Ele não queria mais brigar. Ele só me queria. Ele queria a gente.__O que você quer comigo? ___“Um tempo só para nós dois,” ele repetiu, seus olhos buscando os meus, suplicando por compreensão. Uma lágrima solitária rolou pela minha bochecha, um testemunho do turbilhão de emoções dentro de mim. Ele estava certo, é claro. Meu corpo doía por ele, uma lembrança constante e latejante da conexão que ardia entre nós, mesmo através de nossas discussões.A culpa me corroía. Sarah. Eu tinha que avisá-la que estava segura, que havia voltado para casa. A ideia da preocupação gravada em seu rosto era um peso pesado no meu peito. __ “Eu preciso ligar para Sarah,” confessei, minha voz quase um sussurro. Ethan assentiu, sua expressão amolecendo. Ele entendia. Ele sempre entendia, mesmo quando eu mesma não me entendia.Disquei o número de Sarah, minha mão tremendo levemente. O alívio que me invadiu quando ela atendeu foi imenso. Eu a tranquilizei, minha voz embargada pela emoção, que eu estava be
Ele me seguiu, sua presença uma sombra insistente na escuridão da mata. A perseguição era silenciosa, tensa. Sua força e agilidade me surpreenderam quando ele me carregou nas costas, abrindo caminho pela vegetação densa. Em poucos minutos, estávamos em frente à minha casa. __"Entregue, senhorita...", ele disse, a voz rouca, carregada de um desejo que eu não conseguia ignorar.Mas antes que eu pudesse entrar, ele me segurou, me prendendo contra ele, e me beijou. Um beijo intenso, avassalador, que me roubou o fôlego, um beijo que misturava desejo, poder e uma possessividade assustadora. ___"Não deixe novamente que outro homem beije esta boca ou toque seu corpo, você é minha." A declaração foi uma sentença, uma marca indelével. __"Até onde sei, não tenho dono...", respondi, a voz fraca, insegura.A força do seu abraço me fez chorar, a dor física se misturando com a confusão que tomava conta de mim. ___"Estou avisando, doce Clara, estou sempre por perto, de olho em você. E vou matar q
O momento congelou. O olhar de Sarah, uma mistura de choque e descrença, me atingiu como um golpe físico. Envolta nos braços de Ethan, senti o calor do seu corpo em contraste brutal com o frio que me invadia. Vulnerável, exposta, como um pássaro prestes a ser devorado. __"Claraaa...", o sussurro de Sarah ecoou, carregado de dor. Me afastei levemente de Ethan, buscando seu olhar, mas ele apenas sorriu, um sorriso frio e calculista que me gelou por dentro. __"Você não pode estar aqui!", exclamei, a voz tremendo. O pânico me invadiu, a realidade da situação se impondo sobre a ilusão momentânea. __"Ethan, vá embora", pedi, tentando me soltar, mas seu aperto se firmou, implacável. __"Por que você me enganou, Clara?", Sarah perguntou, a incredulidade em sua voz se transformando em acusação. "O que está acontecendo? Você realmente acha que ele é bom para você?" "__Sarah, eu...", tentei explicar, mas as palavras se recusavam a sair. A verdade era um nó na minha garganta, um emaranhado de
Ele não tentou me deter, não tentou me convencer a ficar. Aquele leve traço de preocupação, quase imperceptível, mas que eu captei com a sensibilidade de quem se sente observada, intensificou a minha confusão. Era genuíno? Ou uma demonstração de habilidade?Ele se levantou, se aproximou e depositou um beijo casto em minha testa. Um beijo leve, quase imperceptível, mas que carregava uma ternura estranha, um respeito silencioso que me surpreendeu. Era como se ele soubesse que precisava me dar espaço, que minha decisão era minha e somente minha. Mas aquela ruga na testa... ela persistia, uma interrogação silenciosa que me deixava ainda mais perturbada.Em seguida, ele se virou e desapareceu floresta adentro, sua figura se fundindo com as sombras da noite, deixando-me sozinha com meus pensamentos, sozinha com minhas dúvidas. Aquele gesto de despedida, tão cuidadoso, tão respeitoso, era contraditório com a imagem do homem possessivo e manipulador que eu também conhecia.Me deixei cair
A possibilidade de ter sido enganada, manipulada, me assombrava. Ethan era tão carismático, tão encantador, tão persuasivo. Ele conseguia me convencer de qualquer coisa, me envolver com sua aura de mistério e intensidade. Mas aquela ruga... aquela ruga era real, era palpável, era um sinal físico, uma pequena rachadura em sua máscara de perfeição. Eu me peguei analisando cada detalhe da noite, cada palavra, cada gesto. O jeito como ele me olhava, a forma como sua mão roçava a minha, o tom de sua voz... tudo parecia meticulosamente calculado, perfeitamente orquestrado para me envolver em sua teia. Mas aquela ruga... ela era a única nota fora do tom, a única dissonância em sua sinfonia de encantamento. E quanto a Sarah? Será que ela estava certa o tempo todo? Será que eu havia sido cega, tão cega que não conseguia ver a verdade por trás da máscara de Ethan? A possibilidade me assombrava, me dilacerava por dentro. Naquela noite, eu não consegui dormir. A ruga na testa de Ethan, aquela
A ansiedade roía meu estômago enquanto esperava Sarah no café. Dias de incerteza haviam passado desde a última vez que a vi, dias marcados pela confusão causada por Ethan e sua enigmática ruga na testa. Precisava falar com Sarah, precisava de respostas. Quando ela finalmente chegou, a fragilidade em seus ombros e a inquietação em seus olhos me atingiram antes mesmo de uma palavra ser dita. Algo estava terrivelmente errado. __"Oi, Clara", ela murmurou, o sorriso forçado não alcançando seus olhos. Sem rodeios, fui direto ao ponto: __"Sarah, sobre o que você disse sobre Ethan... era verdade?" Ela hesitou, o silêncio se estendendo como um fio de tensão entre nós. __ "Eu... eu não sei. Eu estava com ciúmes, insegura. Era difícil aceitar que você podia ser feliz sem mim", ela confessou, a voz trêmula. A frieza me atingiu como um choque. Eram as mesmas palavras que Ethan havia usado para justificar a sua manipulação. Um arrepio percorreu minha espinha. Agarrei seu braço, meus dedos a
Os dias seguintes foram um tormento. A impotência me corroía, a saudade de Ethan, dos nossos momentos, era uma ferida aberta. Desde a discussão, não voltava à loja de antiguidades da Sarah. Passava os dias presa em casa, a melancolia me aprisionando.Certa noite, sem sono, debruçada na janela, o vi emergir da floresta, bonito e imponente. Caminhou com passos largos e ágeis, atravessou a grama seca do meu jardim e parou à porta. Bateu uma, duas vezes. Fiquei imóvel, hesitante. Ele ergueu a cabeça, seus olhos encontrando os meus na janela do segundo andar.“Não vai abrir a porta?” Parecia perguntar o seu olhar.Pensei em não abrir, mas havia algo em Ethan, uma força invisível que me prendia a ele. Por mais que quisesse resistir, não conseguia dizer não.Desci as escadas e abri a porta. Ethan entrou rápido, como um fantasma, e se deixou cair no sofá.__“O que veio fazer aqui, Ethan?” Perguntei, a voz baixa.__“Precisava te ver…”Sentei ao seu lado, e um silêncio aterrador pairou entre
Ele tomou um longo gole, fechando os olhos com prazer. __ “Ótimo, mas tem uma maneira de ficar ainda melhor…” Aquele tom brincalhão, porém, não conseguia disfarçar a tristeza que ainda persistia em seus olhos._“Como?”, perguntei, a curiosidade me picando.__“Como é inocente, doce Clara…” Ele sorriu, um sorriso enigmático que me deixou ainda mais intrigada.__“Sem gracinhas, Ethan…” Minha voz saiu mais firme do que eu pretendia.“Está bem, deixe-me mostrar.”Ele tomou outro gole de vinho, e então, aproximou-se. O calor de sua respiração na minha pele me fez estremecer. Ele pressionou seus lábios nos meus, e o vinho, quente e doce, fluiu entre nós, criando uma ligação inesperada, íntima e arrebatadora. A textura de seus lábios, macios e quentes, me deixou sem fôlego. Era uma sensação nova, estranhamente intensa, que me deixava confusa, mas ao mesmo tempo, profundamente excitada. Ele repetiu o gesto, saboreando minha reação, a confusão e o desejo que se misturavam em meu olhar.