Ele envia uma mensagem de texto, que eu suponho seja para o motorista, em seguida pega a taça da minha mão, coloca junto com a sua, sobre uma mesa e me leva pra fora.
Eu suspiro quando me deparo com uma grande quantidade de repórteres ainda na saída. ─ Senhor Grenn, é verdade que a Senhorita Miller está grávida? É por isso que ficaram noivos em tão pouco tempo? – Essa pergunta agitou todos em volta, de modo que, mesmo aqueles que possivelmente tinham intenção de perguntar outra coisa, desistiram no ato e começaram a criar uma série de outras perguntas nesse mesmo sentido. Antes de Jake fechar a porta eu ainda escuto algo do tipo “você está dando o golpe do baú”. Uma grande mudança desde que chegamos aqui. Claro que as perguntas que foram feitas assim que chegamos foram bastante invasivas, mas a mudança nas perguntas é gritante. Eu me pergunto se July tem algo a ver com isso e eu só encontro uma resposta. Porém, a verdade é que ela pode até ter provocado isso, mas não é nenhuma novidade o que as outras pessoas pensam sobre o nosso relacionamento. Isso não me surpreende. Se o próprio pai dele foi capaz de pensar isso, eu não posso culpar essas pessoas que não me conhecem e que se alimentam da desgraça alheia por pensarem desse modo. De qualquer forma, eu não posso evitar me entristecer com isso. Eu devo acrescentar que a conversa entre Jake e July de poucos minutos atrás me fragilizou de algum modo. Eu sei que não deveria, mas saber que ele se importa com ela de qualquer maneira e por pouco que seja me incomoda.
─ Querida – ele segura a minha mão na sua com cuidado. Ele está preocupado. Eu não olho pra ele. Eu não quero olhá-lo agora – você está bem?
─ Eu olho pra fora, através da janela em direção as luzes da cidade e apenas aceno com a cabeça
─ Eles são uns idiotas. Eu não quero que você pense sobre isso.
─ Então não fale – eu digo simplesmente. Não verdade eu não quero falar sobre isso. Eu não quero falar sobre nada. Ele não fala mais nada. Nem sobre isso, nem sobre July. Sequer sobre o tempo. Nós apenas olhamos pelos vidros das nossas respectivas janelas em silêncio até chegarmos ao prédio de Jake. Ele não esperou que abrissem a porta para nós, mas apenas abriu a porta, desceu do carro e ofereceu a mão pra me ajudar, o que eu aceito. O porteiro abre a porta para nós e nós o cumprimentamos enquanto fazemos o nosso caminho para o elevador. Eu posso sentir a sua agitação, mas eu estou com a minha própria cota de merda para me preocupar com o que ele está pensando. Quando saímos do elevador a cobertura está silenciosa, mas iluminada. Ele caminha até a sala retirando a gravata borboleta do seu smoking, colocando-a sobre a mesa de centro. Em seguida ele vai até o bar
─ Posso oferecer uma bebida a você?
─ Por favor.
─ Vinho? – ele pergunta e eu nego com um gesto de cabeça. Ele entende – Uma cerveja?
─ Sim, obrigada. – Ele pega duas cervejas e caminha até mim. Eu estou de pé, em frente ao sofá. Eu recebo a cerveja e tomo um longo gole. Ele continua de pé me observando. Eu apenas sei que é uma questão de segundos para ele começar a falar.
─ Eu preciso falar – ele diz finalmente.
─ Mas eu não quero.
─ Mas não se trata apenas de você. Trata-se de mim também. Eu preciso saber como você está. Eu preciso saber o motivo exato de você estar assim. Se foi July, se fui eu ou se foram aqueles idiotas. Você não pode simplesmente se fechar e me deixar no escuro sem saber se eu fiz algo – ele está irritado.
─ Jake, eu não gosto de conversar quando eu estou...
─ quando você está como?
─ ... com raiva.
─ Então você está com raiva? Eu não respondo. Eu respiro profundamente tentando manter a calma. Então, tomo mais um pouco da minha bebida. Ele faz o mesmo enquanto espera uma resposta. Mas eu não respondo. Então ele repete: ─ Você está com raiva? Do que exatamente? – Eu me mantenho calada – Porra! Eu preciso saber. Diga-me.
─ Quer saber? – Pronto. Agora estou oficialmente “emputecida” ─ Então eu vou lhe dizer, já que você insiste. Eu estou com raiva por constatar que você não é assim tão imune aos encantos de July. Eu estou me fodendo de raiva por você ainda não conseguir simplesmente dizer “não” pra ela. E eu estou com raiva do mundo por achar que eu quero a merda do seu dinheiro. Eu estou com raiva de mim por me importar com isso, mas eu me importo. Eu estou morrendo de raiva do mundo todo e estou até com raiva de você por ser tão rico. Satisfeito? – Eu o encaro com nada mais do que raiva. Eu sei que é irracional, mas eu não posso ajudá-lo.
─ Baby, eu juro pra você que eu não sinto nada por July.
─ Ah, não? Então que merda é essa que você não consegue dizer “não” pra ela?
─ Eu não fiz isso por ela Samanta. Eu fiz...
─ Pelo pai dela? Ah, sei. Você vai fazer o que? Mandar um profissional competente ajudá-la? Por quê? Ela não pode fazer isso ela mesma? Ela não pode simplesmente pegar a porcaria de um telefone e chamar um profissional competente para ajudá-la?
─ Você a ouviu, Sam. Ela está perdida e eu sei que ela vai acabar fazendo bobagem?
─ Ela não se preparou para isso? Ela simplesmente nunca cogitou a possibilidade de assumir a empresa do pai? Simplesmente o pai adoeceu, se afastou e ela, totalmente despreparada, recebeu uma sala com uma mesa e não sabe o que fazer com ela?
─ Não exatamente. Ela tem formação profissional, ela trabalha com o pai há algum tempo, mas não tem tanta experiência.
─ Você vê? Sempre há uma explicação, uma justificativa. Eu estou começando a pensar que realmente July tem todos os motivos para ser como é. Afinal, ela é sempre a pobre July, coitadinha. Desprotegida, delicada, frágil.
─ Sam, não é isso, é que... – ele não continua.
─ O que? – ele passa as mãos pelos cabelos repetidamente. Ele caminha de um lado para o outro procurando algo para dizer – Você simplesmente não consegue deixá-la ir.
─ Baby, não é nada disso. Você não pode estar falando sério.
─ Então me mostre que eu estou enganada. Pare com essa porra de não-é-nada-disso-baby e comece a me explicar por quê. Todas às vezes July apronta, você dá uma bronca nela e depois ela chora e você está lá pra ela. Jake, essa mulher praticamente atentou contra a minha vida. Ela se associou a um bandido que estava roubando a sua empresa para me ver morta. Ela trouxe o meu ex-noivo do Brasil até aqui para me afastar de você. Ela inventou uma gravidez para que nós terminássemos. O que você está esperando para tirá-la da sua vida? O que July fez, Jake, não foi coisa de menina mimada ou irresponsável. Algumas coisas que ela fez são crime inclusive aqui no seu país. Isso sem falar nas suas outras condutas que são, no mínimo, imorais – Pela primeira vez essa noite eu vejo as minhas palavras fazendo sentido em sua cabeça. Seus olhos estão arregalados como se ele tivesse uma revelação. Como se, finalmente, ele tivesse percebido a gravidade das atitudes de July. Seu peito sobe e desce com a sua respiração ofegante – Hoje cedo, quando eu estava sentada no bar, conversando com Eve, July veio me provocar e deixou claro que ela não desistiu de você. Ela disse que o fato de você ter colocado esse anel no meu dedo não muda as coisas. Se você não acredita em mim, basta ligar pra Eve, ela estava lá e ouviu. Pergunte a ela se você não acredita em mim. Agora eu te pergunto: O que o leva a acreditar que ela mudou?
─ Eu não vou mandar alguém a ajudar se é isso que você quer.
─ Mas que droga! Deus do céu, não é isso apenas. Não é o fato de alguém ir ajudá-la ou não. Eu estou pouco me importando com isso. É ver você amolecer a cada um dos seus “beicinhos” que me incomoda. Mandar alguém lá é só uma consequência do que você sente em relação a ela. Você, simplesmente, não consegue ignorá-la.
─ Baby, eu não sinto por ela o que eu sinto por você. Eu apenas estive tão acostumado esse tempo todo a tê-la por perto. Por mais improvável que possa parecer, ela já foi uma boa amiga e às vezes, quando ela mostra essa fragilidade eu apenas enxergo ali a velha July...
─ Jake, eu jamais pediria a você para se afastar de qualquer um dos seus amigos, mesmo que você tivesse fodido todos eles. Eu não tenho esse direito e não sou infantil a esse ponto. Mas você precisa saber que July não está nessa por sua amizade. Ela está nessa por você. Ela quer você e não vai sossegar enquanto não acabar com o que nós temos e se você a deixar chegar perto ela vai conseguir. Eu finalmente me sento no enorme sofá com a minha cerveja na mão e bebo, enquanto Jake processa o que eu acabei de dizer. ─ Eu me sinto exausta e não é apenas físico. Eu estou cansada de discutir sempre pelo mesmo motivo.
Ele se senta ao meu lado com a perna esquerda dobrada sobre o sofá e a outra apoiada sobre o chão. Seu braço esquerdo está estirado no encosto do sofá sobre os meus ombros – Eu sinto muito. Você está certa. Eu vou tomar mais cuidado com ela e não vou deixar que ela me manipule. Mas o que eu quero que fique claro é que, embora eu realmente tenha cedido em relação a July inúmeras vezes, todas às vezes eu fiz por um sentimento de amizade que eu acreditei existir entre nós. Baby, você é a minha vida. Você consegue compreender isso? – eu balanço a cabeça afirmativamente. Eu não quero mais discutir sobre July. Ele coloca a sua cerveja sobre a mesa de centro e faz o mesmo com a minha. Ele estende a mão para tocar o meu rosto – Você é muito preciosa pra mim, baby. Eu preciso ter a certeza de que você sabe disso, porque se você não sabe, eu sou um filho da puta incompetente. Se esse tempo todo eu não consegui demostrar o quanto eu amo você eu sou um merda. Eu ri e percebi seu corpo relaxar. Ele começou a rir também e logo nós dois estávamos dobrados de tanto rir. Através das lágrimas dos meus olhos eu podia ver as lágrimas nos seus. Nós estávamos chorando de tanto rir e ficamos assim por alguns minutos. Pouco a pouco nosso riso descontrolado foi morrendo e nós apenas ficamos nos olhando.
─ Por que você estava rindo? – Eu consegui finalmente perguntar. Ele esticou a mão e enxugou as lágrimas do meu rosto─ Porque você me contagiou com o seu riso descontrolado. É impossível vê-la rindo e não rir também. Do mesmo modo que eu não posso vê-la sofrer sem sofrer junto. E você? Por que estava rindo?─ Eu estava rindo da sua capacidade de falar mal de si mesmo. Você não precisa de ninguém pra fazê-lo. – Ele me puxa para si e encosta sua testa na minha – eu preciso que você acredite em cada palavra que eu disse.─ Eu acredito. – Seus lábios cobrem os meus em um beijo urgente, desesperado. Jake força sua língua na minha boca e eu a chupo arrancando dele gemidos. Ele me empurra para baixo no imenso sofá e rasteja sobre mim. Através do tecido fino do vestido de festa eu sinto sua ereção sendo pressionada contra a minha virilha. Eu me vejo inconscientemente abrindo as pernas para facilitar o seu acesso e erguendo meus quadris de encontro ao seu membro duro para senti-lo pressionar
Ele, repentinamente, me empurra contra o sofá e volta a ficar em cima de mim. Seus lábios estão mais uma vez me degustando e nosso beijo se prolonga me deixando quase sem fôlego. Seu membro volta a me pressionar contra o sofá. Nós continuamos de onde paramos e Jake puxa meu vestido pra cima, acumulando o tecido fino em volta da minha cintura. Ele se afasta um pouco para me observar e puxa o ar entre os dentes quando seus dedos me tocam através da renda da minha calcinha.─ Como você está molhada. – Ele desliza a calcinha pelas minhas pernas. Em seguida, enterra seu rosto no vértice entre as minhas coxas. Quando sua língua desliza pela minha fenda eu solto um gemido lascivo e abro um pouco mais as pernas para dar-lhe acesso. Jake abocanha meu clitóris, chupando veementemente enquanto sua mão desliza pelo meu corpo até alcançar a alça do meu vestido de festa. Ele escorregou uma alça e depois outra e puxou a parte superior do vestido para baixo, deixando meus seios à mostra. Ele continua
Sábado, 14 de setembro de 2013Eu acordo cedo, embora tenha motivos de sobra para estar cansada, tendo em vista as atividades do dia anterior. Primeiro a festa, algumas taças de champanhe e depois o melhor da noite que foi fazer amor com Jake. Mas, apesar de tudo eu estou desperta. Normalmente, quando eu acordo muito cedo, eu consigo voltar a dormir, porém isso não acontece hoje. Eu assisto Jake dormir por um tempo, ele parece estar bastante cansado e não dá sinais de quem vai acordar logo. Então eu, cuidadosamente, saio da cama e vou até o closet. Como eu dormi apenas de calcinha e camiseta eu escolho um short, apenas no caso de dar de cara com um dos seguranças. Depois eu desço até a cozinha para preparar o nosso café da manhã.Eu decido fazer uma salada de fruta, assim podemos comer no café da manhã e depois do almoço. Eu separo algumas frutas e as corto em pequenos pedaços, me livrando de algumas sementes. Por fim eu coloco todas em uma tigela, misturo com cuidado e deixo na gelad
─ Oi – eu cumprimento Jake da porta do seu escritório. Eu acabei de acordar e vi que já passa do meio-dia. Ele sorri assim que me vê e gesticula para que eu me aproxime. Eu caminho em torno da sua mesa e encosto-me a ela, ao lado da sua cadeira. Jake me puxa para que eu me sente no seu colo – Olá, baby. ─ Eu sinto muito por ter dormido tanto. Eu sequer preparei o nosso almoço. ─ Não se preocupe. Eu pedi algo do restaurante do hotel. ─ Você pensa em tudo. ─ Eu pensei que poderíamos almoçar e depois discutir algumas coisas do nosso casamento. ─ Como a data? – eu provoco. ─ Sim, Senhorita Miller. Principalmente a data. ─ Eu queria ter mais tempo para planejar tudo, Jake, mas eu também não queria me casar no inverno. Eu nunca passei um inverno em Nova York, mas sou bem-informada o suficiente para saber que é muito, muito frio. Além do mais os meus convidados vão congelar aqui – eu digo sorrindo – Por isso eu achei que dever
– Bem, como você está com pressa, eu suponho que outubro seja um bom mês, pois ainda não estaremos congelados por aqui – ele ri e eu acrescento – por falar nisso eu não deveria me casar com você antes de experimentar o inverno daqui – a cara de pânico de Jake deixa claro que foi uma péssima piada – foi uma piada, Jake. Ele imediatamente desfaz sua cara de pânico e continua o planejamento como se eu não tivesse dito nada ─ Pra mim é perfeito, isso significa que temos cerca de um mês. Mas e o dia? ─ Eu gostaria que fosse num sábado e, espere um instante – eu pego o meu iphone e acesso o calendário. Meu rosto se parte em dois – dia 12 de outubro parece uma data perfeita, pena que isso nos daria pouco menos de um mês. ─ Não teria problema. Nós conseguimos. Mas, por que 12 de outubro seria perfeito? ─ É o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e do descobrimento da América – eu dou de ombros – Não tem muito a ver, mas, no Brasil também é
Nós continuamos o nosso planejamento e pouco a pouco o mal-estar foi se dissipando entre nós. Eu telefonei pra Carol e tivemos um longo papo sobre o meu casamento e sobre a empresa. Ela começou efetivamente a trabalhar lá na última semana. Nos primeiros dois dias, como eu não podia ir até a GE, ela veio aqui quase todos os dias na parte da manhã e, à tarde, ela ia pra GE. Lá ela utilizou uma sala improvisada enquanto a reforma da minha antiga sala não era concluída. Mas na quinta-feira ela já se instalou na sala nova. Eu estava enfatizando pra ela o quanto é importante que ela consiga estar a par de tudo até o meu casamento. Para que eu possa ir tranquila para a minha lua de mel. Afinal tanto eu como Jake estaremos fora da empresa e em um período tão delicado, onde perdemos uma série de funcionários. Ela está empolgadíssima com o emprego novo e eu estou feliz de tê-la por perto. Eu também chamei Eve e passamos um longo tempo ao telefone discutindo algumas ideias. Ela me passou o tel
Segunda-feira, 16 de setembro de 2013─ Bom dia, família! – Kate saúda ao entrar na cozinha.─ Bom dia – Eu e Jake respondemos em uníssono─ Eu não achei que hoje você estaria de pé tão cedo hoje. – Eu digo enquanto encho uma xícara de café para ela─ Eu também pensei. Mas eu tenho um despertador humano chamado Ethan que não me deixa perder a hora. Mas, sobre ontem, foi incrível. Eu realmente me diverti bastante. – Nós tivemos um dia agitado ontem: almoçamos no hotel com Ethan e Kate e em seguida nos encontramos com a cerimonialista que vai cuidar do nosso casamento. Eu gostei muito dela e logo de cara ela captou aquilo que eu quero para o nosso grande dia. E o que é melhor, ela está se empenhando em acomodar os meus gostos com o tradicional americano. Kate parecia uma criança, empolgada com tudo e radiante com o fato dela ser uma das madrinhas, como se ela não ser fosse uma opção. Eu fiquei impressionada com a quantidade de detalhes que é necessário pensar para um casamento, mas fiqu
Quando ele sai, fechando a porta atrás de si, eu me sento na minha mesa e chamo minha assistente – Por favor, Nicole, chame Carol aqui e agende uma reunião com a equipe na parte da tarde na grande sala. Eu quero apresentar Carol oficialmente e comunicar algumas mudanças. Eu também gostaria que você trouxesse os relatórios da semana anterior para que eu os analise, assim como os documentos que eu preciso assinar. Poucos minutos depois Carol está na minha sala e nós trabalhamos por duas horas. Eu pedi a Nicole que agendasse uma reunião com Harold no final da tarde para que ambos discutam algumas coisas a respeito do novo contrato com a GE. ─ Você já tem planos para o almoço? – eu pergunto a Carol.─ Agora eu tenho. Onde você gostaria de ir?─ Bem, tem um restaurante aqui perto. Eu não tenho saído muito por conta de tudo que aconteceu. Talvez consigamos escapa