar a verdade.

— Estava apenas dançando para juntar um pouco de grana Madame. — Confesso. — Não imaginei que chamaria atenção do seu neto, mas ele não me viu. — Digo.

Ouço a sua gargalhada, o que me assusta e olho com atenção para a velinha sentada ao meu lado no sofá segurando agora as minhas mãos. Não consigo explicar em como me sinto confortável no meio delas, quando as conheci acabei me sentindo acolhida por elas assim que comecei a trabalhar diretamente para a Noely e sempre estava fazendo algo para auxiliar a Madame Enora ou a Elisa com o seu casamento.

— Não me importo o que estava fazendo, ou o que faz depois do seu expediente querida, o que está me interessando é que você fez algo que deixou o meu neto curioso. — Estreito os olhos sem entender o que ela falava.

— Madame não estou entendendo o que está querendo me dizer… — Somos interrompidas por Noely que abre a porta com um sorriso convencido no rosto.

— Me diz que é você a Cinderella? — Noely entra no escritório com um sorriso enorme no rosto e me afundo no sofá, com vergonha das duas mulheres que são um ícone para mim.

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