Capítulo 18Daniela saiu mais cedo de casa naquela manhã. Começava trabalhar as nove, mas decidiu passar no centro comercial para fazer umas compras. Pegou um taxi e saltou no comércio. Não quis fazer compras no shopping, preferiu as lojas do calçadão.Estava usando uma blusa branca de seda sem mangas, saia justa de cor bege na altura dos joelhos e salto alto. Os cabelos soltos caíam-lhe pelas costas como cascatas. Os homens que passavam por ela a encaravam com olhar de desejo e alguns até lhe diziam gracinhas. Ela os olhava com indiferença porque sua cabeça estava em coisas mais significativas. Queria mudar de hábitos, mudar os pensamentos, queria mudar tudo. Sempre viveu daquele jeito e nada deu certo na sua vida. Então agora queria ser outra pessoa.Entrou numa butique e escolheu algumas roupas e peças íntimas. Ao sair, caminhou pela calçada observando as lojas ao redor, e naquele momento sentiu-se mais relaxada. Empurrou a porta de um café e entrou, recebendo no corpo o gelinho d
Capítulo 19Antonino dirigia com o olhar fixo na estrada e não entrou na avenida onde ficava o escritório da Goldacci Indústria Farmacêutica. Daniela ao seu lado, apenas o observava.Depois de mais ou menos uns dez minutos dirigindo pela rodovia ele entrou em um condomínio de luxo e estacionou. — Vamos! — falou para ela enquanto abria a porta do motorista.— Não vou subir! — ela falou em tom decidido.Ele voltou-se e a encarou, mas não disse nada. Daniela então se justificou:— Vou esperá-lo aqui! É melhor assim.— Está com medo de entrar comigo no meu apartamento?— Não estou.— Você parece uma coelhinha assustada. Nem de longe lembra aquela garota que demonstrou tanta segurança agora há pouco no restaurante — ele riu sarcasticamente.Antonino estava se divertindo com o jeito amedrontado dela.— Não vou fazer nada que você não queira.De repente ele a viu abrir a porta do carona e saltar do carro. Ele ria consigo mesmo enquanto caminhava ao lado dela. Aquela garota parecia ser de ou
Capítulo 20A semana passou devagar. Daniela via Antonino entrar e sair às pressas da empresa devido às inúmeras reuniões que participava. Ela sempre que passava pelo corredor, dava uma olhada para a porta da sala dele e respirava fundo. Aquela empresa já fazia parte da sua vida. Gostava do trabalho e sentia-se realizada, o único porém continuava sendo Antonino. A cada vez que ela o via, quando ele lhe pedia algum documento ou quando ia à sala de Francesco e passava por ela, Daniela ficava completamente desnorteada. Ela sabia muito bem quem ele era. Sabia que tinha o coração endurecido para o amor, que tudo o que queria era sexo. Mas não conseguia se controlar nem mesmo quando pensava nele, pois ficava aérea; e quando o via, então, perdia a noção das coisas. Por mais que tentasse evitar sentia uma atração forte demais por aquele homem, mas não queria ceder àquele fascínio e morreria lutando contra aquilo.Se sua mãe ainda fosse viva certamente morreria. Morreria de desgosto. Sua ge
Capítulo 21Naquela manhã de sábado, Antonino acabara de sair de uma reunião bastante cansativa no auditório da empresa. Foram relatórios e mais relatórios para ler e discutir, deixando sua cabeça apinhada de números. Geralmente nos sábados quase ninguém trabalhava. Só compareciam os faxineiros e aqueles que estavam com suas tarefas atrasadas. Após se despedir dos supervisores de vendas, Antonino seguiu sozinho pelo corredor com o intuito de tomar um café e depois assinar alguns contratos que estavam em cima da sua mesa, antes de ir embora.Passou direto na frente da sua sala e seguiu em direção à cantina da empresa que ficava no final do corredor depois da sala de Francesco. E naquele momento as lembranças da noite anterior ainda martelavam na sua memória. Ele estava na danceteria, no piso de cima. Ele viu Daniela com um homem. Ela dançava com graça e sensualidade, usando o mesmo vestido azul royal que havia trabalhado o dia todo. De onde estava ele podia observá-la livremente, en
Capítulo 22Daniela viu Antonino sair da sua sala, enquanto ela atendia a ligação de Alex e ao mesmo tempo ajeitava o vestido que estava no meio das coxas depois do amasso que Antonino lhe dera. Ficou feliz em saber que Alex teve alta do hospital e que estava indo para a pensão. E assim que desligou se forçou a concentrar-se no trabalho, por isso atualizou todos os relatórios das vendas e depois saiu de fininho para Antonino não vê-la.Apesar de o seu coração estar cada vez mais se ligando a Antonino, não queria ter esse tipo de relação que ele estava lhe propondo. Não achava certo ir para a cama com alguém simplesmente pelo sexo, apesar de ter se deixado dominar pelo desejo na sua primeira vez, que por sinal foi com ele. Ela era uma verdadeira romântica e acreditava que quando duas pessoas se relacionavam teria que haver um sentimento envolvido. Mas por que se sentia tão atraída por aquele homem pervertido?Enquanto estava no táxi indo para casa lembrou-se da noite anterior com Al
Capítulo 23Daniela aos poucos estava conseguindo o respeito da equipe principalmente depois que lançou a primeira campanha de vendas. E quanto maior era a procura do produto, mais campanhas ela fazia. E assim foi ganhando a admiração de todos, inclusive de Antonino.Naquele final de expediente, ela se atrasou muito atualizando os relatórios das vendas. Quase todos já haviam saído, com exceção da faxineira que passou com o carrinho de limpeza na porta da sua sala que estava aberta. Daniela pediu um café e continuou o trabalho tentando agilizar tudo para que no dia seguinte os valores caíssem nas contas dos seus respectivos donos, os representantes e supervisores.A senhora baixinha e gordinha trouxe o café, colocou sobre a sua mesa e lhe deu um sorriso simpático. Daniela agradeceu e pousou novamente os olhos na tela do computador.Observou que o produto recém-lançado estava de fato sendo um sucesso de vendas. Reparou na comissão gorda dos representantes e supervisores e quase parou de
Capitulo 24Naquela mesma noite logo depois que Daniela foi perseguida pelo homem que usava uma capa de chuva escura, Antonino parou o carro no estacionamento do bar Nuevo e entrou caminhando a passos lentos. Costumava ir ali sempre que estava entediado. Olhou as horas no relógio de pulso: eram dez da noite. Atravessou o salão, pediu uma bebida no balcão e virou-se para observar as pessoas. Os clientes que frequentavam aquele ambiente sabiam muito bem porque estavam ali. Todos procuravam sexo e diversão.A loira bonita que acabara de se aproximar dele usava um vestido vermelho bastante sugestivo, com uma abertura lateral que ia até o meio da coxa.— Boa noite, bonitão.— Boa noite — ele respondeu depois de examinar os detalhes do vestido dela.Antonino naquele momento tentava lembrar o nome da mulher, mas não estava conseguindo. Haviam transado na semana passada, mas parece que ele se esqueceu de perguntar o nome dela. Mas que importância tinha? Não estava ali para decorar nomes e si
Capítulo 25Daniela passou a semana visitando as distribuidoras e renovando as campanhas. Ela tinha autorização de Antonino para cobrir todas as ofertas dos laboratórios concorrentes para que o produto que foi lançamento pela Goldacci Indústria Farmacêutica continuasse no primeiro lugar das vendas.Naquela tarde chegou à pensão mais cedo. Deitou na cama e ficou olhando para o teto, sentindo muita saudade da sua mãe. Enquanto ela estava viva Daniela não sabia o que era a solidão, porque as duas se bastavam. Depois que ela se foi ficou um vazio que nunca era preenchido.Daniela levantou a ponta do lençol que descia até o chão e pegou uma sacola debaixo da cama, a qual ela ainda não havia desarrumado desde o dia em que chegara à pensão. Ali dentro tinha alguns objetos da sua mãe que ela guardou, mas na verdade nunca observou atentamente o que era.Colocou a enorme sacola sobre a cama e puxou o zíper. A sacola abriu e ela pegou um porta-retratos da mãe. Como o seu sorriso era lindo! Danie