Capítulo 15Naquele mesmo dia Daniela enviou por e-mail a sua carta de demissão. À noite, seu telefone estava cheio de ligações de Anna e Francesco, mas ela não atendeu nenhuma.Na manhã seguinte assim que acordou olhou as mensagens no celular. Em uma delas Francesco dizia que Antonino não tinha aceitado a sua demissão e que ela retornasse o mais rápido possível para o trabalho. Daniela não lhe deu resposta alguma e saiu bem cedo à procura de emprego. Entregou currículo em todas as empresas de vendas de medicamentos e não conseguiu nem mesmo a promessa de um telefonema. Voltou para casa ao cair da tarde frustrada, cansada e cheia de calos nos pés.Depois do banho enquanto secava o cabelo, ficou pensando na sua vida. O débito com o banco só aumentava. Ela precisava de dinheiro, muito dinheiro, e se não conseguisse emprego logo, iria se candidatar a uma vaga de garçonete nas pizzarias da cidade. Não que ser garçonete fosse ruim, mas o salário não chegava à metade do que ela recebia na
Capítulo 16Antonino Goldacci estava tendo uma manhã difícil. Desde que chegou não parava de ver erro na contabilidade que a auditoria havia lhe passado. Depois de algum tempo parou o que estava fazendo e começou a assinar os documentos que estavam sobre a mesa. Naquele momento ouviu uma batida na porta e logo em seguida Anna entrou.— Bom dia, Antonino. O delegado está aqui e quer falar com você.— Mande-o entrar!Um homem branco e calvo aparentando uns cinquenta anos entrou.— Delegado Giancarlo Conti, como vai?— Não tão bem quanto o senhor, mas confiante em melhorar. — O delegado foi simpático.Ambos apertaram as mãos e Antonino o convidou para sentar.— Em que posso ajudá-lo, delegado? — Senhor Goldacci, sinto incomodá-lo tão cedo, mas preciso que todos os seus funcionários que estiveram no baile de máscara no dia do assassinato de Luciano Francioli compareçam à delegacia para dar mais esclarecimentos que possam ajudar na investigação.— Então, foi mesmo assassinato?— Tudo ind
Capítulo 17Na manhã do seu retorno à Goldacci, Daniela entrou no elevador com ansiedade e falta de ar. Sim, ela decidiu voltar, mas a partir daquele momento buscaria ser uma nova pessoa ou pelo menos fingiria ser.Estava numa selva e precisava sobreviver. Nunca foi muito boa em biologia, mas lembrou-se da teoria de Darwin; segundo ele os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados.Assim que o elevador abriu no andar, ela saltou e passou pela recepção. Cumprimentou a recepcionista e viu o seu olhar sobre ela. Seguiu pelo corredor direto para a sala de reunião, como Francesco havia lhe orientado.Enquanto caminhava, um frio estranho subiu pelas suas pernas e tomou todo o seu corpo, a boca ficou seca e o estômago começou a embrulhar. Naquele momento foi dominada por uma crise de pânico e parou no meio do corredor com vontade de sair correndo daquele lugar. Mas sua dívida com o banco a fez continuar.Quando chegou na frente da por
Capítulo 18Daniela saiu mais cedo de casa naquela manhã. Começava trabalhar as nove, mas decidiu passar no centro comercial para fazer umas compras. Pegou um taxi e saltou no comércio. Não quis fazer compras no shopping, preferiu as lojas do calçadão.Estava usando uma blusa branca de seda sem mangas, saia justa de cor bege na altura dos joelhos e salto alto. Os cabelos soltos caíam-lhe pelas costas como cascatas. Os homens que passavam por ela a encaravam com olhar de desejo e alguns até lhe diziam gracinhas. Ela os olhava com indiferença porque sua cabeça estava em coisas mais significativas. Queria mudar de hábitos, mudar os pensamentos, queria mudar tudo. Sempre viveu daquele jeito e nada deu certo na sua vida. Então agora queria ser outra pessoa.Entrou numa butique e escolheu algumas roupas e peças íntimas. Ao sair, caminhou pela calçada observando as lojas ao redor, e naquele momento sentiu-se mais relaxada. Empurrou a porta de um café e entrou, recebendo no corpo o gelinho d
Capítulo 19Antonino dirigia com o olhar fixo na estrada e não entrou na avenida onde ficava o escritório da Goldacci Indústria Farmacêutica. Daniela ao seu lado, apenas o observava.Depois de mais ou menos uns dez minutos dirigindo pela rodovia ele entrou em um condomínio de luxo e estacionou. — Vamos! — falou para ela enquanto abria a porta do motorista.— Não vou subir! — ela falou em tom decidido.Ele voltou-se e a encarou, mas não disse nada. Daniela então se justificou:— Vou esperá-lo aqui! É melhor assim.— Está com medo de entrar comigo no meu apartamento?— Não estou.— Você parece uma coelhinha assustada. Nem de longe lembra aquela garota que demonstrou tanta segurança agora há pouco no restaurante — ele riu sarcasticamente.Antonino estava se divertindo com o jeito amedrontado dela.— Não vou fazer nada que você não queira.De repente ele a viu abrir a porta do carona e saltar do carro. Ele ria consigo mesmo enquanto caminhava ao lado dela. Aquela garota parecia ser de ou
Capítulo 20A semana passou devagar. Daniela via Antonino entrar e sair às pressas da empresa devido às inúmeras reuniões que participava. Ela sempre que passava pelo corredor, dava uma olhada para a porta da sala dele e respirava fundo. Aquela empresa já fazia parte da sua vida. Gostava do trabalho e sentia-se realizada, o único porém continuava sendo Antonino. A cada vez que ela o via, quando ele lhe pedia algum documento ou quando ia à sala de Francesco e passava por ela, Daniela ficava completamente desnorteada. Ela sabia muito bem quem ele era. Sabia que tinha o coração endurecido para o amor, que tudo o que queria era sexo. Mas não conseguia se controlar nem mesmo quando pensava nele, pois ficava aérea; e quando o via, então, perdia a noção das coisas. Por mais que tentasse evitar sentia uma atração forte demais por aquele homem, mas não queria ceder àquele fascínio e morreria lutando contra aquilo.Se sua mãe ainda fosse viva certamente morreria. Morreria de desgosto. Sua ge
Capítulo 21Naquela manhã de sábado, Antonino acabara de sair de uma reunião bastante cansativa no auditório da empresa. Foram relatórios e mais relatórios para ler e discutir, deixando sua cabeça apinhada de números. Geralmente nos sábados quase ninguém trabalhava. Só compareciam os faxineiros e aqueles que estavam com suas tarefas atrasadas. Após se despedir dos supervisores de vendas, Antonino seguiu sozinho pelo corredor com o intuito de tomar um café e depois assinar alguns contratos que estavam em cima da sua mesa, antes de ir embora.Passou direto na frente da sua sala e seguiu em direção à cantina da empresa que ficava no final do corredor depois da sala de Francesco. E naquele momento as lembranças da noite anterior ainda martelavam na sua memória. Ele estava na danceteria, no piso de cima. Ele viu Daniela com um homem. Ela dançava com graça e sensualidade, usando o mesmo vestido azul royal que havia trabalhado o dia todo. De onde estava ele podia observá-la livremente, en
Capítulo 22Daniela viu Antonino sair da sua sala, enquanto ela atendia a ligação de Alex e ao mesmo tempo ajeitava o vestido que estava no meio das coxas depois do amasso que Antonino lhe dera. Ficou feliz em saber que Alex teve alta do hospital e que estava indo para a pensão. E assim que desligou se forçou a concentrar-se no trabalho, por isso atualizou todos os relatórios das vendas e depois saiu de fininho para Antonino não vê-la.Apesar de o seu coração estar cada vez mais se ligando a Antonino, não queria ter esse tipo de relação que ele estava lhe propondo. Não achava certo ir para a cama com alguém simplesmente pelo sexo, apesar de ter se deixado dominar pelo desejo na sua primeira vez, que por sinal foi com ele. Ela era uma verdadeira romântica e acreditava que quando duas pessoas se relacionavam teria que haver um sentimento envolvido. Mas por que se sentia tão atraída por aquele homem pervertido?Enquanto estava no táxi indo para casa lembrou-se da noite anterior com Al