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CAPÍTULO 1.2

─ Minha nossa, eu nunca vi Jake desse jeito – Eve diz – ele está de joelhos por você. Eu fico feliz que seja por você e não por aquela vadia louca.

Eu ri – Vadia louca parece apropriado. Mas voltando a Jake, eu estou de joelhos por ele também. Infelizmente as pessoas julgam demais o nosso relacionamento. Meus pais, no início, colocaram uma série de dificuldades, mesmo agora eles ainda preferem que eu não me case com Jake e volte pra casa. O pai dele então, nem se fala. E ainda tem toda a mídia infernizando nossas vidas.

─ Eu sei como é. Matt não chega a ter o patrimônio de Jake e nós temos a nossa cota de aborrecimentos públicos. Claro que nesse momento as coisas estão melhores. O importante é que vocês se amam. Quanto aos seus pais e ao pai dele, dê-lhes apenas tempo. Quando eles finalmente perceberem o quanto vocês são felizes juntos, tudo vai se ajeitar.

─ Tomara. Eu o amo tanto que chega a doer. Eu sinto tanto medo às vezes.

─ Medo?

─ Sim. Como se isso fosse tão grande, tão... incrível, surreal até e que pudesse acabar de repente. Eu o amo tanto e não posso imaginar quão quebrada eu ficaria se ele simplesmente acordasse amanhã e decidisse que ele não me ama.

─ Sam, ele ama você. Isso me parece tão óbvio.

─ Eu sei – eu tomo um pouco do meu champanhe – mas olha pra ele e agora olha pra mim – ela olha na direção de Jake, em seguida olha de volta pra mim. ─ Eu estou olhando e vejo um homem muito bonito e completamente apaixonado por uma mulher igualmente linda e que corresponde os seus sentimentos.

─ Ele é mais do que isso. Ele é o cara perfeito. Doce, gentil, romântico, lindo e eu sou tão normal.

Ela toma um pouco do seu próprio champanhe e dá um longo suspiro. Em seguida me olha pacientemente – Sam, se você continuar dizendo essas coisas, eu vou achar que você tem sérios problemas de autoestima. Não importa quanto dinheiro ele tenha ou quanto poder. Não importa o que ele poderia ter se quisesse. No final ele é apenas um homem que quer ser feliz e isso não tem nada a ver com essas outras coisas. Você tem aquilo que ele quer, você é o que ele quer e dá a ele o que ele precisa.

─ Você está certa.  – Eu ergo o queixo para ver se eu internalizo essa postura – Eu acho que, por mais que eu tente dizer o contrário, a presença de July aqui traz à tona todas as minhas inseguranças. Obrigada por suas palavras, mas agora vamos falar de coisas mais agradáveis? – Nós voltamos a falar sobre o meu casamento e quase não percebemos que estava na hora do jantar. Jake veio me chamar e nós fomos para a nossa mesa. É uma pena, mas Eve e Matt estavam em outra mesa e nós ficamos com três casais simpáticos.

Não importa o quanto esse assunto seja desagradável, mas todos querem saber algo a respeito do que aconteceu na GE e consequentemente acabam por perguntar como eu estou me sentindo. Eu tive o cuidado de ser gentil e responder o mínimo. Eu não queria relembrar o que aconteceu, mas eu também não queria ser chata. Jake se esforçou para manter a conversa no terreno da economia durante todo o jantar, enquanto eu me mantive calada a maior parte do tempo.

Após o jantar, Jake segurou a minha mão por baixo da mesa – Tudo bem, querida? Eu sorri pra ele

─ Tudo ótimo.

─ Você está tão calada. Por favor, me diga que a presença de July aqui não tem nada a ver com isso – ele sussurrou.

─ Não vamos falar dela. Eu estou bem.

Ele assente ─ Se você diz... Eu vou ter que fazer um discurso daqui a pouco. Você vai ficar bem aqui? Você pode ir comigo e ficar ao meu lado.

─ Eu vou ficar bem.

─ Eu não vou demorar. – Alguns minutos mais tarde, ele é chamado a discursar por ser um benfeitor de um projeto assistencial para crianças filhas de dependentes químicos. Antes de levantar-se, ele me dá um beijo na testa e segue para o centro do salão, onde o mestre de cerimônia aguarda. ─ Senhoras e Senhores, boa noite a todos. – Sua voz é imponente e todo o salão silencia – Eu gostaria de agradecer a presença de todos aqui esta noite. Como vocês sabem, as drogas têm entrado nas casas de milhares de pessoas diariamente e, por onde passam, vêm deixando um rastro de sofrimento e dor. Este projeto tem feito diferença na vida de milhares de crianças. Graças a ele, elas têm tido uma nova oportunidade de ter uma vida digna e condições de reescrever as suas histórias. O que mais me atraiu quando fui procurado pelos organizadores desse projeto foi a luta incansável para ajudar os filhos, mas também os pais dependentes químicos, estendendo-lhes a mão para que consigam sair do fundo do poço no qual se encontram hoje. E o apoio que é oferecido à família de um modo geral. A família é a base da sociedade e esse projeto vem tentando reconstruir famílias dilaceradas pelas drogas e consequentemente contribuir para uma sociedade melhor. Por essa razão, esse projeto tem meu apoio incondicional e eu aprecio que vocês, presentes aqui hoje, estejam engajados nessa luta. Uma onda de aplausos toma conta do salão e Jake entrega o microfone para o mestre de cerimônias. Em seguida uma banda começa a tocar. Ele voltou para a mesa, mas não se sentou – dance comigo – ele pede.

─ Não há ninguém no salão ainda – eu sussurro pra ele.

─ Seremos os primeiros então – ele diz com um sorriso radiante e eu seguro a sua mão e me levanto. Ele me guia até o centro da pista de dança e me puxa contra o seu corpo. Sua mão está na base da minha coluna enquanto a outra segura a minha mão – você está com uma cor linda.

─ Eu?

─ Sim. Eu adoro esse rubor que toma o seu rosto quando você está tímida.

─ É por isso que você me faz esses convites inesperados?

Ele me afasta do seu corpo e me puxa de volta me deixando ainda mais colada ao seu corpo – um homem não pode tirar a sua bela noiva para dançar.

─ Todos estão olhando, sabia.

─ Eu não me importo. Eu já disse que eu quero gritar para o mundo inteiro que você é minha.

─ Você é louco.

─ Louco por você, baby.

Pouco a pouco a pista de dança lotou e eu confesso que estou mais aliviada em não estar no centro do salão sendo observada diretamente por todos. Essa pluralidade de casais na pista me permite uma relativa privacidade. Na verdade, não, mas eu gosto de pensar que sim. Depois de três músicas ele me guiou até o bar para tomarmos uma bebida.

─ Jake – July chamou atrás de Jake e ele enrijece ao ouvi-la. Ele me olha e eu vejo sua mandíbula se contrair. Lentamente ele gira e encara July. ─ July, o que você quer? – Sua voz é gelo puro.

─ Apenas dar um oi. Pensei que fôssemos amigos.

─ Não. Nós não somos mais amigos. O que você fez é imperdoável e eu apreciaria se você mantivesse distância de mim e da minha noiva – ele salienta bem a última palavra e coloca o braço em vota da minha cintura protetoramente.

Mas July ignora a minha presença, não me dispensando sequer um olhar. ─ Jake, eu sinto muito. Eu não sei onde eu estava com a cabeça. Você sabe o quanto a sua amizade é importante pra mim. Nós somos amigos desde sempre. Eu não acredito que você está me jogando pra fora da sua vida assim, depois de tudo... – A sua voz é macia e sua expressão é tão pesarosa que se eu não a conhecesse o suficiente estaria com pena dela. Eu só espero que Jake não esteja caindo nessa conversa.

─ Você pediu por isso, July. Está na hora de você crescer e aprender que nossas ações têm consequências.

─ Eu sei, você está certo. Mas, eu preciso falar com você. É sobre a empresa. Eu estou atordoada. Com o afastamento de papai eu estou perdida e eu preciso de ajuda – eu olhei pra Jake e vi seu impasse. Mas eu sei que ela o está manipulando. Meu coração se aperta ao ver que ele tem alguma espécie de sentimento por ela. Não importa se é pena, amizade, compaixão, mas eu estou muito enciumada que ele sinta algo – Eu estou passando por dificuldades...

─ Você deveria ter se preocupado em cuidar da sua empresa ao invés de tentar me afastar de Samanta com aquele golpe ridículo de gravidez.

─ Você vai me deixar só? Você prometeu...

─ Isso foi antes... você não fez por merecer. Agora, se nos der licença...

─ Jake, por favor – eu vi uma lágrima deslizar pelo canto dos seus olhos – eu estou implorando por sua ajuda. Não deixe que todo o trabalho do meu pai vá pelo ralo. Não me obrigue a entregar tudo nas mãos daqueles acionistas. Antes que ele diga qualquer coisa eu sei que ela ganhou o que ela queria. Meu coração se aperta e eu sinto o meu rosto queimar. Minha visão fica turva com algumas lágrimas contidas e eu faço um esforço hercúleo de não chorar na presença dessa peste

─ O máximo que eu posso fazer é mandar alguém ajudá-la. Mas, se você aprontar qualquer coisa eu retiro a ajuda. Além disso, quero deixar claro que eu estou fazendo isso pelo seu pai e não por você.

─ Obrigada, Jake. Eu realmente aprecio isso. Obrigada por não me abandonar. Ele coloca a mão na base da minha coluna e me guia para longe de July.

Tudo bem, eu vou confessar: Eu quero jogar esse champanhe todo na cara dele, mas eu não vou dar esse gostinho a ela, mas nem que a vaca tussa. ─ Você já acabou aqui? – eu pergunto a Jake assim que estamos longe dela.

─ Sim.

─ Eu gostaria de ir.

─ Baby, eu... – Eu arqueio a sobrancelha

─ Eu não quero ouvir uma palavra sobre isso. Eu só quero ir embora. Se você quiser ficar...

─ Tudo bem. Vamos embora –

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